Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Torre de Repetição / Crônica de Supermercado



Torre de Repetição / Crônica de Supermercado



     Hoje, o dia foi dedicado ao supermercado. Algumas lojas de supermercado fecharam. Eu estava em outro supermercado quando me avisaram que as lojas estavam com todos os produtos com descontos e comentei com alguém na fila.
     A moça me disse que um conhecido dela ligou para ela contando que as pessoas compraram em meio a congestionamento e sem cestas ou carrinhos. Disse que era uma loucura arriscar-se a ir lá. Ela mesma estava na fila próxima a mim.
     Contaram que as lojas não tinham movimento suficiente para cobrir os custos de um supermercado.
     Isso foi até o começo da tarde.
     Depois, fui comprar alguns ingredientes restantes.
     Encontrei-me com adoráveis mamães e seus filhos meninos dentro dos respectivos carrinhos.
     Em todos os supermercados hoje foi dia de compras. Não é possível ter pressa num dia desses e os dois meninos com as suas respectivas mamães estavam agitados com tanta gente e tantas compras.
     Vamos ao primeiro menino, que tinha por volta de quatro anos. Imitava o seu papai com perfeição e todos perceberam pelo olhar da mamãe:
     _Mamãe, para que tanta comida? Nós realmente precisamos comprar tanta comida? Estou vendo que todo mundo está comprando muita comida, mas é alguma ocasião especial para nós? Teremos visitas?
     A mamãe simplesmente não olhava para o filho. Ela olhava para frente e continuava comprando enquanto o filho continuava repetindo as mesmas frases sem entender o que estava se passando e por qual motivo o papai não estava com a mamãe no supermercado.
     Para não rir, saí daquele corredor e fui até o corredor dos refrigerantes, onde, sarcasticamente, eu poderia sorrir sem motivo por toda aquela gente encantadora e a fila de mais de quarenta pessoas.
     Eu estava olhando para um refrigerante e sorrindo, quando me deparei com outro menino, que tinha por volta de quatro anos de idade, dentro do carrinho com a sua mamãe, que colocava alguns pacotes de refrigerante dentro do carrinho.
     Engraçado é observar como o estilo muda de família para família, mas o objetivo é o mesmo.
     Esse menino tinha um jeito extrovertido e simpático e não dizia as mesmas palavras que o menino anterior.
     O menino, no entanto se expressou muito bem e demonstrou que imitava o seu papai, também ausente do supermercado:
     _É uma luta. Mãe, essa vida é uma luta!
     A mãe, também mais extrovertida que a primeira, olhava para a prateleira de refrigerantes e fazia caretas, como que pensando sobre o que conversar quando encontrasse o marido, que provavelmente estava à sua espera em casa.
     O garoto não entendia muito bem o que eram aquelas caretas para a prateleira de refrigerantes e, continuava a dizer o que queria com aquela voz de quem sabe das coisas:
     _Mãe, está me ouvindo?
     Ela olhou para ele com algum carinho quando ele olhou para ela com jeito estupefato e repetiu:
     _Mãe, essa vida é uma luta. Uma luta!
     Ela olhou para a prateleira de refrigerantes novamente.
     Eu fui para a fila do caixa pensando em não desperdiçar nada. De fato, a gente compra algo a mais, mas depois a gente reaproveita as sobras, é questão de bom senso.
     Espero que a lentilha esteja saborosa amanhã, pois comprei, por sorte, um dos últimos pacotes num supermercado que continuará com a portas abertas o ano inteiro.
     O fogão precisa de companhia e, depois dessa crônica, desejo a todos vocês:
     Feliz Ano Novo!

      

Destinação


Destinação



A chuva de verão presencia a cidade,
Em todas as calçadas que nela estão,
Nas ruas que caminham à mocidade
Sem feitos, os confeitos da atribuição,

Que à tarde serão chamados de saudade.
O novo ano é amanhã e essa é a liquidação,
É ao dia de hoje, com lápis à variedade,
E a mesa, de quem faz a decoração.

E até mais; quem saúda é o recomeço,
De um ciclo de esperança com todo apreço;
Conceito necessário de promoção.

Ao tempo que não escolhe algum endereço,
Deixemos que prossiga em oferta e preço
Aos dados não previstos, à destinação.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Projeções


Projeções



Há tinta para novos textos e poemas,
Paciência para colorir meus problemas;
Desejo cada louça na prateleira
Disposta em modo certo de arrumadeira

À casa viva, a música em seus teoremas,
 Não canta (é falso o soletrar sem fonemas);
Um chilro leve na janela e à floreira
Animam a alma, num Jobim à prazenteira.

Ao tempo solto de Ziraldo, um cinema,
Menino doido, meninice em clareira,
Infância terna de esperança certeira.

Um sonho, que é pra se escrever, sapopema,
Que passa o dia a inventar de novo o seu tema,
Da flor miúda em céu de flor laranjeira.

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Retrospectiva


Retrospectiva



A leitura tomou caminho próprio,
Libertando-se aos olhos da vontade,
Escolhendo de início e sem opróbrio;
Fez-se célebre em sua liberdade.

A linguagem cobrou-me até o simplório,
Destinando-me ao luxo da caridade,
Perfazendo-me em rua de notório
Conhecer em diversa humanidade.

Diferente à canção que faz sonhar,
Convidou-me a viajar; mundo distante,
Da aventura ao que o livro fez-me voar,

Mas cumpri toda a sina sem piscar,
E a rotina se passa num instante;
Calendário que vira a se virar.

domingo, 27 de dezembro de 2015

Concórdia


Concórdia



A concórdia vem do que não perguntei,
Postergando o adiado, fazendo a viração,
Resolvendo o espírito ao que não me sei,
Que me ocupa em volta e meia e sabe-o a razão.

Ao caminho, sigo para a solução,
Vaticínio implícito que buscarei
Desprendida e incerta, mas em oração;
A intenção desfaz o talvez e o pensei.

A pergunta oculta num livro perdido,
É um mistério, um fresco café à sensatez;
Todo livro é sóbrio e culto quando lido.

Sem resposta, sigo; todo dia é o vivido.
Quintessência, eu quero o dia nessa fluidez,
Circular e crível, ao som subtendido.




sábado, 26 de dezembro de 2015

Serenidade


Serenidade

Vi mais espumas que as ondas do mar,
Mormaço ao sol que fervia um mar de sal;
Ardia-me o rosto e enrugava o sonhar,
Feição encrespada a nenhum só areal. 

Poema salgado seria a velejar
Sem vento e à calma e atenciosa e normal.
Dessalguei d’alma o saber-se salgar;
Desconhecia-me a tal brisa de sal.

E, pela sorte, não vi bacalhau,
Nem tubarão e nem puçá, nem pescar,
Ou, algum cação. Vim a terra alcançar

O seu porquê, nesse quê contextual,
Algo suave de leve embalar;
Serenidade do tempo a ondular.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Um Detalhe ou Outro / Crônica de Natal

Um Detalhe ou Outro / Crônica de Natal



     Para a maioria de nós a festa foi boa com jantar ontem e repetição hoje.
     Infelizmente sabemos que nem todos tiveram um Natal tão bom e oramos por todas as famílias que precisam de ajuda e conforto, conforme cristãos que somos.
     Por aqui também, tudo certo. Excetuando o besouro verde que cismou que a árvore de Natal era verdadeira e resolveu se instalar nela.
     Eu tentei capturá-lo numa caixinha, mas ele se escondeu na árvore com bolinhas e luzes coloridas.
     Eu pedi ajuda para capturar o besouro verde, mas o meu irmão se negou alegando que o besouro verde é um agente da lei e ele fica até resolver sair.
     Eu disse a ele que o besouro verde ficará na árvore até que as festas acabem e, aí, o problema será meu.
     Aí ele disse que eu posso espantar o besouro com alguma revista ou algo semelhante porque o besouro verde não morde.
     A verdade é que não podemos sacudir a árvore para retirar o besouro verde de lá. É só acender as luzes coloridas que ele começa a voar, mas não encontra o caminho da janela.
     Aí eu abri a janela e, o que aconteceu? Outro inseto adentrou a sala. Esse, eu não sei do que se trata. Saí da sala e fechei a porta. Voava em direção à lâmpada da sala com rapidez.
     Esperei alguns minutos e, o inseto não estava mais lá. Ou encontrou o caminho para a janela, ou entrou naquele recipiente pendurado no teto que enfeita a lâmpada.
     O problema é que eu tenho o besouro verde como enfeite de arvora e terei que conviver com ele mais alguns dias.
     Ele aparece quando as luzes da árvore são acesas à noite. Durante o dia ele se esconde em qualquer canto que eu não o encontre.
     O besouro nos remeteu à infância e aos dias quentes, onde tudo era motivo para festa.
     Por que é que eu não estou na sala descansando? Porque eu sei que tem um besouro verde lá.
     Vou descansar por aqui mesmo que o cansaço está pegando. Depois, é melhor descansar para planejar o Ano Novo, mudando o cardápio ligeiramente.
     O cardápio brasileiro com frutas frescas nessa época de calor vem bem ao gosto.
     O besouro verde não entra no cardápio. Eu gosto de música.
     Quantos aos planos para o Ano Novo, o primeiro é que o besouro verde não me incomode enquanto eu lido com o meus pensamentos.
    Bom Natal!

     

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Feliz Natal / Reflexão

Feliz Natal / Reflexão


          Feliz Natal / Reflexão

     Daqui a pouco as redes sociais ficarão congestionadas com muita gente querendo felicitar o Natal com os amigos online.
     Não teremos tempo para comentar e felicitar um por um nessa imensa rede que nos proporciona diversão, cultura e reflexão.
     Os supermercados ficaram lotados, com uns ajudando os outros nos preparativos. O bom dessa história é que sobra comida para o dia de Natal, o dia 25 de dezembro.
     O momento em que a sensibilidade aflora com a permissão e a compreensão de todos os demais é esse.
     Os melhores presentes que podemos oferecer àqueles que estão ao nosso lado são esses, feitos com alguma espiritualidade.
     Devemos compreender igualmente que cada um de nós precisa dessa compreensão, dimensionada dentro a realidade que é a particularidade da vida de cada um.
     Compreender a nossa condição humana, sabermos nos autoajudar conforme precisemos, ou seja, se vamos à cozinha, que nos ajudem a servir a mesa, a colocar os pratos e talheres sobre ela. Seja feito o jantar com esmero, não importando os ingredientes.
     A alegria consiste em sentar à mesa e sabermos que ela não foi feita em função de nenhum de nós, mas do aniversariante Jesus.
     É essa a oportunidade que temos de um encontro conosco, saber das nossas necessidades e vontades e saber distingui-las conforme o que nominamos como prioridade.
     Se alguém ainda não tem algum desses itens acima, não se preocupe, aparecerão espontaneamente.
     Todas as nossas vontades são confrontadas com as vontades de Deus diariamente, mas quanto às necessidades, cabe a nós acreditarmos que, podemos mitigá-las. Acolhamos as nossas esperanças de melhores dias com carinho.
      A realidade é um bom teste para a fé. Enfrentarmos a realidade com fé é questão de vontade e não há confrontação a não ser dentro de nós, em certos instantes.
     A alegria do Natal é saber que Jesus, o Salvador, nasceu. Tudo o mais que nos cerca são enfeites e, mesmo esses enfeites, não são para nós mesmos ou para as nossas comemorações, são para Ele.
     A Véspera de Natal é dia de canções e louvores porque A Verdade se fez vida para viver eternamente entre nós através do nascimento de Jesus. Essa é a comemoração.
     Feliz Natal a todos vocês!



terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Lar


Lar




Às vezes, a melhor viagem,

É saber se ater ao lar

E apreciar essa paisagem,

E dela, assim, se acercar.


Sua casa é sua pajem,

E permite o descansar

Sem o peso da bagagem;

Verdadeiro aconchegar.


Passa o tempo, essa contagem,

Do relógio a te contar

Como mostra da mensagem;

 Toda casa é um se espelhar.




segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A Bondade de Noel



A Bondade de Noel





A árvore está na sala,

Mas é ponderação,

Sentimento que cala

E se faz oração.


A decoração fala

Desse amor que é doação,

Mas nem precisa a gala,

O que importa é a intenção


Da alegria que regala,

Da bondade do ancião

Que em todos já se instala;

Deixa estar essa união. 


domingo, 20 de dezembro de 2015

Bom Augúrio



Bom Augúrio


A janela entreaberta,

Sussurrando esse ar puro,

Passa a tarde dispersa

Da cozinha até o muro,


Sem querer hora certa

Pra dizer bom augúrio

Nessa paz que a alicerça;

Toda fé é esse futuro.


Todo dia se disserta

Ao pensar que é maduro,

Mas, a essa alma que versa,

O poema é um desapuro.



sábado, 19 de dezembro de 2015

O Berço




O Berço


Com o olhar admirado,

Vê-se a canção esperança;

Há oração ao alto a seu lado.


Com amor é embalado

O coração da criança

Ao delicado brado.


Esse berço lembrado

É a nova e eterna aliança.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Luz Divina



Luz Divina


As cantigas estão nas ruas,

Avisando que o ano declina,

Meio cansado de tantas luas.

Ao lembrar menino e menina,


Que são novas as aleluias,

E que o céu chega e se ilumina,

Anunciando às vidas, que suas,

São essas luzes sobre a campina,


A nascer está o que atenua

Todo espírito que sensina

Em ternura e, que se inclua,

Em seu instante, a chama divina.


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Ajudante de Papai Noel / Crônica de Supermercado





     O Papai Noel está com problemas no supermercado. Eu sou testemunha desse problema porque eu ouvi de um casal a seguinte conversa:

     _Vamos comprar o "chester hoje"?

     _Não. Hoje está muito quente e, nós andamos com tanta sorte, que é capaz de faltar luz e nós termos que vir comprar outro "chester" na véspera de Natal. A esposa ficou quieta.

     Eu, que não sou boba nem nada, logo comprei leite condensado, creme de leite, leite em caixa e ovos. Deixar tudo para a semana que vem? Quem cozinha aqui em casa sou eu. É melhor deixar os ingredientes pronto para serem usados.

     Conversei com a caixa do supermercado. Ela me disse que também comprou os ingredientes para o pavê, incluindo os biscoitos, os achocolatados e algumas frutas secas.

     Ficar sem uma gelatina com leite condensado no na Véspera de Natal? Nem pensar!

     AH, PARA QUEM É DIABÉTICO EXISTE A GELATINA COM IOGURTE NATURAL, ADFOÇANTE E ALGUMAS FRUTAS FRESCAS, FERVIDAS POR ALGUNS MINUTOS ANTES DE SEREM APRESENTADAS À GELATINA.

     A tecla CapsLock ficou ativada propositadamente.

Problemas, todos temos, mas daí a não fazer uma sobremesa para o Natal é má vontade. Eis um sentimento que eu não quero para mim.

     E as lembranças? As caixas de bombons e outros mimos disponíveis no supermercado?

     A troca de presentes não é somente um sinônimo do consumismo, é dizer ao outro: eu vejo em você um filho de Deus.

     O Windows Live Writer não funciona com o Windows 10. Ativei o Youtube para essa postagem.

Não tem crise política que possa afetar a sua disposição com aqueles que estão a seu lado o ano inteiro e para o que der e vier.

     É chegada a hora de compartilhar a sobremesa, além da salada e de um frango cheio de riquifofes.

     A semana que vem promete ser de lotação esgotada nos supermercados.

     Por que eu não ajudaria o Papai Noel?

     Vamos separar os departamentos e aproveitar o Natal nas nossas casas, em paz, com Deus no coração.

     As caixas dos supermercados também comemoram o Natal nas casas delas. Vamos adiantando a nossa ceia e facilitando o Natal delas, o que é um carinho para aquelas que nos atendem bem todos os dias do ano.

     Facilitei para mim, para a caixa do supermercado e, espero ajudar a facilitar o seu Natal.

     Esses são costumes memoráveis!

  




quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Mofamos / Crônica do Cotidiano

Mofamos / Crônica do Cotidiano

     Finalmente conseguimos a unanimidade e, como bem dizia Nelson Rodrigues, “toda a unanimidade é burra”.
     Conseguimos, nós todos e a cidade de Curitiba inteira a unanimidade de ter mofo dentro dos armários.
     O nosso assunto no supermercado, nas portarias dos edifícios e com pessoas de outros bairros da cidade é o mofo.
     Algumas senhoras embebedam os panos de limpeza com vinagre, outras com bicarbonato de sódio e algumas outras, com ceras incolores.
     O nosso trabalho consiste em retirar todas as roupas e, ou, louças e panelas, dos armários, pegarmos panos novos e luvas para protegermos as nossas manicuras e mãos à obra.
     Separamos as roupas com manchas de bolor para a lavanderia da casa. Retiramos todo o mofo momentaneamente e o cheiro desaparece.
     Depois aparece de novo com todo aquele cheiro desagradável. O pior é quando o cheiro do vinagre se mistura com o cheiro do mofo.
     Eu optei pela cera incolor nos armários de roupas e alguns produtos não tóxicos para o armário das panelas. Joguei fora alguns recipientes de plástico com manchas, é mais barato usar outro recipiente ou comprar algo novo nos supermercados.
     Particularmente, deixei algo com a mancha de mofo sob a água, mas tive que sair e, a peça de roupa ficou sem sabão por algumas horas. A mancha branca se transformou numa mancha verde-escura. Disseram que deve ser lavada a seco. Tentemos todas as possibilidades.
     Uma senhora contou a respeito de um produto para ser pendurado dentro do armário. Segundo ela, o produto não junta água e acaba com o mofo. Não encontrei o tal produto ainda, preciso procurar com tempo.
     Agora, no que diz respeito às panelas, o recurso e lavá-las antes de colocar alimento para cozinhar, não encontrei outra maneira.
     Estamos numa cidade com um mesmo problema, o mofo resultante das chuvas, segundo os comentários comuns.
     Esse é o assunto que temos. O cheiro do armário de roupas, a maioria de nós se livrou.
     Mas, na cozinha, é preciso ter cuidado. Não sabemos os efeitos desse mofo depois de ingerido junto com algum alimento cozido.
     Estamos tão ocupadas que, sem querer, eu disse ao caixa que pretendo ficar na cozinha durante a quinta-feira que vem e, não pensar nas demais tarefas.
     A moça, tão atarefada que estava, respondeu:
     _Deixe-me anotar na agenda: quinta-feira é o Natal. É dia 25?
     Eu sorri. Não. Sexta-feira é dia 25.
     Temos que correr para, ao menos, tentar excluir parte de todo esse mofo das nossas residências.
     No momento, estamos mofados. Todas nós com esse problemão.
       



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Misericórdia / Crônica de Supermercado



Misericórdia / Crônica de Supermercado



          Misericórdia / Crônica de Supermercado

     Essa é uma conversa que irá lhe irritar. Extemporânea e pesante e agressiva aos ouvidos sensatos. Houve quem não a quisesse escutar.
     Vamos à questão indigesta:
     _ Por que é que Jesus expulsou os vendedores do templo, quando sabia que as vendas eram realizadas por gente importante? Como todos sabiam, os mercadores que trabalhavam no templo eram conhecidos por seus produtos e era costume do povo fazer compras no templo. Ele tinha que negociar, senão por vontade, por obrigação. Ele devia se submeter ao que os mercadores queriam e perguntar o preço dos produtos.
     A essa altura, o leitor e a leitora se irritaram.
     A vontade que eu tive foi de perguntar ao cidadão se ele gostaria que aparecessem vendedores de churros, sanduíche natural, milho verde cozido e paçoca de amendoim enquanto ele estivesse em orações. Não me meto em conversa alheia e peguei o meu telefone celular para me distrair.
     Os meus ouvidos foram provocados mais uma vez.
     _Olha, a negociação passava pelos mercadores. Ou Ele cedia à vontade dos mercadores ou cedia. Não cedeu e se deu mal.
     Houve um equívoco nessa afirmação, nem Jesus e nem Deus se deram mal. Continuam vivos até hoje e Eles ensinam o bem a toda gente. Cadê os nomes dos mercadores do templo nos livros? Ninguém sabe quem foram eles!
     Eu tento contar essa história e ouço que provavelmente eu ouvi em excesso de audição.
     Não há excesso e o pior da conversa entre aqueles homens segue abaixo:
     _A nossa negociação é na base de cinquenta por cento. Trinta por cento é somente se dermos desconto, como o imbecil do Judas o fez. Nós não fazemos desconto.
     Eu tento contar essa história até o fim, mas de novo ouço que eu estou musicando a conversa.
     Eu sei é que a conversa terminou assim:
     _Você tem muito que aprender e eu vou lhe ensinar, você tem talento, falta aprender a pedir os cinquenta por cento de comissão. Mas tudo tem um prazo e o meu prazo está se esgotando. No entanto, dinheiro me sobra.
     A essa altura eu consigo pensar numa música, uma daquelas músicas terríveis de ópera.
     E essa fila que não anda. E eu querendo vir embora dali.
     Agora, Deus é Deus e faz o que quer. Se Jesus expulsou os vendilhões do templo para que isso fosse uma forma de aproximá-lo da vontade de deus para que Ele fosse o libertador dos pecados na terra, quem somos nós para discutir o fato?
     Numa época voltada para a espiritualidade cristã como essa e, diante do que os meus ouvidos ouviram, só posso terminar a crônica com uma palavra:
     “Misericórdia!”
    
.
     

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Comemoração



Comemoração



Há que se dividir o pão

Sem que se escolha a qualquer mesa,

Nem toalha bordada à mão,

A fim de sentir a beleza,



Que é ver no próximo um irmão

Que espera o Natal com pureza.

Numa criança, a nova canção,

Que é acalanto, por natureza.


Comemora-se em devoção:

Oh! Deus, quanta gentileza,

Em fazer humano o perdão,

Repartindo de si a leveza.


domingo, 13 de dezembro de 2015

Tempo Rubato


Tempo Rubato



Musicalmente liberta,

Ao que o relógio desperta

Contestando esse rubato,


Cantando a seresta incerta

Dos ritmos, portanto certa,

A canção seduz de fato.


Em confissão à carta aberta,

Em luz, está obediente ao ato.