Coerência
Sigo a linha
Condizente,
E contente
Sigo a linha,
Vou somente,
E coerente;
Mas sozinha,
Sem corrente.
É um blog com artes e contos, crônicas, comentários, imagens e, arteiros em geral
Coerência
Sigo a linha
Condizente,
E contente
Sigo a linha,
Vou somente,
E coerente;
Mas sozinha,
Sem corrente.
Esboço
Aproveitar o espaço,
Para mim, algo vago,
Indefinido e cego
Quando penso, e não nego
Que é necessário o traço
À lápis, o que apago,
Sem medida e não reto,
Mas cabível ao excesso
Do imaginável passo;
Desconhecido espaço
Que de um esboço peço
Um conceito irrequieto.
Acima do Destino
Volto a esse meu destino,
Inquietante destino
De não me contrariar,
Quando a me concentrar
Num livro, aprendo e rimo
Com versos, e me animo,
E sem mais me obrigar
A não ser continuar,
Consciente do destino,
E do ser acima, hino
Que não para de soar;
Destino a musicar.
Cautela e Canja
Feliz desse amarelo,
Sentimo-nos laranja,
Nesse dia ainda singelo
Preenchido de esperança,
Com o fim do flagelo,
Espera-se a bonança,
Bem-estar paralelo,
Que até a nós é festança;
Que finde o pesadelo
Que essa pandemia alcança,
Desumano é esse prelo
Com cautela de canja.
Mozart - Allegro in D K626b/16
Se lido, o livro diz,
Que esse tudo é possível,
E que o ser é aprendiz,
E mesmo o que é impossível
Parece uma perdiz,
Quando ao campo é visível,
E se acaso condiz,
Vem do nada o indizível,
Que é real porque se quis
O inesperado e audível
Acorde que é feliz,
Com partitura crível.
Travessa
Na semana contada,
A salada é ralada;
Liquidificador
Ligado a essa tomada
Com pressa atravessada,
E a rotina a vapor
Jamais desperdiçada,
Seja com frio ou calor.
Imprevisível
São as quadrinhas que se trovam,
Não eu, porque são o que renovam
A vontade de lazer,
Necessário dizer.
Nesses versos se comprovam
A diversão que provocam,
Simplesmente por fazer;
Contar versos de escrever,
Tartarugas que desovam,
E depois os descavocam
O tempo, curioso ser
Que existe sem se prever.
Aprendizado
Espaço, para a alma é oração,
Porque a alma é leve à devoção.
Higiene mental é outro espaço,
Razão que se faz passo a passo;
Mais basta orar, sem vocação,
Que nisso surge uma questão,
Deus gosta de um sincero abraço,
Em casa, na rua ou ao cansaço
Normal, com balde, pano e chão,
Pandêmica é essa obrigação,
Saudável é o exercício ao passo,
E amar-se a si mesmo é um terraço.
Remanso
Pelo menos dormir
Em rede de balanço,
E se deixar surgir
Nesse leve descanso,
Acalentando o agir
P'ra depois do remanso
Necessário a fugir
Da rotina, esse manso
Anoitecer a fluir
Por todo e qualquer rancho,
Quando a chuva está a cair;
Na varanda, o céu é manso.
Mula-sem-Cabeça
Não se brinca com a noite
Nessa estrada, que é de barro,
Com animal solto, foice
Da morte se a vida é um jarro
De flores e não algum coice
Que se encontra por desgarro
Da manada num pernoite;
É o semelhante o bizarro?
Quando e o que é porque já foi-se,
Mas não foi-se por esbarro
De sorte, mas porque é um coice
Solto, perdido no barro.
Obstinação
Sei que é lento o caminhar,
E portanto, diferente
Dentro à mente, que a obstinar
Pelo novo dia contente
Já se faz desmascarar
Nesse olhar não surpreendente,
Que desacostuma até ao ar,
Que ao verão bafeja quente,
Porque pensa a caminhar
Que há nele algo que está ausente,
E já foi normal estar
Na alma, confortavelmente.
Chamarisco
Diminuir todo o risco
Possível é louvar,
É um futuro a se criar
Mesmo enquanto rabisco
De lápis, de alma arisco,
A se determinar
Nesse ponto que é um cisco,
Vindo a se desenhar.
Suave é esse chuvisco
Que é um ponto a pontilhar;
Curioso é o chamarisco
Do amanhã a se formar.
Esse Dia
Hoje ou esse dia
É diferente,
Tem euforia,
Tem seu sequente
Tem quem diria
Inconsequente,
Pois desanuvia,
E já é presente
Por todo o dia,
Pois levemente
Nele chovia,
E calmamente
Anunciaria
Essa latente,
Mas calmaria
Ao mar de gente,
Que não faria
Por descontente,
E até sorria
Meio que silente.
Rua Iluminada
A estrada longa aplainada
Sem nenhuma plantação,
A terra seca e rachada,
Que aos olhos são comoção,
Quando a alma desconcertada
Vê nela a consolação,
Porque segue essa jornada,
E a imagina solução,
Mesmo ao ver que nem é nada
Além da imaginação,
E se anima à caminhada
Obrigado a insolação;
Não sofre o medo à invernada,
Porque frio é tribulação
Que vem ao gelo espelhada,
E um capote em louvação
Onde com chama é aquietada
A beleza da ilusão
Da natureza agitada
Quando gela o coração.
Segue o dia esperançada,
Toda a luz dessa emoção,
Pois parece já passada
A trilha e a trepidação,
E no entanto é quase nada,
Mas já se vê a anunciação
De uma rua iluminada
Diminuindo a provação.
Expectativa
Agora é esse esperar
A vez, soma e talvez,
Após tanto aguardar
Um produto a comprar
Num balcão de freguês
Sem sequer comparar,
E ainda há algum caminhar
Com muita lucidez.
Bom Questionamento dos Algoritmos
Nesse surf de algoritmos descobridores das preferências pessoais para enviar a propaganda, que até que gosto, porque eles descobrem direitinho o que gosto de consumir e me trazem boas vitrines virtuais, fui pega de surpresa.
Existem roupas que não compro desde o início da pandemia, e agora começo a receber propagandas, como que se houvesse um algoritmo questionando porque mudei de gosto.
Despoluiu qualquer pensamento, porque conseguiu me fazer rir em meio a essa tragédia chamada pandemia.
Ficar em casa muito tempo exige que a manutenção seja cuidadosa, muito mais cuidadosa do que quando se está acostumada a dar uma volta e tomar um café aqui e ali, até porque o cafezinho é feito dentro de casa, consumido dentro de casa e a xícara tem que ser lavada dentro de casa, sem folga ou minutos de reflexão.
Em casa, a moda não pode ser levada muito em consideração, ainda mais com esse calor bom para comer manga. Descascar manga e fazer suco de laranja em casa é prático e barato, mas depois todos os utensílios devem ser limpos e guardados.
Agora, o inconveniente de sair é o ressecamento da pele em contato com a máscara. Até sobre este assunto há algo a dizer para o algoritmo, e é sobre um gel de hidratação facial, fabricado por uma fábrica de sabonetes cremosos, aquele que derrete nas mãos, que é sensacional. Pelo menos, até agora provei e aprovei, pois ganhei uma amostra grátis junto com o produto que tenho comprado e que não condiz exatamente comigo, mas é útil, prático e de bom custo.
Nesse momento, há muito em mim que não sou eu exatamente, porque acredito nesse esforço da higienização constante e fiz disso uma atitude dentro de casa.
O algoritmo terá que esperar amainar a pandemia para, de novo, conhecer o meu gosto, e enviar as propagandas certas.
Nem eu mesma sei do que gostarei de comprar depois da pandemia, isso é que é a constatação.
Os outros também terão modificado um pouco das suas preferências, mas tudo é questão de tempo.
Pouco se sabe das transformações pessoais que surgirão, e enquanto isso, deixemos o algoritmo em dúvidas, mas com ótimos risos.
Bom fim de semana para vocês!
O Cansaço e a Vontade de Dormir
Sexta-feira é cansaço,
Travesseiro arrumado
Para sono e mormaço,
Mas em casa, esse espaço
A dizer obrigado,
Sem nenhum embaraço.
Restar é o melhor passo,
Ao tempo em que é instigado.
Recomeçar
Hora de repensar,
O que foi esse esperar
Sem muito compreender
Porquê desse aprender,
Esse não ir ou ficar
Sem saber se enganar,
Porque é sobreviver
Sorte a vir por só ser;
Mas o recomeçar
É visto agora no ar,
E será sem querer
Mais um novo aprender.
Humanidade Pasteurizada
Em parte, atual
Ou desigual,
Modificada
Porque parada;
Estranho luau
De rosto em voal.
Acostumada
À bafejada
Tão minha igual,
Nesse visual
Mal expressada
E improvisada,
O que é virtual
De roupa igual
Ao novo nada;
Pasteurizada.
Aventura pelo Youtube / Comentário
Ainda sigo a disciplina que a pandemia exige, tais como usar máscara e evitar aglomerações.
Se é para aproveitar a casa, desta vez viajei pelo Youtube e foi bastante divertido.
Parabés aos aventureiros que criam viagens surpreendentes para que assistamos pela internet.
Assisti a um vídeo maravilhoso, mas distraidamente:
https://www.youtube.com/watch?v=eFaxcKuVSkc
Se alguém tiver interesse, é fascinante de assistir.
Hoje descobri o valor desse passeio: quase vinte mil reais.
Achei muito interessante a higiene, pois todos os quitutes estavam devidamente cobertos.
Recebi uma advertência:
_"Os quitutes estão cobertos porque as formigas, que comem até lona de camping", atacam.
Raciocinei sobre a aventura:
Para a filmagem foram usados automóvel chamado 4x4, embarcações diversas, e resorts especializados em turismo.
No meio do caminho até se acham banheiros, mas cada passeio demora mais ou menos quatro horas sem banheiro.
Na embarcação, os mais inteligentes usam camisetas ou camisas de manga comprida, porque a região é natural para os insetos.
Para aproveitar essa viagem, o resort com todo o conforto é o que menos interessa, pois o que vale é a aventura.
Tem que gostar de aventuras para fazer uma viagem dessas, e a viajante merece os nossos parabéns pela disposição e coragem.
O fato é que enquanto a viajante suava, corria, subia montanhas e madrugava para a aventura do dia, eu abri a janela e relaxei.
Não se pode ficar com ansiedade o dia inteiro como companhia, uma hora a pandemia há de minimizar a drasticidade com a qual ela está assolando o mundo inteiro.
É preciso descontrair, e não há como!
Quando se está com ansiedade, a concentração num filme ou livro diminue, pelo menos para mim.
Consegui descontrair antes de ir dormir na noite de ontem. Acordei disposta e descansada. Pesquisei os dados dessa viagem. Não, não é para mim.
Consegui descontrair, dormir bem e acordar bem disposta e descansada, esse é o meu resumo.
Nesses tempos ainda difíceis, não custa nada compartilhar essa viagem online.
É possível procurar por lugares que dificilmente se consegue ir, e se distrair.
Obrigada pela visita ao blog.
Poema de se Ler
Não se acha nada
Descabelada,
Mas com jeito.
Desconversada,
Segue-se alada,
Mas com respeito.
Moda mudada,
Nada é perfeito.
Passo a Passo
Sorte é o verão,
Com seu mormaço,
Janela em vão,
Pouco cansaço,
Salada e pão;
Qualquer espaço
É um casarão
Nesse pedaço
De interação
Que acaba escasso
Numa feição
De passo a passo.
Textos / Reflexão
Uma história é sempre uma história, mas o poeta divaga.
A crônica tem ponto de vista e o conto imagina.
Um texto é outro mundo que se visita com a permissão do autor.
Poucos, no entanto, escrevem, e isso é algo difícil de entender.
O blog facilita essa mania, porque é mania, nada mais que mania essa vontade de dizer aquilo que o leitor nem sequer entenda da maneira como está escrito, então é mania.
Mas o texto é tudo o que se pode fazer, enquanto não exista história a contar.
Acho que não leio toda a nitidez com que vejo, e gostaria de expressar a forma e o contexto de um pensamento, mas ele não é assim.
Assim, vou catando palavras como quem escolhe feijão, tirando aqueles feijões que não vão com os outros porque são outros grãos que não feijão.
Simplesmente leio.
Condimento da Manhã
Hoje eu quero esse verso
A me desconversar
Do tempo e seu reverso,
Há muito a caminhar,
Pois distante é esse perto,
Mas é preciso coar
O café e estar desperto
Para logo o tomar,
Pois o dia inicia o verbo
E há tanto por pensar
E a rotina é um acervo;
Um tempo a temperar.
Achado
O tempo vence
Quando convence
Que não passou.
Eu que me pense
E, com suspense,
Se vou ou não vou;
O dia pertence
Ao dia que o achou.
Livro e Espelho: A Paixão era Amor
_ Eu quero me separar.
Como é que aquela mulher pensava em separação conjugal, pensou Izabel.
_Você não sabe que mulher separada é o mesmo que mulher desfrutável?
Clarice, desesperada, continuava:
_Eu quero me separar. Vivo em qualquer canto, vocês não me conhecem. Eu posso ser cabeleireira, lavadeira, faço qualquer coisa para me separar.
Izabel pensou que ela estivesse transtornada, e disse:
_Escuta Clarice: você tem casa própria, família decente, compra o que precisa. Só se...Clarice, ele bate em você?
Clarice disse que era só o que faltava, pois se ele, o marido, batesse nela, era teria sumido da vista de todos e ido embora.
Clarice foi embora.
Izabel ficou preocupada e, depois telefonou para Clarice.
Clarice ficou evasiva, não tinha tempo para o telefone.
Izabel resolveu visitar Clarice.
_Pare de me olhar, Izabel. Não saí de casa e não vou me separar.
Izabel olhou demoradamente oara Clarice, e perguntou se poderia fazer uma pergunta, que poderia parecer ofensiva, depois da conversa que tiveram.
_Deixe de bobagem, Izabel. Pergunte.
Izabel, como que balbuciando as palavras, quase gaguejando, perguntou:
_Você fez plástica? Parece que você remoçou. O que houve?
Clarice, sorriu perspicaz. e disse:
_Ah, você reparou. Sim emagreci, dos sessenta e seis quilos perdi dez, e fiz um tratamento facial com uns produtos importados maravilhosos. Sou outra.
_Parou com aquela ideia de separação? Você e o seu marido estão vivendo bem? Eu fiquei preocupada com você.
Clarice deixou Izabel surpresa:
_Ele foi o homem que eu escolhi para casar. Conversei com ele e ele me dará uma mesada para manter-me bonita, e agora nada tenho a reclamar. Afinal, é bom mesmo. Vocês tinham razão e eu estava errada. Obrigada por me obrigarem a pensar.
E assim viveram vaidosos e bonitos para sempre.
Introspectiva
Introspectiva
É toda a casa
Que voa e tem asa
Por perspectiva,
Quando extravasa
E varre a casa.
É sensitiva,
Pois voa sem asa.
Expectativa "Vacinante"
Conseguir escrever
Essa frase ondulante,
E quase perceber
Outro tempo distante,
Presente por fazer
Porque o tempo é inconstante
Enquanto o é a acontecer,
Porque está equidistante
De um presente faltante,
Mas que virá a se ver,
Que agora é vacilante,
Mas que a esse dia há de ser.
Precioso
Quero um ano fluído
Com algum otimismo,
Dia que segue incontido;
Quero música ao ouvido,
Com algum preciosismo,
E tenha esse sentido
De fazer colorido
O dia com dinamismo.
Disfarce
A cada passo pensado,
O antinatural conflito
Ao normal atravessado
E obrigatório e infinito,
O ano é recém começado
Com pouca festa e o seu apito
Virá aos poucos, disfarçado
Do que nem sei se acredito,
No dia em que será passado
Desmascarado e bendito
O possível compassado,
Um amanhã a ser escrito.
Recomeçar
Já é diferente,
Tempo presente;
Recomeçar.
É o dia, a nascente
Que vem à mente;
Acreditar.
Que se reinvente
O verbo amar!