Mal Comparando / Comentário
Eram grilos que saltitavam na cabeça.
Os grilos diziam as mais variadas esquisitices.
Os grilos moravam na alma, e o corpo era uma sutileza de Deus.
Ninguém mandava no próprio destino e nem fazia o que dava na cabeça, ideias que vieram fortes nos anos 2.000, mas já éramos quarentões.
Aos quarenta anos o desino é como se apresenta aos nossos olhos,e a gente lida com ele.
Os grilos é que eram bons de se conviver, pois traziam a alma exposta a desconhecidos que queríamos conhecer, e que geravam histórias incríveis, como a da moça muito bem nascida e que passara a infância e a juventude comendo , conforme ela confessava: um pão francês com um copo de leite e uma fruta pela manhã, arroz e feijão contados com legumes e um pedaço de proteína, uma fruta às três da tarde e uma sopa antes de deitar, o doce era o açúcar do leite e um bolo simples, quando fosse permitido. Acreditem , esse era o grilo dela, só dela, e a gente chorava com ela e com respeito à sua dor.
Naquela época os gtilos eram os grandes amigos, porque eram compartilhados.
Os grilos ajudavam a ser e existir.
Essa era a tribo, a minha.
No entanto o grilo da música continua na minha cabeça, tão velho quanto eu. Eutre eu e o grilo e o gtilo e eu.
O mundo era mais intelectual, e outras tribos eram enfadonhas e sem sentido.
Os outros grilos amadureceram, mas não mudaram exatamente de opinião, pois ninguém faz o próprio destino e ainda é tolice pensar assim. Ponto de vista é pessoal.
Destino são as circunstâncias do seu nascimento e livre-arbítrio é a oportunidade de escolher de acordo com a consciência de cada um, e assim as coisas acontecem.
Enquanto cristâ, tenho o livro de boa ajuda, e o utilizo.
Alguém já imaginou ter uma escova de dentes e não utilizar? E mesmo assim conseguimos cáries.
A Bíblia é a higiene da alma, não custa nada dar uma olhadinha nela volta e meia.
Hoje em dia se conversa menos, e os grilos "são" pelo celular. Haja paciência para digitar as refeições de década descrita acima. O grilo dormiria na metade da descrição e as impressões da alma ficariam resumidas num Aff! bem desenhado e colorido.
Os grilos fazem falta, pelo menos a quem aprendeu a conviver com eles sem cobrar deles um tempo para serem deletados.
Ouvi uma música, cujo refrão, irônico, me fez rir, mas é a época, preciso encontrar a autoria, mas deixo escrito aqui, e por enquanto:
"Coração, se você me deixar, ensina a minha alma a te esquecer".
Eu gostaria de saber como é que um bicho grilo sobrevive sem a impressão subjetiva da emoção.
Nessa comparação de épocas, estou gostando de envelhecer, e de permanecer com um grilo aqui e outro ali.
Grata pela leitura.