Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 31 de março de 2019

A Batalha Espiritual de Maria Carlota


A Batalha Espiritual de Maria Carlota



     Maria Carlota disse aos amigos que iria dar uma volta no Inferno. Ela estava curiosa para saber das coisas que não tem em nenhum outro lugar.
     Dos seus amigos, um chorou, outro ralhou, a outra brigou, e ainda outra se entristeceu.
     _Como você está?
     Maria Carlota respondeu que estava bem, mas que a alma estava inquieta.
     Passaram-se alguns meses e ela disse algo terrível:
      _Para conseguir o que quero, sou capaz de abandonar tudo o que sou e fiz até agora.
     O que chorou, a deixou de lado. O que ralhou disse das consequências; a que brigou, brigou mais ainda; a que se entristeceu, sabia que o demônio existe e que nenhum ser humano deve dar uma passada no inferno, pois nunca é bom.
      Diante disso, a ela, como a todos os seres humanos, foi dado o livre arbítrio, em meio às dissensões espirituais.
      O diabo é um ser espiritual que se aproveita dessas dissensões para agir.
      O sofrimento veio, como só o diabo sabe dar.
      O que chorou, o que ralhou, a que brigou e a que se entristeceu sabem que o ideal é Maria Carlota afastar-se do mal.
      O porém é que quem está fora do inferno não quer dar nenhuma passada por lá. O livre arbítrio é dado para todos e ninguém é obrigado por Deus a ir ao inferno sem que queira.
      O que chorou, espírita, pediu a Deus um antisséptico contra o demônio, mas Deus respondeu que, no Brasil, os antissépticos contra o demônio ainda não são comercializados no varejo, e somente os hospitais poderiam fornecer, mas o diabo é que chorar não dá autoridade para fazer compras em hospitais, é contra o regulamento até mesmo de Deus; consequentemente Maria Carlota tem que se virar com o que o inferno oferece.
      A que brigava sem motivo, ao ouvir a conversa do que chorou, discordou. Era católica e tinha a missa para pedir perdão das palavras negativas que usava quando estava contrariada. Além de tudo não se conteve e disse:
      _O senhor coloque um absorvente higiênico para para o seu choro.
      O diabo ria até não poder mais. Briga e choro enquanto a Maria Carlota estava em seu poder, digamos, sob seus cuidados.
      O que ralhou, continuava ralhando, e embora certo, mudou o tom da conversa, e disse à que brigava:
      _Lave a boca com pasta de dente.
      Ela, direta:
     _Eu prefiro o unguento que me cabe.
      Ele continuou, e se não couber?
      _Eu troco de unguento, de santo, mas sou salva.
      A que se entristeceu também não queria ir ao inferno, mas estava triste e sabia que a tristeza não vem de Deus, e pôs-se a orar.
      Nenhuma oração é sozinha, pois geralmente aparece alguém para dizer que é testemunha das possibilidades do Senhor Deus.
      O fato é que ninguém iria ao inferno para tratar com o demônio de uma batalha espiritual que deveria ser realizada por Maria Carlota.
      A batalha espiritual consiste em enfrentar o mal com uma atitude positiva diante da adversidade e é dada a cada um dos humanos viventes nessa terra.
      A batalha de Maria Carlota é dela contra o demônio.
      Aos outros, de nada adianta chorar, brigar, ralhar, ou mesmo se entristecer.
     A batalha espiritual independe de todo e qualquer bem que se possa fazer ao próximo, não é uma cesta básica, uma doação ao bazar da igreja, uma campanha de Natal para as crianças carentes.
      A batalha espiritual é espiritual, embora muitas vezes seja vista com aparência de coisas humanas.
      Nenhuma denominação religiosa interfere nessa batalha espiritual, não é no campo físico das igrejas o lugar onde são decididas essas questões.
      A oração por aqueles que enfrentam batalhas espirituais pode ser feita, mas ir ao inferno, no plano físico, é algo muito arriscado, porque o demônio gosta de todas as almas que pode conquistar para si.
      Para terminar a história, e a Maria Carlota?
      A Maria Carlota terá que enfrentar o demônio numa batalha espiritual, a qual é capacitada por Deus para fazê-lo.

sábado, 30 de março de 2019

Colando e Descolando Partituras / Crônica do Cotidiano


Colando e Descolando Partituras / Crônica do Cotidiano

     Estava com papel e fita adesiva para papel, observando a impressão e, sorri lembrando que era papel e não tecido.
     Algumas mulheres, nos tempos antigos, com famílias grandes, ou por vontade, costuravam para si mesmas.
     No entanto, o que pouca gente lembra, é de uma gíria entre as donas de casa. Sim, donas de casa, porque as costureiras profissionais tinham outros problemas, que agora não vem ao texto.
     A conversa se desenrolava, e educadas que eram, nenhuma falava de si para outra ou de nenhuma outra para outra. A cidade era menor.
     Para dizer de um problema sério sem dizer do que se tratava, elas diziam assim:
     _Estou com um pano, o qual preciso cortar em viés.
     A resposta inevitavelmente era a mesma:
     _Xiiiiiiii, então é coisa difícil.
     Para quem não sabe, para o corte de um tecido em viés, é preciso achar o fio guia do tecido, dobrá-lo em diagonal e cortar o tecido com o molde exatamente reto por sobre a diagonal do tecido. Algo que nenhuma dona de casa se arrisca.
     Para tal feito, as costureiras da época tinham mesas grandes com mais de dois metros de comprimento.
     A partitura exige somente a impressora e a fita adesiva. Fim de semana é o mais indicado para essa atividade. É uma atividade que toma algum tempo, mas traz reflexões diversas durante esse meio tempo.
     Uma fita adesiva ficou em viés na parte de trás da folha, e de novo, o pensamento trouxe o tecido em viés.
     Felizes são as mulheres de hoje que encontram suas roupas em muitas lojas.
     Não tenho nada contra quem costura, mas entender de tecidos era uma tarefa difícil para jovens.
     Na segunda compra de tecidos é que eu aprendi que o tecido precisava ser firme ao levar uma leve puxada das mãos em sentido contrário. O tecido que esgarçava era chamado de tecido podre, ou seja, dinheiro jogado fora, e o pior foi pagar o feitio e perdê-la na primeira lavagem.
     Aconteceu certa vez de olhar um modelo numa revista, comprar o tecido, e ouvir.
     _Infelizmente não será possível fazer em conformidade ao modelo, o tecido é enviesado. A fábrica de tecidos fez o tecido próprio para modelos enviesados.
     Essa é uma boa pergunta: _Algum dos leitores sabe que existe tecido enviesado de fábrica?
     Parece tolice, mas é para que deem valor ao que existe de moderno. 
     Enquanto colo a música, penso tecido, música tecida nota por nota.
     Que termo bom esse chamado "viés".
     Terminada a colagem, começada a leitura, penso no que a humanidade já perdeu na capacidade de conversar.
     O viés era um termo versátil, usado em inúmeras situações, dificilmente usado como positivo.
     Ainda guardo comigo alguns dos seus significados: situação difícil, algo complicado de fazer, algo que é desse jeito de nascença, saída pela tangente, algo muito elaborado ou além das nossas capacidades técnicas, questão de modismo, questão de elegância, um enfado total, exibicionista, e mais uns tantos que não são mais utilizados.
     Tinha gente que o dizia  com ponto de exclamação: _Graças a Deus, sem nenhum viés.
     Alvo de crítica: _Tudo é motivo para fazer viés.
     Objetivo de saída discreta: _Sai de viés.
     A partitura é o viés da música. A linha guia da interpretação.
     Todo motivo é motivo de aprender.
     Grata pela leitura.

sexta-feira, 29 de março de 2019

Indriso Espontâneo

Indriso Espontâneo



Nem p'ra lá, nem aqui,
Palavra dada vi
Numa causalidade

A que me convenci
Seguir, ser colibri
Com a melhor vontade;

Folhear novo gibi

Nessa espontaneidade.

quinta-feira, 28 de março de 2019

História Sem Graça

     História Sem Graça



     A bruxa vendeu a maçã espelhada para a Dona Gorducha, gulosa de viver.
     Mas o Príncipe Pato quis a Dona Gorducha e desprezou a bruxa.
     A bruxa brincou com a noite de magias e colocou o Príncipe Pato e a Dona Gorducha dentro de um livro.
     A bruxa se defendia dos seus próprios feitiços, mas o Príncipe Pato e a Dona Gorducha não conseguiam.
     E a história virou lenda e acabou em tenda que não devia ser mexida.
     Mas a criança mexeu, desenhou no livro, e da história queria outra sem saber que não podia ou deveria.
     E o livro, desenhado, não quis saber da criança, e foi para o museu.
     O livro, que foi ao museu, nele foi encontrado e ele mesmo virou parte do museu.
     Acontece que não é permitida a entrada de crianças no museu com caveiras, cavernas e animais diversos.
     História sem final feliz não tem graça.
     O Príncipe Pato e a Dona Gorducha vivem no livro dentro de um museu.
     A bruxa, sai do livro e vira bruxa quando deseja. 
      Para a criança, outra praça, outro livro de desenhar.
     Criança é criança e museu é museu.
        

quarta-feira, 27 de março de 2019

Escolhas

Escolhas


Se Deus manda,
Obedeça.
Olhe onde anda,
Ou,esclareça

Da moranga,
Se interessa;
Se a miçanga
Ou se a pressa,

Que lavanda
É promessa
De quitanda
Que se expressa.

terça-feira, 26 de março de 2019

Cidade Grande / Crônica do Cotidiano

Cidade Grande / Crônica do Cotidiano

      Como é que um automóvel, branco, com placa iniciada por BH, faz o que fez num cruzamento importante da cidade, é de se imaginar.
     O automóvel travou o trânsito. Estava de pisca-alerta ligado. Supunha-se que estivesse com problemas mecânicos.
     Fato mais esquisito na cidade não presenciei antes.
     O automóvel, ou quem quer que seja que estivesse ao volante, tentava romper e o carro não andava.
     Outro automóvel, com alguma pressa, quase subiu em cima do passeio que divide as quatro pistas para seguir em frente.
     Um ônibus parou atrás do automóvel sem conseguir atravessar a rua.
     A pista que cruzava a avenida também tem quatro faixas, mas em sentido único. O semáforo abriu, mas somente um carro conseguiu desviar do automóvel e realizar a conversão para a faixa à esquerda.
      A faixa esquerda tem três pistas. A faixa da direita tem três pistas em direção oposta.
     Somando todas as pistas, o automóvel estava parado e impedindo sete pistas.
     O motorista tentando romper, acelerando sem conseguir nada a não ser dar essa impressão de tentar romper.
     Passaram-se uns cinco minutos, ou a situação proporcionou essa sensação de cinco minutos.
     Vieram dois homens que ninguém viu de onde.
     Um deles pegou a direção do veículo e quem estava ao volante saiu e sentou-se no banco de trás. Parecia ter saído de um banco.
     Outro homem entrou pelo lado do passageiro. Vimos ele se aproximar do veículo em diagonal.
     Sem conseguir ver bem do meu ponto de vista, ajeitaram-se algo parecido com casacos dentro do automóvel.
     O motorista do ônibus deve ter visto com clareza o final do incidente, a placa do automóvel, as pessoas e tudo o que se passou dentro do veículo.
     Esse homem, o que entrou no lugar do motorista, ajeitou o cinto de segurança, os espelhos e rompeu normalmente. O pisca-alerta foi desligado.
     Incidente próximo à prefeitura.
     Simplesmente medo. Os ônibus fizeram a segurança de pedestres e motoristas. Poucos ousaram atravessar a rua naquele trânsito parado por vontade de alguém.
     Ficamos todos atônitos e tentamos nos esconder quando o automóvel rompeu, sem saber do que aconteceu.
     Resta uma pergunta: O que foi que aconteceu ali?   

segunda-feira, 25 de março de 2019

De Novo, O Conteúdo Doutrinário / Temática Religiosa

De Novo, O Conteúdo Doutrinário / Temática Religiosa

     De novo, as explicações sobre o que aprendi.
     Aprendi que basta uma pequena oração em silêncio e feita com sinceridade e ponto, porque Deus ouviu.
     Sinceramente, algumas pessoas cobram o que, na igreja, e pela doutrina é simplesmente, o correto a ser feito.
     Nós, batistas, não praticamos o "crentês" -  a linguagem evangélica de outras denominações evangélicas. Nós cremos que Deus nos ouve. Não fazemos orações para que os outros saibam que estamos orando, oramos.
     Respeitamos. Nós, batistas, não devemos tentar convencer ninguém à respeito de Deus. Nós fazemos convites para que se leia o Novo Testamento. Se a pessoa não quer, não vamos insistir.
     Oramos a ponto de não incomodar os demais. Louvamos muito, porque os louvores fazem bem para todos os que se dispõem a louvar Deus.
     Também não ficamos grudados numa estação de rádio evangélica ou numa televisão evangélica. Ouvimos e assistimos quando a alma pede e com alegria.
     A sintonia com Deus, no entanto acontece o dia inteiro, porque é o mais importante para nós, mas sem demonstrações as quais são mais impositivas do que sinceras.
     Orar dessa forma é uma atividade agradável porque nada precisa acontecer de bom ou de ruim para que comecemos a orar, desejamos essa sintonia.
     Este é um dos nossos ensinamentos que gosto de compartilhar, mas também é necessário porque, diga-se "Misericórdia", algumas pessoas pensam que não há conversão nenhuma, mas a verdade é que há um exercício espiritual tão eficiente quanto qualquer atividade física numa academia de exercícios físicos.
     O exercício começa pela manhã, quando se acorda e se faz a seguinte pergunta: _O que Deus quer que eu faça no dia de hoje?
     A vontade Dele é melhor do que a minha, não tenha dúvidas. Dito isto, as pessoas, influenciadas pelo mundo, pensam nas piores vontades do mundo, mas não é isso. Outro dia, um dia atribulado, diga-se, em que eu tinha pensado em ir ao Shopping depois das tarefas, liguei a televisão por alguns instantes e cochilei, pois estava cansada daquele dia. Acordei e tinha que comprar pães. Não fui ao Shopping.
     No dia seguinte, ao ler os jornais, soube de um assalto nas redondezas.
     A vontade de Deus é melhor que a minha, mesmo quando eu cochilo, algo que, estando em orações, não devo fazer. A oração deve ser exercida da mesma forma que se faz toda e qualquer atividade cotidiana, com vontade.
     Por outro lado, se não devo convencer ninguém a respeito da minha doutrina, posso não me deixar convencer por outra doutrina. Aí é que está uma boa questão.
     Da mesma maneira com a qual eu sugiro a Bíblia, eu convido a orar, e aceito a resposta  - Não, obrigada pelo convite -  posso responder da mesma maneira _Não, obrigada pelo convite.
     Essa atitude não implica em ofender à Deus, mas de respeitá-lo, porque Ele sabe o que é melhor para você, inclusive em se tratando de denominação de fé.
     Aos poucos, à medida em que os questionamentos surgem, eu conto das minhas aulas teóricas e da prática durante o dia.
     Agradeço desde já a quem se dispuser a ler.   
        

domingo, 24 de março de 2019

Boa Desculpa

Boa Desculpa


Não sou eu,
É o livro
Que é meu
Amigo,

Liceu
Altivo,
Museu
Criativo,

Arqueu
Festivo;
Romeu
De livro.

sábado, 23 de março de 2019

Aplanamento

Aplanamento


Arando a areia,
A água em vapor
Se senhoreia
Do jogador,

Que delineia
Com seu primor
O que recreia;
Ser vencedor.

Saracoteia
Ao recompor
Com água e areia;
Modulador.









sexta-feira, 22 de março de 2019

Um Canto

Um Canto


Cantar é o desabafo
De minh'alma calada.
O ser ampliado ao espaço,
Ouvida e repousada.

É a voz todo o compasso
À melodia assediada
Pelo tom do mormaço,
Pelo qual é afinada.

Assim desengarrafo
A alegria desse nada
Que é a canção, subespaço
De mim e de ti, prateada.

quinta-feira, 21 de março de 2019

Outonal

Outonal


A lã pinica
E o frio começa
Essa conversa,
Quando se estica

E até triplica
Sob a coberta
Que se desperta
E justifica

Que vem e fica
E se dispersa
Com a promessa
De mexerica.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Reunião dos Sensatos / Ficção

Reunião dos Sensatos / Ficção


          Os sensatos conversam. A água continua potável e não há nenhuma invasão alienígena.
          Talvez os outros estejam hipnotizados porque os sensatos não conseguem conversar normalmente com um bom número de pessoas.
          Os sensatos testam-se entre si mesmos fazendo perguntas com respostas óbvias aos demais.
          Entredentes comenta-se a irrazoabilidade de outros tantos.
          A luta é para que os sensatos não se desconfigurem das suas realidades.
          Veem coisas espantosas e muito perigosas às necessidades normais dos habitantes da região. A camiseta infantil, escrita em inglês, vestida numa manequim infantil provoca a indignação nos comentários, pois nela está escrito que os quinze anos da sua filha depende dos três, e manda começar a planejar a festa agora mesmo, aos três anos de idade.
          As pessoas debocham umas das outras continuamente como se estivessem num paraíso.
          Os sensatos saem à vizinhança pedindo para que ninguém faça o dentista rir enquanto ele está com a broca enfiada na sua boca. O resultado dessa atitude pode ser desastrosa.
          Ainda assim, muita gente pensa que consultório odontológico é botequim, porque a frequência é elevada usualmente.
          Outro pedido que os sensatos fazem é que as pessoas não distribuam as suas fotos consideradas engraçadas, porque a guerra dos jovens é iminente. Um pega a fotografia do outro e manda para um terceiro e a esculhambação começa. Um cobra a fotografia do outro e, quando se percebe, já não se sabe mais quem espalhou a tal fotografia que originou uma discussão entre vinte estudantes.
          Muita gente não está levando à sério o que o outro diz ou faz. Os sensatos entram novamente em ação. Um avisa o outro de quem leva à sério quem e como aceitar e reconhecer o que é realmente sério.
          Os sensatos aconselham a que cada um seja sério consigo mesmo. Essa atitude evita a propagação desmesurada de conceitos falsos. A propaganda contra-ataca imediatamente dizendo que o que pode determinar uma atitude é o interesse que se tem sobre essa atitude.
          Os sensatos dizem que toda e qualquer atitude, em princípio, nasce no pensamento, e não de uma propaganda. Afinal, nem toda propaganda é paga, muitas vezes ela se paga através dos resultados obtidos com ela.
          Os sensatos dizem que o pensamento não pode ser embotado, quando o seu proprietário não o permite. Paranoicamente, tem gente que tenta invadir até mesmo o pensamento da civilização. Sem bala de hortelã (menta) para adoçar o pensamento.
          Os sensatos ocultam e blindam esses pensamentos contra os invasores.
          Os sensatos existem.   

terça-feira, 19 de março de 2019

Ponderações

Ponderações


As melhores ponderações
São ditas bênçãos inauditas,
 Palavras de exatas porções
Que surgem do nada, infinitas.

Repletas de boas intenções,
Em frente ao espelho das escritas
Reflexos de meditações
Das frases leves e convictas,

Às lágrimas das convicções,
Transformam-se em fotos descritas
Ao lado das contradições;
  Sem dúvida às belas visitas.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Tendência

Tendência


Uma tendência
É essa experiência
Ainda a se ter
Sem se saber

Dessa aparência
Numa adjacência
Que pode ser
Sem se antever;

É reticência
E ambivalência
De ainda não ser
Um bem querer.




domingo, 17 de março de 2019

Sabor da Alma

Sabor da Alma


Veleja o tempo
Em firmamento
Indefinido,


É um sentimento,
Meio desatento;
Desconhecido;


Temperamento


Apercebido.



sábado, 16 de março de 2019

Porta-Velas

Porta-Velas


Eu vejo o dia verificar a noite,
E a noite se gabar de ser açoite,
Soberba que despreza as estrelas,
Quando até mesmo o sol gosta de vê-las.

Apostam-se feridas de meia-noite,
Enquanto o sol se estende a essa entrenoite
Oculto em nuvens densas, ainda delas.
As plêiades anti-estéticas das velas

 Ressurgem lamparinas da verdade,
Chuviscos de luz sobre a realidade,
E mostram-se frequentes e em louvor

Ao sóbrio enaltecer, e em variedade,
Em telas perceptíveis de humildade,
Que almejam cintilar, sendo de amor. 

sexta-feira, 15 de março de 2019

Esse Mundo de Hoje / Comentário


Esse Mundo de Hoje / Comentário

     Esse mundo de hoje me faz refletir sobre um motivo para a intolerância.
     Ontem ainda levantavam hipóteses sobre a influência dos jogos violentos para computadores e o reflexo desse tipo de entretenimento como possível reflexo numa juventude violenta.
     Hoje uma igreja foi alvo da violência e acusam-se os extremistas.
     Começo a pensar que seja uma doença social, não de intolerância, mas de falta de expressão enquanto vocabulário, seja rebuscado ou medíocre.
     A única imposição global que, pode ou não, ser a causa da violência é a obrigação de ser personagem de si mesmo enquanto mídia.
     Penso que é uma aberração da expressão individual essa violência constante no mundo.
     Outro fato que me chama atenção é a chamada religião "opressiva".
     Ontem, ao sair de uma loja, satisfeita com os produtos encontrados à venda, fiquei estupefata, quando, ao agradecer e desejar bom dia, ouvir a seguinte frase:
     _Se a senhora ficou satisfeita, volte sempre. Aqui está o meu cartão. Infelizmente me chamo Jurema, o que pode ser associado à uma má religião, mas eu lhe dou a minha palavra de que eu não tenho nada a ver com isso.
     Naquele instante, eu parei e disse o meu nome e o significado afro e indígena, e disse a ela para gostar desse nome Jurema, que é bem brasileiro e que provavelmente tem um significado bonito ou forte. Pedi a ela que pesquisasse a origem e o significado do nome dela, até mesmo pela internet.
     De qualquer modo, fiquei contente por ela expressar um sentimento, mesmo que de subestima.
     É um absurdo alguém se considerar abaixo das demais mulheres por se chamar Jurema, e não Karen, Carmen, Maria, ou nomes associados ao modismo da época.
     Uma jovem vendedora que se sentia péssima por se chamar Jurema, o que segundo ela era relacionado a maus hábitos.
     Eu acho esse um bom exemplo da opressão midiática, a qual a pessoa, usualmente não expressa, por ter vergonha ou medo de que alguma maldade possa estar relacionada ao nome dela, no caso Jurema, e que de repente pode ocasionar uma reação superestimado por parte dela.
     Algum dos leitores alguma vez imaginou uma situação dessas?
     O problema é que, em meio à sociedade, não se pode imaginar quem esteja sofrendo muito por algo considerado banal.
     Jurema é um nome considerado normal aqui no Brasil. O dono, ou gerente, da loja ficou observando a vendedora, pensativo.
     De onde surge uma ideia dessas na mente de uma pessoa? É uma suposição que venha da mídia social dela. Nas grandes cidades, a internet é acessível em qualquer ponto da cidade.
     Pelo que ela disse sobre ela mesma, havia terminado os estudos e começado a trabalhar. Bullying não era.
     Algo de solidão era, porque entregar um cartão de vendedora e pedir desculpa pelo nome é algo que não vende.
     Ao final da conversa, ela deu um sorriso. Mais conformado que otimista.
     A internet não oferece mais do que diálogos picotados. São pensamentos escritos às pressas, para responder uma ou outra mensagem e os mal-entendidos se sobrepõem às conversas, tornando-se mais reais que uma rápida conversa frente à frente.
     Será que a mídia social está  criando personagens fracassados de si mesmos, que se transformam em reativos inesperadamente perante o mundo real?
     Por não conhecer outra expressão melhor digo que surge uma solidão mecanicista, onde o ser humano é só por dizer o que convém durante muito tempo seguido, até que se transforme em homem-bicho, porque o instinto de sobrevivência pede, mas sem a percepção do ser humano intrínseco a esse ser, ele não consegue se sentir humano, apenas bicho de si mesmo como antítese da solidão mecanicista imposta pelo ritmo midiático em que é obrigado a viver.
     Procuro ser humana até mesmo naquilo que escrevo numa mídia social, nesse caso traduzido por blog.
     Isso é um comentário, uma ilação, jamais uma conclusão.
        

quinta-feira, 14 de março de 2019

Impressões Cinematográficas / Reflexão


Impressões Cinematográficas / Reflexão

     Deixei de lado um dos meus blogs, aquele que trata dos meus curtas preferidos. Por outro lado, faz algum tempo que não vou ao cinema e o último longa-metragem que assisti foi pela televisão e faz algum tempo.
     Algumas cenas de um filme ficam na memória e, quando menos se espera, lá vem a imagem necessária de um filme.
     A percepção das artes é algo bastante interessante, seja na área artística que for.
     Embora tenha preferência pessoal por música, outras áreas de arte, como pinturas e esculturas também ficam gravadas na memória, mas de maneira imperceptível, a menos que se tenha ido visitar alguma mostra muito famosa.
     Os filmes ficam como flashes de luz, com as suas mensagens ou a interpretação que deles se fazem.
     Cinema faz falta. Devido à algumas decisões interessantes e, até mesmo essenciais, como a de passar um ano lendo a Bíblia e um talento novo a ser desenvolvido ainda no campo da música, deixei de lado o cinema, mas no dia de hoje ele veio à mente como obra de arte essencial.
     No entanto, a percepção de cinema de alguns anos atrás desapareceu por completo.
     Preciso do cinema, enquanto arte, hoje, como uma percepção do outro, sob o ponto de vista do outro, sem questionar. Porque o cinema é algo que se consome pronto e acabado, sem ideação quanto à trilha sonora, o roteiro, ou a personificação dos personagens pela imaginação.
     Algo que faça todo o sentido para o cineasta, mas quanto ao espectador, apenas  se possa fazer comentários sobre a intenção do filme, sem o conhecimento crítico, mas como ser humano normal.
     Cinema foi algo que desaprendi nos últimos anos, mas ainda é algo passível de se tornar lazer.
     O cinema reaparece, nesse contexto, como uma nova forma de relacionamento não artístico, mas de pipoca, com alguma descontração e a possibilidade de sair da sala de exibição sem me importar com o ingresso.
     Percebi que a percepção mudou.
     O blog de cinema continuará simplesmente estacionado.
     Com toda essa percepção, concluo dizendo que assistir um filme vale muito. Vale também só por entreter-se por algumas horas.

quarta-feira, 13 de março de 2019

Entronização

Entronização


Diga escolha
Dou um sorriso,
Que me acolha
O conciso;

Voa essa bolha,
Sabão e piso,
Saca-rolha
Do improviso.

Não há escolha
Se ironizo
Bolha e rolha,
Entronizo.


terça-feira, 12 de março de 2019

Pé de Cajá

Pé de Cajá



A faísca atrasada
Pisca e logo se apaga,
Não querendo mais nada.
É lembrança que afaga,

Enfeita a caminhada,
Ilumina e não indaga
O por quê dessa estrada
Descobrir a luz vaga

Quando a luz é apagada,
E o caminho é uma plaga
Imensa e musicada;
 São os sons de quem divaga.

segunda-feira, 11 de março de 2019

Otimista

Otimista


A dor do ser humano,
Quando n'alma, não é vista,
Mas pode ser engano
Dela ser sonetista.

Respeitar esse plano
De uma dor idealista,
É, a ela, não causar dano,
Porque há a dor otimista,

Faz da tristeza um pano,
Ou de si, cria o ensaísta;
É a dor do romancista,
Que não é racionalista.


domingo, 10 de março de 2019

A Se Entender


Fora de moda,
Dança de roda,
Por que se ter
Sem se querer?

Desamarrota
Até a marmota
Que é se prever
Ao amanhecer,

Que se acomoda
E cantarola
A se entender;
Como saber... 

sábado, 9 de março de 2019

Aprimoramento

Aprimoramento


Todo aprimoramento
Pode ser construtivo,
Sem precisar momento
Desde que conectivo,

Como desdobramento
Similar e intuitivo,
Como embelezamento
Da alma, por ser motivo

De um sincero alimento
Chamado de expressivo
Sabor ao livramento
Que seja subjetivo. 

sexta-feira, 8 de março de 2019

Apresentação

Apresentação


Repaginada a mobília
E mantida a percepção,
É atualizada a vigília
Numa mesma compreensão.

A palavra se encruzilha,
Ao ser encadernação
Fazendo-se sapatilha
  Da sua divulgação;

Tem fome de redondilha,
Sede de editoração,
Quer ser ao cego uma trilha,
E ao povoado, proteção.






quinta-feira, 7 de março de 2019

Dia da Mulher / Uma Crônica


Dia da Mulher / Uma Crônica

     Se fosse feriado, eu sei como é que gostaria de festejar o meu dia de mulher.
     O problema é que a cidade é grande, o que é ótimo porque não falta nada ao supermercado, mas talvez festeje com música.
     Um café da tarde calmo, com a conhecida bolacha maria com goiabada, um olhar distante e não pensativo, mas com vista para uma grande planície feita de um trigal dourado e descansado, sem pressa nesse olhar admirado e admirador daquilo que conheço de fotografias, e parece reconfortante.
     Alguns convites apareceram.
     Mas a palestra que eu precisava ouvir, eu já ouvi.
     Essa palestra inesquecível aconteceu durante um passeio turístico, onde eu entrei numa loja de cds conhecida nacionalmente não somente por ela mesma, mas por ser o proprietário um conhecedor de música e de todos os gêneros.
     Contei a ele das minhas experiências musicais e queria experimentar uma música nova, algo que realmente me surpreendesse.
     A resposta dele foi um Ahhhh com ponto de exclamação.
     O senhor saiu detrás do balcão e me levou aos cds que provavelmente eu não conhecia.
     Nas mãos eu tinha um pacote com alguns bombons comprados por gula antes de entrar na loja.
     Ele olhou para a minha pequena sacola com quatro bombons e exclamou novamente:
     _Ahhhh! Eu sei do cd que a senhora precisa ouvir.
     Eu percebi alguma sabedoria no olhar dele. Um certo sorriso inteligente e perspicaz, mas ao mesmo tempo generoso. Fiquei em expectativa.
     _Eu vou lhe mostrar um cd, mas depois que a senhora me der a sua palavra de que vai ouvi-lo atentamente e que não desperdiçará nenhuma intenção exposta nas canções.
     Turisticamente, neologismo meu, achei graça e disse que se não fosse muito caro, eu levaria o cd comigo, muito embora não pudesse garantir que lá voltaria para comentar este cd, mesmo que eu devorasse as canções como se fossem bombons.
     Continuamos a conversar sobre clássicos e populares, passando por outros gêneros musicais e seus estilos e respectivo público.
     Ele hesitava em me mostrar o cd e continuava a conversar.
     Depois de uns vinte minutos nessa história, ele apontou o cd e disse:
     _Pode levar. Eu já me certifiquei nessa nossa conversa de que terá o cuidado necessário com cada canção.
     Eu disse:
     _Está bem. Mostre-me e eu o estudarei com afinco.
     Ele retirou o cd da prateleira:
     "A Lust For Life" Lana Del Rey
     Se eu não disse a ele, digo a vocês, leitores. A Lust For Life, de Lana Del Rey é o retrato da luxúria, algo que pode levar a mulher ao desespero através de um desejo.
     O desejo é um, mas só um cálice de licor, um passeio num automóvel Mustang, ficar em companhia de um homem charmoso e elegante apenas para mostrar aos conhecidos um certo refinamento, desejos  vários, pequenos e muito perigosos.
     O título é um desejo para a vida, bem traduzido, mas a luxúria destrói a alma.
     O cd tem, ou tinha, a venda proibida para menores de dezoito anos, porque é um convite a essa luxúria destrutiva.
     E, pensando nisso, eu já tenho o melhor Dia da Mulher, aqui mesmo, com a minha rotina e os meus chocolates costumeiros, que as vendedoras que me atendem conhecem tão bem.
     A bolacha maria com goiabada é um capricho desnecessário, mas eu jamais saberia disso se não fosse aquele perspicaz dono da loja de cds.
     Os trigais dourados são lindos, mas não é preciso escolher nenhum dia especial para vê-los.
     Feliz Dia da Mulher! 
       


quarta-feira, 6 de março de 2019

Essa Varanda

Essa Varanda


A palavra sincera,
Parece que é o que espera,
E o que espalha, se branda
Como candeia. Sou lã

De ovelha, não quimera
Que desfaça  a janela;
Agradeço a guirlanda,
Mas não essa propaganda

Que em si desconsidera
A ciência e que a enregela,
Posto que é vida e manda
A quietude em varanda.

terça-feira, 5 de março de 2019

Mistério da Racionalidade

Mistério da Racionalidade


Nada é aleatoriamente,
Posto que é escolha feita,
Mesmo sendo em tangente,
A essa escolha é sujeita

A decisão da mente,
O que e como se aceita,
Que seja coincidente
Com o que se respeita

Impreterivelmente.
É algo que não se enfeita,
Vem da alma prontamente,
Que consoante, se ajeita.



segunda-feira, 4 de março de 2019

Feriado

Feriado


Pelas ruas da cidade,
Gente de muitos lugares,
Vê-se uma interioridade
Refletida nesses ares

Calmos da comodidade
Dos ônibus com andares,
Turismo e curiosidade
Caminham juntos; bazares

De uma originalidade
Ímpar, algo circulares
Observando a sociedade.
Cidade plena de olhares.


domingo, 3 de março de 2019

Oração Conectiva

Oração Conectiva


De difícil expressão
É saber dessa razão
E saber a quem motiva,
E sentir-se sensitiva

À simples agregação
De uma determinação
Que é meio, e representativa
Da canção subjetiva

Descansada da aflição,
Que parece condição,
Por não ser repetitiva,
Mas vir como conectiva.

sábado, 2 de março de 2019

Interessante É Gostar do Que Se Faz / Reflexão

Interessante É Gostar do Que se Faz / Reflexão


     E fazer o que se pode. Porque o que não se consegue, não se faz.
     Das vezes em que tentei fazer bolos recheados, mais pareceram montanhas a ponto de desabar depois de prontos, invariavelmente enfeiando a mesa com sorrisos torpes de desdém para com a confeiteira.
     Com as minhas canções todos têm boa vontade.
     Afinidade com isto ou aquilo é algo que não se pede. Concorda-se.
     Há talentos que não tenho, mas admiro quem os tenha.
     Há talentos pelos quais eu passe distante, por estarem em desacordo com uma sequer das minhas afinidades, o que seria intolerância se eu não respeitasse.
     As canções não param e, volto do supermercado com Camélias e carolinas na cabeça, entremeadas por rock'nroll, além da velha marchinha que quer enganar a lua e passá-la para trás.
     Em meio às canções conversamos.
     Uma exata certeza como resposta:
     _Sim, professora. Estou estudando piano durante o feriado de Carnaval.
     Ela também está com saudade dos alunos.
     Estou quieta, sem dizer das canções que pesquiso. Ela saberá.
     No entanto, busco uma canção que não seja amarga, passível de ser experimentada.
     Também tive a sorte de ler uma crônica sobre o Carnaval.O que passou não volta. Difícil é exprimir o que Barbosa Lima Sobrinho causou-me à alma.
     Esta reflexão é um pensamento em voz alta.
     

          

sexta-feira, 1 de março de 2019

Um Erro Estético

Um Erro Estético


O que ainda não se sabe
É o que se está a aprender,
Mas é bom compreender
Que é sem festa ou cidade,

Posto que a mocidade
Não se pode prever,
E o que está a acontecer
É o que não mais nos cabe,

A retórica invade
A alma desse saber,
Mas há o novo a reler
E haja A-B-R-A-C-A-D-A-B-R-E.