Gozação do Jacu
Essa é uma brincadeira conhecida no país. Conheço de uma visita de poucos dias a uma região onde os jacus abundam. Eles não criticam a sua gente senão pelo nome de jacu.
Jacu é uma ave típica de algumas regiões do Brasil. Confesso que me chateava ver um conhecido da família, ao entrar em qualquer debate dizer:
_Eu venço a discussão. Ele não passa de um jacu rabudo!
Outro dia perguntei a uma moça humilde se ela sabia da expressão “jacu”.
_Yayá, lá no sul, é o que mais tem.
Eu não consegui manter a seriedade e perguntei se ela conhecia a ave.
_Se conheço, o meu pai tem um sítio e a gente vê muito.
Perguntei de troça, se ela já tinha chamado alguém de jacu e ela me disse do costume de lá.
_Lá na nossa região a gente não repara em ninguém. Mas quem vira e sai de costas é chamado de jacu por algum motivo. Afinal, toda a gente tem alguma particularidade na qual é jacu.
Eu não concordei, mas aprendi. Se o andar não é elegante, é jacu. Se a pessoa é risonha demais, é jacu. Se a moça é muito severa nos costumes, é jacu. Se votar no outro candidato, é jacu. Todos os costumes servem para chamar o outro de jacu pelas costas.
Faltava saber o porquê de “chamarem de jacu” pelas costas, sem que o outro pudesse se defender ou retrucar.
_Se um chamar o outro de jacu com os olhos nos olhos do outro, é o mesmo que chamar para uma briga.
Pode uma coisa dessas? Nos poucos dias que passei na região, alguém deve ter me chamado de jacu. Já aprendi uma resposta:
_Jacu, não sou. Jacu é quem me diz e não sabe com quem meteu o nariz.
De novo, pode? O povo diz que sim, que é legítimo e nacional.
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