Rio de Janeiro

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http://frasesemcompromisso.blogs.sapo.pt/

O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Espelho do Bom Senso

Espelho de Bom Senso



Espelho do bom senso

São informações corretas

Sobre onde fica o centro

D'uma cidade em retas


E curvas, vento e lenço,

Também as várias setas

Para que sem dissenso,

Vistas às estatuetas


Sejam boas ao dia intenso

Com algumas saletas

De museus, nada é imenso

Quando se está entre poetas.

   

domingo, 30 de agosto de 2020

Imensidade

Imensidade


Passado o frio,

Nasce a vontade

Desse vazio


Calmo e arredio,

 Serenidade

Que o tempo viu


Surgir macio


De imensidade.

sábado, 29 de agosto de 2020

Amostra de Tempo

Amostra de Tempo


A favor da cultura,

A favor da lisura

De bom pressentimento,


Mas a contra-cultura,

Cansada da fissura

De ser ressentimento,


À leitura, é escultura,


Amostra do seu tempo.


  

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Conversa Sobre a Futura Vacina contra o Coronavírus

 Conversa Sobre a Futura Vacina contra o Coronavírus


     A vacina contra o coronavírus, nesse momento, é mais esperada ansiosamente do que o Papai Noel. Tudo o que se quer é ficar imune, essa é a realidade comum.

     Não sabemos qual vacina será disponibilizada para a população por primeiro. As dúvidas sobre a eficácia de qualquer uma das vacinas é grande, não porque se duvida da capacidade dos cientistas, mas porque estão em processo acelerado de fabricação: a vacina do Paraná, a vacina de São Paulo, a vacina importada dos laboratórios da Alemanha e dos Estados Unidos.

     Outra dúvida antecipada é sobre como será a realização da vacinação da população e se será possível escolher a marca da vacina, ou a origem da vacina.

     Todas essas questões mostram a ansiedade enfrentada a cada dia por toda uma população responsável e cuidadosa.

     Para ter essa consciência responsável, muitos atributos espirituais são necessários, incluindo-se a paciência e a boa vontade.

     Hábitos esquecidos recomeçados com bom humor, conforme disse sobre o feijão na panela e a galinhada cozida em fogo lento. Acordar cedo, programar o dia e cumprir sem deixar nada fora de ordem.

     Os jovens adultos sentem mais necessidade de sair, e nós, os mais velhos, deixamos para eles as vitrines, mesmo que seja obrigatório apenas uma pessoa de cada família em cada lugar.

     O medo desse vírus é grande entre as pessoas que têm mais de cinquenta, muito embora seja bom lembrar que o perigo atinge os jovens e as crianças também.

     Tornar suportável o ambiente dentro de casa é uma obrigação, e esse é o motivo de preparar refeições caseiras com gosto de interior acrescentado de algumas frutas e outros quitutes feitos em casa.

     Ceder horários e espaços para os demais que estão na situação ameniza a situação, e perguntas como ligar a televisão, e permitir um horário televisivo ao outro é fundamental. Assim também fico feliz quando me pedem para colocar som ao piano porque o silêncio começa a chatear. Um horário para as diversões da internet medido, porque é necessário e não perder notícias sobre o coronavírus.

     Conversar com outras pessoas e contar de si e ouvir dos outros é uma necessidade.

     Eu tenho muitos elogios para muitas pessoas que estão cumprindo o isolamento social, até mesmo para aqueles que têm animais de estimação e levam os seus cachorros para passear em horários alternativos.

     Sinto pelas crianças que ficam silenciosas o dia inteiro. Quando se ouve alguma criança lá fora, até se festeja, porque um ano de infância é muito tempo, e porque a velhice é mais acomodada ao tempo.

     Os jovens se viram, e mostram que estão vivos e que ainda precisam de alguma supervisão para não saírem demais, para eles que estão entre a infância e a fase adulta, tudo se transforma, segundo eles, em experiência de vida, mas que se cuidem com o vírus!

     Conservamos a esperança numa possível vacina, e torcemos para que ela seja previna contra o coronavírus.

     Vamos aos exercícios: culinários e espirituais.

     Grata pela leitura.  

     

quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Essa Janela

Essa Janela


Comer mimosa

Nessa janela

De hora formosa,

Depois panela


De enfeite rosa

Sem Cinderela,

Pimenta rosa

À cabidela.


É silenciosa

Essa janela;

É conscienciosa

A dona dela.

 

quarta-feira, 26 de agosto de 2020

Soneto do Unicórnio

Soneto do Unicórnio


O mito tranforma-se em realidade,

Pureza de unida força em mar alto

De belo unicórnio, plasticidade

Da vida menina e de um sobressalto


Altivo de um herói em simplicidade,

Que salta a seu mar, e num gesto cauto,

Redobra a confiança da humanidade

Carente de si, de sentido falto.


Do herói repousante  junto à inocência

Que abraça, quando ela está a precisar;

Preciso, decidido a ter paciência,


Repleto de nobreza e indulgência

No agir, num momento de só esperar

O instinto sem medo e à sua experiência.      

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Desencontrado

Desencontrado


Quem nasce no interior

Conhece muita dor,

Tristeza a não mentir,

Quando não há aonde ir, e sair


É desencontro à dor

Andar por onde for,

Mas não se reprimir,

Dizer que está a sentir


Algum leve amargor

E a causa é do calor

Que abafa até o porvir;

Mas que não é sofredor.

 

segunda-feira, 24 de agosto de 2020

O Tempo de Deus / Conto

O Tempo de Deus / Conto


     Quando, depois dos ofícios da missa, o padre veio dizer para Circe, que ela seria mais feliz se fosse evangélica, ela perguntou na mesma hora:

     _O que foi que eu fiz de errado, padre José? Por favor, me diga.

     O padre sorriu, com uma superioridade peculiar, e continuou a conversa que achou necessário ter com Circe.

     _ O que eu poderia dizer a uma bem intencionada jovem de 22 anos? Frequenta as reuniões, vive com a família, estuda, mas nada entende dos sopros divinais? Querem ter uma reunião com você no convento, eu peço que vá à Catedral e peça para falar com a madre superiora. Diga que eu a enviei.

     Assustada, Circe chegou à Catedral pelas nove horas da manhã. Caminhou até a sacristia e perguntou pela madre superiora. Contou que o padre José a havia enviado para ter uma reunião com a madre.

     _Mas a madre superiora é uma senhora muito ocupada. Eu posso agendar uma reunião, se você realmente desejar, mas isso me parece estranho. Até hoje não ouvi falar nisso, porque as moças que conversam com ela, ficam no convento. Pelo que observo, parece que você precisa pensar antes de agendar essa reunião.

     Chegou em casa e conversou com a família. Chegaram à conclusão que ela deveria contar ao padre e pedir a dispensa dessa reunião.

     À tarde, foi até a igreja.

     O padre, ao vê-la, sorriu com polidez, e disse que a esperava.

     _Minha jovem, esta não é a igreja que combina com o seu valor espiritual. Os ventos não param de assoprar. Você entra e os sopros começam. O que você conhece do inconsciente coletivo subjetivo?

     Circe respondeu que nada sabia.

     O padre sorriu com a resposta.

     _ O insconsciente subjetivo coletivo é o que o Espírito Santo e o Mau espírito sopram para as pessoas. Pelo menos agora você sabe que isso existe. O meu conselho para você, que não é para hoje, amanhã, ou mesmo para daqui a um ano, é que você procure uma igreja onde o seu espírito, ou melhor, o Espírito Santo que habita em você possa se sentir sem tantas oscilações causadas pelos sopros contínuos desse inconsciente coletivo subjetivo.

     À saída da igreja, passados alguns meses sem tocar no assunto, os seminaristas vieram trazer os convites de formatura.

     Passaram-se muitos anos sem que Circe procurasse outra igreja, por simplesmente se considerar o "patinho feio" da igreja.

     Numa tarde casual, uma amiga a convidou para um recital de Canto Lírico, onde o Maestro da Ópera de Milão estaria presente, juntamente com o melhores concertistas do Brasil. O concerto era numa igreja evangélica.

     Além dos concertos, ofereceram aos participantes café, chá e biscoitos.

     À  saída, um dos jovens, pediu para que ela esperasse, que ele tinha algo a dizer.

     Circe não gostava de deixar as pessoas sem que pudessem se expressar, e esperou o jovem.

     O jovem pegou o violão e cantou Imagine, do John Lennon. Em frente àquela igreja, em voz alta para que todos escutassem.

     Circe questionou sobre o que o Pastor pensaria sobre a demonstração musical dele.

     O jovem, de aparência simples, da mesma maneira como ela se sentia depois de ter assistido o Maestro da Ópera de Milão, respondeu que o caminho era esse, que a igreja era aquela e que ela pensasse naquela possibilidade.

     Passaram-se longos anos, até que um dia, inadvertidamente e sem censura, uma velha senhora disse para ela:

     _Maria sou eu. A religião está abaixo, está no meio dos homens. Decida-se enquanto eu posso te guiar.

     Circe tomou a decisão adiada por quarenta anos. Ouvindo a canção de John Lennon. 

     Circe entendeu Maria, sem conflitos interiores, e até mesmo, feliz.   

     

      

domingo, 23 de agosto de 2020

Consequências da Pandemia

Consequências da Pandemia


De verdade,

Não se sabe

Quase nada,

Mas cuidada


É a amizade,

É o que cabe:

Desejada

A alienada


Realidade,

Quem a sabe?

Meio cansada,

Descansada.



 

sábado, 22 de agosto de 2020

Esfriada

Esfriada


Encorujada

Nesse dia inteiro;

Café e mais nada.


Encorajada

À manta e ao esteio;

Página alada


Que nessa esfriada


Parou o recreio.






 

quinta-feira, 20 de agosto de 2020

quarta-feira, 19 de agosto de 2020

Intenso

Intenso


Que ano intenso

Sem querer,

Muito denso.


Este senso

De se ater

Ao bom senso,


E isso é imenso


P'ra valer.


 

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Oitavada

Oitavada


Essa luz necessitava

D'uma rua iluminada,

Era luz e ali faltava

Nessa rua iluminada.


Apareceu numa oitava

Sem saber-se equivocada,

Era a tarde que faltava

D'uma luz abandonada,


Mas sendo luz apreciava

Apreciar outra igualada,

Pois a luz a qual se dava,

Era a luz mais precisada. 


 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Agora Pesquisa

Agora Pesquisa


Essa pesquisa

Muda, mistura,

E é ranhadura,

Porque não avisa


Que o chão precisa

Dessa frescura

De água tão pura

Que simboliza


O que ameniza

A partitura,

Que por leitura

Logo improvisa.

 

domingo, 16 de agosto de 2020

Cochilo

Cochilo


Esse cochilo,

Que ao despertar,

Some tranquilo,


Alivia o quilo

Ao sussurrar

Que é noz e esquilo


Com outro estilo;


Recomeçar.


 

sábado, 15 de agosto de 2020

Compasso Ternário

Compasso Ternário

 

Pés-no-chão,

Mãos na lua,

Cobra a rua

Da ilusão;


Cerração

Continua,

Não recua

Coração,


Pulsação

Que pontua

Corre e sua

Na canção.



sexta-feira, 14 de agosto de 2020

Outra Civilização / Um Conto Quase Americano


Outra Civilização / Um Conto Quase Americano


     Ana Maria, brasileira e o Doutor Professor de Arqueologia de Nova York Simon se encontram no mesmo automóvel com mais um turista adoentado e o motorista do veículo, um  homem apreciador dos caros universos das compras luxuosas.

     Chegaram nas ruínas dos aquedutos e desceram para apreciar as monumentais colunas por onde passavam os aquedutos dos tempos da antiguidade da Cidade Antiga.

     O professor era paparicado pelo guia, bastante afetado por estar com uma autoridade em arqueologia. 

     Ana Maria considerou correto que o professor fosse tratado daquela maneira, pois não passava de turista por todos aqueles monumentos.

     O professor Simon pediu para que o guia passasse num determinado local da Cidade Antiga.

     O guia respondeu que, embora o considerasse a maior autoridade em arqueologia, quiçá mundial, não o levaria até lá para que não fosse morto, mas perguntou se ele tinha com ele uma carta de permissão para entrar naquele lugar.

     Simon, com a seriedade e gentileza da cultura e dos setenta anos de vida, respondeu com outra pergunta:

     _Se eu não tenho a carta de permissão como você me pede, eu serei morto? É isso que você tenta dizer? Mas como?

     O guia respondeu que aquele local, que era realmente próximo dali, parecia ter alguma coisa de secreto, porque somente com permissão ou convite escrito daquela civilização, ele, enquanto motista para turistas,  fazia mais de mês que não entrava ali. Ele não o poderia levar além de determinado ponto, senão seria morto igualmente. Contou também que nunca esperou ninguém naquelas ruínas secretas, ele voltava para buscar o turista na hora marcada.

     Ana Maria estava assustada com o que presenciava naquela conversa, mas por sorte, o dr. Simon, foi resoluto quanto a essa questão.

     _O senhor nos levará até a praça matriz, conforme está no roteiro.

     Nesse ínterim, o turista adoentado, pediu:

     _Por favor, preciso ir ao banheiro antes de seguirmos com o passeio.

     Depois da ida ao banheiro, o passeio seguiu até a matriz.

     Chegaram na matriz.

     O dr. Simon olhou com bastante seriedade para Ana Maria.

     _Eu preciso lhe pedir um favor.

     Ana Maria perguntou em que poderia ajudar.

     _Não entre no monumento da matriz. Em hipótese alguma. Eu sei o que digo.

     Ana Maria olhou para cima, para baixo e sentiu-se uma turista perdida no meio de nada, mas foi solícita:

     _O que o senhor acha que eu devo fazer aqui fora, em frente a essa escadaria?

     Ele sorriu gentilmente ao ver que ela aceitava a sua intervenção.

     _Ana Maria, eu acredito que existem locais com lanches rápidos e típicos, confeitarias inigualáveis, e uma caminhada pela vielas do bairro poderá ser uma fonte de diversão.

     Ana Maria decidiu que era melhor não discordar do professor doutor em arqueologia. Ele deveria saber o que dizia.

     Ele entrou sozinho no monumento cujo passeio havia custado alguns bons euros.

     O turista adoentado preferiu um restaurante onde tivesse banheiro. Culpava o presunto parma servido com fartura logo no desjejum com molho apimentado.

     O turista veio conversar com Ana Maria:

     _Ana Maria, você acha certo que, depois de pagar pelo passeio, você fique do lado de fora do monumento?

     Ana Maria respondeu que o dr. Simon era professor doutor em arqueologia e ela, turista.

     Uma hora e meia depois, o professor apareceu na escadaria. Encontrou-se com Ana Maria e perguntou pelo guia, mas o guia chegou dez pacienciosos minutos depois.

     Ana Maria, embora esboçasse um sorriso, estava com ar cansado, mas tentou ser educada, apesar do veto.

     Entraram todos no automóvel.

     O dr. Simon dirigiu a palavra à Ana Maria, quando o guia interviu de forma afetada:

     _Dr. Simon, o senhor não tem que conversar com turistas!

     O dr. Simon, irônico, respondeu que ele gostaria de dirigir-se à Ana Maria.

     _Ana Maria, eu gostaria de dizer para você que lá dentro não há nada mais do que velharias, alguns objetos de madeira conservados e muitos olhos desconhecidos. Não é lugar para você. Esse olhares são os mais perigosos da face da Terra.

     Ana Maria ficou assustada, e não ligou de aparentar assustada.

     O dr. Simon continuou a conversar com ela:

     _Procure o moderno, o diferente, algo menos perigoso do que essas ruínas.

     O guia ainda os levou para conhecer uma praia.

     Estavam ela e o turista adoentado caminhando, quando aconteceu outro incidente. Um homem de quarenta anos passou por eles, olhou para ela e disse:

     _São vocês, miulheres, que estragam a vida dos homens. Por que não sai do lado do turista, bofe?

     O turista adoentado disse que riria se não precisasse ir ao banheiro novamente.

     Ana Maria sentou-se sem saber se poderia chorar por ali, numa mesa qualquer e com um refrigerante.

     No entanto, quando a lágrima foi se desprender dos olhos, chegou uma turista colombiana e pediu para que o grupo deles pudesse se sentar na mesa ao lado e outras informações sobre o serviço do quiosque.

     Finalmente acabou aquele passeio. Com os últimos conselhos do doutor Simon, que ainda desejou uma excelente estadia naquele lugar.

     Ao despedir-se de Ana Maria, o guia disse que ela não sabia que era uma autoridade que havia conversado com ela, e que ela ao menos poderia ter feito uma reverência a ele.

     O dr. Simon, no entanto, quis cumprimentá-la de mão e agradecer por não ter entrado naquele monumento.

     Ana Maria perguntou-se sobre a outra civilização, aquela que ela não tinha conhecido, mas ponderou que mesmo o doutor Simon não foi aonde queria.

     Sim é sim e não é não. Melhor não saber de mais nada. Voltou ao hotel e saiu para arrumar o cabelo antes de viajar.   

 

quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Respirar


Respirar


Escrevo a palavra que soa

Natural, fictícia onde voa

Como quiser, que é feita de ar,

Oxigênio de respirar,


Que leve, jamais desacordoa

Quem precisa que seja boa.

Que não seja ela a acizentar

Para que não esteja a sombrear


A luz, mas essa a que se doa

A quem não a tem, e em si povoa

Um pensamento a se recriar,

E ser tempo, particular.    

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Nada se Sabe

Nada se Sabe


Descombinado

É todo dia,

Mas se enviesado,

Como seria,


Se não fechado

Na alegoria

Do aprendizado

Que seguiria,


Mas combinado,

 Sem fantasia,

Passo bem dado,

Ou não seria?

terça-feira, 11 de agosto de 2020

Desestresse na Pandemia / Sugestão

Desestresse na Pandemia / Sugestão

     Respeitar-se  respeitando os limites do estresse que a pandemia causa, e tentar fazer diferente.

     Sei que a experiência foi excelente. Não conversar dentro de casa. Ignorar o outro com respeito para o horário do almoço e um bate-papo na hora do cafezinho.

      _Faça o que quiser desde que não me perturbe. Silêncio quanto ao que o outro faz.

     Essa combinação gera uma tremenda descontração como aquela brincadeira de infância chamada "Vaca Amarela", onde o primeiro que disser uma palavra perde o jogo.

     Não queremos saber se os demais conversam ao telefone, ou cozinham, deixar o outro fazer o que quiser sem perguntar ou comentar nada.

     Pensar que os outros sabem o que fazem e os outros pensarem que você sabe o que faz.

     _Até de noite!

     Essa experiência terminou com um dia muito útil, mas mais divertido do que possam imaginar.

     Se puderem, ou quiserem fazer essa experiência, talvez se divirtam e façam o dia, que não é fácil para ninguém, quando se pensa shopping e se vai à cozinha por meses, muito mais divertido.

     Dessa forma, cada um encontra o seu espaço, o que é necessário, convenhamos.   

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Devagar

Devagar


Corre, meu pensamento,

Nesse vão passatempo,

Que passa por passar,

E se deixa ficar


Com pressa e desatento

Com o vai e vem do vento

Que não corre a pensar,

Mas ocorre a viajar


Pelo ar e pelo tempo

Nem sempre a seu contento,

Mas a se espreguiçar

Inspirado pelo ar. 

domingo, 9 de agosto de 2020

Por Querer

Por Querer


Com o que temos:

Casa e lazer,

Assim fazemos,

Ser e fazer


Sem ser somenos,

 Mas se entreter

Sem mais ou menos

Nesse querer.




sábado, 8 de agosto de 2020

Tempo Destrambelhado

Tempo quadrado,

Também geométrico,

 Multiplicado

A ser estético.




Tempo Destrambelhado


Algo engraçado,

Algo patético,

Mas descolado

Contido na ética,


Não remediado,

Também não cético;

Desapontado

Merece o crédito.



sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Indagações

Indagações


Sim, não e por quê,

Essas questões

Não estão à mercê,


Sou eu, não você;

Indagações

Onde não há o se.


Porque onde há o se,

Soam ilusões.

 

quinta-feira, 6 de agosto de 2020

quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Música

Música 


Esse esforço
É um esboço
Do querer,


E reforço
Como posso
Só por ser


Alvoroço


De viver.

terça-feira, 4 de agosto de 2020

Vontade

Vontade


Nem ir nem voltar,
Deixar-se ficar
Ao ainda não se sabe,
Mas que não se cale

A canção pelo ar,
E nesse expressar
A impressão que cabe,
O som que rebate

O silêncio a voar
Nesse distanciar;
Pois que não se acabe
Toda essa vontade.

segunda-feira, 3 de agosto de 2020

Lascia me Parlare - Deixe-me Falar / Conto

Lascia me Parlare - Deixe-me Falar/ Conto

     Era médico, sabia que iria morrer.
     A sobrinha foi visitá-lo na casa de parentes onde ele se hospedava.
      O doente estava acamado, Leila entrou no quarto junto dos filhos, conforme ele pedira.
     _Lascia parlare con il bambino.
     Ela tinha ido visitá-lo e ficou preocupada, pois sabia que já havia um começo de necrose e disse que não queria incomodar.
     O velho, em tom sério, pediu:
     _Lascia me parlare con il bambino. Aspetta fuori.
     Passados dez minutos, ela ouve a voz do lado de dentro do quarto, meio gritado:
     _Leila, potresti entrari!
     Ela perguntou se havia algum problema, ou se ele tinha percebido algum problema.
     _Não. Ele é um italiano médio e basta. Igual à você!
     Leila perguntou o que ele queria dizer com aquilo e ele respondeu:
     _Que outra criatura, com tantos afazeres e obrigações, viria me ver, sendo que estou começando a necrozar? Você, minha sobrinha. Italiana média.
     Como a conversa estava estranha, ela achou melhor sair e disse que a visita seria rápida.
     Ele gritou:
     _Aspetta, Leila. Lascia me parlare.
     Nesse ínterim a prima, entra no quarto e pede por favor para que Leila fique com ele enquanto ela, a dona da casa iria ao armazém fazer umas compras.
     Ele respondeu por Leila.
     _Vá. Ela fica.
     Leila esperou e perguntou:
     _Tio, o senhor precisa de ajuda? O que o incomoda?
     Ele sorriu como se estivesse conversando com uma pessoa de escassa inteligência.
     Recuperou a fisionomia tranquila.
     Olhou para a filha de Leila e disse:
     _Bambina, foco porque é importante para você.
     Leila e as crianças ficaram séria e olharam para ele.
     _Viemos da Itália por volta do ano de mil e oitoscentos, porque paratati, não vou repetir, você já sabe. Teu pai te disse.O que ele não disse foi que o nono errou, e esse erro é tão grotesco que fazer mal à vocês.
     Leila perguntou do que ele estava falando exatamente, porque havia assuntos que ela não gostaria de compartilhar com as crianças.
     _Não, não é o que você está pensando. Não tente adivinhar, por favor. No meio de uma guerra, as pessoas passam fome, pedem ajuda, e a gente faz como pode, mas ajuda, é nosso costume.
     Com esse prólogo, ele garantiu todos os olhos nele.
     _Nos foi pedido para que viessem para o Brasil algumas pessoas que estavam em estado de penúria. Era guerra e havia muito sofrimento. Sim, acomodamos mais algumas pessoas no navio.
     Leila, apenas murmurou hum, em "boca chiusa", calada.
     _Descemos do navio e descobrimos que havíamos trazido conosco os nossos inimigos da Itália. Você sabe quem são!
     Leila disse que  o tio poderia estar exagerando.
     _Não, Leila.
     Ainda chamou a atenção da menina:
     _Bambina, "Stai attento".
     Leila ficou sem graça.
     _ Não, você não conhece. Você não soube o que era a guerra, e pode ser enganada. Pessoas perigosas, entende?
     A dona da casa chegou do armazém e agradeceu Leila pela boa vontade.
     Passou um mês. Chegou a notícia de que ele havia morrido.
     Passaram-se dez anos, e ao chegar de uma festa de aniversário, Leila disse ao marido:
     _Não foi nojento o que nós vimos?
     _Nojento e deplorável, respondeu ele.
     Uma gata no cio e no colo de uma das convidadas. Sob o carinho da dona da casa. Contaram que a dona da casa pedia à convidada para que não levasse por mal o que a gata fazia e a convidada não levou. Somente pediu uma toalha para por sobre o colo. 
     Leila completou:
     _Boca chiusa.
     Ele respondeu que poderia falar em bom português porque ele também estava com asco e aquela conversa não merecia ser continuada. Assunto de adultos.
     Sentiram nojo. De um asco que permaneceu com eles por toda a vida. 


domingo, 2 de agosto de 2020

Convicção

Convicção


O tempo passa
Com certa graça,
Por reflexão


Se não, não passa,
É uma uva-passa
Por conclusão.


Voa no céu a garça,

Por convicção.

sábado, 1 de agosto de 2020

Hoje Não

Hoje Não


Dobra a atenção
Quando não há folga,
A arrumação
De um medo à solta


Que é a obrigação
Que em tudo assola.
 Álcool na mão,
Bolsa e sacola


Numa tensão
Que não descola;
Pela extensão
Ninguém tem folga.