Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Momentos

MomentosMomentos

 

O senhor Wander desceu do ônibus e caminhou em direção ao seu emprego, como faz todos os dias. Os dias iguais não se repetem para quem vê a arte.

No curto caminho de algumas quadras, ele observou o chão de folhas secas sobre o qual caminhava e o caminho se fez mais bonito no dia de hoje.

Aquelas folhas vieram à sua imaginação e sugeriram arte. Mas ele não é artista… mas ele tem a percepção do que é arte.

Viu uma folha seca que parecia de filme de cinema e a colheu. Então, naquele trajeto estavam ele e a folha seca.

Quando chegou ao local de trabalho, o senhor Wander quis dividir a bela imagem com todos os que passassem por sua mesa. A folha, por si mesma era cinematográfica, mas precisava de uma moldura. Aquela folha precisava de uma tela e de uma moldura.

Tela e moldura na sala de atendimento ao público, onde? Ele tinha em mãos uma folha de papel com uma propaganda em preto e branco, digitada casualmente. Do outro lado, porém, a folha estava em branco. Ele tinha fita adesiva branca, usada para lacrar envelopes.

A folha ganhou tela e se transformou em quadro. Mas um quadro precisa passar uma mensagem e para que a mensagem não ficasse tão seca quanto à folha, ele pegou a caneta e escreveu um bom dia aos seus colegas e assinou como se fosse o inverno. A caneta não danificou a folha; a pena leve não fere e não magoa os passantes, antes expressa a sua razão de ser.

Todos os que passaram pela sua mesa tiveram a honra de conhecer a sua maneira sensível de dizer que a vida vale pelos momentos vividos. Todos sabem que foi um momento bom na vida dele e, que na saída, ele levará o quadro da folha para a sua esposa e juntos tomarão uma xícara de chá ou café com pão e margarina.

Precisa dizer mais? Não. Espero que todos gostem da foto que tirei da arte do senhor Wander.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Invernada

Invernada

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A luz se fez nessa geada,

O frio descoberto na terra

Clareia essa manhã madrugada.

 

A sombra que está disfarçada

Em brumas e névoas se encerra

Na noite que atraiu iluminada.

 

O sol brilhará e a passarada

Com chilros, encanto da serra,

Em voos ao redor, à avistada.

 

E nada se espera da eivada

Além do aconchego na pedra;

Eis a água de pedra escaldada.

sábado, 28 de maio de 2011

Inspiração

Inspiraçãoclip_image002

Muda sem mudar o princípio

Nato de mudança nas cores

Válidas, disfarce do indício

Óbvio de vantagens nos bosques.

 

Campo de surpresas, que infindo

Mostra a natureza; cantores

Lógicos no cálculo findo;

Fábula matriz dos vetores.

 

Sorve o seu talento leonino

Múltiplo em revés e favores

Fáceis. Sobrevive do instinto,

Peça de alusão aos inventores.

 

Lenda na lembrança dos autores,

Vive um personagem estíptico,

Conta de incontáveis valores,

Forma do sentido e de estilo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Isso! Conto inspirado no dicionário.

Isso! Conto inspirado no Dicionárioclip_image002

1 Conceito: Isso! É aquilo que merece respeito mesmo que você não saiba exatamente do que trata a palavra.

2 Apoio Incondicional, por exemplo: quando você é o único com coragem de chamar de “pelego(a)” o síndico do edifício que somente existe na maquete. No local da construção você vê as fundações e a obra está parada há dois anos. “Isso!”vá adiante.

3 Interjeição que exprime contentamento: “Isso” vindo daquele seu colega de trabalho que sempre te chamou de otário. Você realizou o sonho dele se metendo numa enrascada. Ele nem lembra que também comprou um apartamento da mesma construtora e que o dele também está na maquete.

4 Constrangimento inesperado: Isso” no sentido de não podia acontecer. Estamos ferrados! Você! porque o seu colega tem casa própria e você mora de aluguel.

5 Metáfora Poética: para a revolta interior, por exemplo, _” Isso”mesmo! É assim que se faz! Isso (no sentido pronominal da boataria) é o que foi dito quando o dono da construtora pegou o dinheiro e saiu do país. Depois ele voltou e disse que tudo não passou de um engano. Ele foi visitar a sogra que estava fazendo um tratamento médico no exterior. Explicou aos compradores que precisaria vender todas as unidades do edifício antes de continuar a obra porque o financiamento obtido havia sido cancelado sem aviso prévio.

6 Interrogação: de desconhecimento _ “O que significa “Isso”? Foi o que você disse quando soube da treta (gíria da linguagem popular que significa arranjo de propósitos duvidosos).

7 Oração afirmativa: _”É isso aí!”. Se outros empresários agirem dessa maneira...

8 Substantivo: “...e”Isso” continua, onde é que vamos parar?

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Dálias

Dálias

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Caminhar com sandálias

Ao calor do mormaço

E entreter-se com dálias

Ao jardim num abraço

De amizade são dádivas

Recebidas ao passo

Dos aromas às largas.

 

Ao prazer das passadas,

Descansar no regaço

De um momento às arcádias

Delicadas, compasso

Com a terra às sagradas

Intenções do versado;

Expressões de crisálidas.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Crônicas : Festas Sem Graça

Crônica: Festas Sem Graça clip_image002[4]

1

Sem graça foi aquele jantar dançante. Houve uma apresentação musical e surgiram meretrizes bailarinas e uma delas sentou-se no colo de um empresário que estava na mesa de pista (em frente _a pista de dança). A esposa dele levantou-se e se retirou.

A mãe, a filha e o marido, que franziu as sobrancelhas. A festa acabou, o jantar perdeu o sabor.

Outros casais se levantaram e saíram. A saída estava lotada.

2

Houve um tempo em que havia noivado antes do casamento. Era um período de uns seis meses antes do casamento. Havia festa, convidados e era a sala de espera da cerimônia.

Para uma moça, foi um período útil. O noivo não se conteve e disse para a noiva que a desejava possuir como se homem ela fosse. Casamento desfeito, noiva em tratamento médico. Esgotamento nervoso.

3

O profissional, um decorador conhecido como o ladrão de serviços impecáveis. Todos que o procuravam no seu escritório de decoração eram bem atendidos. Objetos caríssimos eram colocados nas residências de classe média. A conta vinha depois. A festa de inauguração da casa arrumada era também a festa da concordata.

Ps. Que sirva de alerta para todas as pessoas: não permita que nenhuma obra seja começada sem orçamento e contrato. Válido para tratamentos odontológicos. É preciso confiança no profissional, seja de que área for. Afinal a grande maioria dos profissionais é séria. Cuide-se! Aprendi.

4

Era festa de aniversário de uma senhora. Bolo, convidados, filhos, netos, a casa estava cheia. A namorada do filho mais novo havia se atrasado e os convivas estavam curiosos para conhecer a moça.

Dez e meia da noite e chega um jovem gritando que a namorada do rapaz estava no “dancing”. O moço, revoltado, quer sair para brigar. O pai, o tio e o primo o impedem.

A aniversariante chora. A moça trabalhava em casa noturna e ninguém sabia até aquela data. O jovem universitário, depois de formado, saiu da cidade.

domingo, 22 de maio de 2011

Papiro_Papel de Areia

Papel de Areia clip_image002[4]

Some o barco na linha do horizonte,

Foge o pássaro ao longe alegremente,

Bola e criança sobejam num afronte

Doce e ingênuo, sincero num fremente

Ágil, próprio e gentil do esconde-esconde.

Passa o dia, que de hoje se faz o ontem;

Abre a mente andarilha nobremente,

Leve o quadro inventado e sobrepõe:

Leve é o tempo em papel que se desmente

Lado a lado e compara e contrapõe.

Sopra a vaga e divaga impunemente,

Venta a areia e se desfaz atrás do monte

Vindo ao verso enfeitar suavemente.

Sobre um mar que nasceu no “não sei de onde”,

Cante a lira à ternura e se contente.

sábado, 21 de maio de 2011

Tiro no Pé

Tiro no Péclip_image002

Ana Cristina levava os docinhos para o escritório e os deixava na gaveta da sua mesa dentro de uma sacola pequena, de maneira discreta. Quando o dia terminava e os seus supervisionados deixavam o escritório, ela fechava a sala e no caminho até o metrô comia o seu doce de abóbora sossegada. Esse era o seu segredo de bem estar.

Ana gostava de cada um dos seus supervisionados e procurava meios de aumentar o conhecimento deles e com a visão de futuro procurava bolsas de estudo para distribuir entre os mais interessados no trabalho.

Houve uma oferta de cursos de informática e ela inscreveu a sua firma. Pensava na Fernanda, boa funcionária, mas sem os conhecimentos necessários para subir de nível.

_Fernanda, eu inscrevi a firma em um sorteio de bolsas de estudo. Se conseguir, você será a indicada. Você aceitaria essa oferta?

_Aceito sim, fico agradecida.

Passam-se os meses e nenhum retorno da empresa que havia oferecido as bolsas de estudo. O assunto fica esquecido.

Durante dois dias, Ana Maria está tão ocupada com o trabalho e não tem tempo para conversar com ninguém e deixa os doces de abóbora para quando tiver tempo para saboreá-los com prazer. Durante esses dias conta com o auxílio da Fernanda.

Terminadas as tarefas. Fernanda é a última a deixar o escritório e se tornou a funcionária de confiança. Ana Maria se lembra de ligar para casa e não acha o celular. Mas ele estava na bolsa, e agora? Onde foi parar o telefone?

Ana está no escritório e pega o telefone fixo para localizar o seu celular. Tomara que o celular estivesse com bateria e estivesse no escritório, pensava ela.

A música do celular logo tocou. Mas Ana procurava e não achava o som que vinha de dentro da sua mesa. Apagou a luz do escritório para ver a luz do celular. Para surpresa, ele estava dentro da sacola de docinhos de abóbora. Havia uma mensagem não lida que havia chegado uma hora antes. Ana abriu a mensagem:

_Ana: bolsas de estudo à disposição. Ligar para maiores informações.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sequoia

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Seguindo os seus antigos

À guarda das raízes,

Colhendo dos sentidos

A apara dos vernizes.

Centelhas e chuviscos

Forjados quais fetiches,

Podando os seus motivos

E erguendo os seus trapiches.

Potentes e indivisos,

Os galhos e as matrizes

No solo são precisos

Traçando as diretrizes.

Plateia dos improvisos

Humanos aos carizes

Da história, dos sorrisos

De versos perceptíveis.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Bola Roubada

Bola Roubadaclip_image002

Roubaram a bola do jogo

Formal. Ipso fato, o perrengue

Fugiu de bandeja com bolo

Sobraram a vela e o merengue

Deixados na rede sem gol.

O povo levanta-se a rodo

E vaia. Nem o juiz o compreende,

Apita com força de fôlego.

Ladrão canastrão não se entende,

Partida atrasada de novo.

Revolta de bola, retorno

Em volta do tema que é urgente,

Sem bola, sem jogo e sem povo

Que acuda. O remédio é corrente:

Pagar em parcelas de novo.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Chefe de Família

Chefe de FamíliaBulldog

Quando a família se mudou para o Bairro das Mercês, em Curitiba, os vizinhos simpatizaram com a família através de Peludo, o cão de estimação da raça Bulldog.

Peludo tinha hora para levantar, almoçar, passear e dormir. Criado solto no quintal, ele convivia bem com os transeuntes e com as crianças que passavam por ali.

José, marido de Célia e pai de Jessé, era viajante, fazia carretos pelo sul do país e ficava em casa cinco dias a cada quinze dias.

Célia e Jessé adquiriram o hábito de seguir os horários de Peludo por brincadeira, mas que se transformou em rotina.

Às seis horas da manhã, Peludo acordava Jessé, que se arrumava para ir à escola. Às dez horas e trinta minutos, Peludo latia na cozinha e Célia deixava o emprego virtual da internet para supervisionar o almoço. Às cinco horas da tarde, o Bulldog Peludo latia até que o Jessé e a Célia saíssem com ele; caminhavam exatamente quatro quadras por dia. Às dez horas, se não desligassem a televisão, ele começava a latir e continuava a algazarra até a meia noite.

Os vizinhos observavam e perguntaram se o Peludo recebera algum treinamento. Os donos disseram que assim era a natureza do cachorro deles e que eles não precisaram de um treinador.

Passaram-se dezoito anos e Peludo adoeceu e morreu.

A família vendeu a casa e saiu do Bairro. A ausência de Peludo se fazia sentir na família, na vizinhança e nas quadras por onde eles andavam.

José sentiu falta do companheiro de vida que o cachorro havia se tornado para ele. Célia e José estavam tristes. Peludo trouxe a organização, a disciplina e a fidelidade familiar como norma da família. Durante as viagens de José, se Peludo estava latindo quando ele telefonava, ele sabia que tudo estava bem dentro de casa. Peludo ficava no tapete, ao lado da cadeira do telefone todo o dia às oito horas da noite e fazia companhia à Célia, enquanto ela aguardava o som do telefone.

O enterro de Peludo foi realizado em um cemitério para cachorros.

Ossos do Ofício

Ossos do Ofíciomacacos

Marineide ficou viúva aos trinta e seis anos de idade. O marido era bóia-fria. Pobre e sem instrução, se empregou como doméstica na casa da bióloga Sônia a fim de garantir o sustento do seu filho Júlio.

A moça não contava dividir o espaço do trabalho com um macaco, morador da casa enquanto se recuperava dos ferimentos conseguidos ao saltar um muro quando invadiu a cidade de Sapopema, no norte do Paraná.

Marineide limpava a casa com o aspirador de pó e tinha uma vassoura por companhia. A vassoura serviria para espantar o macaco caso ele pulasse no seu colo. Dormia com a porta, do seu quarto, onde morava com o filho, trancada a chave. E, se o macaco, sofresse de insônia?

Numa quarta-feira pela manhã, encontrou o sabão em pó espalhado pela casa inteira e o macaco, que havia pegado a sua vassoura, varrendo o sabão da sala de visitas. Ao vê-la, o macaco ergueu a vassoura a imitando, para que ela não se aproximasse dele. Foi necessário esperar a bióloga chegar para o almoço para que ela fizesse o almoço, sossegada. O macaco parecia competir com Marineide pela atenção da Sônia, a sua protetora.

A empregada precisava desse emprego e evitava tocá-lo para evitar problemas com a Sônia.

Passado um tempo, em um belo dia, após lavar a louça do almoço, aproveitou as chuvas de verão para lavar as calçadas empoeiradas. Pegou o material de limpeza e viu a porta da geladeira entreaberta. Pensou que fosse um descuido seu, fechou a porta e seguiu para o quintal.

Às quatro horas e cinquenta minutos terminou a limpeza, entrou em casa e abriu a geladeira para pegar um copo com água gelada e se refrescar. Viu o macaco branquinho e enregelado, tremendo de frio e encolhido em um canto da prateleira mais alta. Sabendo que a culpa cairia sobre ela, não pestanejou. Tirou o macaco da geladeira, esquentou a água no fogão e degelou o animal. Aproveitou a água quente e fez um chá para o bichinho a fim de evitar que ele se resfriasse, ou pegasse uma pneumonia.

Quando a Sônia chegou, ao final do dia, perguntou como havia sido o dia e Marineide disse que o macaco não estava bem, contou do acidente e implorou para que Sônia o levasse ao veterinário. Disse que gostava muito dele e não queria que ele ficasse doente.

Marineide esperou o resultado da consulta e, assim que percebeu que tudo não passava de um susto, pediu demissão e procurou emprego na casa de outra senhora.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Sete da Manhã

Sete da Manhãrelógio

Pelas ruas vazias caminham os estudantes,

Vagam pobres vadios, mendigos e meretrizes,

Cães ferozes vigiam as gatas e os seus meliantes,

Arde o passo, folia do espaço dos infelizes.

Sonha e aguarda esse dia de ruges descolorantes,

Segue o mínimo, guia o destino sem cicatrizes

Vai à cidade fria e embaçada aos seres pedantes

Fala ao amor de Maria com calma e sem chamarizes.

Centra esse ego, fatia de bolo dos comediantes,

Torta ao creme na via de agora indo aos chafarizes.

Liga a luz que o que urdia passou. Precisos, confiantes

Nesses voos com porfia e confiança, são diretrizes.

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Amor Aprendiz

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Será um astronauta mais feliz

Nesse elo de espaço? Descortina

Sem ar o mistério e por um triz

Revela ao asteróide na cantina

Do céu que o luar é chafariz,

Na Terra deságua em luz, rotina

Dos astros em torno da motriz

Forçada. Sugere a luz da signa

Ao sol, à mulher um chamariz

De amor e ao poeta faz a rima

De prata riscada por um giz;

Um sonha, o outro toca e vivencia.

Aos olhos de amores da aprendiza,

Cratera de queijo é sonatina.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Ensinamento Negro

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Com a nação negra aprendemos o que é a escravidão; o homem fazendo do homem a sua escada.

Aprendemos, também, que não importando a raça, o credo ou o sexo, tem gente que sente prazer em que outro ser leve varas nas costas.

O escravocrata ainda existe e persiste em suas intenções dominadoras e se mostra na violência das drogas, na criminalidade e na opressão da intromissão na vida privada tais como os hackers da internet.

Mas o negro nos ensina a resistir e a dizer NÃO. Esse não é o “NÃO ao tráfico de drogas”, esse não é o “A NÃO submissão ao pseudo_ ecologista explorador de matérias-primas.

Temos também os nossos quilombos, eles são os agrupamentos de pessoas com a finalidade de devolver uma condição digna de vida. Os AA (Alcoólicos Anônimos), nestes termos, é um quilombo.

Não podemos nos esquecer que aprendemos a manter a alegria e a originalidade com a nação negra, que foi contra a massificação dos costumes e das ideias correntes de pensamento de uma época. Então, pense por si mesmo e cante as suas canções de tal modo que o mundo inteiro te escute e quem sabe, até copie o seu modelo de roupas na sua apresentação. Felizes os que trouxeram as suas canções porque elas espantam as preocupações.

Um exemplo a ser seguido é a garra e a gana do negro quanto à vontade de estudar e de crescer intelectualmente. Talvez essa garra venha do sofrimento, mas é igualmente rica em esperança e dedicação.

A escravidão enquanto história ensina muito sobre o comportamento do ser humano. Aprendamos com os fatos e que procuremos melhorar no trato e no relacionamento humano em todas as esferas sociais.

domingo, 8 de maio de 2011

Descanso

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Os cachorros ladram em algazarra,

Os petizes brincam nesse quintal

De gramíneas sedes e estão à calçada

Da esperança. A tarde segue frugal.

Um pomar laranja pleno de graça

Ornamenta a vista fenomenal,

Onde a física é a ótica disfarçada

Em beleza, amor experimental.

Na cadeira feita de vime e trança,

O balanço calmo de uma senhora

Que descansa e sonha como uma criança.

No sossego à tarde ela se demora

Sem nenhuma pressa, esmero ou cobrança

Num domingo longo de uma bonança.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Alto Custo

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Ariadne era jovem. Havia um show internacional na cidade de dez mil habitantes. Depois do show, o baile.

Uma apresentação internacional em uma cidade de pequeno porte tem custo alto. Ariadne pediu a sua mãe que comprasse ingressos para a festa.

_Filha, cada ingresso custa R$ 600,00, esse preço é uma extorsão para gente como nós. Eu não comprarei. Entenda e não peça.

A jovem ficou aborrecida, mas compreendeu e não tocou mais no assunto com a mãe.

A festa seria no sábado, que também é o dia de maior movimento no salão de beleza, boa parte da população feminina da cidade parte para o salão se arrumar nesse dia. O assunto, nesse sábado, é o show internacional na cidade. Quem havia comprado algum ingresso estava eufórico e quem não comprara, preparava o seu lugar em um banco da praça para ouvir. Ariadne ficou alheia aos comentários e olhava para frente, ou seja, para a parede com uma propaganda de condicionador capilar com um ar de concentração e preocupação com a sua cabeleira longa.

À saída do salão, a viúva Semíramis puxou conversa.

_Ariadne, fiquei viúva há quatro meses e quero me distrair. Comprei quatro ingressos para a festa; levarei a minha filha Lourdes; a Renata, colega da escola onde vocês estudam e gostaria que você fosse conosco. Eu levarei a Renata para casa e depois te levo. Peça permissão à sua mãe e diga para ela ficar sossegada. Afinal, vocês meninas e se dão bem.

Ariadne mudou de fisionomia, chegou a sua casa e convenceu a mãe a permitir que fizesse parte desse grupo para assistir o show.

_Se é assim, está bem. Pode ir. Tenha uma boa diversão.

Acaba o show internacional e começa o baile. Um grupo composto pelas pessoas de destaque na cidade inicia a dança. Passadas algumas músicas, os casais param no meio do salão, os homens piscam uns para os outros e os casais trocam de pares enquanto o maestro prossegue com as músicas calorosas e cheias de ritmo.

A mãe aguarda a filha ansiosa para saber se a filha gostou do show. Ariadne chega conforme o combinado com Semíramis.

_A festa foi boa, pergunta a mãe.

_O show foi excelente. Pena o que aconteceu. Os casais trocaram de pares, costume normal na cidade, afinal todo mundo dança não importando com quem. Mas na hora em que o senhor Tenório beijou a dona Emerenciana, que é aquela senhora casada com o senhor Justino, com paixão, viemos embora. A dona Semíramis disse que a cidade, a partir daquele momento, não seria mais a mesma.

A mãe sentiu-se triste porque Semíramis acabara de perder vários amigos ao presenciar aquela atitude, triste porque a filha viu e se, algum daqueles casais se arrependesse, voltar-se-iam contra o público que o assistia. Mesmo sem gastar um centavo, o preço da festa fora alto demais.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Pensamento de Mãe

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Dia de mãe é todo o dia,

Idas e vindas, mulher!

Cria lambida e querida,

Ama o seu ventre e sequer

Sente o cansaço da lida

Diária, num colo a acolher

Canta suave e bendita.

Dia de mãe não precisa,

Festa nem flor basta o ser

Mãe! Educar para a vida,

Pródiga e ciente. Ela quer

É ser motivo e alegria

Nessa missão de trazer

Luz e talento, magia.