Rio de Janeiro

Rio de Janeiro

http://frasesemcompromisso.blogs.sapo.pt/

O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O Cão Sem Vocação

O Cão Sem Vocaçãoclip_image002

Ontem foi um barulho de gato e cachorro para além do muro, que eu me lembrei de um cachorro, que mesmo não sendo meu, cativou-me profundamente.

O nome dele era Carranca, um cachorro policial de uma parenta que comprara um cão treinado para defender a sua residência.

Orgulhosa da aquisição mostrava a todos aqueles que entravam em sua residência o comportamento do cachorro, a ponto de acontecer de um familiar meu quase ser mordido pelo cão ao mostrar o pacote de presente ao aniversariante da casa.

O problema era que Carranca, quando eu estava presente à festa e sentava no sofá junto com a família, deitava a cabeça dele no meu ombro colado ao meu pescoço. A parenta, que tinha instruções técnicas para lidar com ele, o retirava do ambiente.

A conversa prosseguia e, quando menos se esperava, ele entrava sorrateiramente na sala e deitava a cabeça no meu pescoço. Era um cachorro treinado e seria perigoso fazer qualquer gesto brusco. Eu bem que sentia vontade de agradar aqueles olhos de pastor alemão, mas não era recomendável.

O resultado é que ninguém conversava nada com coisa nenhuma, o assunto era o meu pescoço e o cachorro. Carranca por vezes saía chorando e empurrado.

Em casa, a família me pedia para tomar cuidado e eu tomava cuidado, mas era estranho o comportamento do cachorro.

Passaram-se uns dois anos e a parenta nos liga dizendo que Carranca havia fugido enquanto ela abria o portão da casa. Ela ficou triste, ficamos com pena porque Carranca defendia a casa dela.

À época, esperei que ele voltasse para a dona, mas ele não voltou. Sumiu e ninguém na vizinhança o viu depois da fuga.

Carranca não servia para cão policial, ele era manso. No mais era aparência do estilo de vida para o qual havia nascido. Essa é a minha opinião, contra o senso da lógica, ele era um cachorro com outra vocação. Qual vocação exatamente, eu não faço a mínima ideia, mas bem no fundo parece que eu sentia que ele buscava outra tarefa. O fungado no meu cangote me dizia que algo estava errado, o choro dele ao ser afastado de mim, me doía, mas a obrigação dele era outra.

domingo, 29 de janeiro de 2012

Uno Divisível

Uno Divisível
clip_image002
Noite

À noite
Os gatos
São pardos,
Os becos
E os medos,
Sussurros
Espúrios;
Gemidos
Sem fim.
Xxx

Divisão

O preço da vida
Assim dividida
No dia, na noite,
É acinte e açoite,
Degredo, ausência
Do bem, da essência
Do amor; o egoísmo.
Xxx

Falso Profeta

Quem sabe a ferida
Da inútil corrida,
Não brinca na sorte,
Bem teme essa morte;
Galinha e panela,
Abelha e colméia,
Iguais no destino.

sábado, 28 de janeiro de 2012

Desencaixe

Desencaixeclip_image002

Sei que muitos sofrem com os problemas de saúde. Mas, alguém já ouviu falar na dor de desencaixe de quadril?

A solução é razoavelmente simples, ergue-se a pessoa abraçando por debaixo dos braços em posição reta e pronta, os músculos e ossos ficam no lugar.

Quando não se tem médico e anestésicos por perto, é que a situação complica. Mas, profissionais treinados podem ajudar-nos a dizer todos os impropérios imaginados.

Cansa, sinceramente cansa ter um pedido de exames complexos nas mãos enquanto o outro sente a dor quando o centro de diagnósticos está fechado. Os analgésicos não aliviam a dor de desencaixe e, quando passa o efeito da medicação, o sofrimento parece uma fratura. Mas não há fratura, porque os exames de urgência (raios-X) constataram que todos os ossos estão inteiros. Dói!

Bendito seja aquele que ajuda ao saber que não existe nenhuma fratura. A fé no ser humano deve ser cultivada porque tem gente boa neste mundo que alivia o sofrimento e as dores.

Tudo encaixado, passada a gritaria e o desespero, que venha um lindo domingo a todos e aguardaremos a criatividade. Graças a Deus e aos seres humanos de fé!

Obs. a)Peguei fotos de joelhos, não achei radiografias de desencaixe.

        b)Não me perguntem: “quem”?  eu amo a todos vocês.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Prece

Prececlip_image002

A paz do Espírito Santo,

A voz de João, que batiza

Nas águas puras o Pão

Sagrado do Homem, da vida

Bendita em Deus Soberano;

Vontade Mãe de acalanto,

Desejo Pai que avaliza,

Bondade prima adorando

O Filho, oh dócil divisa

Do Amor Imenso de um anjo.

Se o orar nos eleva num manto,

Adoro a Ti neste dia,

E humilde prece eu Te canto,

Louvado seja este Guia

Que tira a dor desengano.

Divulgação do Antonio Pereira/ Alerta

Caros amigos. Conto com vocês.
Nosso poema A pedra, continua aparecendo na Internet de forma equivocada: Primeiro o “Autor desconhecido” e os plagiadores, depois, como de Chaplin, Fernando Pessoa... Agora surge como de Renato Russo ou sem citar a autoria (Sobretudo no Facebook). Peço ao amigo leitor. Que divulgue, alerte e esclareça em seu Blog, Site, Rede social, Grupo, Lista...
A forma real do poema:
O distraído, nela tropeçou,
o bruto a usou como projétil,
o empreendedor, usando-a construiu,
o campônio, cansado da lida,
dela fez assento.
Para os meninos foi brinquedo,
Drummond a poetizou,
Davi matou Golias...
Por fim;
o artista concebeu a mais bela escultura.
Em todos os casos,
a diferença não era a pedra.
Mas o homem.

http://www.aponarte.com.br/2007/08/pedra.html

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Divulgação do novo site de Noris Roberts

A querida poetisa Noris envia-me o seu novo site:

Les invito a recorrer mis sentires.

http://web.me.com/norisroberts2

Divulgação da Exposição LADRÃO de João Werner/Londrina/PR

 

Press Release

Depois de mostrar motéis baratos e retratos de almas em profusão, o artista plástico João Werner apresenta uma nova exposição em sua galeria em Londrina, intitulada “Ladrão!”.

Mantendo o humor ácido de suas exposições anteriores, Werner reune 24 pinturas digitais que retratam, em linguagem expressionista, os mais variados matizes da violência social. Desde brigas interpessoais e acalorados protestos de rua, até as dramáticas “Homem na escuridão”, as quais retratam pessoas (presos políticos, talvez) subjugados sob a violência sem face do Estado.

Considerando o que temos visto nos recentes movimentos do “Ocupa Wall Street” ou na dramática, assim denominada, “Primavera árabe”, estas pinturas de Werner retratam um universo cultural atual, de movimentos contestatórios sociais.

- “Bem, minhas pinturas ‘Dano à propriedade’ são de 2008 e eu até achei estar fazendo pinturas anacrônicas”, diz o artista. “Já estava ouvindo alguns amigos insinuarem uma certa adolescência tardia nos temas destes meus trabalhos, quando testemunhei o início dos movimentos contestatórios na Tunísia, em 2010. Foi uma ótima surpresa para mim ver que o desejo por mudanças sociais ainda não havia sido extirpado da espécie humana”.

Este acento anarquista revela-se, também, em pinturas como “Distribuição de renda”, “Black flag” ou em “Toda riqueza provém de violência”. Em uma linguagem visual colorida e intensa, Werner não teme revisitar os velhos bordões da esquerda radical nessa confortável e carola época pós-moderna em que vivemos.

Se o espectador desta recente exposição de João Werner vai iniciar a próxima revolução, ninguém sabe. Mas, certamente, quem visitar esta “Ladrão!” terá a oportunidade de ver mais um belo exemplo da inventiva produção digital do artista.

Serviço:
Quando: de 30 de janeiro a 30 de março
Onde: Galeria João Werner, rua Piauí, 191 - loja 71, Londrina (PR).
Horário: de terça a sexta-feira, das 14 às 20h e sábados, das 11h às 17h.
A entrada é gratuita e a exposição conta com monitoria.
Maiores informações: (43) 3344-2207

--------------------------------------------------------------------

Statement

Eu não vou chamar pilantra de excelência, nem vagabundo de meretíssimo.
Eu não vou chamar pedófilo de eminência, nem analfabeto de magnífico.

Você quer me obrigar com a tua lei, mas eu NÃO vou separar o meu lixo, porque o imposto que eu te pago é mais do que suficiente para eliminar todo o lixo da face do país.
Você quer me constranger com a tua propaganda, mas eu NÃO vou economizar a água porque, com o imposto que eu te pago, toda a água consumida deveria ser límpida e cristalina, e a natureza preservada em seus mananciais.
Você me olha torto do alto de tuas escrituras, mas eu NÃO vou contribuir com a tua campanha de caridade porque, com o imposto que eu te pago, não deveria haver criança de rua, nem miséria econômica e cultural, nem o abandono de idosos e doentes.
E, por fim, você pode fazer muchocho e torcer o teu narizinho, mas eu NÃO vou entregar minha arma a você pois, se assim todos o fizessem, o único armado nesta “terra de marlboro” seria você.

Ao contrário do que você alardeia por aí, fazer tudo isso que você quer NÃO É exemplo de cidadania ou de civilidade, e nem vai salvar o mundo (o seu, é claro).
Fazer tudo isso que você quer é apenas dar mais sopinha pra pilantras.

Em Tortuga, o Estado não é a solução, porque o Estado é o LADRÃO!

Divulgação de João Werner

O Curso do Córrego

O Curso do Córregoclip_image002

Duas senhoras chamadas respectivamente de Maria e Francisca sentam-se à beira de um córrego para descansarem antes de prosseguirem a jornada diária.

_Eu vi este riacho pela primeira vez faz dois anos. É um riacho que está secando, não tem peixes, a água está limpa, mas o rio se acaba em pouco tempo.

A outra senhora se espanta:

_Maria, eu conheço este rio desde menina. O rio não tinha peixes há quarenta anos, ele não está secando. O rio aprofunda-se mais adiante, basta seguir o seu curso.

E esta responde:

_A senhora Francisca conhece este córrego? Mas, se ele não dá peixes, para que serve?

E a outra responde:

_Neste rio já se viram as mais belas pedras brasileiras em estado bruto. Eram as mais pesadas e eu catava os cascalhos para segurar com as minhas mãos de criança. Depois, devolvia-os ao rio, como se o pudesse enfeitar, dispondo as pedras coloridas de acordo com a minha preferência.

Mas, sobre os peixes, ela nada dissera e a senhora Maria insistiu na questão dos peixes.

_Há tantos peixes no mar, existem tantos rios de pescar, este é um rio de ensinar.

Maria perguntou à Francisca o que ela havia aprendido naquele riacho de pés rasos.

_Eu aprendi a andar sobre o leito de pedras e não cortar os meus pés. Também é fato que os meus pés ficavam vermelhos e com alguns arranhões, mas não me feri. A água transparente me mostrou um mundo novo, o mundo das pedras redondas e pontudas, formas comuns, pedras comuns e polidas e pedras semipreciosas que ainda hoje são as moradoras deste leito. Eu as conheço e quem tenta usar calçados ou chinelos para protegerem os pés, muito sofrem. É muito difícil perceber a correnteza, mas se usar chinelos, a correnteza puxa e os faz boiar, aumentando o risco de quedas com machucados sérios. No entanto, se usar outros calçados, os pés podem ficar presos entre as pedras e irem afundando como se estivessem em areia movediça, mas não é o caso. O rio segue o seu curso, as pedras permanecem a dar sustentação e nós ficamos ali o tempo que convém para admirarmos, digamos que nós nos movemos em todas as direções, embora não voemos.

_Mas, e os peixes?

_Aqui, por algum motivo desconhecido, não há peixes. Com algum esforço um ou outro lambari é pescado na parte funda, mas não neste trecho.

Maria diz o seu pensamento sobre o rio, como se ninguém a ouvisse:

_Para mim este rio está seco. Eu sinto como se não houvesse rios cheios. O rio, para mim, não passa de um sentimento esvaziado.

Francisca disse a ela que se encontrasse com a realidade. Ali é um lugar raso, não há peixes, há pedras lapidadas numa água cristalina.

_ Não espere o que este rio não pode te oferecer. Mas encontre o rio que te satisfaz, há tantos rios que num deles você poderá pescar peixes. Eu pesquei pedras vivas que dependiam deste rio para me encantarem e aqui as deixei e elas me deixaram o encantamento com a simplicidade.

As duas senhoras se levantam porque o sol já ia alto e seguiram o seu caminho; Maria atrás de rio cheio de peixes e, Francisca, guarda o encantamento para o caminho.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Ajudando sem Querer

Ajudando sem Querer

clip_image002

O marido viajou para vender a safrinha de feijão, ignorando a data do seu aniversário. A mulher, Doraci, reclamou, mas a safra tem data de comercialização e não pode esperar.

No dia do aniversário, 20 de abril, Hugo, amigo de Renato, bate palmas ao portão da chácara a fim de entregar uma cesta de produtos artesanais para que Doraci entregue o presente ao marido. Aproveitando a oportunidade do contato, disse a ela que, se sentisse sozinha, ou, precisasse de uma carona até a cidade, que o procurasse. Ele atenderia qualquer necessidade dela, era pedir e conseguir.

À tarde, o capataz da chácara, veio até a porta da cozinha e pediu para conversar.

_Dona Doraci, o amigo do seu marido foi inconveniente com a senhora?

Ela disse que ele havia sido solícito, mas além da conta e que ela não gostava de tanta gentileza.

_Dona Doraci, a senhora precisa saber o que eu vou lhe contar. Esse homem veio me perguntar se, na ausência do seu marido, a senhora receberia a visita dos amigos dele, ou comerciantes, veterinários, entregadores de compras. Esse homem não fuma, não bebe e pela conversa, não é digno de confiança.

Renato chegou de viagem e soube das conversas.

_Doraci, preciso que você siga as orientações do capataz da próxima vez em que eu viajar. Ele trabalha conosco a mais de oito anos. Amigo que é amigo não oferece ajuda à mulher sem o conhecimento do marido. Se fosse uma urgência, até poderia ser, mas não é o caso.

Chega a hora de viajar de novo e comercializar a safrinha. O amigo chega com o automóvel para oferecer carona até a cidade. Prevenida, ela não aceita e diz que não pode atendê-lo no momento.

Hugo rompe o automóvel e vai embora.

Chega o dia do aniversário dela. Os amigos próximos chegam para festejar e Hugo aproveita a data para visitar o casal. Na cidade, ninguém sabe das impertinências e ele é bem tratado.

O capataz vê a situação criada e diz ao Renato:

_Esse mundo é tão grande que eu acho que o senhor Hugo pode se engaçar com outra mulher. É prudente, inteligente e resolvemos o problema. Eu tenho os meus conhecidos que vivem de festas, eles podem ajudar. O senhor vive ocupado e não tem tempo para procurar namorada para ele e não seria justo que ele desgastasse a sua imagem perante a dona Doraci.

Renato concorda, a situação está cada vez mais desagradável. Não tarda a discussão e, se os amigos do seu João capataz, são livres, e podem dar a mão, então que assim seja feito.

Assim foi feito. Hugo achou uma namorada. A namorada tinha idéias livres de relacionamento e ajudou Hugo a se livrar da idéia fixa de desmanchar o casamento dos amigos para, inconscientemente, se vingar de uma frustração amorosa na qual ele, quando jovem, havia se apaixonado e casado com uma moça divorciada. A moça não tinha filhos e ele descobriu que ela havia sido casada no dia em que foi ao cartório para dar entrada nos proclamas. Os dias que antecederam o casamento foram dias de terror nos quais ele contava a todos os parentes e amigos que se casava com uma moça divorciada, na igreja, porque o primeiro casamento dela havia se realizado no cartório. Foi uma situação dramática na vida dele. Ele precisava de ajuda, mas ali, naquela cidade, ninguém sabia do fato e o rancor acumulado ao longo dos anos se transformou em uma idéia fixa. Hugo ainda era casado, mas num casamento onde ele e a mulher viviam muito bem distantes um do outro. As mágoas eram mútuas, mas agora ele se sentia melhor para discutir o rumo desse casamento e se livrar de um conflito pessoal. A ajuda fora dada, agora era com ele.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Poema de Mãe

Poema de Mãeclip_image002

 

Garoto, não pise na grama;

Não brinque na lama que a chuva

Deixou. Quem no tempo se engana,

Na cama repousa essa juba.

 

Quem cresce tem pressa, e amanhã

Verá que valeu a espera e a lua

Desnuda em estrelas, maçã

Do amor que aparece e flutua.

 

Carinho de mãe, quando chama

Cuidado, é favor que se acusa

De amor afetado. E, se ganha

O excesso, respeita; não abusa.

 

E enfeita o seu jeito, que arranja

Passeio. Sem bagunça na turma,

Na festa ou no esporte. Mãe manda

E não se arrepende da cura.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

As Três Moças do Internato

As Três Moças do Internato

clip_image002

Num evento beneficente, numa conversa informal, três senhoras que compram queijos descobrem que estudaram no mesmo colégio e contam as suas histórias umas às outras.

Quem começa a contar é Vanessa, logo interrompida por Elizabeth:

_Os meus pais estavam bem posicionados financeiramente e me mandaram para o internato para que eu tivesse a melhor educação. Aprendi boas maneiras, tive passeios programados pela coordenação e voltava à minha cidade todo final de ano. As refeições eram a suficiente para que crescêssemos de maneira saudável. Meus pais não me davam um centavo que não fosse para as despesas na escola, então eu não mandava o uniforme para a lavanderia do internato e ficava com esse dinheiro para comprar prendedores de cabelo, bombons, etc. Minhas mãos se ressentem até hoje da pedra de sabão, são mãos ressecadas, pelo menos eu não as vejo de outra maneira.

Vanessa pegou essa divagação como gancho para contar a sua história no colégio interno:

_E eu que morava no bairro onde era o colégio? Estudei lá porque ganhei o concurso de bolsas de estudo, a minha família jamais poderia custear aqueles preços. Todas as noites eu chorava de saudade de casa. Cheguei a travar amizade com a cozinheira para tentar umas escapadas, mas ela me preveniu que eu perderia a bolsa e deixaria a minha família muito triste por ter perdido a bolsa. Era do regulamento do colégio das moças este aprendizado fechado. Sofri todos os dias durante os doze anos que estudei lá.

Joseane, que prestava atenção no que as outras duas diziam, continuou:

_O meu pai era fazendeiro e naquele tempo as escolas eram raras no meio rural. Ingressei no colégio e senti a dor da falta de liberdade. A diferença entre um e outro modo de vida foi brutal. Estranhei a comida pouca e a rigidez da disciplina. Eu, que percorria a fazenda do meu pai todos os dias, fiquei com um bosque arborizado e um anfiteatro para palestras.

Elizabeth mudou o assunto para amenizar a conversa.

_E depois? Comigo foi um roteiro de filme leve. Saí com amigas, fui a festas, viajei para o exterior, fiz o curso superior, casei, tive filhos, vivemos bem. O importante foi que eu saí de lá preparada para a vida adulta.

Vanessa atravessou a conversa:

_Fiz Educação Artística, casei com um colega de faculdade, casamento esse que durou um ano e meio. Não me prendo a nada ou a ninguém. Pego carona, viajo e exponho os meus quadros, eu não tenho e não quero roteiro a seguir. Sou bem formada, mas dispensei o roteirista.

Joseane é engenheira agrônoma. Não vê nenhuma possibilidade de sair da sua fazenda. A sua fazenda é o seu mundo e a sua liberdade. As suas emoções ficaram no meio do caminho entre a Vanessa e a Elizabeth.

_Vocês querem passar uns dias na fazenda? Pergunta ela interrompendo a conversa.

_E por que não? Então é sim, vamos.

Neste momento três colegas são companheiras no arado da vida por um curto período de tempo, mas aproveitam para rever os fatos e abrem portas para as novas amizades..

domingo, 22 de janeiro de 2012

Devaneio

Devaneio

clip_image002

Passeia em calçadas aladas, silenciosas,

Com asas úmidas, formas da neblina

Presente. São anjos soprados das histórias

Não escritas ainda, que sonham com a rima.

 

Na sina, cantos e danças de graciosas

Firulas, conto do encontro d’uma esquina

Da vida, disperso nos versos e prosas,

Que o agora, solto, aproxima da cantiga.

 

Revela o vôo de algodão, com suas soldas,

A graça e o lume que acima descortina,

Regendo o susto em risadas saborosas;

Idéia seleta da pena que te estima.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Conversa de Mulheres que os Homens Deveriam Saber

Conversa de Mulheres que os Homens Deveriam Saber

clip_image002

Não sei do futebol dos homens, mas entre nós, mulheres, o dia rendeu esta crônica.

Pela segunda vez me sugeriram um tratamento com enzimas para tirar a barriga. Vocês sabem como é o tal tratamento? São injeções na barriga que queimam a gordura no local. Eu conhecia o método através de outra senhora que viu o seu fígado ruir com esse tratamento. Hoje percebo que amo não apenas o meu umbigo, mas a gordurinha que o rodeia também. Aumentou a minha auto-estima dizer sim a barriga e não às enzimas.

Recebi outro convite: tomar champagne durante a sessão de cinema. Nem pensar, afinal desde quando cinema é bar? Mesmo que servissem o meu amado cafezinho, eu diria não. Simplesmente porque é fora de propósito, ou bem assisto ao filme, ou bem converso com as amigas fora do cinema.

O terceiro convite referiu-se a um lanche onde se pode levar a gordurinha para passear. Assim que eu puder, aceito. Tudo é questão de combinar a hora feliz.

Disseram que eu pareço cansada. Um cansaço bom de tarefa feita. Não me venham com firulas, que o desânimo vem depois. O cansaço, quando vem de estabelecer metas e determinações sobre “como” eu desejo fazer e adaptar as minhas obrigações de acordo com um roteiro possível. Descobri que não quero ser “super”, deixo as super. mulheres para as revistas e fotografias feitas pelo photoshop.

Estou distraída, repararam quantos estrangeirismos neste texto na língua portuguesa? Justo no dia em combinei ser brasileira e empurrar com a barriga alguns problemas. Vou adiar até quando puder a pintura da casa. Lavo as paredes com desengordurante e água, grande descoberta que não mancha a pintura. A tinta usada foi boa e a pintura pode esperar a vontade de deixar o chão piscando de novo.

Tive um choque pré-traumático ao ver a reforma na casa de uma amiga:_ O quê? É preciso bagunçar tudo para aos poucos deixar bonito de novo? Não! Aguardo o ultimato.

Tenho que planejar, eu sei lá o quanto custa!

Um dia bom porque apareceram várias possibilidades para “chutar a balde” e vi que até que sou certinha.

É bem verdade o que uma antiga funcionária me dizia:

_A senhora tome cuidado quando passar na linha do trem, a última certa que passou lá, transformou-se em pedaço de composição.

Desde que esta gentil funcionária me preveniu não mais cruzo a linha férrea onde não há sinalização.

Diferentes necessidades nos unem e nos separam, mas é bom saber da vontade das amigas. As minhas vontades são diferentes também. Uma rede cai bem hoje, quem sabe a nossa rede compartilhada!

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Vamos à Feira

Vamos à Feira

clip_image002

Falta uma página,

Falta uma lágrima,

Mesa sem cera,

Tosca madeira.

 

Diz-se da mágica,

Diz-se uma dádiva,

Quanta besteira

Tanta ciumeira.

 

Nega uma lástima,

Tenta uma pátina,

Nessa aguaceira

Renda e rendeira.

 

Faz-se uma válida

Prece na cálida

Fé cirandeira;

Vamos à feira.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A Mudança

A Mudança

clip_image002

O casal era bem situado na cidade, emprego fixo, filhos em boas escolas, aos de fora parecia que tudo estava bem. No entanto, o dia a dia era uma correria sem fim.

Era um domingo quando eles avistaram no jornal uma casa à venda em Matelândia, no interior do estado. Uma casa de cinco quartos, duas salas, três banheiros, garagem para dois automóveis e quintal com árvores. Pensaram no sossego que teriam enquanto os filhos fossem pequenos. Ele comerciante e ela bancária sentiram-se no paraíso ao perceber que o valor do apartamento onde residiam valia o dobro do valor daquela casa que era o dobro do tamanho do apartamento.

Ivana propôs ao marido que ela pediria transferência para a cidade e ele montaria o comércio dele com ela segurando as contas da família.

Ele assistia o futebol abraçado à esposa e concordou dizendo que conversariam após o jogo. Chegaram pais e sogros para visitarem os netos e a conversa foi esquecida.

Passam-se dezesseis dias e no final do dia Ivana entra com ar de triunfo na hora de servir o jantar:

_Amores da minha vida, consegui a transferência!

Júlio não entendeu a notícia:

_Como?

Ivana disse que o emprego em Matelândia estava garantido e que o apartamento onde moravam estava quase vendido.

Os dois garotos e o pai ficaram aturdidos: e agora? Sem o emprego da mulher, o padrão de vida cairia, e os meninos não poderiam frequentar as escolas pagas. Júlio interveio de mau humor:

_E os meninos? Você conhece alguma escola em Matelândia?

Ivana foi prática, viu e providenciou o estudo dos filhos.

Júlio era comerciante e ela o levou à falência naquele momento. O jeito era se mudar.

A mudança foi bem aceita por todos, mas o marido extrapolava em roupas esportivas e sapatos sem graça. Ivana não havia visto o marido naqueles trajes na cidade, nem nos finais de semana.

_Amor, você não tem vontade de se arrumar?

Ele estava à vontade quando disse que não.

Ivana, arrumada como na capital, angariava clientes para o banco.

Os garotos, André e Tiago aprendiam português e espanhol, como disciplinas obrigatórias dadas à proximidade da cidade com a tríplice fronteira com a Argentina e o Paraguai.

Passam-se seis meses e Ivana é promovida a gerência regional do banco em que trabalha em Foz do Iguaçu. Ela chega ao lar desejado e pergunta ao marido o que ele espera do comércio e ele responde que: se melhorar estraga. Então, dirige-se aos filhos e pergunta como pretendem chegar à universidade e eles respondem que com o padrão de ensino que têm, eles escolherão onde estudar.

Ela então olha para o seu casaco de linho, a blusa de seda de mangas curtas, as calças de linho cor de terra, os sapatos de salto com fivelas. Joga os sapatos na sala onde estão reunidos e fica descalça e sobre o sofá deixa o casaco de linho. Cruza os braços. Pergunta ao marido sobre as possibilidades de trabalharem juntos.

O marido, que agora conhece a esposa que não brinca quando comenta, pensa antes de responder.

_Espere que eu faça alguns cálculos.

Ela espera e ele responde que poderão viver bem se ela sair do banco.

_Você foi demitida?

Ela disse que não, que havia sido promovida.

_Quanto de dinheiro eu vou precisar para saber usufruir a vida ao lado de vocês? Bem menos daquilo que hoje me oferecem.

E, embora com a consciência avisando de que ela poderia se arrepender veste um vestido de malha de algodão e umas sandálias comuns. Havia sido ela a providenciar aquela mudança, bastava que ela mudasse de mentalidade para se entrosar no lugar. Era preciso mudar.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Pernilongos na Janela

Pernilongos na Janela

clip_image002

Zunindo nos meus ouvidos,

Tocando acordes em sonho,

Madrugam estes mosquitos

Tilintando ao meu abandono.

 

Desfaço-me dos mosquitos

Nas cabras-cegas que jogo,

E acordo com os sonidos

Do inseto de som medonho.

 

Da dengue não são os aflitos,

Surgiram do léu; eu suponho.

Picando, deixam ardidos;

Coceiras em vão e sem dono.

 

Se os reles fossem cupidos,

Com asas e flecha em punho,

Dos sonos viriam suspiros;

O cão com seu gosto, o do osso.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O Tanque de Tilápias

O Tanque de Tilápias

clip_image002

Certa vez existiu, no interior do estado do Mato Grosso do Sul, um homem, que para sobreviver, comprou terras perto do rio Paraná para criar tilápias, peixes que se adaptam bem em tanques e se reproduzem sem maiores problemas vivendo fora do rio.

O negócio deu tão certo que logo ele teve que comprar caminhões refrigerados para o transporte desses peixes congelados às cidades.

João Carlos, chacreiro, e também vizinho do homem, cobiçou a sua propriedade com o tanque de peixes. Para adquirir a propriedade fez amizade com o dono, que se chamava João Célio. Conversa após conversa o assunto era peixe.

João Célio gostava muito dos tanques e contava o que sabia sobre a arte de viver de peixes de rio.

_Eu preciso construir um caminho melhor entre os tanques, o caminho feito serve, mas não é bom. O caminho dos tanques precisa ser aplainado.

O negócio dos peixes caminhava com o vento a favor e João Célio começou a pensar em comprar uma propriedade maior para vencer a demanda, tendo em vista que ele trabalhava com a capacidade máxima dos tanques e logo a possibilidade de expandir o negócio ia desaparecer.

João Carlos soube das intenções do empresário e o incentivava.

_Amigo, vou verificar entre os fazendeiros que têm propriedade nessa região, tem alguém que queira vender. Tem muito fazendeiro que vende a fazenda e monta um negócio na capital, Campo Grande.

A vontade de comprar o negócio do outro era tanta, que ele pesquisou noite e dia até encontrar o lugar ideal para os novos tanques do amigo.

João Célio ficou agradecido e ofereceu a compra do seu tanque para o João Carlos.

O amigo sentiu-se realizado com a compra cobiçada. O amigo ficara feliz e ele teria a chance de ser o dono de tudo aquilo que desejava ardentemente.

Não se passaram quatro meses, quando os fazendeiros da região entristecidos souberam do infortúnio. João Carlos morrera afogado no tanque.

Enquanto o padre rezava a missa, o seu amigo João Célio dizia:

_Eu disse que precisava fazer um caminho melhor entre os tanques. Eu tenho uma perna mais comprida que a outra e escondia o caminho que eu fiz para mim. Eu não queria que o amigo percorresse o caminho inclinado e então não o deixava pisar lá, mas sempre avisei. Avisei, mas ele não me ouviu.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Hoje não vou blogar

Hoje não vou blogarclip_image002

Encontrei uma quadra feita na infância. Bastante simples, mas saborosa. Naquele tempo não havia computador. Deixem-me suspirar com estes meus versos antigos:

Quando sexta chegar

Quero dela, contar:

Que de tanto trovar,

Vivo agora a pensar.

Yayá - 18/08/1972

Um tesouro esquecido, delicioso de encontrar, que eu pensava perdido, mas agora estou a admirar. Até a manhã e bons sonhos a todos...

domingo, 15 de janeiro de 2012

Manhã de Feriado

Manhã de Feriado

clip_image002

Se estiver cansado, repouse.

Nada pior do que se contrariar

E teimar contra o fato que o move;

Do impensado sofre sem adiar.

 

O limite do fogo que coze

Vem ao prazo se determinar;

São minutos do tempo e o seu coche

Para o prato passar, se tostar.
 

Do respeito a si mesmo não abuse,

E não faça por onde chorar.

A sofrer por sofrer se recuse,

E procure o seu ser bem estar.

 

Se o descanso se faz, desse doce

A ternura te dá comprovar:

Que o momento que chega sem pose,

Vem abrir novo dia ao seu lar.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Caminho das Pedras

Caminho das Pedras

clip_image002

Ensinar o caminho das pedras

Sem tropeços e tombos constantes,

Faz do mestre o senhor das procelas,

E, do aluno, um penhor aos errantes.

 

Aprender toda a manha das quedas,

Vem a ser das tarefas maçantes,

A virtude isolada das réguas

Pela prática diária; viandantes.

 

O caminho das pedras são léguas

Percorridas em sóis mui distantes

Do que pode ser dito com regras;

São feridas que guardam diamantes.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Parece Auto-Ajuda: Pense Três Vezes Antes de Desistir dos Seus Objetivos

Parece Auto-Ajuda

Pense Três Vezes Antes de Desistir dos Seus Objetivos

clip_image002

Um casal educado comprava carnes para o churrasco do fim de semana, quando a esposa disse ao marido:

_Meu bem, deixemos estes dois pedaços de carne aqui. Compramos carne para o sábado e domingo faremos o almoço para os amigos.

O marido, orgulhoso da atitude econômica e responsável da esposa, respondeu:

_Você tem toda a razão, meu bem. Não desperdicemos alimentos, na semana que vem viremos ao mercado, e compraremos o que necessitarmos sem que tenhamos que congelar estes alimentos.

Assim o fizeram, pegaram as duas bandejas de carne que não utilizariam e a colocaram para a devolução.

A senhora que estava atrás, na fila do mercado, perguntou se eles realmente estavam desistindo de levar aquelas bandejas de carne.

Eles, em tom decisivo, disseram que sim.

A senhora perguntou se eles permitiriam que ela pegasse uma das bandejas de carne para comprar. Se eles estavam certos e convictos de que não precisariam daquelas bandejas de carne, e eles disseram a ela que se sentisse livre para comprar a carne.

Ela pegou uma das bandejas e pediu ao garoto empacotador que levasse a outra bandeja ao local adequado, para que não se estragasse.

A fila andou e eles passavam os seus produtos, quando a caixa do mercado avisou que uma das carnes não havia sido pesada e que estava sem preço. A caixa chamou a fiscal para que levasse a carne para pesar.

A esposa disse que era a carne que eles comeriam no sábado.

A senhora, que havia pegado a bandeja de carne e estava atrás deles na fila, ofereceu a bandeja a eles.

Eles não aceitaram a oferta.

_A fiscal foi pesar e levaremos a carne escolhida.

Dito e feito, a fiscal chegou com a carne pesada e etiquetada.

A caixa interferiu:

_Eles colocaram o preço que quiseram. Duvido que o peso esteja certo. Os senhores deveriam ir até o açougue obrigando o açougueiro a pesá-la novamente.

O casal se recusou a entrar novamente no mercado para questionar o peso da carne.

A caixa protestou:

_É direito do consumidor saber o peso e o valor do produto antes de pagar por ele. Não vejo problemas se os senhores entrarem no mercado novamente.

O casal, em posição de altivez, disse que pagaria o que estava determinado sem questionar ou reclamar. Pagaram e foram embora, com o semblante da dúvida.

A caixa, ao atender a senhora que estava atrás deles, disse que eram raros os consumidores que não se importavam em serem lesados. Afirmou com o intuito de proteger os seus clientes e disse a sua intenção. Porém,com a bandeja de carne da senhora estava tudo em perfeita ordem na opinião da caixa, e ela não teve necessidade de reclamar.

Moral da história: quem desiste perde, devolve o que pode ser seu, ou, é logrado sob o ponto de vista do seu amigo.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

À Gosto

À Gostoclip_image002

Melhor será guardar o impossível

Em potes de alho selecionado,

Porque merece o tempero incrível,

Segredo máximo ao temperado.

 

Ninguém crerá nesse inverossímil

Postado leve e sem desagrado;

Sabor oculto nessa invisível

Façanha sobre o não divulgado.

 

No mais, se torna a prosa risível,

Até ridícula a algum letrado,

Que entende e sabe que é perecível

E seca a todo e qualquer malgrado.

 

Falar se fala do discutível,

Debate claro do combinado.

Tempero, cada um sabe-o picado,

Ao modo e gosto condicionado.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A Solução

A Solução

clip_image002

Celina, depois de formada, montou a sua clínica de psicologia em sociedade com algumas amigas. Depois de dois anos, Leidiane, uma das sócias, não conseguia obter a sua cartela de pacientes.

Os pacientes marcavam uma entrevista e depois, pediam para fazerem outra entrevista com outra psicóloga na secretaria da clínica. Era uma situação difícil para toda a equipe, pois as outras amigas estavam bem adaptadas e saíam-se bem no local de trabalho.

Celina era a diretora e propôs, junta as sócias, uma pesquisa investigativa do problema. Ela estava dando alta a um jovem, que fora adotado com quatro anos de idade por uma senhora ainda sem filhos, conhecida por sua mãe em um local de vendas de rendas artesanais à beira da estrada. A mãe e o pai adotivos vieram para o sul do país, mas a mãe natural continuou morando no sertão nordestino. Algum tempo atrás, a mãe natural conseguiu contato com a família adotiva e pediu para rever o Fernando, esse era o nome do jovem. Depois de consultada, Celina fez um roteiro de reencontro para que fosse o mais aprazível possível, e dentro da realidade atual das famílias adotiva e natural. As mães se entenderam e os irmãos de ambas as famílias travaram amizade para se conhecerem. As visitas e viagens foram agendadas e neste verão, Fernando, a mãe e a irmã adotivas foram passar as férias no interior do Piauí, onde a mãe natural era dona de um restaurante de comida típica e estava bem de vida; fato possível após seis meses de diálogo e intermediação de ambientes sociais.

Celina propôs ao Fernando, com a anuência da sua família adotiva e das demais psicólogas, que fizesse uma entrevista com a Leidiane e depois contasse o que tinha achado da entrevista.

Fernando, que estava liberado da psicanálise, foi cooperativo e marcou a entrevista.

_Doutora Leidiane, a doutora Celina me acompanhou até agora e me pediu para conversar com a senhora. O caso é que eu vou com a minha mãe e a minha irmã passaras férias junto com a minha mãe biológica e eu gostaria de algumas orientações suas, que de acordo com a doutora Celina, terão outra abordagem psicológica e serão interessantes para levar na bagagem.

A Leidiane ouviu a proposição e disse:

_Fernando, em primeiro lugar saiba que lá não será melhor que aqui. Você não se iluda, as dificuldades estão em toda a parte e são decorrentes de todas as atitudes que tomamos. A sua mãe natural será agradável e a sua mãe adotiva também, mas não creia mais do que necessita. A sua vida é aqui e nem pense em alongar as férias; o cronograma está feito e basta seguir sem complicar ou modificar o que está feito. Obedeça e tudo sairá bem. Não questione, não pergunte, trate a sua mãe biológica da mesma forma que você trata a sua vizinha mais querida, não se apegue a ela. Quem te criou merece respeito e será um desrespeito você tratá-la com um carinho excessivo.

Fernando se irritou e disse que as duas eram suas mães, que uma comia farinha para sobreviver quando ele nasceu e a outra o acolheu e o sustentou até agora nos seus dezoito anos de vida. Disse também que as duas se trataram bem e que o seu outro irmão por parte da mãe biológica nascera anos mais tarde, quando ela podia se alimentar adequadamente. Esse irmão contou do sofrimento da mãe biológica ao ver o seu filho partir para o sul.

_Doutora, a senhora não usando de um rigor maior que o necessário?

A doutora Leidiane disse que não:

_Eu não exponho os meus pacientes a ilusões de felicidade. A sua vida é aqui, e agora você certamente vai comparar com a vida de lá, vê se você se enxerga bem criado e dá àquela mulher o mesmo que ela te deu: fome e abandono. Amor com amor se paga. Devolva o que ela te deu.

Fernando saiu do consultório e marcou entrevista com a doutora Celina.

Celina percebeu que a metodologia da outra era incompatível com as escolas psicanalíticas adotadas na sua clínica. A metodologia da doutora Leidiane consistia em provocar para ouvir as respostas, mas ela questionava, porque as respostas vindas da irritação não são as mais sinceras e conduzem a psicanálise para testes outros, fora do objeto em questão.

_Esses métodos são válidos para outros problemas e comportamentos sociais, embora sejam questionáveis. Nesta clínica não usamos e até desaconselhamos estes comportamentos profissionais. Fernando lembre-se das orientações que eu te dei. Trate as duas com carinho, ambas estão sob a expectativa de como serão estas férias. Deixe que os irmãos se conheçam e saiam juntos sem a sua interferência. Faça por onde se divertir e deixe todos à vontade. Divirtam-se. A situação é estressante, mas vocês podem chegar a um bom nível de convivência familiar. Os outros também não dependem de você para ser feliz, cada um é feliz do seu jeito.

Celina chamou Leidiane para conversar porque, se ela queria seguir este rumo, ela teria que procurar uma clínica que adotasse este estilo comportamental como norma, uma clínica com pacientes com outro perfil e que freqüentavam outros consultórios. Esta era uma decisão difícil para ela, mas não mudaria a metodologia em função da vontade de uma das amigas e profissionais que trabalhavam em equipe.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Xadrez

Xadrez

clip_image002

Eu não sei jogar xadrez

Mas, se eu experimento, gosto

Dos peões cavalgando em vez

De se dirigirem logo

Ao campo de guerra, indez

Da questão proposta ao jogo.

 

Eu não sei jogar xadrez

Mas, quando tentar, o vosso

Bispo vem montado e, os reis,

Estão resguardados, rogo

Das Rainhas; viva é a tez

Freguesa do cenho ao logro.

 

Eu não sei jogar xadrez,

Não faço questão de todo,

Mas, para contar, são dez

Mais seis a somar, o povo

Assim dividido em xis

Nesse tabuleiro novo.

domingo, 8 de janeiro de 2012

Sonho

Sonhoclip_image002

E os sonhos são ideias perfeitas, sem contrariedades. Vamos ao meu sonho:

_Sonhei que existiam hotéis e locais de lazer para idosos, não o que classificam como idosos, mas idosos com dificuldades características da idade. Pessoas acima dos 70 e oitenta anos. Nos hotéis, havia o banheiro pago. O banheiro custava R$1,00 (um real), mas havia à disposição roupas íntimas e até mesmo fraldas e após o uso, era higienizado para que o próximo (a) idoso entrasse e se sentisse à vontade.

Funcionários especializados nesses hotéis traziam suco e refeições e lanches de acordo com a fome do idoso, eles não tinham a necessidade de cumprir horários. Outros funcionários faziam o papel de babás enquanto a família estava em um passeio além das possibilidades desse idoso e essas babás, levavam eles ao salão de beleza, ao jardim e ao local para fumantes (não é um sonho politicamente correto e ninguém começa a fumar após os setenta), ou então bares com cerveja sem álcool (por causa da medicação usada pela grande maioria deles nessa faixa etária). Em um ambiente familiar, seguindo as normas ocultas de cada família, que estaria presente, passeando junto, aproveitando junto.

Televisão, música, caminhadas, exercícios com acompanhante, massagens relaxantes como as que se oferecem nos SPAs, passeios de ônibus pela cidade, carrinhos de golfe com motorista e cinto de segurança. Jantares em grupo, convivência social entre os idosos e os seus familiares; as dificuldades semelhantes criam o ambiente propício às relações interpessoais e de grupo.

As babás cobravam por hora, mas eram treinadas a não se apoquentar com as rabugices porque não são rabugices, são as dificuldades com as quais eles convivem que alteram o humor. Esse era um hotel com serviços para idosos e os idosos estavam felizes, estavam em um ambiente aconchegante e pertenciam às suas famílias apesar das suas doenças.

As famílias estavam contentes pela possibilidade de levar os seus idosos aos passeios com o cuidado que eles merecem. Alguns diziam dos absurdos que seria deixá-los em casas de repouso enquanto se divertiam, era melhor que não se divertissem; agora o sofrimento era amenizado para toda a família.

No sonho, as comidas especiais de cada família eram levadas na bagagem, para que o serviço do hotel personalizasse o atendimento relativo ao horário dos remédios com mimos de acordo com a expectativa de cada família.

Embora os serviços fossem cobrados, as taxas eram baixas e a fiscalização facilitada porque os hóspedes eram famílias com idosos e cada família observava o tratamento recebido pelo idoso da família ao lado e, todos cuidavam de todos.

A exploração financeira seria coibida a partir do momento em que a família contasse com o apoio de um serviço especializado criado pela gerência do hotel, sem ficar nas mãos dos atendentes, como forma de pressão.

Resumindo: banheiros pagos com serviços especiais, acompanhantes pagos por hora de acordo com a tabela do hotel, passeios e jantares com a família, passeios individuais para idosos com acompanhante (idoso adora ficar livre da família por um pequeno período de tempo, mas, se esse período se alongar, eles se sentem sozinhos e carentes de proteção). Serviços de estética, reuniões entre os idosos presentes, atividades lúdicas com recreação, sejam musicais ou de artesanato, apropriadas para a capacidade de movimentos de cada um, etc.

Um sonho bom, não importando se algum dia será realizado ou não. Importa sonhar bem sonhado para que algum dia possa esse sonho ser realizado.

sábado, 7 de janeiro de 2012

Rolando compartilha Revista Literaria “La Avispa”

É com imensa satisfação que compartilho esta notícia do Rolando Revagliatti:


Revista Literaria “La Avispa” Nº 52, invierno 2011, editada en soporte papel en la ciudad de Mar del Plata, provincia de Buenos Aires, la Argentina, dirigida por Marcela Predieri, ahora disponible en versión FLIP - libro Flash:

www.calameo.com/accounts/648068

http://www.issuu.com/recitador

Autores, entre otros, en las 160 páginas de esta edición:

Osvaldo Picardo, Mónica Aramendi, Ricardo Fonseca, Cristina Leonidas Mendiry, Rodolfo Álvarez, Gabriel Cabrejas, Víctor Marcelo Clementi, Ángel Raúl Carro, Gustavo Javier Araujo, Patricio Joaquín Miravé, Iván Medina Castro, Juan Sebastián Gil, Roly Salvatierra, Cristina Villecco, Daniel Battiston, Azucena Oliva, Sergio Soler, Ciryl Etche, Cristina Quintana Loudet, Alba Estrella Gutiérrez, Estela Posada, Graciela Barbero, Federico Polastri, Ángela Penagos L., Alejo Salem, Ana Romano, Aleqs Garriogóz, Gustavo Tisocco, Jorge Carlos Alegret, Rodolfo Alemán, Iván Gilmour, Aldo Luis Novelli, Gabriel Acosta, Diego Trad, Karina Cartaginese, Claudia Isabel, Alejandro Gómez + Entrevista a Rolando Revagliatti por Luis Escobar + Entrevista a Nicole Barriére y José Muchnik por Luis Benítez.

Desde ya agradecemos a quienes quieran y puedan difundir esta información.

Compartilhando Gonzalo Salesky

Gonzalo Salesky lançou o seu novo livro ATARAXIA e está disponível para download no site: http://gonzalosalesky.blogspot.com

“Amigo é coisa para se guardar”, esta frase que Milton Nascimento canta e eu faço uma paródia: Amigo, o livro é para se guardar! Parabéns!

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Reis

Reis

clip_image002

I

Vêm lá os três Reis Magos

Jesus homenagear,

Trazendo seus afagos

E ao mundo a Luz mostrar.

Bandeira sem pecados

Da estrela a iluminar;

Entoam-se hinos rezados,

Canção de Rei ninar.

II

Pelo incenso, Agraciado;

Pela mirra, o Seu amar;

E pelo ouro, o Guardado

Ao futuro anunciar:

Jesus Cristo é Rei Amado,

Liberdade é o seu andar.

Exilado o pecado,

Somos nós a Seu olhar.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Desencanando

Desencanandoclip_image002

Maria Ceres foi comprar capas para almofadas em uma loja e perguntou à lojista se ela conhecia um bom encanador para trocar as torneiras do apartamento.

A lojista não conhecia ninguém para indicar, mas perguntou à funcionária Anete, se, por acaso, ela sabia de algum bom encanador.

Anete perguntou à cliente o seu nome e Maria a respondeu.

_A senhora não me leve a mal, mas de que maneira a senhora escolhe um mecânico, uma cabeleireira ou um jardineiro? Um mecânico com o carro encerado, a cabeleireira pelo penteado que ela usa ou, um jardineiro, pelas revistas que ele mostra?

Maria Ceres ficou confusa com tal resposta e disse que não queria incomodar.

_Não me incomoda. Sei que eu não entendo porque as pessoas perguntam informações às pessoas erradas. O meu vizinho é encanador, e dos bons. Ele saiu da cidade, foi convidado para trabalhar na obra de uma construtora.

Maria Ceres pediu o telefone da empresa onde esse vizinho trabalhou.

_Permita-me perguntar de novo: se, o meu vizinho é um bom encanador, todos os encanadores daquela empresa são bons? É melhor que a senhora pergunte em uma loja de materiais hidráulicos, entre gente que sabe e entende do assunto. Eu nada sei sobre encanadores, assim como os encanadores provavelmente nada sabem sobre almofadas. Eu sou simples, não quero lhe ofender. Mas, para arrumar o seu cabelo, a senhora escolhe a cabeleireira com o cabelo mais bonito? O cabelo bonito da cabeleireira indica que o seu cabelo ficará igual ao dela?

Apesar da fala tranqüila e pausada, para Maria Ceres, a moça estava se excedendo nas respostas. Ela agradeceu secamente e se retirou da loja com as capas das almofadas compradas.

A lojista, após observar a cliente entrar no seu automóvel e sair, comentou com a funcionária que ela se livrou de um problema. Um dos vendedores que saiu da loja havia seis meses, tirou o curso de encanador e eletricista por correspondência e se instalou a meia quadra dali. No estabelecimento ele colocou a placa de “Consertos em Geral”. Seria melhor que ele continuasse como vendedor até que adquirisse experiência prática, um perigo para ele e para os seus clientes. A lojista iria até ele oferecer um curso prático de manutenção de máquinas de costura. Sentia-se culpada, mesmo tendo-o ajudado a não se meter em encrencas. Não se interfere na vida particular dos outros impunemente.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Sutilezas

clip_image002imagem: omeupapeldeparedegratis.net

Sutilezas

Quando voam as borboletas

Partem leves e esvoaçantes.

Nesse zelo de singelezas,

Pairam cores equidistantes.

 

Sob o manto de tais levezas,

Surgem passos dos caminhantes,

Traçam sonhos, sobram belezas;

Doce aroma são seus semblantes.

 

São fascínios hipnotizantes

Dessas tantas delicadezas,

Que os suspiros desconcertantes

São ares óbvios dessas estranhezas.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Pessoas Afins

Pessoas Afins

clip_image002

É bem verdade que, com o calor, as pessoas se animam, ficam mais alegres e extrovertidas. Mas, daí, ao ocorrer um encontro destes, é fato raro.

Estava eu na confeitaria quando chegou uma jovem senhora e começamos a conversar amenidades. A impressão que eu tive foi a de que já havia conversado com ela em algum lugar e não ligava o nome, a pessoa com o lugar, pois que raras são as idas a esta confeitaria no centro da cidade. Preocupada em não a ter reconhecido, eu perguntei-a se já nos conhecíamos de outros lugares tendo em vista a familiaridade nos assuntos agradáveis, embora sem que em nenhum momento falássemos intimidades ou sobre a vida pessoal.

Ela respondeu-me que eu também era familiar a ela, mas estava de passagem por Curitiba. Vinda de Belém do Pará, no norte do país, estava aqui passeando, fazendo algumas compras e logo voltaria à sua terra natal.

A partir deste momento e da revelação de ambas das cidades de origem, eu daqui e ela de lá, tornou-se obrigatório para nós duas o assunto sobre a estranheza que se sente no espírito quando conversamos com alguém bastante parecido em modos e costumes. Discorremos sobre doutrinas várias, inclusive a do espiritismo, o que simbolizaria que nos conhecíamos de outras vidas.

Lembrei-me de uma teoria sobre o tal de “raio N”, uma energia que a essência eletromagnética do ser humano transmite ao se encontrar ou cruzar o caminho com o seu semelhante. Uma teoria que não entendo, sei de ouvir dizer.

Também rimos quando ela pegou um salgado que é um dos meus preferidos e quando eu peguei um doce e ela disse que em Belém do Pará os confeiteiros fazem este doce com frutas como cupuaçu e ela aprendeu a gostar mais do sabor de lá, mas que era um dos seus preferidos igualmente.

Lanchamos, eu, ela e a filha dela, atenta a conversa. Despedimos-nos depois do lanche, cada uma para o seu lugar sem contar nada da vida pessoal.

De qualquer maneira, o modo como ela se despediu está gravado na minha memória porque ela disse:

_Prazer em te rever. Estive lanchando aqui como se estivesse ao lado de uma amiga.

Eu retribuí a gentileza dela e desejei a ela uma boa viagem a Belém do Pará.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Prazer em Conhecer

Prazer em Conhecerclip_image002

Dando voltas nesta Curitiba praticamente vazia depois dos festejos de final de ano, parando aqui e acolá para sentir os passos calmos das calçadas, tomando cafés e observando os turistas.

Ouço logo ali, perto de mim a pergunta óbvia que os atendentes fazem aos turistas:

_A senhora veio de onde? Aproveitou as férias para conhecer a cidade?

Ela responde:

_Eu não vim, eu voo.

Os atendentes repetiram a pergunta e desculparam-se por não a entenderem.

_Eu não me fiz entender. Eu sou paraquedista amadora e voo pelos céus do mundo. Estou no chão por enquanto e porque as festas chegaram, mas logo subo para os treinos.

As atendentes, estupefatas, pediram a ela que falasse mais. Era a primeira paraquedista que atendiam.

_Agora que comecei, continuo: Eu sou uma das poucas mulheres da Seleção Brasileira de Paraquedismo e o meu salto se dá a 24.000 pés.

Elas perguntaram se ela não sentia medo.

_Eu não gosto de saltar quando a equipe de paraquedistas está insegura porque tenho que dobrar a atenção na concentração do salto. Eu não gosto quando o avião entra em pane e temos que descer, fazendo a manutenção, depois subir e saltar, mas faço.

As atendentes lembraram a ela que, apesar de paraquedista, ela era mulher e mulheres são sensíveis.

_Conte-nos de um frio na barriga. Ah! Por favor, conte.

Ela contou.

_O grande frio na barriga foi a minha apresentação diante dos paraquedistas militares durante as provas que determinariam os escolhidos para a Seleção Brasileira. Eles são azes do ar e, eu, uma mulher. Quase não acreditei quando me disseram que eu representaria o meu país.

O assunto tomou rumo próprio. Ela contou dos intensos treinamentos em terra, mas sem localização definida, das técnicas de relaxamento e concentração, das emoções e do contato permanente com o técnico através de uma câmera de televisão instalada no capacete.

_Tudo é filmado?

_Filmado e gravado para uma possível emergência.

E eu parada olhando para ela feito uma estátua.

Ela me disse boa tarde! Meu Deus! Ela me disse Boa Tarde. Boa para ela, excelente para mim.

Os. Os nomes e locais foram omitidos propositadamente para preservar a privacidade dos personagens.

domingo, 1 de janeiro de 2012

Roteiro da Vovó/ Não Autorizado

Roteiro da Vovó / Não Autorizadofoto0028

Muito aborrecida por obter um papel secundário na história de Chapeuzinho Vermelho, a Vovó criou o seu próprio roteiro. Chamou os atores e fez algumas alterações nos personagens sem avisar o roteirista, que está bem, após algumas irritações passageiras (informação oficial), após assistir a remodelagem da história:

A Vovó se veste de loba e deita-se na cama arrumada com o auxílio de um guarda-chuva esquecido pelo caçador em sua última apresentação.

Chega o Lobo Mau à sua casa e a vê deitada. Simpatiza com a loba-vovó, que provavelmente entrou antes naquela casa e comeu a Vovó sem cerimônia.

Logo em seguida, entra em casa a Chapeuzinho, atrasada, e se encontra com o casal de lobos na casa da Vovó.

Antes que a neta abrisse a boca e dissesse algo, a loba-vovó diz:

_Viu no que deu o seu atraso? Cadê a Vovó? O fato de a sua mãe trabalhar tanto, ao ponto de se tornar uma mãe ausente na sua educação, não justifica a sua desobediência a ela. E, que eu saiba, a sua mãe não gosta dos seus atalhos pelo bosque para chegar até aqui.

O lobo ouviu a loba e desconfiou que houvesse algo estranho naquele lugar. Foi então que dirigiu algumas perguntas à Vovó-loba:

_Dona Loba, a senhora está tão bela, mas permita-me perguntar para que esse batom vermelho?

A Vovó respondeu:

_Eu sou uma loba vaidosa e quero estar atraente aos olhares curiosos.

Prossegue o Lobo Mau:

_Dona Loba, e as unhas das suas patas esverdeadas, significam vaidade?

A Vovó responde:

_As unhas esverdeadas são camuflagem de floresta. Não quero predadores nas minhas patas. Quando é noite, até a lua disfarça as suas intenções, senhor Lobo.

O Lobo Mau, para terminar a questão antes do ataque, pergunta:

_Senhora Loba, por qual motivo esses pelos acobreados cobrem os seus olhos e o seu focinho?

A Vovó-loba responde:

_ É a nova franja da floresta.

Ao ouvir esta resposta, o caçador, que ouvia tudo atrás da porta, entra, põe uma coleira no Lobo Mau e ordena amarrá-lo junto a uma árvore no meio da floresta:

_Chapeuzinho, você que gosta desses passeios pelo bosque, cuide do Lobo Mau e não o solte da coleira.

Chapeuzinho, apavorada, pergunta pela Vovó.

_Eu cuido da vovó e da loba. Não se preocupe que tudo ficará bem.

A Vovó sorri, contente com o novo final.

Depois do final feliz para todos os personagens, o roteirista original teve um ataque de nervos (comentários maldosos), a história foi completamente deturpada, etc...

www.arteseescritas.blogspot.com

canetasfoto0026