Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Autossabotagem

Autossabotagem

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Rogério Fernando era o que se chamava de bom partido: bonito, bem sucedido, amoroso, responsável, etc.

Rosana era amorosa, responsável, inteligente e empresária em início de carreira. A moça, porém, era muito bela. A fisionomia delicada no corpo esguio e curvilíneo a tornavam especial aos olhares masculinos.

De idade eles combinavam, ele três anos a mais que ela. Namoraram e se casaram para a alegria de ambas as famílias.

Na noite do casamento, num ímpeto apaixonado, o noivo, Rogério pergunta a ela como não sentir ciúmes de tão bela esposa. Ela, Rosana, igualmente apaixonada, promete a ele que jamais terá motivos para sentir ciúmes.

Passa a lua de mel e o casal inicia a vida em comum normal. Ele se mantém igual. Ela, para que ele não sinta ciúmes, procura meios de se enfear.

_Agora sou senhora, vestirei trajes de senhora.

Trajes de senhora numa jovem de vinte e dois anos a deixam desengonçada. O marido ri-se da prova de amor dela e a beija dizendo que jamais exigira tamanha severidade no se postar. Ele disse também que ela era linda de qualquer modo, com qualquer roupa, mas ela estava solene naquela saia evasê preta abaixo dos joelhos complementada com a blusa de mangas curtas no tom rosa antigo, sandálias de saltos grossos com quatro centímetros de altura. Medindo de cima a baixo, sua amada estava sóbria e elegante. Rogério sentia-se orgulhoso da escolha feita ao se casar.

Dois anos de casados e Rosana andava cabisbaixa. Extremamente chorosa, como se o mundo fosse desabar a qualquer momento. O marido a levou ao médico. Nada, ela não tinha nada errado com o organismo.

O tempo passava e Rosana continuava a se lamentar e pequenos acontecimentos eram motivos para a irritação, sentia-se indisposta e havia dias em que pedia para dormir sozinha.

O marido via a sua linda mulher se afastando sem motivo aparente.

Um dia a mãe a chamou e perguntou o que havia de errado. Nada, ele era carinhoso, responsável, e ela gostava de estar com ele.

_Se está tão feliz por que você não se arruma? Os cabelos são tratados, mas você se comporta como se fosse a minha mãe. Nem eu recém-casada vesti-me deste seu jeito! Nos anos 50 eu saía de saia lápis, blusa com bordados e maquiagem. O que está acontecendo com você? Para quem você mente?

Rosana conta que prometeu na noite de núpcias que Rogério jamais teria motivos para ter ciúmes dela. Quem tem ciúmes nesses modos de se comportar?

A mãe respondeu:

_Ciúmes ele não tem. Eu tenho medo é que ele encontre alguém mais simpática que você, o que não será difícil nessas circunstâncias. A que ponto chega a sua insegurança em se assumir como mulher madura e bem resolvida! É o seu comportamento perante os homens avulsos, o que impõe respeito, a roupa não diz muito. A menos que você use uma minissaia fúcsia com o par de meias rendadas pretas, sandálias de saltos altos e regata prateada. Se usar me avise antes, sou sua mãe e irei junto com você na festa.

Rosana disse que tinha prometido, cumprido e que ele ficou feliz no dia em que se vestiu pela primeira vez desse jeito.

A mãe disse que agora, ele agradeceria se ela mudasse. A filha se sentiu confusa e a mãe a levou para comprar umas roupas novas adequadas a ela, casuais ou citadinas, eram roupas jovens.

Deixou a filha em casa, mas antes pediu uns pastéis para o jantar do casal.

No dia seguinte a mãe de Rosana recebeu um lindo buquê de rosas vermelhas e um cartão com o agradecimento do genro.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Regaço

Regaço

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Este aroma de baunilha

Vem do vento e do mormaço;

Nesse outono é companhia

Leite morno com melaço.

 

Faz o instante de alegria,

Faz a noite sem cansaço;

Nasce logo o novo dia,

Milho verde é par e passo.

 

Sente a roça na quadrilha

Nesse surdo estardalhaço;

Nesse mato, o curupira,

Vem de ré, despista o traço.

 

Nessa tarde a folhinha

Passa o tempo no regaço;

Leite morno com baunilha,

Milho verde com melaço.

domingo, 27 de maio de 2012

Em Trânsito

Em Trânsito

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Outro dia tive que sair para pegar um documento e, no caminho, um senhor me deteve e pediu para conversar por alguns instantes.

Curitiba é uma cidade grande e não se para a fim de conversar com pessoas desconhecidas.

Disse que estava com pressa e fui saindo.

Este senhor, no entanto, contou onde morava, disse que acabava de sair de uma igreja e precisava trocar ideias com alguma pessoa, qualquer pessoa. Eu, de fisionomia séria, pedi a ele que dissesse logo o que tanto o incomodava.

_Nós humanos somos bichos e bichos em extinção.

Tem gente para tudo neste mundo de Deus. Eu disse que não entendi e fui saindo, mas ele pediu-me mais alguns instantes. Estava com pouco dinheiro na carteira e o meu aparelho celular móvel estava de fácil acesso no bolso do casaco. Olhei para ele como quem pergunta se não havia outra pessoa para esta conversa.

Ele entendeu o olhar, e pediu-me para prosseguir a palestra. Haja paciência numa hora destas, pensei.

_O homem está deixando de raciocinar e sentir, ele quer vencer e dominar um ao outro, sem se importar a quem irá atingir. Nós moramos na cidade ecológica, todos nós separamos o lixo reciclável, cuidamos dos animais de estimação, preservamos os animais silvestres, somos corretos com a natureza de modo geral. Agora, preste atenção que acabo de sair da igreja. Quem preservará o homem, ou a mulher, para continuar com o nosso preceito de sermos politicamente corretos e sem discriminações de qualquer modo, da extinção? Nenhum outro animal nos salvará da extinção. Se continuarmos com este comportamento ruim uns com os outros, seremos levados inexoravelmente às guerras, às drogas, às crianças sem futuro que mal chegarão a crescer. Assisti à palestra do religioso que estava convicto que a função da igreja é, de maneira inequívoca, preservar a vida do ser humano dentro dos princípios da dignidade, do afeto e do respeito mútuo. Temos que pregar a esperança por mais que saibamos da realidade, por mais que nos entristeçamos ao ver o que nos cerca. O religioso, entusiasmado, nos pediu para que conversássemos com todos os nossos amigos e parentes. Andei absorto até aqui pensando na possibilidade da extinção da humanidade. Será possível que Deus se fez Homem para se extinguir, será esse o “Castigo de Deus”? Blasfemei agora contra o Criador, perdão, Senhor. Mas pense: se podemos ser bons, por que escolhemos ser maus? Continuaremos a fugir das responsabilidades humanas, aquelas próprias da nossa natureza? A nossa natureza, enquanto espécie, é afeto, é consciência lógica de consequência abstrata enquanto alma, aquela centelha que pulsa dentro em nós e que desconhecemos a sua origem e motivação, mas que age independentemente da nossa vontade, pois sorrimos quando estamos felizes e choramos quando estamos tristes. Essa centelha inexplicável que nos permite discutir emoções somente pode ser explicada pela religião. Nenhum metafísico conseguiu definir a função algébrica do espírito, e, no entanto, nós o sentimos no âmago de toda a nossa existência como partícula presente e insistente. No entanto, a partir do momento em que se despreza a condição humana favorecendo a condição espécie, podemos estar contribuindo para o pior de todos os males: a nossa extinção.

Quem sabe se eu mostrar todos os cachorros, gatos e animais de estimação à mercê da própria sorte, abandonados não pela deslealdade humana, mas pela inexistência do ser humano que o trata com carinho e abnegação, muitas vezes. Outro dia presenciei uma senhora com as necessidades fisiológicas do seu cachorro em um pacote. Ela caminhava pelo parque com o seu estimado bichinho e carregava a sua sacola para recolher as necessidades do animal; reparei que a sacola não estava de todo vazia. Pela teoria do ser humano, esta atitude prova que ela é capaz de amar, com bastante abnegação, diga-se. Esta senhora pacientemente esperava encontrar m cesto de lixo para deixar o pacote. Tive vontade de conversar com ela e dizer que se o ser humano entrar em processo de extinção, os animais mais fortes e ferozes dominarão o planeta. Até fique com pena do cachorro ao pensar no futuro dele. Temos que assumir a condição humana. Não falo da nossa cidade, mas do planeta como um todo. No Brasil não temos conflitos, ao menos é o que parece. Apesar de... bom, este é outro assunto. O meu problema a partir de hoje será preservar o humano, o falível e o emotivo, o raciocínio, a lógica, a inteligência mitigando as dores físicas e a religião acolhendo com carinho aqueles que sofrem. Nesse ponto a metafísica explica a dicotomia das necessidades humanas.

O tempo passa e a senhora me disse que estava com pressa?

Não tive dúvidas, o cumprimentei de mão apertada e desejei boa vontade porque a motivação estava com ele.

_Não sou eu. Depois da igreja eu iria pagar a conta de luz. Pago amanhã sem me preocupar porque a multa vem na conta do mês que vem e não precisarei correr até a concessionária de energia elétrica para acertar o pagamento. Muito grato pela atenção.

De qualquer modo sorri e disse “não tem de quê”, mas a minha hora estava no limite e fui ao meu compromisso. Seria uma conversa para relembrar meses depois, como faço hoje. Por que hoje? Não sei. Sinceramente não sei, acho que foi o domingo aprazível e bem descansado.

My Name is Not Borat / I Speak English

My Name is Not Borat

clip_image001What is it?

……………………………………………………………………………………………………………Meu nome:

Yayá (Iaiá – Dicionário Houaiss): tratamento que se dava às meninas e às moças, muito usado no tempo da escravidão.

Um nome brasileiro, bem brasileiro!

Petterle: Origem Austro-húngara. Moradores de Verona- Itália. Na época da unificação da Itália alguns descendentes dos austro-húngaros vieram para o Brasil, inclusive o senhor que me deixou esse sobrenome. Um nome com sabor de pizza mezzo italiano - mezzo chucrute.

Portugal: Adivinhe a origem Manoel! Alhos.

Moral da história: brejeira como brasileira, mas teimosa.

Ficarei no blog e nos livros. Assim os “egípcios” não se incomodarão e poderei escrever livremente. O que é que eu tenho a ver com eles? O filme (Borat) é editado para eles, fiquemos com a produção comercial de cinema. E Pronto!

 

Bom Domingo à todos com as bençãos de Jesus!

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Pérola, Obrigada pelo Mimo!

Este miminho blogosférico vem acompanhado das seguintes normas:

Regras:

1) Dizer quem te deu o selo

Estou muito agradecida ao blog: http://eeratudomuitobom.blogspot.com.br/

2) Dizer 3 coisas em que sejas especialmente boa a fazer

Cozinhar, Tricotar e caminhar.

 

 

 

Dizer 3 coisas que gostavas de aprender a fazer

Andar de bicicleta,

Tocar violão,

Doces miúdos.

4) Atribuir o selo aos blogs mais fofinhos que conheceres

(Podes completar com imagens)

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Tolice

Tolice

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O avesso do espelho é cego

E fica de encontro à sombra.

Na ausência da imagem, prego,

Trocado sem custo e torna.

 

À chuva se vê coberto,

Impede dos raios, a tromba...

Trovão? Relampejo certo!

Crendice e razão de soma.

 

Quebrado, o direito zomba,

Ou o avesso? Tolice do ego

Que ignora o susto que o ronda,

Não pode ver seu reflexo.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

À Salvo

À Salvo
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Andou sobre as águas do mar
Revolto; sereno tal tábua.
Amigo da barca a vagar,
Surpreende o Seu povo sem mácula.

O Espírito Santo a passar,
Faz-se de gaivota na sacra
Imagem feliz ao flanar,
Unindo Seus peixes à malga.

Surfista de Deus a remar,
Com Prancha Perfeita de marca
José Carpinteiro, um pai a  orar
Ao Pai pelo Filho, O que Salva.

sábado, 19 de maio de 2012

Indriso Chique

Indriso Chique
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Gentileza fique
A mostrar o sol
No sorriso a pique,

Ao lustroso Caíque,
A menção e o farol
Sem sotaque chique.

Despistando o tique,

Abafando o rol...

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Transformação

Transformação

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A casa me transformou

E dei razão ao que não tinha

Sequer pensado que sou,

E varro os ramos da vinha.

 

A solda que mergulhou

No plástico virou guia,

Borracha que se apagou

No anteontem em chama e linha.

 

Então minha alma zombou

De mim e da pronta sina

Fixada em algum bistrô;

Correu e se mostrou numa esquina.

 

À frente se desdobrou,

Mantendo-me com sombrinha

Na chuva que se formou;

Protege-me a sombra minha.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Poema Sereno

Poema Sereno

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As garças em revoada

De brancos véus são enredo

Dos beijos da invernada,

Revistas de aconchego.

 

Na prosa segredada

Ao pé do ouvido cedo,

Na união simplificada

Do frio, vento e sereno.

 

Paisagem deste nada

Que aquece de sossego

O tempo, gelo e geada;

Ao vento, voo e desejo.

terça-feira, 15 de maio de 2012

Deus o Livre!

Deus o Livre!

Superstição

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Dois senhores negros e idosos conversavam na praça. O primeiro pergunta?

_Você comprou a peça para a mecânica da lavadora de roupas? Quanto custou?

O segundo respondeu:

_Custaram trinta reais. Eu te devo uma moeda.

O primeiro disse que era bobagem e que não pensasse em dar moeda alguma.

O segundo então contou:

_ Eu te devo uma moeda e você sabe disso. É superstição, mas Judas vendeu Jesus por trinta moedas. Sempre que a conta soma trinta reais, alguém deve uma moeda para alguém para mudar a soma. Ninguém em sã consciência há de querer se matar por trair um amigo. Eu gosto de você. Eu sou seu amigo.

O primeiro concordou e disse que assim que fossem comprar algo para comer, ele aceitaria a moeda para pagar a conta e extinguir a responsabilidade do amigo de vir a ter essa culpa no futuro.

………………………………………………………………………………………………………

O Casal de Gatos Pretos

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Outro dia apareceu um casal de gatos pretos embaixo da janela do quarto de um casal, e a esposa me contou a história:

_Comecei a rezar sem parar. O casal de gatos em acasalamento debaixo do nosso quarto. Era meia noite e a lua estava cheia, eles gritavam um para o outro durante esse ritual. Peguei a cruz que tenho no armário e dei ao meu marido. Ele saiu e enxotou os gatos para fora do quintal. Deus me livre, Deus me livre da feitiçaria!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Dueto

Dueto

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Passar e repassar o compasso

Até que o entendimento, à vontade,

Absorva a direção do seu passo

Conforme diz a experiência e a lealdade;

 

Garimpo do tesouro de um lapso,

Perdido à silenciosa ansiedade,

Oculta no desejo de abraço,

À causa incompreendida, com charme.

 

Nenhuma compreensão se dá ao acaso

Dos gestos não mostrados e cabe

Ao estudo equidistante de passo

Contínuo enriquecer a igualdade;

 

Discreto o que revela esse laço

Pensado ao que se foi sem vaidade,

Consciente da mensagem do espaço,

Nos dedos das mãos ágeis, a díade.

domingo, 13 de maio de 2012

Lembrete Pessoal

Lembretes aos meus amigos

Não participo de outras redes sociais por absoluta falta de tempo. Agradeço aos convites amigos, mas fica para a próxima. Todos os usuários das outras redes sociais do tipo Orkut que usam o apelido Yayá garanto, não sou eu.

A rede social que tenho no momento é o blog e o Mais1 do Google, ambos com foto. Tenho o twitter, mas dificilmente o utilizo para tuitar. Para contato e mensagens, usem os emails disponíveis nos perfis. Agradeço a atenção de vocês.

Blogo amanhã. Yayá

sábado, 12 de maio de 2012

Mãe, Feliz Dia das Mães !

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Jardim de amor,

Jardim em flor,

Que sempre quis

Fazer feliz.

 

Do teu calor,

Do teu fervor,

Faz-me aprendiz

De ser feliz.

Especialmente à la mia mamma tornare sorriento Alegre

E, ainda hoje:

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dia das Mães / Conversa Anos 60 / Curitiba

Dia das Mães

Conversa/ anos 60

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_Que absurdo ter que comprar presente porque é Dia das Mães. Dia de mãe é todo o dia. No tempo da minha mãe não havia presente. Sou contra este comércio.

_Eu vou chorar porque a minha mãe era uma fada. Foi tão cedo embora. Essa saudade com data marcada me deixa por triste. Farei orações por ela.

_Será que o comércio não tem consciência de que cozinho todos os dias da semana e agora terei que cozinhar um almoço como se fosse ceia, para festejar o meu dia?

_Eu tenho que dar dinheiro e sair com os meus filhos para que eles comprem um presente para mim que caiba no meu bolso, que fica no paletó do meu marido. Não queremos gastar dinheiro em bobagem e eu não preciso de nada. Haja paciência!

_Como vocês são antiquadas, aposto que ouvem bolero. Eu ouço iê iê iê, Beatles, sou moderna. Eu quero o meu dia festejado à mesa grande com os meus filhos em volta da mesa.

_ A missa me bastava. Ficaria muito feliz se o Valdir fosse à missa conosco. O garoto está metido com carros esporte, ele que mesmo é andar de Mustang nem que seja de carona para impressionar as garotas.

_Eu também vou chorar, sou emotiva. Não ligo de fazer o almoço, mas eles que levem na brincadeira e não me emocionem. Não seria justo comigo, a minha vida é para eles e eles sabem disso.

_Estão fazendo festa quando deveria ser obrigatório o reconhecimento do trabalho da mãe. Eles pensam que nasceram de onde? Se não souberem, digo que nasceram da barriga da mãe deles, que cuidou deles por nove meses antes de nascerem. E não é cuidar a alimentação equilibrada, a obrigatoriedade de suprir todos os complexos vitamínicos, a ingestão de proteínas e carboidratos, fazer os exames mensalmente, saber se ele está bem de saúde, enjoar, se sentir sensível, etc. O comércio deveria saber disso.

_Bom, queiramos ou não, o Dia das Mães veio ao comércio e é moda que vai pegar. Os protestos são inúteis. Eles querem vender e eu quero comprar.

_ Então vamos à cozinha fazer o que eles gostam de comer, nós somos as homenageadas, mas o filho não come isto e o marido não come aquilo, tem que ter comida que agrade a toda família. Mães exemplares como eu, modéstia à parte, têm a obrigação de conhecer os gostos dos filhos.

_Também temos que nos arrumar no sábado. Certamente aparecerão visitas. Deixarei a comida preparada para ir ao fogão e tudo que precisar de tempero será adiantado. À tarde irei ao salão de beleza tomar o suadouro do secador para domingo estar bonita e perfumada, com a mesa decorada de flores e a comida pronta para ser servida. Isso é que é trabalho.

_Não faz mais que a sua obrigação. Nem deveria ter comentado, são comentários da vida particular.

_O mais enfadonho é pensar no presente. Se me derem louça, eu não sirvo o almoço.

_Se esta novidade está nos cansando antes, imagine depois de deixar a casa em ordem para segunda-feira. Não quero nem pensar. Eles que escolham uma lembrança e me ajudem a lavar a louça.

_Ah, isso é que é presente. Também quero.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

A Vitrinista

A Vitrinista

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Rafaela tinha a vida profissional realizada, era vitrinista conceituada, bem quista por todos os lojistas pelos preços moderados em comparação com a qualidade dos serviços prestados. Para ela, a quantidade de vitrines era a que conseguisse decorar durante o mês e o seu preço era de acordo com a sua agenda, sempre lotada, mas a tempo de atender o público consumidor. A vitrine era a casa de bonecas que não teve na infância; no seu trabalho criativo chegava a colocar nomes nos manequins que vestia e calçava. Criava o mundo deles de acordo com a estação do ano e com a personalidade de estilo nas roupas usadas. Vivia de sonho em sonho, emprestava-os a quem passasse pela frente das lojas.

Era bom compensar a sua falta de sorte na vida afetiva naquelas vitrines. No entanto a esperança de encontrar o outro homem que a faria feliz persistia. O divórcio fora amigável, Victor contraiu segundas núpcias com outra mulher, mas eles eram amigos e trocavam ideias sobre a educação de Júlio, filho do casal.

Depois de alguns namorados, ela conheceu o homem que queria. Dizia fazer tudo por esse relacionamento. O namoro ficou sério, as famílias se conheceram, Victor desejou boa sorte.

Rafaela e Gabriel, esse era o nome do namorado, a escolha que daria certo. Eles se casaram.

Gabriel não queria que ela continuasse vitrinista e sim desenhista industrial. Ele vinha de outro mundo, o mundo corporativo. Este seu mundo pensava ser falta de consideração para com a esposa mantê-la neste posto técnico que não exigia grandes qualificações profissionais segundo a sua classe.

_Rafaela, eu quero que você esteja à altura do meu mundo corporativo. Casamos, o seu filho Victor estuda numa boa escola, vivemos bem, mas eu quero que você faça mais por si mesma. Sabemos que as exigências deste nosso mundo aumentam a cada dia e pelos nossos cálculos, em poucos anos você será uma profissional obsoleta.

“Obsoleta”. Ela, que se especializava a cada dia e que fazia as melhores vitrines; ela, que tinha os melhores contatos e poderia se aprimorar do jeito que quisesse porque tinha patrocinadores. Rafaela ficou sem saber o que dizer.

_Rafaela, consegui. No mundo corporativo, podemos muito. Aqui está a sua vaga no curso preparatório que te levará a uma universidade estrangeira. Imagine! Sem vestibular! Você estuda e , quando se sentir preparada, se apresenta para os exames.

Entre a casa de bonecas das vitrines e a vida real, de acordo com os conhecimentos do marido, ela teria que escolher.

O marido era um profissional bem sucedido e mais bem pago do que ela, porque ele sonhava salário e ela sonhava bonecas.

Ela refletiu e se lembrou da primeira separação. No fim do primeiro casamento ela fora autêntica e de igual peso nas decisões. Não voltaria a se separar de novo, ele era um bom homem dentro e fora de casa. Aceitou o presente.

Rafaela era a manequim da vitrine na vida de Gabriel. Ela sentia o casamento ruir a cada dia nos seus sonhos, sonhava bonecos, brincava marido. Nasceu uma nova Rafaela nessa crueza de conceito aceito, e sem querer, fortaleceu a submissão da mulher nos tempos modernos.

Aos poucos, despedia-se dos lojistas e avisava que não mais seria vitrinista, o mundo do seu marido exigia mais. Até quando iria aquela submissão ela não sabia, mas falava amargo. A Rafaela das vitrines reclamava, mas a Rafaela inserida no mundo do marido aplaudia e dizia que assim seria melhor para a família que nascia de novo.

A submissão era uma postura adotada livremente, mas adotada em nome da vida feliz, de acordo com os preceitos técnicos do mundo do marido. Se ela se arrependeu não saberemos, ela não foi mais a Rafaela que conhecemos anteriormente, mas sabemos que ela está dentro das convenções de tudo aquilo que não é dito.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Indriso de Fé

Indriso de Fé

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Quando não há o que dizer

Sobre a dor, e a oração,

É tudo a te aquecer;

 

Quando o consolo é ter

Fé, nobre é a provação,

De se evitar corroer.

 

Senso de se suster,

 

De alma, corpo e emoção.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Dando Voz à Personagem / Monólogo

Dando Voz à Personagem / Monólogo

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Você vende seguro e você outra é cabeleireira e estão melhores que eu. Eu sou uma infeliz! Querem saber, não tenho dinheiro para comprar a minha comida. Ah, me olham como se eu fosse uma doidivanas! É estimulante que me vejam com esses rostos de espanto. Querem saber quem sou eu? Como cheguei a esta situação? Pois bem eu lhes conto, aliás, eu grito para que o mundo me escute. Sou professora universitária com mestrado e doutorado. Vocês pensam que se eu fosse menos, eu estaria gritando em local público?

Não cobrei aulas particulares e ganhei presentes dos alunos. Eu me visto de acordo com a cátedra, mantenho a minha apresentação e imponho a minha capacidade intelectual onde quer que eu vá. Modéstia à parte, ensino com prazer. As aulas na universidade são a minha recompensa desse meu estudo constante e desgastante, viagens, especializações, pesquisas e enfim consegui chegar à cátedra!

Viajei, paguei as contas de onde estava, aceitei os presentes dos meus alunos particulares e me perdi. Fui me perdendo sem perceber, sem sentir. Eu saía com as turmas para manter o relacionamento social aos finais de semana, espera um pouco, estou me queixando quando eu devia dizer que foram mais que merecidas estas saídas depois de uma semana envolvida com planos de aula, prática e discussões acadêmicas. Gastei, comi fora. Comer fora é uma necessidade, é impossível pensar em cozinha em dias normais. Ah, a minha casa deixei nas mãos da boa Nair, que tudo cuida para que as coisas estejam no seu lugar na hora em que eu preciso. Se eu ficasse em casa mais do que sete horas por dia, seria ótimo, mas a verdade é que eu chego, tomo o meu banho e desabo na cama com o despertador automático acionado na cabeceira.

Amo! Amo a minha vida de professora universitária, amo os meus alunos. Agora, que é desagradável que os alunos saibam que eu estou morta de fome, é. Eles me convidam para almoçar e dizem que pagam a conta. Prefiro o ovo frito da Nair a isto.

Não se preocupem comigo, colocarei as minhas finanças em dia. Peguei uma representação e ensino a Nair a cuidar do negócio, ela ganha mais e eu sou sua sócia. A Nair leva vantagem nesse negócio, ela usa uniforme. O abençoado uniforme da Nair faz com que ela use as roupas comuns nos finais de semana. Ela pouco vai ao salão de beleza se arrumar, come em casa. Na minha casa, diga-se, mas eu não interfiro na alimentação dela e a deixo que ela leve a sua marmita. Pensem comigo, algum de vocês alguma vez presenciou o seu professor levando a marmita de casa e esquentando a mesma na cantina? O dia que um deles tomar essa decisão, é porque o dito cujo sabe sobre a sua transferência, ou a deseja.

Não, não me olhem com esses rostos com aspecto imbecilizado! Eu não dou satisfações a ninguém, entretanto não quero que os alunos saibam os detalhes da minha situação. Posso perder o respeito deles. O respeito não deveria passar por constrangimentos; não deveria, mas eu me sinto constrangida de me encontrar nesta situação.

Então vocês devem estar se perguntando do motivo de estar lhes contando tudo e em pormenores. Sabem por quê? Porque eu preciso, porque eu estou me sentindo um caco e porque a qualquer hora eu posso não aguentar a barra e dizer em sala de aula tudo isso...

Desse jeito não. Eu amo todos eles e quero ensinar, falar da matéria, contar dos percalços do curso e da profissão. Eu não quero me colocar em discussão em sala de aula.

Atenção: estou esgotada, sem dinheiro e me resolvendo porque eu não sou uma mulher que deixa para depois os seus problemas. Consegui empréstimo e paguei as contas atrasadas, vou comer na casa de algum conhecido por dois ou mais meses. Mas, que saio do buraco, saio.

Vou indo. Pensam que vou dizer aquela frase: por favor, não comentem. Estão enganados! Podem comentar à vontade. Não mais os verei, vocês jamais serão meus colegas, meus alunos... E a minha dor foi embora. Estou livre para continuar, aliviada dessa opressão silenciosa e recatada a que me imponho. Ninguém me impõe nada, se eu sou de bom trato é porque quero.

Fiquem bem, meus anônimos amigos, fiquem bem.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

Poema Contemporâneo

Poema Contemporâneo

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O que deixei para amanhã,

Não sei se faço nem se tenho

Disposição ou vontade ou afã;

O que passou foi do meu tempo.

 

O raciocínio de hoje alcança,

Mas do futuro não sei o senho;

Desconhecido nessa vã

Contrariedade do arremedo.

 

E sei que fiz o açude e a cana,

Ou o que me coube no desenho

Da conjuntura fixa da ânsia

Desmesurada que desdenho.

 

A realidade impõe a façanha,

Acrescentando água ao terreno

Desenguiçado, na artimanha

De me sentir contemporânea.

domingo, 6 de maio de 2012

Amor de Mãe

Amor de Mãe

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De onde vem essa emoção que trazes no peito?

Surge assim calma em meio ao nada e nasce manhã,

Sopra da espera ao colchão macio; com respeito,

Face de mãe são seus filhos cor da maçã.

 

Geada que chega anunciando o outono refeito,

Sol que se aquece no frio e que guarda a guardiã

Noite por entre o sonhar com leite, em leito,

Puro e seguro, sensível desse amanhã.

 

Sonhos construídos na oculta réstia e memória,

Nesse dormir descansado próprio ao domingo,

Glória ao Senhor do Universo nessa vitória...

 

Horas, ponteiros são modas, cordas de viola,

Nessa abastança da lua plena de brilho

Raro e gestante de amor que ondula a marola.

sábado, 5 de maio de 2012

Sugestão da Paula do ALUAP: Prosa - Mãe Tem Cada Uma…

Mãe Tem Cada Uma...

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A filha, adolescente, pediu à sua mãe a permissão para colocar um piercing.

_Permito filha. A adolescência é a fase de conhecer o mundo adulto e algumas experimentações são permitidas, quando supervisionadas. Ah, filha, quando você nasceu mandei furar as suas orelhas e coloquei um par de brinquinhos de ouro. Você não imagina a emoção que eu senti ao te presentear com aquele par de brincos. Eu deixo porque você colocará na orelha, seria um contrassenso eu não te permitir.

Jade, agradecida à Jamile, sua mãe, escolheu um piercing banhado a prata, uma bijuteria fina, na opinião dela.

Jamile ficou orgulhosa ao ver a filha econômica, pensando no custo do produto. Gostou igualmente do tamanho pequeno e delicado do adereço.

Passaram-se três anos e a mocinha colocou mais um na mesma orelha.

O tempo passa depressa e a opinião de Jamile mudou ao ver o segundo piercing na mesma orelha.

_Filha, brincos são bonitos em par, um em cada orelha. Não sou contra, mas não achei tão bonito como o primeiro. Sinceramente preferiria você com um par de brincos prateados, é o seu tom preferido e eu respeito. Há quem goste de adereços dourados e há quem goste de adereços prateados, quanto ao gosto do tom não existem controvérsias.

A moça fez dezoito anos, universitária e estagiando. Surgiu o primeiro salário e ela comprou um piercing que cobria toda aquela orelha, a mesma dos piercings anteriores.

Era véspera do Dia das Mães, segundo domingo de maio e jade e Jamile saem para que a filha compre o presente do gosto da mãe. Depois do presente comprado, Jamile diz a filha:

_Você é minha filha e eu te amo, mas se você colocar mais um piercing nesta sua orelha, eu mando retirar todos e você não mais verá a sua orelha com penduricalhos esquisitos.

Jade protesta:

_Mas, mãe, você deixou e agora muda de opinião?

A mãe disse que deixou colocar um piercing, não três.

_Mas, mãe, quem faz um cesto não faz um cento? Não foi assim que a senhora me ensinou?

A mãe disse que ela estava invertendo o sentido do ditado popular para favorecer o seu lado nessa história.

_Não coloque palavras na minha boca, eu sou sua mãe, te amo e não quero que você faça papel de “sem família” na sua empresa.

_Mãe, eu discordo, mas eu também te amo.

A moça saiu repetindo que a atitude da mãe não era justa, mas deu o braço à ela e saíram as duas conversando: a filha com os olhos espantados e a mãe repleta de novos conselhos.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

Galeteria

Galeteria

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A luz está acesa,

A refeição pronta

E a decisão coesa,

Nessa razão e afronta.

 

E pressentia o persa,

A posição contra

À solidão ilesa;

Que a pequenez zomba.

 

Na familiar pressa,

Carne à menor monta

Ao convidado extra

Que se chegou à soma.

 

Cadê a gentileza

Ao transgredir a hora

Servil de tristeza

Descabida e insossa?

 

Que o paladar seja

peso à especial forma

de dessalgar dessa

Galeteria; um dogma.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Música e Doença ? Tudo a ver! Poema…

Sem entrar em detalhes técnicos, mas usando detalhes líricos, transmito esse aconselhamento: cante junto ou perto de um paciente as canções que ele gosta, para alegrar o dia dele e auxiliar a passar o tempo de recuperação. Como dizem os músicos, DEPOIS ME CONTE!

Boa Ação

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Inspirada a não cansar,

Vou seguir nesse cuidado

De saúde, sem causar

Aflição ao necessitado.

 

Quem se queixa faz chorar

De saudade, e o mal é dado;

Necessário é se alegrar,

Esperar o bem rezado.

 

A canção não vai faltar,

Sem que a tenha decorado,

Ponho a letra a solfejar

E coloco-o nesse agrado.

 

Pois a música é o pausar

Do sofrer desse acamado,

Quem quiser acompanhar

Com violão, sente-se ao lado.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Causo de Frô

Causo de Frô
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Todos contra o seu Joaquim
Que cantava esse seu verso:
_Margarida o que dói em mim
É o meu amor, não tem remédio.
Desengano no jardim
É viver desse mistério
De sonhar contigo, enfim,
Mais parece um despautério.

Margarida de carmim,
Envergonha e conta ao néscio:
_Quem me amar será chinfrim,
Ou será meu cavaleiro?
Nem eu sei, nem o capim.
Jardineiro que é carteiro
Bem me colhe do meu fim;
Recolhida, sou canteiro.

Quem não pede ao Serafim,
Vai na fonte de nó e agueiro;
Quem se junta ao querubim,
Vaso d’água é sementeiro.
Margarida não é marfim,
Pedestal, vela ou candeeiro.
_Todos contra o seu Joaquim,
Mas quem gosta, o quer benjoeiro.

terça-feira, 1 de maio de 2012

EUREKA!

EUREKA!

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Bom é ter o que fazer

Depois do almoço e da sesta;

Espera do acontecer,

Começo do que nos resta.

 

Bom é ver amanhecer

O dia que nasce sem pressa,

Resposta de não sofrer

À dor do que não sossega.

 

Bom é se reconhecer

Humano quando se esmera

A fim de somar ao Ser

Perfeito, mesmo quando erra.

 

Bom é tentar compreender

Que estamos, somos a Terra,

A poeira nesse aprender

A amar o ser dessa estela.

 

Que a vida vem surpreender

À todos nós dessa gleba;

Seguimos não sem querer,

Queremos o bem. EUREKA!