Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 31 de agosto de 2013

História de Chácara / Crônica do Cotidiano

História de Chácara / Crônica do Cotidiano

 

É de admirar quem sabe contar a simplicidade da vida no campo com ar de boa vizinhança e, ao mesmo tempo, achando graça do meu notebook ser tão devagar. Ele não é devagar, mas o antivírus estava desatualizado e deixei para depois o “causo”.

A minha amiga se ria, mas ela mesma não gosta de passar as noites em chácaras.

Ela disse que a ideia que nós, da cidade, temos uma visão errônea, vemos chácaras com computadores, luz elétrica, e, no máximo imaginamos a água de poço artesiano. Se fosse assim, ela teria comprado uma e se mudado da cidade para o campo.

Contou-me, que no interior, a estrada é de chão batido e saibro é luxo. As casas não ficam à beira da cerca, ficam afastadas e perto das comodidades indispensáveis tais como o galinheiro, o chiqueiro e o poço com água.

Água quente é feita a partir do fogão de lenha com serpentinas na parte interna das paredes. Não me perguntem como a engenhoca funciona, eu não saberia repetir a explicação detalhada. O que para ela era fotografia, não passou de lenda fantasiada para a minha realidade urbana.

Aprendi que em lugares assim retirados, não se deixa faltar sal e sabão em pedra. A vinda até a cidade mais próxima é semanal, quando não quinzenal e em dia de sol. Entrega em domicílio não existe para esses lugares.

Conforto, sim, existe. Dentro de uma residência razoável têm sofás e televisores, telas nas janelas para os dias quentes, mas são fechadas antes de escurecer. Mesmo com luz elétrica não é raro um bicho entrar em casa, a luz atrai insetos e outros animais.

O pão é feito em casa e a comida saborosa. A conversa por telefone é difícil, todos na região deitam-se cedo para levantar de madrugada. O telefone celular não pega e, dependendo da região, com poucos habitantes, não há torres para essa telefonia.

Os donos desses lugares são generosos, mas cuidam das visitas porque elas não conhecem os problemas de se viver no meio do mato. Assim, ninguém deixa a chácara depois que escurece ou, se a chuva estiver forte, mesmo que esteja de automóvel.

Por outro lado, as camas de hóspedes estão sempre preparadas para as visitas. Por incrível que pareça, o som da noite do campo não deixa os visitantes dormirem. São as corujas que fazem o canto mais simpático do lugar. Ouvindo o fato até eu fiquei com medo de ir a um lugar assim.

Soube que quando o galo canta, os visitantes ouvem os passos da dona da casa indo para a cozinha para arrumar a mesa, geralmente farta, com bolos e pães caseiros, geleias, queijo fresco e toucinho.

Quem me contou está adaptada ao mundo moderno e pão da panificadora. No entanto, quem se criou nessa vida livre, não deseja outra. São pessoas que fazem tudo para manter esse padrão e realizam melhorias para facilitar o acesso dos seus parentes e amigos até a casa deles.

Esse é um tipo de vida bastante comum no interior. Eu tive uma amiga cuja casa da família, no interior do estado de Minas Gerais, ainda é alimentada por lampiões e luz de querosene. Não a vi mais, sinal de que ela deve estar por lá. No meu estado, o Paraná, as histórias são semelhantes. De outros estados brasileiros vêm histórias semelhantes, diferindo no comportamento dos habitantes de cada região e, também da personalidade de cada um.

Eu sei é que a lentidão do meu notebook me fez parar para ouvir história. Gostei muito do que eu ouvi. Entendi que sou da cidade. Também entendi o quanto é gostoso ouvir contar história por outra pessoa, que viveu e que sabe do que fala.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Obstáculo Transposto / Crônica do Cotidiano

Obstáculo Transposto/ Crônica do Cotidiano

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Andava na rua e teve que desviar a construção.

Encontrou-se ao lado do engenheiro e do funcionário que davam a volta para entrar no local obra.

O engenheiro aconselhava o homem de uniforme e capacete de pedreiro.

_João, eu vi o que aconteceu. Não foi a primeira vez que eles passaram por aqui. Essas pessoas vêm até aqui e convidam você para trabalhar com eles. Você, no entanto, está contente com o emprego. Cuidamos do nosso pessoal e garantimos alguns benefícios às famílias de vocês. Ocorre que eles não param de te incomodar e, por fim, incomodam a mim também. Não é fácil ser engenheiro responsável de uma obra desse porte.

O pedreiro cabisbaixo, numa reverência aos conselhos do engenheiro. A quem visse a cena, diria que ele estava com medo de ser demitido.

Ele até ensaiou abrir a boca para perguntar se o engenheiro queria que ele continuasse a trabalhar na construtora, mas o técnico que vestia terno e gravata e sapatos apropriados para o acompanhamento da construção não o deixou falar.

_Interrompeu a frase antes de ser dita:

_João, vamos abrir os nossos horizontes e expectativas. Nenhuma outra construtora pode vir aqui para contratar aqueles que trabalham para mim. Eles vêm até aqui numa atitude de afrontamento e eu não sei o que eles querem. No entanto, preciso saber. Não sou um empresário da construção civil, sou um dos maiores empresários da construção civil desse estado. Eles querem você ao lado deles, pois bem, eu permito e não te demito. Você nunca pensou em ter dois empregos?

João respondeu que não pensou porque o horário era incompatível e ele estava bem onde estava e do jeito que estava.

_Não, João, você não está bem. Você está trabalhando sob pressão e essa tensão logo chegará a mim e, possivelmente, à nossa empresa. Se você quiser, faremos um acordo no qual você trabalhará meio período aqui e meio período na outra empresa. Não terá prejuízo nenhum aqui, mas se cuide ao trabalhar com eles. Não me responda agora, pense antes.

João agradeceu e disse que iria pensar.

O engenheiro, observando que o pedreiro ainda confuso com a conversa e com a situação, contou um fato que havia presenciado ao se dirigir até ao local.

_Essa conversa foi necessária a mim, talvez pelo que vi agora a pouco. Havia uma árvore na entrada de um estacionamento. O pássaro cantou e cantou e eu procurei ver onde o pássaro estava pousado entre os galhos e as folhas. Achei o pássaro e o vi cantar. Ao ver o pássaro, avistei um enrodilhado de fios elétricos em formato de forca dando para a rua e para os pedestres. Se ninguém tomar providências, acontecerá algum acidente envolvendo pedestres, automóveis e os funcionários do estacionamento serão responsabilizados. Ninguém sabe quem foi e nem de onde apareceram aqueles fios elétricos enrodilhados na árvore. Bendigo o amor aos passarinhos que trago comigo desde a infância. Sou empresário e sou responsável por todos aqueles que trabalham comigo, enquanto em serviço. Não posso presenciar os fatos que põe em perigo todos vocês e deixar passar como se não tivesse visto. Não importa qual o passarinho que me avisa, importa o que eu sei.

João estava surpreso com a sabedoria do engenheiro.

Ambos foram aos tijolos e à argamassa.

E a vida continua não igual, mais bonita de se prever.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Lua Arredia

Lua Arredia

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Retrato e amor escondido

Servem ao amor de guarida;

Buscam calor, refletido,

Nessa emoção compartida.

 

Vale-se então de um mendigo

À última rua, perfídia,

Sôfrega, ao povo movido;

Rua de lua arredia.

 

Nesse visor comovido,

Certa é a afeição irreprimida;

Todo o buscado é perdido

Nesse roteiro de vida.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

Indriso Enregelado

Indriso Enregelado

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Recolho-me ante o clima esperado

E obtenho o pensamento esfriado

Na tarde que findou sem garoa.

 

Direta ao objetivo que ecoa

Às costas, me encolhendo à toa;

A manta permanece a meu lado.

 

Descanso a tricotar, mediadora,

 

Precisa, entre tais fios, com cuidado.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A Festa

A Festa

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Úrsula convidou todos os seus amigos para a festa de inauguração da loja, foram incansáveis esforços para conseguir montar e decorar o espaço dedicado aos presentes de várias faixas de preço.

A festa seria realizada às oito horas da noite com coquetel, salgados e doces.

Foram os amigos e conhecidos mais chegados a ela. Foi quem sabia que não teria que comprar nada e que a festa renderia agradáveis conversas.

Eram oito e meia da noite quando ela, pessoalmente, abriu as bebidas e as bandejas com salgados e doces.

_Fiquem à vontade e sirvam-se.

Entre dizer a frase e apagar a luz não se passaram dez segundos.

Ao apagar da luz alguns senhores foram aos seus carros e pegaram lanternas para ajudarem a dona da festa.

Conseguiram duas lanternas em bom estado de conservação e as colocaram ao lado das bandejas.

O ambiente ficou silencioso sem aquele ruído característico da cidade que indica televisores, rádios e chiados de computadores.

A conversa, aos poucos se direcionava para a voz calma e paciente de quem conta histórias.

Passam-se duas horas e a luz não volta. A rua não tem semáforos ligados. Todos perdem a pressa para irem embora.

Compartilhando aquela luz de candeeiro automotivo, a amizade ficou calorosa. As conversas eram intermeadas por algo parecido com as luzes de gato das estradas.

Mais divertido do que constrangedor, era um observando o olhar do outro, diante de uma fala ou uma resposta, todos estavam com óculos de gato naquele espaço de loja reduzido o suficiente para que algumas particularidades fossem confessas em olhos de gato.

Não havia olhar de cachorro, pois os cachorros da vizinhança latiam para a lua cheia naquele céu bordado de ouro.

Pouco se poderia esconder naquele espaço de 4x3 sem prateleiras e, com bandejas.

Todos observando todos, quando dois dos convidados da festa sentam-se lado a lado e caíram na gargalhada.

Outro convidado pergunta qual é a graça.

A situação era engraçada. As bandejas não foram tocadas, pois todos esperavam que a luz voltasse para se servirem.

Por volta das onze horas da noite a luz voltou.

Todos poderiam se servir dos quitutes e, alguns o fizeram.

Muitos estavam cansados e pegaram os seus carros, pontos de ônibus e caronas, e foram embora, não sem antes abraçar a dona da loja.

Fazia tempo que cada uma das pessoas convidadas não desfrutava de tamanha intimidade com os amigos, sabiam que apenas a infância permite tal desprendimento social numa festa.

Se a festa foi boa, há muito que se pensar.

sábado, 24 de agosto de 2013

Poema Hípico

Poema Hípico

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Meu cavalo segue o trote

Sem chicote e sem arreio,

Dança a valsa e dança o xote;

Ensinado, vence o freio.

 

Assustado faz pinote,

Mas é doce o seu recreio

Nesse amor vindo a galope;

Aceitado o sal do meio.

 

No universo desse porte

Há bondade sem receio,

Bebedouro fresco à sorte

De um descanso no passeio.

 

Se montado, faz transporte,

Vem do sul e vai pro norte;

Nessa lida que o sacode,

Sem parar o cavaleiro.

 

Meu cavalo, às vezes foge;

Vem pastar ao devaneio,

Vem querer do que se pode,

Vem ganhar esse meneio.

 

Meu cavalo sempre dorme

Sem piscar ante o cocheiro;

Meu cavalo não tem nome,

Mas o dia é bom o dia inteiro.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Amarrada à Mesa / Crônica do Cotidiano

Amarrada à Mesa

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Outro dia eu estava numa cafeteria fazendo um lanche e peguei o lanche e sentei-me com um amigo.

Na mesa ao lado havia uma moça com os seus pertences sobre a mesa. Como o local lotasse de gente, muitos perguntaram a ela sobre a possibilidade de sentarem à mesa onde ela estava para tomar o café sentado.

Ela respondeu que não, aguardava as amigas para tomarem lanche juntas. Ela tomava um suco de frutas enquanto esperava as amigas.

Na mesa onde eu estava a conversa era agradável, mas observávamos a situação da moça. Meu amigo dirigiu-se a ela e disse:

_Para você, a situação é difícil. Você está segurando a mesa enquanto elas não chegam, mas cada um sabe de si.

Ele disse isso a ela e voltamos a conversar, enquanto continuávamos a ouvir:

_Sinto muito, a mesa está ocupada. Aguardo as minhas amigas.

Ficamos curiosos. Ela dizia que a mesa estava ocupada e ninguém chegava. Ela não comia nada e tomava o suco vagarosamente, fazendo o tempo passar.

Pedimos mais cafés para vermos o fim do episódio.

Passou meia hora e chegou uma das amigas pedindo desculpas pelo atraso, mas ela não poderia deixar de ir ao banco naquele dia.

Dali a quinze minutos chegou outra amiga, também pedindo desculpas pelo atraso. Ela teve que encontrar-se com o marido para conversar algo urgente.

Somando mais quinze minutos e chegam as amigas restantes. Elas não tinham desculpas pelo atraso, haviam encontrado alguém que não viam há anos e pararam para matar as saudades.

Não seria melhor se elas não fossem assim unidas?

Garanto que o café tomado junto com o meu amigo estava mais gostoso do que o da moça amarrada à mesa.

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Fábula Citadina

Fábula Citadina

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Na cidade os bichos de estimação convivem com a poluição e com os humanos, o que é difícil para eles.

O pássaro chegou à janela para reclamar o poema, disse que era para ele. Saiu do parque e chegou ao quintal com ar sério, batendo o bico no chão, como se dissesse que não era para poetizá-lo, porque ele pertencia a outro lugar.

Ele não é pássaro de gaiola, mas teve que tomar cuidado com os gatos da redondeza.

O que o pássaro não sabe é que dois gatos se escondem pelas redondezas, e que esses gatos não jantam pássaros porque há muita sobra de ração para gatos nos lixos da cidade e, a eles, basta comer.

Os gatos se preocupam mesmo com os cachorros.

Um dia, um desses gatos, disse que ele era bom, e que o cachorro não prestava.

A garota, uma menina, que sai à janela para conversar com o gato que mia embaixo da sua janela, conversando com o gato, disse que as pessoas dizem que os cachorros são bons e que os gatos não são tão bons assim.

O gato se arrepiou e disse:

_Não é verdade, olhe com quem anda o cachorro e saberá o que ele faz.

A menina disse que a maioria das pessoas têm cachorros porque eles são confiáveis.

O gato, disse então:

_Não temos donos, temos casa e alimentos, mas somos carinhosos com quem nos trata bem.

A garota, que se chamava Margarida, disse a ele que os cachorros eram fiéis aos donos e não se importavam com a casa e com os alimentos.

_Os cachorros obedecem aos donos, quando os donos são maus, os cachorros fazem coisas erradas.

A menina disse ao gato que ele era preconceituoso.

_Nós bichos não temos preconceitos, temos natureza. Dizem que temos inteligência, mas não sobrevivemos dela, sobrevivemos pelo instinto.

A menina disse que ele dizia dos cachorros e pediu que ele concluísse o seu raciocínio:

_Sou parcial, sou gato e não gosto de cachorros, é a minha natureza. Sou bom porque extermino os ratos para que eles não mordam meninas educadas como você. Agora, quando os cachorros são maus, somos chamados para impedi-los de fazerem maldades. Enquanto os cachorros nos perseguem, as meninas que gostam dos gatos não têm problemas.

O pássaro estava no quintal, inteligente, ou não, comia as sementes que estavam nas gramíneas do chão. Fartava-se a rir da conversa da garota com o gato, enquanto o cachorro saía com a senhora, com charme e altivez.

Alimentava-se o pássaro livre de gatos e cachorros. Buscava a janela do olhar igual ao seu.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Pescando a Noiva

Pescando a Noiva

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Feliz daquele que cativa com algumas palavras, ou, peixes.

Era uma vez um homem sem atributos físicos, magro e com inteligência para se valer no mundo corporativo e competitivo.

Apaixonado por uma moça cujo pai e mãe eram bastante severos, ele teve que usar de um estratagema.

O seu caminho todos os dias era feito de modo que ele passasse em frente à casa da sua amada.

Às vezes ele se encontrava com ela acompanhada do pai, da mãe e das irmãs. Eram quatro irmãs. Cumprimentava os familiares e sorria para a moça.

Nesse caminho diário, do qual ele não desistia porque a moça retribuía os sorrisos, ele, aos poucos, descobriu que o pai dela gostava de pescar. Aos finais de semana ele via o seu José sair com as varas e a maleta com os apetrechos para a pescaria.

Joaquim pensou e pensou. Nas redondezas havia um riacho, mas naquele riacho não existiam peixes.

Economizou um mês inteiro e, ao final do mês, providenciou alguns cartuchos com carpas. Cuidava das carpas semanalmente. Verificava o desenvolvimento do cardume com carinho até o dia em que elas foram vistas pelos passantes.

Conhecido da família da sua amada encheu-se de coragem e convidou o seu José para pescar no riacho.

_Meu amigo, não há riachos com peixes nessa região. Se houvessem peixes por aqui, com prazer eu o acompanharia para pescar.

Era a deixa para contar a novidade.

_Seu José, eu passei esses dias pelo riacho e havia peixes. Não faltam carpas ali.

O seu José, desconfiado da intenção do moço, disse que iria com ele até o riacho naquele final de semana.

Chegando ao lugar, as carpas nadavam e eram tantas que se podia avistar o cardume inteiro.

Naquele tempo, palavra dita era feita. José e Joaquim foram pescar no riacho.

Pescaram uma cesta de carpas. José quis dividir os peixes com o Joaquim, mas Joaquim morava com o pai, viúvo e, uma carpa de tamanho grande alimentaria os dois.

Seu José, embora severo na educação das filhas, era generoso. Convidou Joaquim e o seu pai para almoçarem com a família dele no dia seguinte.

_Faremos uma reunião de confraternização, meu amigo.

Joaquim foi ao almoço e desculpou-se pelo pai que dizia estar indisposto naquele dia.

José e a família foram educados com ele. Pai severo que era, percebeu que uma das suas filhas sorria para o convidado. O convidado, entretanto, esperava o seu José se distrair para sorrir para a sua amada.

O resultado do almoço foi que todos da família perceberam a troca de olhares entre o Joaquim e a moça.

De pescaria a pescaria, genro e sogro ficaram amigos.

O final dessa história foi feliz, como é previsível.

É preciso contar essa história do jeito que ela existiu, ainda mais nos dias de hoje.

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A Falta Que o Diálogo Faz / Crônica do Cotidiano

A Falta Que o Diálogo Faz / Crônica do Cotidiano

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Cumprindo obrigações entrei na fila. À minha frente estava um senhor aparentando quarenta anos.

Ele pedia para pagar com cheque e a norma da empresa era não aceitar cheques para a retirada imediata do produto.

A empresa não aceita cheques. Acontece que o senhor era advogado e pediu para falar com a gerente. Ela não estava. Ninguém aceitou o seu cheque.

Conversou com os demais da fila e, todos, nós, que não conhecemos os nossos direitos, não levamos cheques para efetuar o pagamento.

A cada olhar uma resposta eficiente e inadequada:

_Eu sabia que eles não aceitavam cheques.

_Eu telefonei antes de vir para me certificar sobre a forma de pagamento.

O advogado engoliu em seco. Estava profundamente irritado e com razão.

Nessa interação involuntária, nós, da fila, observamos o comportamento dele.

Ele estava olhando fixamente para a atendente com olhar severo, mas não disse uma palavra. Depois olhou para a fila com desprezo.

O senhor que estava à minha frente comentou que o sujeito era difícil de lidar.

Concordei, mas em termos. Ao advogado cabe a palavra e boa oratória. O fato de ele engolir em seco indicava a contrariedade dele.

Poderíamos até apoiá-lo na sua argumentação, porque ele saberia dizer o que precisava ser dito. Nós não sabíamos o que dizer e, numa atitude sofrível, tínhamos perguntado sobre as formas de pagamento.

Aprender a argumentar e contra-argumentar é tarefa para todos nós que estávamos presentes à fila.

Precisamos aprender a conversar. Quem foi que inventou a máxima de que as reclamações cabem aos inconvenientes?

Onde se viu tal coisa: um advogado com medo de ser considerado mal educado perante uma fila.

Nessas horas é que se percebe que com esse comportamento acabamos por concordar com algumas práticas comerciais descabidas. Desculpem, não sei o termo correto para a situação.

Também não colocarei toda a responsabilidade sobre o senhor que se calou, quando deveria ter dito algo. Essa é a nossa cultura e os tempos não são amáveis para os questionadores.

Resumo do acontecido, precisamos todos aprender a dialogar, sem nos deixarmos levar pelas emoções ou pressões e comentários. Precisamos aprender a autenticidade.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Passeador

Passeador

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Pássaro de olhar circunspecto,

Sobre o emaranhado da cerca,

Diga-me o valor desse afeto;

Diga-me, mas antes que se perca.

 

Canta esse sonhar, indiscreto;

Sente esse querer nessa nesga

Vaga de um jardim cibernético,

Onde se calar é estranheza.

 

Pássaro calado é incompleto,

Faltam chilreios à beleza

Cálida da tarde e ao desperto

Parque na alegria que chega.

domingo, 18 de agosto de 2013

Dias de Bússolas / Reflexão

Dias de Bússolas / Reflexão

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Há dias em que tudo o que vemos são brumas e, não temos bússolas.

Bússolas no centro da cidade nos tornam exóticos, mas o fato é que precisamos de alguém que saiba mais que a gente. Nesses dias, o melhor é perguntar para alguma pessoa o endereço do local aonde vamos e, como chegar ao lugar. Nesses casos vale chegar à panificadora ou posto de gasolina mais próximo e se informar sobre a situação do caminho antes de prosseguir.

Saí sem ter conhecimento da falta de luz há duas quadras de onde estava. Não precisei de ajuda, mas atravessar as ruas com automóveis vindos de todos os lados não foi tarefa fácil.

Parei durante a caminhada para tomar café e prosseguir nesse lindo dia de reflexões.

As brumas anunciam o sol e a temperatura ascendente. Lembrei-me do dia em que as brumas cobriam o litoral e não se sabiam os limites entre areia e mar, muito menos a distância entre nós e os outros. Cheguei ao quiosque de refrigerantes, sentei-me numa das cadeiras em volta e esperei a névoa evanescer. Posso garantir que é uma sensação estranha caminhar observando a neblina entre os braços.

Ambas as situações exigem a capacidade de perceber a necessidade de se agrupar com outras pessoas e aguardar que o sol desfaça a névoa. Essa percepção varia de pessoa para pessoa. As pessoas mais arrojadas até se divertem na bruma, mas sendo espertas, se divertem em grupo de pessoas próximas a elas.

Não existe sossego de espírito ao se tomar cuidados. Digo também, que a neblina cobrindo a cidade de Curitiba, pela manhã, é linda de se ver, mas exige cuidados.

Suponhamos agora, que as brumas venham da alma. Cabe a cada um de nós procurarmos o sol para que a desfaça.

O meu Sol, nesse caso, vem da Bíblia, mas esta é a minha maneira para transcender as dificuldades.

Importa é não deixar que as névoas fiquem, porque elas são para serem transpostas pela luz. Quem busca a luz é o ser humano, muito embora, as névoas estejam aqui ou lá, para o deixarem de ser, sendo anunciadoras do sol.

Essencial é a parada para tomar um café!

sábado, 17 de agosto de 2013

Pintura Ingênua

Pintura Ingênua
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Quem não conhece o pastel
Da Maricota da feira,
Muito perdeu de uva e céu;
Não saberá da goiabeira.

Feira e calor, povaréu,
Que essa travessa festeira
Ao barulhento escarcéu
Vende a gostar, brasileira.

Ao resguardado papel
Fica a merenda e a meadeira;
Ingenuidade é pincel,
Requeijão e brincadeira.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Quando a Esperança Passa ao Lado / Crônica de Supermercado

Quando a Esperança Passa ao Lado / Crônica de Supermercado

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Esfriou, mas o pão do lanche foi comprado e, no supermercado. Fui ao supermercado de casaco, aliás, dois casacos não bastariam para a queda brusca de temperatura.

Entrava no lugar quando dois jovens passaram por mim. Andavam devagar. Um garoto e uma garota.

Eu diria que conversavam na linguagem deles, a linguagem das gírias.

Ele compenetrado no que dizia e ela pensativa.

Pausadamente ele dizia a ela:

_Não sei o que você acha de mim. Talvez, você me ache um nerd ou, talvez, um cabeção. Mas eu sou, ou, estou ligado em você.

Ela respondeu triste e pensativa:

_Ligado em mim?

O casal saía do supermercado eu estava com pressa para entrar porque o vento estava frio.

Percebi que ele pedia desculpas a ela e que ela estava pensando se o perdoaria ou não. Os gestos deles indicava que tudo acabaria bem, pois andavam com os ombros encostados sem se darem as mãos.

Quanto às gírias, é difícil traduzir. A palavra nerd pode significar um jovem que gosta de atividades intelectuais. Agora a palavra cabeção eu não sei exatamente o que significa. Ligado eu sei, eu tenho aparelhos eletrodomésticos.

Eram jovens falando de afeição, conversando sobre sentimentos e resolvendo as suas dificuldades emocionais.

O casal transpirava esperança, não apenas de serem adultos resolvidos afetivamente, mas capazes de exteriorizarem emoções para se sentirem bem.

Na fila do pão, o frio diminuiu, não era o calor do forno, era uma alegria para o amanhã.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Crônica Superinteressante / Memórias Infantis

Crônica Superinteressante / Memórias Infantis

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Estamos em 2.013. Não consigo mais ler os jornais sem me lembrar dessa história.

Toda criança pergunta ao pai e mãe como era ser criança no tempo deles. Eu também perguntei.

A infância deles foi relativamente boa. Não fosse a Guerra Mundial e o pau comendo solto pelo mundo, o racionamento nas compras e uma montanha de dinheiro para comprar no armazém. Literalmente, era preciso muitas notas de papel moeda para as compras porque o dinheiro perdera o valor no tempo da guerra.

Lembravam-se da guerra com olhares assustados e infantis, foi um pesadelo mundial.

Depois o meu pai olhou para a minha mãe e disse que aquele não foi o fim do mundo porque o segundo fim do mundo seria pelo fogo. O primeiro fim do mundo a Arca de Noé foi a salvação.

Minha mãe concordou com ele.

Diante das lembranças deles e do público infantil presente, eles contavam um ao outro sobre o que os seus pais e mães diziam.

A essa altura eram quatro pessoas falando pelos seus interlocutores, chamados papai e mamãe.

Eles não eram da mesma corrente filosófica, embora fossem influenciados pelos filósofos franceses.

Direcionados a mim, pediam para que cuidasse da água. Eu tinha patos de borracha que amava. Meu irmão gostava de outros brinquedos e não os preocupava.

Minha mãe contava que uma senhora havia dito à minha avó que ela morreria queimada. Intervenho: Graças a Deus nem queimada e nem afogada! Deus abençoe o médico que a atendeu. Deus também abençoe o médico que atendeu o papai.

Ao ler os jornais e ver tantos incêndios, seja em matas, seja em construções, lembro-me deles contando do futuro:

_Filha, eles, os mais velhos, dizem que vem gente muito ruim ao mundo e que Deus vai intervir com fogo para que essa gente não tome conta do mundo. Dizem ainda que é gente que gosta de sacrifícios e sofrimento.

Os olhares eram ainda assustados. Eles realmente desejavam que esse fim de mundo não fosse aos nossos dias.

E a cada dia leio os jornais e penso nisso. Os tempos são difíceis. Não para mim, para o ser humano e a sua crueldade que precisa diminuir.

E precisa diminuir para que a vida seja possível. Não queremos crianças com ódio, adultos com inveja daqueles que não sofreram maus tratos na infância, contação de história de sangue. Esse é o pesadelo que cabe a cada um de nós evitarmos.

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

A Descoberta da Pizza

A Descoberta da Pizza

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O empresário havia perdido os seus bens nos negócios mal sucedidos da bolsa de valores. Aplicou os seus valores em empresas que faliram.

Depois de se desesperar, ficar aturdido e praticamente sem rumo, o cansaço o venceu e ele se acalmou.

Trabalhava e podia se sustentar, mas sentia-se fracassado.

Andando como um homem deve andar diante das dificuldades, tratava de se recompor, mas quem o via de longe, percebia o seu olhar distante e tristonho.

Sem saber o motivo, começou a implicar com um colega. Ele era tão bom quanto ele, mas nunca havia se arriscado nos negócios e parecia feliz.

Aquilo o incomodava profundamente, era como se estivesse errado em ter se arriscado nos negócios e fracassado.

Certo dia, após pensar sobre si e sobre a vida que levava naquele momento, encontrou-se com o colega, que sorria, como de costume, e o indagou num ímpeto vindo do fundo da sua mágoa:

_Preciso te fazer uma pergunta: você está contente pelo meu infortúnio?

O colega, surpreso com a pergunta, sorriu para ele e respondeu:

_Que ideia! Vá se distrair e passear porque o que eu sinto é um orgulho danado de estar ao seu lado. Você não sabe, mas foi numa conversa no boteco da esquina, enquanto tomávamos café com leite e conversávamos esperando a hora da empresa abrir, que você me convenceu que eu deveria tentar esse emprego. Eu estava desempregado a mais de ano, quando você apareceu ali contando da sua experiência profissional. Puxa! Foi o jeito como você falou naquele dia que me convenceu a vir aqui também. Nós dois estamos empregados e eu devo o meu emprego a você. Naquele dia, depois que a empresa abriu para receber os currículos dos candidatos, você foi para lá. Eu fui para casa e burilei o meu currículo, imprimindo-o em papel novo. Fui chamado. Eu tenho muito a te agradecer.

Naquele dia, o antigo empresário, que se sentia fracassado, descobriu dentro de si uma capacidade nova, a de motivar. Descobriu-se esperança na vida de quem tinha passado por momentos tão difíceis quanto os dele.

Sentiu-se bem de vida no mesmo instante e, de certa forma, feliz. Tinha novas habilidades que poderiam se desenvolver. A alegria dentro de si vinha como se fosse uma fonte nova que levava consigo, na corredeira, todo o cansaço anterior.

Ele era bom e sentia-se bom. Acabava de conseguir um tesouro para cuidar.

Depois das emoções, abraçou o colega e disse que ele é quem tinha orgulho de tê-lo conhecido.

Mas era hora de expediente e foram com vontade ao que tinha que ser feito, deixando o final do expediente para irem conversar e comer pizza.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Cama de Casal

Cama de Casal
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Completaram seis anos de casados, os filhos indo à escola. Gente batalhadora e amorosa, ele mestre de obras e ela, doceira ocasional.
Com as crianças na escola, ela pensa em incrementar os seus doces deixando-os além de saborosos, bonitos.
Conhecida no bairro onde mora, logo a freguesia aumenta e o lucro também. O marido e ela dividiam o pagamento das contas, os filhos estudavam em escola pública, sobrou um troco para que ela se cuidasse.
Foi numa quarta-feira pela manhã que ele reparou que ela se maquiava depois do banho.
_Maria, há quantos anos você não fica bonita desse jeito? Não adianta se arrumar porque eu não posso sair com você hoje. Estamos no meio da semana.
Ela respondeu que era para levar os doces nas casas das freguesas, queria se sentir arrumada.
Chegou o sábado e o marido viu que a casa precisava de algumas arrumações.
_Quando eu tirar férias, eu vou chamar uns amigos e reformar o banheiro, a cozinha e a lavanderia.
Ela ouvia enquanto se arrumava e colocava maquiagem.
Ele a viu e perguntou se havia entrega de doces aos sábados.
_Eu não aceito encomendas para os domingos, mas se tiver encomenda para domingo, eu folgo na segunda-feira.
Os doces da Maria causavam a sensação de perda a ele. Ele tinha a sensação que algo nela não era mais igual, parecia que havia casado com outra Maria, muito embora ela continuasse atenciosa como antes.
Mário não entendia que ela cuidava de si.
_Para que tanta vaidade mulher? Eu continuo o mesmo.
A mulher serviu um doce ao marido.
_São bons? Todo mundo gosta.
Os doces eram bons.
Passados dois meses nessa nova rotina de beleza na vida de Maria, ele chega até ela e diz:
_Maria, eu comprarei uma motocicleta essa semana.
Ela não gostou da ideia.
_Desde que nós éramos namorados que você não tem motocicleta. Para que essa compra agora? Você não iria reformar o banheiro, a cozinha e a lavanderia?
Ele disse que deixaria para depois. Agora queria a moto.
Maria querendo fazê-lo desistir da ideia fez alguns doces com o nome dele e dela decorando o bolo.
Naquela semana a folga dela seria na segunda-feira.
Com os filhos arrumados para irem à escola, a moto na garagem e a Maria maquiada, ele criou coragem e disse:
_Maria, eu te amo de verdade. Você está bonita e eu espero que você não esteja de olho em ninguém. Nós temos uma família.
Maria, surpresa, disse que se arrumava também para ele.
_Eu quero que o meu marido tenha uma mulher ajeitada. Você me magoa pensando desse jeito.
Ele olha para ela com profundidade de sentimentos.
_Maria, eu até pago para você fazer ginástica, mas me responda uma pergunta. Essa pergunta não mais pode esperar para ser feita. Preciso sair, mas deixe-me te perguntar algo.
Ela, observando a seriedade com a qual ele dizia cada palavra, pediu a ele que fizesse a pergunta de uma vez.
_Maria, quer namorar comigo? Acho que preciso te conhecer melhor.
Maria atirou-se nos braços dele, aceitando o pedido.
Ele saiu e Maria ficou pensativa. Outro homem? Não teria paciência na vida para duas vezes daquilo. Chegou à conclusão que, se algum dia, ele arrumasse outra, não seria culpa dela. Ela se arrumava para si e para ele. Definitivamente, de homem, para se incomodar, bastava ele.
Mais alguns meses e, os pisos do banheiro, da cozinha e da lavanderia descolaram do chão. Ele a chamava para ajudar na reforma.
Era o namoro acabado dando lugar ao cansaço de marido e mulher roncando na cama de casal.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Grão

Grão
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A arte revelada soa aos tempos
Mudos, onde Chaplin, musicado,
Era comovente ao chapéu e aos ventos
Eólios, com sujeito e predicado.

Bálsamos sem pixels, sentimentos
Pálidos, sensíveis ao enviesado
Foco, a seu propósito, em momentos
Lúdicos de luz; apaixonado.

Mito entrelaçado de alimentos,
Grão ao bel prazer descombinado,
Dádiva amadora em gregos templos
Frágeis, ao esboçar o imaginado.

domingo, 11 de agosto de 2013

Feliz Dia dos Pais!

Onde você estiver, meu pai, saiba que eu continuo a mesma.
O sonho não morreu!
Fica com Deus, que eu tô nessa…

sábado, 10 de agosto de 2013

Pode Ser Chamado de Homem? Crônica do Cotidiano

Pode Ser Chamado de Homem? Crônica do Cotidiano

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Hoje parei para tomar um café. Lugar bom e ambiente aconchegante. Estou para ser servida pela moça, quando o jovem adulto se interpõe ao atendimento:

_Dois salgados e um café. Aqui está o comprovante de pagamento feito no caixa.

Não havia fila, mas ele estava com pressa.

_Quero o terceiro pastel desse prato e a segunda coxinha de frango do outro.

A moça perguntou se ele iria comer ali e ele respondeu que não, pedindo um copo descartável para o café.

A moça colocou os salgados no pacote e o café no copo.

Ele a olhou com indignação:

_A moça não ouviu que eu quero metade do copo com café e a outra metade com leite?

Ela disse que não. Eu também não tinha ouvido.

_Jogue fora metade do café e coloque leite.

O tom da voz convenceu a moça e ela jogou fora o café e colocou leite, sem dizer a ele que ela pagaria o que havia posto fora.

Ela então perguntou se ele queria açúcar ou adoçante para levar.

_Nem pensar! Passe bem.

Ele saiu do café com as suas calças jeans skinny e camisa ligeiramente aberta no peito, além dos salgados e do café com leite.

Ele saiu e eu tomei o meu café do jeito que eu gosto. Se bem que nós duas estávamos sem sorrisos, o comportamento dele não foi dos melhores.

Pensei em todos os donos de restaurantes e nos chefes cozinheiros, todos os homens responsáveis que fazem o sabor dos restaurantes nos dias em que as famílias saem para almoçar juntas.

São os homens bons que merecem as crônicas, são eles que fazem o dia bom de muita gente.

Fica a minha gratidão aos chefes de cozinha.

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sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Ganhando o Dia

Ganhando o Dia

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A advogada, recém-formada, bem empregada num escritório de advocacia levou o carro ao mecânico para verificar um problema no motor.

Ela chegou à oficina, retirou um livro de direito do automóvel e foi avisar da sua chegada à recepção.

Colocou o livro sobre o balcão anunciando a profissão, bem sucedida e segura de si, conforme observou a recepcionista: Com aquele microvestido e sapatos de salto combinando com os acessórios, era uma jovem advogada bem sucedida e bem cuidada.

A recepcionista chamou o mecânico. Ele veio e, se viu a cliente, ninguém percebeu. Olhou para a moça da recepção e disse boa tarde para a consumidora.

_Eu vou com o senhor para mostrar o problema do carro, disse a advogada.

O mecânico concordou e seguiu tentando visualizar o carro dela, ao que ela indicou pela cor.

Os dois ao lado do automóvel e ela mostrando o interior do veículo como se estivesse vestindo calças compridas.

O mecânico olhando o veículo. Algumas gotas de suor eram observadas no rosto pálido. No entanto, não desviou a atenção das suas funções.

Consertou o carro dela e a acompanhou até a recepção, onde ela efetuaria o pagamento do conserto.

Chegando ao escritório onde trabalhava, disse aos colegas que a mulher que se coloca bem, não se incomoda.

No que ela saiu, ele se queixou sobre o quanto era difícil ganhar o dia, dentre todas as circunstâncias que ele apresenta.

_Eu aguento tudo que aguento porque tenho família para sustentar.

Os colegas deram um tapinha nas costas em solidariedade ao colega, como que sentindo na pele o dia difícil do colega.

E o dia acabou bem para todos.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Fala Enquanto o Chefe se Atrasa

Fala Enquanto o Chefe se Atrasa

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Os rapazes, 21 anos de idade ambos, colegas de serviço, conversam na hora do lanche.

_O chefe vem comer o sanduíche? Amarildo pergunta com jeito de quem está ansioso para dividir a novidade.

Wanderlei diz que sim, mas que atrasou alguns minutos explicando os detalhes do serviço ao cliente. Pede ao colega que conte. Ele estava curioso.

_Ontem, eu saía da danceteria quando vi um homem chegar numa motocicleta velha e emparelhar com um carro. Quando vi, ele tirou uma arma e assaltou o motorista do carro. Eu me escondi atrás da pilastra da igreja. Fiquei até com medo de pegar o ônibus no ponto. Peguei o ônibus dois pontos acima. Quando você for lá, não pegue o ônibus naquele ponto que fica na rua da frente. Ande e veja se não tem perigo.

Os dois conversavam quando o chefe chegou junto a eles.

_Onde foi isso? Que absurdo essa violência!

Amarildo olhou para o colega e contou de novo o fato, mas de forma a ficar bem perante o chefe.

_Não sei se o senhor sabe, mas eu sou muito religioso. Ontem à noite, depois de sair do expediente, fui à igreja. Na saída, quando fui pegar o ônibus, vi um assalto. A situação foi perigosa.

Wanderlei emendou o assunto porque a danceteria era para os dois frequentarem. E, se o chefe resolvesse ir com eles para confirmar o índice de boas relações sociais com os empregados?

_Volta e meia eu vou com ele até a igreja. Ele é o meu bom amigo. Quando o senhor quiser ir conosco orar, por favor, nos avise.

Amarildo não gostou nada da proposta que o Wanderlei fez ao chefe e mostrou na fisionomia a sua contrariedade.

Wanderlei, com jeito sonso, disse ao amigo:

_Não dá nada. Ensinamos a maneira com a qual oramos.

O chefe, desconfiado, perguntou qual era a igreja.

Amarildo, sem titubear, disse:

_Vamos à Igreja do Bispo Edir Macedo.

O chefe percebeu o que era trigo e o que era joio na conversa e começou a se divertir dizendo:

_Amarildo, você contou aos fiéis o que aconteceu? Por que não pediu carona para um deles?

_Eu tinha colocado o boné e não estava apropriado para entrar lá. A minha mãe frequenta lá e ela sabe que eu sou homem de bem. Domingo teremos almoço de família, a minha mãe está comprando os alimentos e eu não quis incomodá-la contando de assaltante. Ele estava armado, o senhor acha que eu não fiquei com medo? Eu, que não sou besta, fiquei escondido até acabar o assalto.

Wanderlei concordou com o amigo:

_A gente não pode se meter com essa gente. Eles são bandidos e, nós, gente de bem.

O chefe perguntou se alguém tinha avisado a polícia e Amarildo respondeu que, talvez, o homem que foi assaltado tivesse avisado.

_Se bem que, se fosse eu, não diria nada. No dia seguinte eu pego o ônibus.

O chefe perguntou para o Amarildo os detalhes sobre o que ele tinha visto e disse que ele contaria o fato a um amigo policial, dizendo:

_Não se preocupe Amarildo, não direi que você viu o fato. Pode pegar o seu ônibus e deixar a sua família sossegada. Eu sou contra a cultura do medo, mas forçosamente sou obrigado a aceitar a sua resposta.

Wanderlei sentiu-se aliviado pelo amigo. Querendo ser gentil perguntou ao chefe se ele gostaria de ir à igreja com eles.

O chefe disse que agradecia o convite, mas frequentava outra igreja.

Os rapazes ajeitaram os bonés e comeram o lanche.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Carta Literária / Para Tibério

Carta Literária / Quem sabe, depois, se é livro?

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Curitiba, 7 de agosto de 1.913.

Tibério

Ainda ontem me contavam de ti e das precárias condições em que tu te encontras para que retornes à casa de tua morada.

Os forasteiros que aqui chegaram, falavam da tua vida difícil e das tuas contradições, normais neste mundo pelejado.

Diziam eles também do teu amor sofrido e desgarrado pela prenda formosa, que não desapega o sentimento.

A prenda e tu, naquela gauchagem que o povo desta terra não esquece.

A prenda conta da tua partida à contra gosto como se nem um mês fizesse.

Nos campos, falam de ti com pilhéria e desdém, daquele desdém ciumento da prenda que não quer ser de ninguém. Contam das botas e dos pés calejados e dizem que foram feitos nesse teu andar magoado. Dizem que, distante da prenda, o homem não se contém e racha a lenha na força de se esquecer de quem te quer bem.

Dizem que a prenda passa as noites a sonhar na busca de uma estrela que te faça voltar.

Mas, e as vontades?

Amigo, as vontades deste mundo pertencem a quem as têm e aos baguais que nos levam por entre caminhos de pau a pique; como convém.

Mas que conveniência, que nada! Eu, no lugar de ti, viria até o lugar de onde partistes para te encontrares com ela, que fosse para dançar a moda, ou, talvez para cantar com esta voz desarranjada que te faz engraçado.

Se tu vieres cantar, canto junto para te ajudar a fazer bonito em parceria.

Tibério, tu não sabes da preocupação dos teus amigos por ti e pela prenda, todos com vontade de assistir a dupla nas danças gauchescas. Apartados, apartam de nós o teu sorriso mais o dela.

Pensa bem amigo, se queres levar a tua vida de peão sem calor nessa geada. Veja lá o que fazes e que seja bem pensado, porque falado até cansa de ouvir.

Essa gente fala muito. Essa gente matraqueia tanto, que, se não fosse por contar de ti, até me contraria. Quando dizem de ti, deixo correr solta a madrugada.

Sem mais o que dizer e, sem querer te dar conselhos, sinta o meu abraço que é o abraço do amigo confidente, mas não falta da companhia confidente, conversa de ti com quem deseja contar a novidade. Saber de ti indica a mim que estás bem, correndo a vida e tirando o leite quando necessário, sinal que o amigo está apeado e disposto.

Aguardo correspondência tua, de onde tu estiveres, porque eu me deito aqui e tiro a sesta do churrasco depois de entregar ao carteiro o envelope com dinheiro para pagar o selo.

Sinceramente, do teu amigo Euzébio.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

O Novo Homem

O Novo Homem

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Vânia teve que fazer treinamento para aprender a lidar com o chamado novo homem.

Quem seria este novo homem? O homem que se vira na cozinha e não passa fome, o homem que ajuda a mulher a cuidar da casa aos finais de semana e, também, o homem vaidoso.

Vânia vendia roupas masculinas. Treinada, colocou em prática os seus conhecimentos.

A disposição para atender a clientela estava bem. Ela assim pensava, quando Orlando entrou na loja.

_Bom dia senhora. Preciso de calças jeans, bermudas para fazer exercícios e de um traje esportivo para caminhar aos finais de semana no Parque Barigui.

A moça trouxe as roupas na numeração certa e ele, displicentemente, perguntou se a loja ofertava serviço de acabamentos.

A moça respondeu que sim. Havia um alfaiate à disposição dos fregueses.

_Chame-o, por favor.

Ela chamou e ele veio solícito.

_Bom dia, senhor. Preciso que o senhor faça alguns ajustes nas peças para que eu as possa usar.

O freguês vestiu as calças jeans.

Vânia gostou do caimento despojado. A peça ficou bem ao gosto do freguês, pensou ela. Foi então que o homem virou-se para o alfaiate e disse:

_Ajuste as laterais das pernas na altura das batatas da perna. Sou magro, mas quero que as mulheres admirem a minha musculatura. Gosto de mostrar as batatas da perna para as moças.

Vânia olhou para o alfaiate como que surpresa. Pessoalmente, até aquele dia, não havia olhado para as batatas das pernas de nenhum homem.

O alfaiate marcou as costuras e aguardou que ele experimentasse a bermuda larga de moletom.

Vânia viu o homem com as bermudas e gostou. As bermudas largas propiciavam todos os movimentos para os esportes masculinos. Desta vez, as batatas das pernas estavam à mostra e ele não reclamaria. Foi o que ela pensou, quando ele disse ao alfaiate.

_Gosto de bermudas que permitem movimentos precisos, mas quero que diminua as laterais das bermudas, Não estão finas e pareço um jovem qualquer. Levante também o comprimento, pois estão encobrindo parte dos músculos trabalhados.

Ao ouvir o pedido, Vânia pensou em indicar, ao homem de meia idade e cabelos grisalhos, aquela clínica onde a propaganda oferecia uma oferta: Trate-se com um psiquiatra de verdade em suaves prestações mensais. Psicólogos, nunca mais!

O alfaiate marcou as costuras a serem feitas e o homem vestiu o conjunto esportivo para as caminhadas.

Desta vez a vendedora viu que as barras das calças arrastavam no chão e precisavam de ajustes e disse o que para ela, era óbvio.

_Ajuste as laterais de modo que continuem folgados e as barras deixe que cubram os sapatos até a altura do salto.

Ao último pedido, Vânia olhou para o homem se perguntando se ela o havia visto em alguma propaganda ou novela. A resposta era não. Não conhecia o homem de lugar algum.

Ao terminar as compras, o homem virou-se para o alfaiate e para a vendedora e disse:

_Por favor, assim que as roupas estiverem prontas, avise a vendedora para que ela avise a telefonista da loja para que ligue para mim. Sou um homem ocupado.

Vendedora e alfaiate confirmam a disposição de ligar para o cliente.

O homem fez pose de manequim, agradece ao atendimento e saiu como se estivesse desfilando.

Vânia pensa que preferi o homem antigo, ou seja, aquele que se veste com o que tem e fica feliz. Se aquele homem de meia idade se comportava daquele jeito, como estariam os mais novos?

Voltou ao treinamento, ainda não sabia muito sobre esse novo homem. Por via das dúvidas, anotou o número da clínica psiquiatra onde se ofereciam serviços de psicanálise em prestações mensais.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Espelho de Oração

Espelho de Oração
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Meu peito anseia por uma canção
Que está nesse ar, nesse espreguiçar,
Após o dia feito e escrito à mão;
Caprichos desses sons de dobrar.

Quisera ouvir, mas o dia foi não;
Segunda-feira exige o cansar;
Ilustre dia que aguarda a expressão
Das artes para depois, luar.

De plano a piano, sua a função;
Ao vento morno de se dançar
Minueto; jeito e espelho em ação,
Cantando na área o seu respaldar.


Obs. Este poema é homenagem aos fabricantes de utensílios para se lavar janelas tais como, espumas, mini rodos, cabos de vassoura de tamanho médio, limpa vidros, etc. A todos eles, os meus agradecimentos pelo dia de hoje, facilitaram o meu dia.

domingo, 4 de agosto de 2013

Caminhos Tortos

Caminhos Tortos

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Certa vez uma senhora foi ao desfile de modas beneficente. Era a única com os cabelos desarrumados, com a raiz aparecendo. Rosto lavado e cansado. Nenhuma maquiagem para disfarçar.

Pagou o ingresso e podia entrar. Sentou-se numa mesa. Com roupas bonitas como o ambiente merecia. As roupas descombinavam dela, daquele jeito de fome.

O garçom a serviu como a qualquer outra convidada. Café, salgados e doces. Água mineral para refrescar o paladar.

O desfile foi bonito, mas a senhora chamava a atenção dos presentes para a figura que fazia.

Uma das senhoras organizadoras foi até a senhora e perguntou se ela estava bem servida. Perguntou também se não quis trazer uma amiga ou alguém da família.

Ela foi pega desprevenida, não esperava que viessem até ela.

Ergueu o olhar até a senhora e contou à organizadora que a filha dela estava com hepatite e não tinha sintomas. Passou mal e estava na unidade de terapia intensiva. Estava caminhando para fazer hora enquanto esperava o horário de visitas. Viu o evento e entrou lá para ver se conseguia desviar o pensamento ruim que a acompanhava.

A organizadora conhecia uma médica que estava no seu dia de folga e comparecia ao desfile. Chamou a médica para conversar com ela.

A médica foi conversar com a senhora e se informou sobre o estado da garota.

A médica pediu para sentar-se à mesa com ela. Pediu uma xícara e talheres para lanchar com ela numa atitude confiante e segura.

_O fígado é um dos poucos órgãos do ser humano que se recupera. A hepatite da sua filha é benigna, embora tenha sido agravada pela falta de informações pela família. Sugiro que a senhora passeie mais e, se tiver vontade, vá à cabeleireira. Aproveite o momento porque daqui a alguns dias a sua filha irá para a casa. Ela irá para o quarto depois de amanhã e a senhora não terá tempo para si mesma.

A senhora olhou para a médica como que não acreditando.

_Eu me informei. Está tudo bem. No horário da visita a senhora será avisada que a sua filha irá para o quarto para ficar em observação antes de receber alta hospitalar.

As duas, médica e senhora, não viram o desfile.

A senhora lanchou sob o incentivo da médica. Ao terminar o evento o seu rosto estava corado e os seus olhos mais animados.

E tudo aconteceu da maneira com que a médica previu.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

O Atrapalho

O Atrapalho

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Claudete fora convidada para a festa de sexta-feira no restaurante. Essa festa seria comemorativa aos casais que completassem dez anos de casamento.

Planejou se arrumar no salão de beleza de sua confiança, queria um penteado especial para a ocasião. O seu marido Roberval trabalharia até às sete horas da noite, tomaria banho e vestiria terno; pronto ele se transformaria num homem elegante. Ele levou o carro da família para não se atrasar para o jantar.

Claudete saiu conforme havia planejado, mas na saída do salão quis pegar um táxi para voltar para casa. Ônibus seria ruim para o seu penteado.

Na rua não havia táxis e ela decidiu caminhar em direção à sua casa contando encontrar um carro livre no caminho.

Andou oito quadras e conseguiu o seu táxi. Atrasou-se meia hora nessa caminhada, mas planejou como se vestir rapidamente para não perder a hora da festa.

Chegaram juntos Roberval e Claudete em casa. Felizes correram para o chuveiro. O chuveiro estragou ao ser ligado.

Com o único chuveiro da casa estragado, Roberval correu ao supermercado e comprou outro para substituí-lo. Cada casal tem as suas especificidades e quem trocava o chuveiro com rapidez naquela casa sempre fora a Claudete.

Com a ajuda de uma escada ela fez o serviço em quinze minutos sem estragar o penteado. Ele demoraria meia hora para fazer a troca caso ela o obrigasse a isso para preservar a arrumação do penteado.

Arrumaram-se e saíram.

Pegaram o congestionamento na rua que dava acesso ao restaurante. Foram dezesseis quadras em uma hora, mas não tinham condições de seguir a pé com roupas de festa.

Chegariam atrasados, mas compareceriam à festa.

Entraram no restaurante como se fossem vitoriosos por estarem lá.

Para o espanto deles, eles formavam o único casal feliz da festa.

Claudete estranhou o rosto sem graça dos convidados e perguntou a um dos casais presentes se algo havia acontecido porque ela acabava de adentrar o recinto.

A senhora gentilmente respondeu:

_O dono do restaurante e o DJ que faria o som ambiente discutiram, estamos sem som. Tentamos trazer um aparelho de som para cá, mas não temos autorização para tocar sem as licenças obrigatórias para o evento.

Roberval disse que não via problema. Se todos conversassem, a festa seria animada.

_Um cachorro da raça Pitt Bull fugiu da casa dele e, por pouco ele não avança para um dos casais convidados.

Roberval e Claudete conversaram, e assim concluíram que se foi por pouco, então o problema foi evitado e não teriam com o que se preocupar.

_Ocorre que o ataque foi evitado com o cassetete do segurança que deu algumas pauladas no cachorro. O dono do cachorro, que procurava por ele nessa região, abrirá queixa contra a atitude do segurança.

Roberval disse que provavelmente haveria um advogado entre os convidados para ajudar o segurança.

_O segurança está no hospital. Levou duas mordidas do cachorro. O pronto-socorro veio e o levou para o hospital. A senhora da limpeza limpou agora a pouco a mancha de sangue no chão.

Claudete perguntou se eles suspenderiam o jantar, o que seria compreensível nesse caso.

_O dono do restaurante não pode adiar o jantar porque os pratos foram feitos e o gasto também. O jantar será servido em seguida.

Roberval e Claudete sentaram-se numa mesa para dois e jantaram. Comeram alguns doces de sobremesa e vieram embora satisfeitos com todos os atrapalhos que tiveram para chegarem ao local. Tivessem chegado minutos antes e não ficariam para o jantar no restaurante de qualidade, que pelo acaso havia se transformado numa espelunca naquela noite.

Chegaram a casa deles cansados e foram dormir. O sono correu solto até o amanhecer do dia seguinte.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Poema Desconhecido

Desconhecido

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Das coisas que eu não sei

De nada adianta ver,

Observo o que encontrei

Na dúvida de haver.

 

Porém, não a imaginei,

Veio clara a descender,

Se rara, saberei.

Depois, se alguém souber...

 

Só sei que retratei,

Não sei desse entreter

Na foto que tirei,

Mas quero esse saber.