Espreguiçadeira
Que a noite caia
Do dia ciosa,
E dengosa
De cambraia,
Seja a praia
Cor-de-rosa,
Fantasiosa
Samambaia
Como alfaia
Calorosa,
Verso e prosa
Que se espraia.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Espreguiçadeira
Que a noite caia
Do dia ciosa,
E dengosa
De cambraia,
Seja a praia
Cor-de-rosa,
Fantasiosa
Samambaia
Como alfaia
Calorosa,
Verso e prosa
Que se espraia.
Sol entre Nuvens
Sem tempo,
Nem hora,
Agora.
Requento
O agora,
Embora
Meio a tempo:
Garoa.
Temática
Mudar o tema,
Algo impossível,
E este é o prblema,
Mas é plausível
Flor de alfazema,
Ou a inteligível
Flor de açucena
Irreprimível,
Teoria e teorema
Do incompreensível,
Que diz de um poema
Ideal, visível.
O Espião da Televisão / Crônica do Cotidiano
Estávamos debatendo ideias de cunho filosófico com certo ânimo, com a televisão num programa de notícias.
A conversa foi subitamente interrompida pela televisão, que mudou o canal para um canal sem nome, onde se narrava o julgamento das escolas de samba, mas em volume muito alto.
Peguei o controle remoto e cliquei para baixar o som. Não baixou.
Cliquei para mudar de canal. Não mudou.
Tal fato depois de ser acusada de sentar em cima do controle remoto, o qual coloquei numa cadeira próxima.
Na tela, EXU.
Na tela, Grande Rio.
Grande Rio venceu com o tema Exu.
Com aparência abobada, eu olhava para a televisão.
EXU VENCEU! Alguém gritou na tela.
O canal de televisão mudou sozinho.
De novo, a reprimenda:
_Tem outro controle remoto na sua cadeira. Tire-o de perto para que você não encoste nele.
Eu prefiro pensar que houve espionagem na televisão, alguma geringonça de longo alcance que muda os canais sem que se queira.
Ouvi:
_Não brinque com EXU.
Desliguei a televisão, não sei o que de fato aconteceu.
Joana ao sopé da Porta da Cozinha
Aquele dia foi de tranquilidade.
Joana olhava a vastidão do sertão como se tivesse plantado e colhido. Estava repleta de si mesmo, sem orgulho e vaidade, porque orgulho de si mesmo sozinho não é jactância de ninguém, e vaidade é uma moda que não se tem onde usar.
Naquela sensação de plenitude sem ar ou enchimento de barriga, sentada no sopé da porta da cozinha, pensava muito naquilo que ela sentia, e pensando dizia a si mesma como é que a cabeça pensa direito quando está distraída, mas tão direito que parece que todas as vírgulas e pontos ficarão ali para sempre como um sertão que não se quer que acabe.
Não acontece que enquanto se planta se pensa planta, e quando se colhe, se pensa sorte, mas quando um problema não é mais problema simplesmente porque nasceu a ideia, simples, cordata e com todo o tempo do mundo para ser ideia.
Enquanto concentrada, a ideia decora sem saber que decora, o que nem sempre é aprender.
Enquanto aprendizagem, a cabeça é um vazio que precisa ser enchida.
Enquanto cabeça cheia, ela é uma ideia impedida de ser ideia.
Distraída, não. Distraída, a cabeça parece que vagueia dentro de si mesma sem querer motivo ou explicação, como a paisagem bonita e vasta de um sertão remediado sem precisar de remédio.
Tem dia que parece não precisar de nada, está tudo feito e arranjado.
Nesse dia, que poderia ter alguma emoção, até a emoção é escassa, mas não é tédio ou mesmice, é paz de espírito que respeita a inocência, a ignorância e a malvadeza, porque é mais que tudo isso.
Joana, do sopé da cozinha pensa em como a vida poderia ser mais bonita ao outro, mas não sabe se mais alguém nesse mundo sabe o que é estar repleta de si mesma.
Nunca tinha tido uma ideia nascida desse nada que é o olhar para o sertão sem pensar a não ser nessa simplicidade que é o pensamento da ideia que a tudo responde com ideia, ideia de bem estar que era o bem estar que vinha sem adivinhar.
Sertão, plantação, ideia, era assim que sentia, mais nada, porque não só bastava como enchia a alma sertanista de então.
Momento de Jesus
Dentro do tempo,
Reflete a luz
Do firmamento,
E o seu portento,
Livre de cruz
E sofrimento;
Hoje o momento
É de Jesus.
Poema Realizado
È noite mal-dormida,
Choveu uma eternidade,
Mas o poema previa
De estrondos aturdida,
A única tempestade
Com que já não se via;
Era a seca que havia
E secava a cidade.
Coisa de Livro
Foi aprendizado
Atemporal,
E ao temporal;
Choveu um bocado,
Vidro quebrado
Ao desigual,
Ocasional,
Mas em quadrado.
No chão encharcado,
Vê-se o degrau
Da água inusual
Belo e assustado,
Não adivinhado,
Escultural
E irracional,
Por todo o lado.
Costumes
Travesseiro,
E aconchego,
Mas primeito
Fevereiro,
Como apego
Vejo-o inteiro.
Costumeiro,
Logo chego.
Não Sou Fotógrafa,
Mas a bênção foi válida, Bahia. Obrigada ao artista plástico Edvon, que com muita simpatia, foi de uma bênção imensa.
Pelourinho, ensaio de um grupo do Olodum, e bons conselhos, todos utilizados, sem exceção.
AXÉ, BAHIA!
Diferente, para os leitores.
Impressão
Numa impressão,
A compreensão
Se faz presente,
Surge a noção
Nessa intenção
Que se pressente
Pela visão
Do que é latente.
Poema Simbólico
Boa vontade e cansaço,
Tênue é a comemoração,
E válido é o novo passo
Em busca de um coração
Que se perdeu no mormaço,
Neblina da devoção.
No entanto, em meio ao sol escasso,
Encontra-se a loa e a intenção
Com fé no desembaraço
Da estranha e humana função
Divina de ser espaço
Infinito, café e pão.
Arcanos
Acreditar
Sem ter enganos,
E planejar
Todos os planos,
E realizar
Os pães em panos
A fermentar;
Sentir pianos
Na alma a ganhar
Asas de arcanos,
E nelas voar
Longe de ufanos.
Volta ao Normal / Reflexão
Percebe-se a volta ao normal pelas chamadas das igrejas e templos neste Dia de Sexta-Feira Santa, e pelo consumo observado por todos.
Penso porém, que a volta ao normal necessita de uma reorganização espiritual, não somente no sentido específico do feriado, mas uma análise sobre o que éramos antes da pandemia e o que somos.
Como assim? Sim, temos estes dois anos com inúmeros fatos pessoais, que modificaram as vidas da grande maioria das pessoas.
Em primeiro lugar está a gratidão àqueles que fizeram parte deste período difícil.
Olhamos a volta e percebemos as coisas, as nossas coisas, a rotina que se modifica com a volta ao normal, com o uso das máscaras em ambientes restritos, e a convivência social modificada.
Tudo o que se disse, o que se fez, e o que se faz ainda deve ser levado à sério, porque o que se viveu foi com seriedade e cuidados.
Entretanto, há muito a fazer dentre a este contexto de sobriedade, pois a alegria de as rotinas voltarem aos seus normais não pode trazer a falta de cuidados com tudo o que aconteceu nos últimos anos.
Começam a surgir os novos afazeres, e parece que a privacidade será bem vinda. Por que dizer privacidade, perguntarão os leitores, e digo que fomos expostos em todo o consumo feito através da entrega em domicílio, o que não foi exatamente um benefício, mas uma necessidade imposta pela pandemia.
Precisamos voltar a não depender tanto dos serviços de entrega em domicílio, mas também porque é necessário conversar com o vendedor para fazer as melhores escolhas.
Continuaremos a pedir as pizzas e lanches, mas não mais todas as compras, e pegar fila para recebê-las na entrada do edifício com distanciamento de dois metros entre os vizinhos, e a maioria das cidades é feita de edifícios, e foi um caos o medo misturado ao álcool gel e as mortes de alguns dos nossos vizinhos, em meio as compras.
O parágrafo acima descreve o que se passou nos últimos dois anos.
Há toda uma carga emocional a ser trabalhada dentro de cada um de nós, mas também há a realidade que se impõe como tal, e que pede para que seja contida a alegria ínfima de se poder sair pelas ruas e calçadas da cidade.
Por outro lado, a pandemia nos trouxe a oportunidade de conhecer novas pessoas de boa índole, e trouxe novas amizades com as quais gostamos de conviver.
Algumas velhas amizades foram vistas de novo, em breves momentos, que valeram os dias difíceis.
Este momento é o da reorganização, pois faltam as rodas de leitura, as convivências saudáveis com o pessoal do exercício físico, porque a fé foi e é continuamente uma amiga.
Precisamos deste período de transição para nos reogarnizarmos, é uma necessidade, a de um período necessário para assimilar tudo o que aconteceu.
No entanto o período de reorganização caminha junto com a volta ao normal, e prioridades devem ser escolhidas para que se permita essa reorganização, e este é o desafio que se apresenta para a maioria das pessoas.
O tempo necessário será individual, desde semanas a anos, dependendo do que essa pessoa passou neste período.
Termino por dizer que o recomeço já é um começo.
Grata pela leitura.
Toda a Razão
Pastel de vento
Faz algum tempo,
Desatenção;
O pensamento
Vive este tempo
Da obrigação,
Contentamento
De ter razão.
Pra Contar a História / Crônica do Cotidiano
Parei para tomar um café, até que enfim consegui este momento que tanto aprecio.
Enquanto tomava o café reparei numa frase sobre o bem que faz um cafezinho, e mais duas outras frase.
Perguntei para a moça do café, obviamente que depois de tomar cuidados de higiene necessários, sobre quem escrevera aquelas frases.
A resposta foi um ensinamento:
_Essa frase é a frase que a antiga proprietária escreveu. Ela gostava de frases de efeito que podia usar sem ter problemas com a autoria, e toda a semana ela copiava algumas frases e deixava para que o consumidor lesse.
Eu perguntei se ela havia desistido da cafeteria.
_Não desistiu, seguiu o que está escrito na frase que ela copiou. Vendeu a cafeteria e achou que aquela era a frase da vida dela. Mês passado ela veio visitar a cafeteria e nós colocamos a frase dela na porta para que ela ficasse feliz que a gente lembrasse que ela copiava frases. Os clientes gostam e tiram fotos das frases, que achamos que são as melhores que ela copiou.
Fiquei curiosa e pergunte se a nova proprietária da cafeteria não se incomoda de ter a antiga proprietária homenageada na cafeteria.
_A nova proprietária gosta e muito dessas frases, foi com as frases que estão aí que ela conseguiu comprar o negócio da antiga proprietária. No entanto, ela pede que seja contada a história das frases a cada cpessoa que para para tomar um cafezinho. Tem quem tire foto e guarde como recordação, embora a recordação seja da antiga proprietária, porque a atual não pensa cmom a antiga.
Pelo sim, pelo não, melhor não escrever a tal da frase, afinal, vai que alguém acredite.
Grata pela leitura.
Questão de Física
Realidade desencontrada
Absurdamente vivenciada
Onde falta nexo constante,
E leva ao certo em sendo errante,
Mas não errado, e menos pensada
Do que feita e mui caprichada,
Movimentada e saltitante
Em busca dos óculos ante
O não entendido na passada
Tão rápida quanto atrasada
Ao significado do instante
Infinito do que é inconstante.
Poema Restrito
Tem sentido
A criação
Da invenção
Do temido,
Da razão
Do senão,
Referido
À canção.
Lanche
Começa,
Termina,
Termina
Sem pressa,
Mas peça
A sina
Expressa
Na esquina,
Travessa
Bem fina
Depressa
Termina.
Barra Pesada ? Reflexão
A Bíblia Católica Cristã tem menos livros do que a Bíblia Apostólica Romana, e de um bate-papo informal, nasceu esta reflexão.
E começo pelo livro que muito me influenciou, já citado no blog algumas vezes, e que se chama: O Evangelho Perdido de Matias, de Wilton Barnhardt, cujo autor além de refletir com conhecimento, pois é doutor em Teologia, pedia aos leitores que evitassem o auto-martírio, pois o considera desnecessário.
Continuo com Santo Agostinho, o qual se referia aos livros Macabeus, da Bíblia Católica Romana, como desnecessários aos leigos, porque trata de assuntos os quais nominam-se "barra-pesada" nos dias de hoje.
O livro do Apocalipse, se visto como algumas metáforas para descrições patológicas e possíveis curas de determinadas doenças, é positivo para a ciência.
Com tranquilidade, disse em conversa que era contra os martírios em geral, por princípio e pela personalidade. Afinal, bem descreveu uma profissional quando disse que eu era como o sol da manhã, numa expressão simbólica do bate-papo que tivemos.
E a razão deste texto é um grupo de pessoas contaminadas pelo aspecto negativo da alma, acreditando que, se forem boas, sofrerão sofrimentos como punição do mundo.
Observem leitores esta raciocínio que conduz para a sombra:
"Precisamos conversar: Eu preciso saber o que você quer ou precisa para que eu possa tirar de você antes que você consiga."
Outra pérola da contaminação:
"O mal que eu causo é o que me garante estar bem."
Não existe argumentos contra um raciocínio malformado.
Os leitores perguntarão: mas e a oração?
Mais uma: "Se orar em voa alta, eu contamino mais gente, e eu sei como fazer isto."
Interessante é que pessoalmente, sou radicalmente contra a todos estes argumentos, pois quem está feliz não incomoda ninguém, e espalha a vontade de ficar contente a cada passante que encontra, e tal acontecimento não exige esforço nenhum, pois não existe a vontade de fazer com que o outro busque o contentamento.
Penso que as pessoas têm qualidades e defeitos, mas a maioria quer estar bem, dentro das condições possíveis e suas particularidades.
Volto às frases iniciais para uma conclusão plausível, e o primeiro bem estar é o seu para você, com toda a certeza prezado leitor, e o meu para mim.
Quanto aos Macabeus, o livro desaconselhado para leigos leitores da Bíblia, não vou ler, pois para tanto existem os estudiosos e os teólogos.
Como contrária a tais pensamentos, também não posso ajudar, mesmo pensando que tais pensamentos são desvarios da realidade.
Precisava compartilhar e desabafar, e penso que o texto pode ser útil aos leitores.
Este Tempo
Sono de pedra
Sem se pensar;
Cansaço pega,
Semana nega,
Mas chega a voar,
E sexta chega
E se dispersa
Por descansar.
Tonal
Que este dia acesse
O tom da moda,
Porque parece
Gostar de toda
A que merece
Trinado e "coda";
Por que o estresse?
Por que ter moda?
Porque se tece
Samba-de-roda
Como se viesse
Em som e moda.
Flanela
Sol ausente
Na janela,
Mas consciente
E presente,
Encastela
O sol poente,
Levemente
À flanela.
Correria
Sobra espaço,
Falta tempo,
E o embaraço
Desenlaço
Num momento
Descompasso,
Porque é escasso,
Mas é alento.
Sem Maquiagem
Desmascarada
Em hora certa,
Desconcertada
Em cena aberta,
E o espelho agrada
Na visão incerta,
Sorrio alertada
À descoberta
Feição corada
Redescoberta,
Retemperada
Ao dia, desperta.
Chocolate
Embalagem,
A miragem
Da vontade,
Uma pajem
Da roupagem
Da verdade,
Que é a imagem,
Brevidade.
Destino do Ser
A fazer,
Perceber
Todo o fluir
Deve ser
Vir a ser
E sorrir,
E aprender
A luzir.