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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Joguei Dinheiro no Lixo e Estava feliz

Joguei dinheiro no lixo e estava feliz.

Estava cansada de ficar em frente ao computador para verificar os meus emails. Eu queria sair e ter um computador ao alcance das minhas mãos. Pensei nos custos e decidi comprar um aparelho celular inteligente. Dirigi-me até a operadora, vi o preço do aparelho que eu queria. Passei em uma loja de informática e verifiquei o preço de um notebook.

Pelas vantagens que o aparelho celular possuía tais como câmera de vídeo, câmera fotográfica, mp3, fone de ouvido, internet a qualquer hora e em qualquer lugar, comprei-o. O meu sonho de consumo estava realizado, pelo menos foi o que eu pensei no momento da compra.

Saí e usei o meu celular de todas as formas possíveis e em todos os lugares. Estava orgulhosa de possuir um aparelho tão pleno de possibilidades.

Passaram-se alguns meses e um belo dia, percebi que a câmera fotográfica ficava verde na hora de fotografar. O meu aparelho estava na garantia e fui até a loja falar com a revendedora.

A moça foi atenciosa e me tratou com o respeito e a atenção que um cliente merece.

_Vou verificar o aparelho para a senhora e se não houver indícios de mau uso, eu mesma envio o aparelho para o serviço da garantia.

Eu pensei que tinha usado o aparelho corretamente e fiquei atenta ao trabalho da moça. Eu até sorria com o bom atendimento que recebia naquele momento. De repente, ela ficou séria.

_Oxidação senhora? A senhora não levou esse aparelho à praia. Por favor diga que não!

_Levei e a última foto da memória é a minha foto, tirada pela simpática banhista que estava ao meu lado.

Os olhos da moça ficaram marejados, mas ela continuou:

_A sua câmera fotográfica está entupida com sal, areia e a maresia fez o seu serviço.

Eu pedi que ela dissesse mais sobre isso.

_Observe os orifícios da câmera.

Observei os orifícios que estavam com areia dentro. Eu não entendi. Eu não expus o aparelho a tanta areia assim.

Agora ela me mostra a ferrugem. Eu arregalei os olhos.

_Ferrugem! Como aconteceu isso?

Ela foi direto ao ponto:

_A senhora foi à praia quando estava quente e deixou o aparelho ao lado da toalha pensando que ele estava bem protegido. Estava uma brisa morna e a senhora amou aquela brisa suave e refrescante. O telefone tocou e a senhora atendeu. Aquela paisagem agradável, as companhias mais agradáveis ainda. Se não fossem simpáticas, a senhora não pediria para que a senhora ao seu lado tirasse uma foto sua de lembrança. Estou correta?

Ela não só estava correta como me desconcertava a cada dedução.

_Havia uma areia muito fininha que a senhora não percebeu. Essa areia é a alegria do serviço de garantia dos celulares. Ela entra por todos os orifícios dos aparelhos celulares sem ser vista, passam-se três meses e ela aparece assim, uma parte do celular deixa de funcionar corretamente. Depois disso a oxidação causada pelo sal que atrai a umidade para o sistema interno queima o celular inteiro.

Nessa hora me dei conta que a garantia não cobriria a câmera. Perguntei para a moça e ela confirmou a minha hipótese e ainda sugeriu que eu economizasse para consertar o aparelho.

_Um aparelho desses merece um carinho.

Agora, as lágrimas nos olhos da moça caem com mágoa. Eu pergunto por que ela chora, se fui eu a responsável pelo meu prejuízo.

_Eu nunca manuseio esses aparelhos. Pouca gente compra. Agora que pego em um, ele está com areia. Desculpe-me senhora. Isso é muito triste.

As lágrimas dela me confortaram. Senti-me bem melhor ao saber que o problema era meu e não dela. Joguei a garantia no lixo e não sabia. O meu celular funciona, mas sem câmera. Ah, quando eu puder, eu mando consertar. Deixe assim. Espero que ele não pife totalmente, isso já me serve de consolo. Agora, que fique o aprendizado, celular na praia só levo se custar um real e noventa e nove centavos.

Estava saindo da loja aborrecida, mas conformada, quando veio um colega dela e a abraçou.

_Não chore, os celulares da marca que eu vendo também ficam entupidos de areia.

Eu saí rapidinho da loja quando senti vontade de me sentar ao lado deles e os chamar de queridos. Negócios são negócios, mas eles são bons amigos, colegas e profissionais de gabarito.

Estou com um celular parcialmente danificado e me sinto bem. Pode?

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