Rio de Janeiro

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http://frasesemcompromisso.blogs.sapo.pt/

O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 30 de junho de 2018

Bom Descanso

Bom Descanso


Purifica esse cansaço
Que impede o muito pensar,
Que é do travesseiro o abraço
E que obriga a descansar.

Livra de todo embaraço;
É livro a recomeçar
Depois de um papel almaço
Que logo está a se doar.

Todo amanhã é novo passo,
Uma palavra a se doar,
Mas é preciso um terraço,
Um espaço a se recrear.



sexta-feira, 29 de junho de 2018

Um Espelho Invisível


Um Espelho Invisível


     Gaia era capaz de visualizá-lo com nitidez e, nele via as ruas, as pessoas, os gestos e trejeitos, as risadas e as discussões.
     Aquele espelho era um quadrado em forma de quadro, meio mágico, meio sem tempo, posto que distava até dois séculos atrás e olhava um futuro não trágico, mas realista.
     O problema era que ninguém mais via através daquele espelho que, embora de excelente qualidade e cristal, não era útil a mais ninguém nem mesmo como decoração.
     Ela o conseguiu quando ele iria embora como pedaço de vidro.
     _Para mim, isto é lixo, mas se você o quer, fique com ele. Acredito que ele irá para o lixo, mesmo ficando com você. Não se sinta obrigada a guardá-lo. Jogue fora quando quiser.
     Gaia pegou o espelho para si. Olhou uma vez e viu outra gente em outra era secular.
     De vez em quando pegava aquele espelho antigo em moldura de madeira e, se admirava pelo que via.
     Conseguia montar uma história inteira a partir daquele espelho, conseguia montar outra história a partir daquele espelho; eram muitas as histórias que aquele espelho contava.
     Um dia se perguntou por que era que aquele espelho era rejeitado pelos demais e percebeu que se o tivessem jogado, o teriam quebrado, e quebrado ele não contaria as histórias que contava com impressionante nitidez.
     Esse espelho dizia da falta de conhecimento universal, das generalidades que poucos sabiam e não sabiam porque o consideravam como entulho. Mas não percebiam que o entulho era o que lhes poderia abrir uma nova visão de vida.
     O espelho dizia que uma só literatura era o mesmo que nenhuma, mas quanta gente passa a vida sem nenhum livro, com apenas folhetos e resumos escolares? Esse espelho não os culpava, mas convidava a uma leitura inteira e pensada.
     Pelo espelho aparecia a roda de conversas cultas que através do tempo esmaeceu, mas nele ainda vive.
     Quanta história se perderá, exclama Gaia ao olhar o espelho. Nele não história imoral ou de crime, mas de civilização.
     Mas espelho que só um gosta é uma aflição.
     Mais um século e o espelho estará no lixo. Em resumo:1.800, 1.900, 2.000 e em 2.100 ninguém se lembrará que existiu um espelho capaz de contar uma história.
      A civilização de 2.100 não saberá o que perdeu. Também não é um espelho para ser quebrado ou jogado fora e, nessa magia contida dentro dele, também não pode ser doado.
     Também é uma ironia que esse espelho tenha vindo parar nas mãos de Gaia, mas se ela não o soubesse, não o teria recuperado para si.
     A história desse espelho é que a fez querê-lo para si.
     Agora ela vê porque o queria para si, porque a visualização desse contexto civilizatório é capaz de fazer com que as pessoas tomem atitudes ao invés de serem conformistas, e essas atitudes promovem o desenvolvimento em vários campos da atuação humana em relação à própria civilização em que se insere.
     São muitos os espelhos de Gaia, mas esse se difere no tempo.
     Espera-se que alguém leia essa história de Gaia em 2.100 e que esse espelho possa ainda fazer sentido, ainda possuir o encanto de se olhar a civilização através dos tempos.   
      

quinta-feira, 28 de junho de 2018

Vê-se o tempo

Vê-se o tempo


A música e a saudade
São amigas que se encontram
A qualquer dia e vontade
E rápidas se aprontam

Com toda a habilidade
De um momento que contam
Sem tempo à mocidade,
Pois o tempo que rondam

Não tem tempo ou se evade
Ao momento a que apontam,
E em cantando a saudade
Jamais se desapontam. 

quarta-feira, 27 de junho de 2018

Vai, Volta e Volteia

Vai, Volta e Volteia


Quando o que era uma aldeia
Inspirou a realidade,
 Vai, volta e então volteia
Em espontaneidade,


Vê a luz que se candeia
Em sol de afinidade;
 A alegria senhoreia
Em generosidade


E muito se proseia
Com amabilidade,
O que se homenageia
É esse dia em sociedade.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Cartão-Postal

Cartão-Postal


Essa paragem
É uma absorção,
D'uma mensagem
Da boa intenção.

Nessa paisagem,
A percepção
É uma estalagem
De observação;

Toda linguagem
É uma condição
De bricolagem:
Figuração.



segunda-feira, 25 de junho de 2018

Centro de Mesa - Uma história Junina


Centro de Mesa - Uma história Junina

     Jurema assistia um programa de televisão quando no intervalo para os comerciais, sentiu sede e foi pegar um copo com água.
     Na pressa para voltar à sala derrubou o copo com água sobre um centro de mesa. O centro de mesa precisou ser retirado e, rapidamente pensou em qual dos centros de mesa que tinha em casa combinava com aquele momento de descontração.
     O centro de mesa de crochê necessita goma, o centro de mesa de renda tergalizado está muito usado e embora estivesse novo, pela qualidade do tecido, fazia com que a mesa parecesse igual, comum e sem graça.  
     Lembrou-se do centro de mesa dado de presente por Ana Sílvia Canto que ela não gostava de usar porque vinha à memória a lembrança exata de como aquele centro de mesa havia chegado.
     Era um lanche de senhoras de certa idade e Ana Sílvia Canto apareceu, dizendo que sabia que as senhoras estavam reunidas e ela sempre pensava em trazer um presente à uma das senhoras, a mãe de Jurema.
     _Eu trouxe um centro de mesa que eu comprei para mim, mas não uso porque cada vez que olho para ele, lembro da senhora e da sua mesa. De tanto pensar nisso, hoje, ao saber que a senhora estava reunindo as amigas, resolvi vir até aqui e lhe dar este centro de mesa, que embora não seja caro, faz com que eu pense na senhora e em tudo que a senhora diz. A senhora me desculpe por vir até aqui dessa maneira, mas era uma necessidade minha lhe trazer este centro de mesa. Deixei tudo o que eu tinha para fazer e desmarquei também o horário com o dentista só para lhe trazer este centro de mesa.
     A senhora chamou Jurema, que estava no quarto estudando, mas em voz alta e na frente de todas as outras senhoras presentes, em torno de oito.
     _Jurema, temos uma surpresa! Ana Sílvia Canto está aqui.
     Jurema saiu do quarto para conversar com a jovem.
     _Jurema, querida, leve Ana Sívia Canto para a mesa e conversem, vocês devem estar com saudades uma da outra.
     Se o evento foi socialmente perfeito, o centro de mesa de presente ficou como se fosse uma indagação permanente.
     O centro de mesa foi usado umas duas vezes após aquela visita e guardado como se quisesse dizer alguma coisa.
     Já se passaram mais de vinte anos daquela visita, mas o centro de mesa era capaz de perturbar, indagar sem responder.
     Este centro de mesa era de tergal com acabamento em fita, pintado com flores tristes azul escuro sobre um fundo branco. Era também discreto e combinava com qualquer estilo de mobília, fosse moderna, de época ou clássica.
     Jurema, com um quê de eufemismo pensou que daria chance a si mesma para pensar mais uma vez em Ana Sílvia Canto, aquela visita e a frase que ela dissera a ela naquele dia: _Poderíamos ter sido amigas.
     De fato, Ana Júlia Canto era um pouco mais nova, mas os caminhos não eram coincidentes, o que fazia com que tivessem poucas conversas significativas.
     Enxugou a mesa e pegou o centro de mesa que Ana Sílvia Canto dera à sua mãe.
     Colocou o centro de mesa sobre a mesa e, pronto, tornou a lembrar das vezes em que conversou com Ana e aquelas flores tristes. Sentou-se numa cadeira e decidiu resolver o assunto Ana Sílvia.
       "Ana Sílvia estudou em outra escola, foi nesse e naquele lugar, era boa moça, séria e responsável aonde quer que fosse."
      È melhor fazer uma oração e pedir para que aquele centro de mesa não trouxesse mais aquela lembrança.
      Começou a orar e disse em silêncio:
     _Deus querido, eu nunca tive nada contra a Ana Sílvia Caminha, e parou naquele instante de orar, pedindo a Deus que o centro de mesa fosse abençoado.
     O nome de Ana Sílvia Caminha, a qual ela nem lembrava mais da existência, lembrou Jurema de um problema a resolver.
     Ainda pensando no centro de mesa, falou em voz alta Ana Sílvia Caminha.
     Nunca jamais conversou com Ana Sílvia Caminha e nem saberia dizer onde ela estudou ou a que lugares frequentou, mas havia um engano no seu problema e parecia que essa outra Ana Sìlvia poderia ter caído em engano, pois como os crentes sabem o "inimigo" é um enganador.
     Passam-se alguns dias e o problema é resolvido.
     O centro de mesa ainda está ali e Jurema não têm dúvidas e ora para que Ana Sílvia Canto esteja com o Senhor onde quer que ela esteja.
     Tudo aconteceu pelo fato de um copo com água derramado e um centro de mesa. Ainda bem que ela é crente.
         
        

domingo, 24 de junho de 2018

Ponto de Equilíbrio

Ponto de Equilíbrio


Se há algum melhor encontro
É com a sinceridade,
A palavra ponto a ponto
Busca a mais pura verdade,

E em si, é esse contexto pronto
De uma imutabilidade
Que não comporta pesponto.
Conta a singularidade


De não possuir contraponto
Na pausa d'uma humildade
A ressaltar esse ponto
De equilíbrio à causalidade. 

sábado, 23 de junho de 2018

Essa história... Miniconto


Essa história...

     Não é lenda do local e dos acontecimentos, são do jeito que são.
     _Que história é essa de não sair depois das cinco horas da tarde?
     São os bons conselhos daquele vilarejo. Ninguém sai depois das cinco horas da tarde sem que tenha automóvel e alguém da família fique olhando até que o familiar entre e feche o portão.
     É curioso, porque embora ninguém na região seja endinheirado, o perigo existe e assusta. Melhor é acordar às cinco horas da manhã e esperar o dia clarear para ir buscar o pão do café da manhã.
     _Não saia antes do dia clarear.
     O povo da localidade conta os casos de roubo de celulares e de limpa de objetos nas casas. Já houve até quem ficasse sob a mira de bandidos dentro de casa.
     Há anos que é assim. Olhando por este ponto de vista é impossível sentir saudades do lugar. O costume é tirar uma soneca durante o dia e cada um no seu horário para que todos os vizinhos acordem durante a noite e deem uma olhada na rua e na janela dos vizinhos para saberem que os outros estão bem.
     Não se sabe de onde aparecem os moleques que assustam a redondeza porque do bairro não são, mas existem.
     Parece que houve uma casa assaltada no início do ano e os ladrões fugiram em suas bicicletas, eram jovens. Conseguiram até mesmo filmar os bandidos, mas o boné tira a fotografia do rosto e eles são rápidos.
     O lugar era assim antes que os forasteiros chegassem.
     Causava medo quando os desavisados ignoravam os acontecimentos e saíam depois das cinco horas da tarde. Essa desobediência aos costumes do lugar, diziam alguns, trazia azar para a pessoa.
     Não era lenda, trazia mesmo. Todos os que não obedeciam essas regras conseguiam algum tipo de sofrimento.
     Os forasteiros estão surpresos com esses costumes, mas é assim já há algum tempo.
     Não se sabe quando foi que tudo mudou. O lugar era pacato e, nas noites quentes, costumava-se colocar as cadeiras no quintal ou na varanda, para quem as tivesse e levava-se também refrigerantes, rádios e livros, além de aproveitarem uma boa conversa com os vizinhos.
     Nas noites dos finais de semana, sexta-feira e sábado, era uma alegria no vilarejo, pois as crianças andavam em suas bicicletas, os jovens flertavam na praça e quem gostava de locais mais pesados, íam para a mesa de sinuca.
     Os forasteiros trouxeram com eles o silêncio e as poucas conversas e, pelo que contam, em nada mudou os costumes do lugar.
     Absurdo para eles, os forasteiros, mas para quem sabe dos costumes do lugar, sabe que tem que levantar à noite e dar uma espiada na rua.
     Até mesmo o horário de saída para trabalhar de cada um dos moradores é conhecido dos demais.
     Alguns levantam às três da manhã, ou alguém imagina que o pão fresquinho e crocante das sete da manhã amanhece feito?
     Outros chegam em casa por volta das onze horas da noite, são aqueles cujos familiares esperam até que o portão seja trancado.
     Todos têm os telefones de pelo menos quatro vizinhos, é para poder telefonar caso aconteça alguma coisa.
     Nos outros lugares a vida corre normalmente, mas ali parece que nunca mais será o mesmo lugar.
     Nunca se acusou ninguém da região porque uns conhecem os outros e os bandidos surgem do nada e somem do nada. Dizem que ficam rondando o lugar.
     Há mais de dez anos que é assim e as mães recolhem as crianças cedo e não deixam que brinquem no quintal à noite.
     Algumas famílias mudaram-se do lugar como foi o caso de uma mãe que viu a filha ser assaltada de dentro da janela da sua casa e ficou sem poder defender a moça que voltava do trabalho.
     Outras famílias pensaram em sair do local e desistiram, são idosos que não saem à noite, para os quais o período das sete da manhã até às cinco horas da tarde é suficiente para tratarem dos seus afazeres.
     Alguns filhos desses idosos ficam deveras preocupados com mães e pais, dirigindo-se até eles a qualquer hora do dia para atendê-los.
     Políca tem e câmeras de segurança também, mas a situação é difícil até mesmo para quem faz a segurança.
     A pergunta que se faz é onde é que esses bandidos se escondem porque ninguém consegue saber como é que desaparecem durante o dia e no final do dia retornam.
     Uma senhora foi aconselhada a não sair ao cair da tarde sozinha e nem chegar com parentes ao lugar de madrugada.
     Agora chegaram os forasteiros e perguntam que história é essa.
     Não é história, não tem nenhum bandido igual àqueles perigosos que aparecem na televisão.
     O mistério é esse. Não é ordem de ninguém e todo o lugarejo cumpre essas normas de segurança porque precisam morar naquele lugar.
     E tudo isso para que o lugar não pareça mal assombrado, se bem que agora podem colocar a culpa em algum bandido fantasma, pois a crendice e a lenda são conhecidas de longa data.
     Agora, se além desses misteriosos bandidos, aparecem assombrações, o lugarejo ficará inabitável.
     Cada lugar tem suas histórias e não se sabe quando é que um lugar começa a ser um mal lugar, mas todos desejam mesmo é permanecer em saúde e confiança em relação ao seu lugar.
     Absurda é essa história pela realidade com a qual se apresenta, mas não é para quem já se acostumou a ter que conviver com ela.
     Essa história não é história.          

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Subjetividade

Subjetividade


Subjetiva é a poesia
Quando diz a esse dia
Que está ainda a acontecer
Igual a ontem, a ser

Melhor do que previa,
Mas não diz a que dia,
E quer permanecer
Como alegria de ser

Dentro a alma que arrepia
Por ser mais que aletria,
Refeição de se ter;
Está a amadurecer. 

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Tempo e Espaço


Tempo e Espaço


Buscar sem saber
Do exato encontrar
É tatear sem ver
O que se irá achar,

E tudo a fazer
Está em continuar
Porque há algo a dizer,
Sem palavras ao ar,

Ainda a se tecer,
A verbalizar
Sem nenhum querer;
Há algo a se pensar.

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Sutil Friagem

Sutil Friagem


Curta é essa caminhada,
Suficiente é o arejar,
Porque o amanhã é a invernada
De literal folhear.

Em lareira dourada
Nada há a desperdiçar
Perto às meias tricotadas
Feitas a agasalhar.

Parece exagerada,
É a umidade pelo ar
Sutil friagem, lufada
De vento ao se secar.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Repórter Edson Prado Entrevista Vamp sem Lâmpada

Repórter Edson Prado Entrevista Vamp sem Lâmpada

     O blog chamou o repórter Edson Prado, agora trabalhando como free-lancer devido à diminuição do mercado editorial.
     O blog propôs a ele uma matéria sobre vampiros, tendo em vista que alguns colegas blogueiros insistem e, têm público certo, para os contos de terror.
     Edson disse que, para chamar atenção, fazer alguma mídia particular em cima da entrevista, ele iria entrevistar um vampiro num local sem lâmpadas.
     O blog, em princípio não concordou, afinal chamou o repórter para fazer uma matéria, mas não tinha a menor intenção de expor ninguém a qualquer risco que seja.
     Ele disse que sabia lidar com o assunto e tinha dentes de alho, apetrechos de prata e alguma segura confiança para entrevistar Vamp sem lâmpada.
     Segundo ele, Vamp é um codinome de vampiro, o qual ele não especificaria mais nada, para que Vamp dissesse o que quisesse, livre, leve e solto com os dentes de alho à mão.
     O blog, no caso a dona dele, eu mesma, pensou e decidiu permitir a entrevista.
     Passadas algumas noites, Edson Prado volta ao blog com a matéria, os dentes de alho e os apetrechos de prata.
     A primeira pergunta do blog a ele, foi exatamente essa:
     _Conseguiu fazer a entrevista sem levar nenhuma, bom, desculpem o termo, mas a pergunta foi direta: chupada?
     Ele garantiu que não e ainda mostrou o pescoço íntegro e sem marca nenhuma.
     _Como foi a entrevista?
     Ele disse que a entrevista foi ótima porque Vamp era o tipo de vampiro que deixa o sangue para o final. Ele primeiro tempera a alma antes de consumir, acha mais saboroso. Disse também que era sincero nas arguições porque singelezas não funcionam com vampiros, afinal eles são vampiros e não gente.
     _Que negócio é esse de temperar a alma?
     Ele conta que Vamp gosta de deixar a pessoa sem graça. Olha com olhar de contrariedade a qualquer objeto ou vestimenta, seja qual for.
     _Edson, por favor, exemplifique.
     Edson concordou e disse que se você usar roupa vermelha, ou é comunista ou partidária das coisas do demônio, se você usar amarelo e não for copa do mundo, resolveu ajudar a sinalização do trânsito, está com hepatite, ou fazendo campanha contra a febre amarela. Se você usar cor-de-rosa ou é infantil no sentido de deficiente ou se acha bonitinho ou bonitinha, enfim, de qualque maneira ele faz qualquer um se sentir ridículo.
     _E o que você disse?
     Ele comeu um dente de alho e não disse nada.
     Mas ele continuou o detalhamento da entrevista e perguntou o que Vamp fazia depois que conseguia deixar a pessoa sem graça.
     Vamp contou que, quando alguém se sente sem graça, ela procura melhorar e a ajuda.
     Interrompi e disse que era um absurdo, desde quando vampiro ajuda.
     Ele disse que Vamp ajuda a piorar a situação.
     _Como assim, perguntei.
     Ele disse que Vamp contou um caso em que a pessoa, no caso a vítima, se sentiu tão mal, que pensou em passar uns dias num local que desse posição social ao hóspede. Vamp arrumou um local de hospedagem num bairro nobre de uma grande cidade e a vítima, de tão aborrecida que estava consigo mesma, aceitou.
     _Vamp fez isso?
     Ele disse que Vampa ria soturna. Nesse lugar havia morcegos, mas era muito chique e elegante o local. Bastava que se cuidasse com os morcegos ao cair da tarde e aproveitar a temporada.
     A pessoa voltava pior do que estava antes de ir, se antes se sentia mal com o seu jeito de se comportar, agora tinha acrescentado alguma ansiedade e nervosismo com hora marcada.
     Eu sabia que a entrevista não era um bom assunto, mas apesar de estar aborrecida, pedi para que desse continuação.
     Ele perguntou à Vamp se havia mais algum tempero E o vampiro disse que agora era o momento de providenciar os elementos de bom gosto. Providenciava alguns telefonemas de boutiques que vendiam roupas discretas e consolava o mal estar dizendo que não havia nada que algo preto, bege e cinza não resolvessem. Se a vítima fosse mulher ele ainda aconselhava a fazer uma maquiagem supernatural preferindo a boca no tom bege-base.
     A essa altura, eu exclamei:Que horror!
     Edson disse que a ideia básica de Vamp era essa, um horror com final sangrento-chupado.
     _Ah, está bem, mas como é que o vampiro consegue isso.
     Edson disse que, aos poucos, a vítima fazia a vontade do vampiro, e mudava isso e aquilo para parecer melhor, mas o que acontecia era o inverso, a cada dia ela parecia mais abatida e fraca aos olhos de todos e criava em torno dela um ambiente triste.
     _Espera um pouco, disse eu. A vítima não percebe que está caindo nas mãos de Vamp.
     Ele disse que não percebia e se recusava a comer alho para se defender e era necessário que comesse alho, porque é o tempero que impede o vampiro de sugá-la até o final. Explicou que em determinados ambientes o alho é mal visto porque causa halitose e a vítima era inserida especialmente nesses ambientes.
     _Resuma, por favor, que eu não aguento mais essa história.
     Ele resumiu, dizendo que abatida pelo ânimo que adquirira, facilmente se deixava levar por pessoas sem escrúpulos e Vamp a dominava por completa, ou seja, unhas, cabelos, roupas, maquiagem até que por algum motivo, a pessoa desmaiasse. Vamp providenciaria o funeral.
     Perguntei se todas morriam:
     _Algumas se tornam vampiras.
     Agtadeci ao Edson e nunca mais quero saber desse assunto e até esqueci desses meus óculos chamados de "Elton John".
     Ele me deu um dente de alho e comi às pressas.     

segunda-feira, 18 de junho de 2018

Serenidade

Serenidade


Serenidade, 
A saciedade
Que é definida
E acontecida

Como entidade
D'alma em verdade,
Quando expansiva
E subjetiva

De infinidade
E suavidade
Correlativa
Que se elucida.

domingo, 17 de junho de 2018

Floreio

Floreio


Longe das frestas,
Surgem arestas;
Tudo é começo
Ainda sem preço.

Sem muitas festas,
Ideias modestas
Têm esse apreço;
 Direito e avesso.

Novas sestas
Possuem serestas
E seu adereço
Num som travesso.




sábado, 16 de junho de 2018

Artifício

Artifício


Inverno é exercício
De imaginação,
Avisa o solstício
Em musculação.

Em casa, o seu início,
Com forno e fogão,
E nesse artifício,
Um queijo no pão.

Mãos em lanifício
Fazem boa invenção
E nesse artifício
Não para mais não.


sexta-feira, 15 de junho de 2018

Admiração

Admiração


Entre lápis e pincéis
Estão alguns quadros pastéis,
Desbotados pelo tempo
Que não se vão com o vento.

Veem-se ainda alguns carrosséis
E nos poucos tons, corcéis
Em rodas que giram lento,
Tempo de contentamento

Visto por sobre painéis
Dos dias de fartos farnéis
À tela tênue ao momento,
Trazendo em si movimento. 

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Sobre o Erro / Reflexão

Sobre o Erro / Reflexão

     O erro é acreditar no engano, esta é a frase que resume o que ensina a doutrina batista.
     Acredito seriamente nessa frase.
     Paro para pensar no que pode levar a tal acreditar e, penso que o desamor se dá primeiro. Desamor nesse contexto significa não ser capaz de gostar de outro ser humano.
     Nesse caso não há engano, há a certeza de que existe desamor, seja por vontade, ou seja por indiferença, ou seja por distração como desculpa.
     O desamor é o engano. Pensar que ninguém é bom, que todos têm o seu lado mau.
     Pensar dessa maneira é se pensar incapaz de ser amado (a) suficientemente. Pensar assim é dar chance ao engano.
     O ser humano é capaz de gostar do outro ser humano sinceramente.
     Para isso basta perceber que vale a pena gostar das pessoas e se sentir bem quisto por outros sem segundas intenções.
     Engano é pensar que todos os outros usam de malícia, uma mentira que percorre o mundo.
     Engano é pensar na rotina matematicamente. Volta e meia esse meu erro é corrigido e, surgem problemas que me fazem mudar a rotina e valorizar mais as pessoas. Eu também preciso dos outros, eu também preciso dar atenção aos outros, mas com pureza na alma e com menos frieza.
     Hoje aprimorei os valores da compreensão em relação ao mundo em que vivemos; a música fica para amanhã.
     Não liguei a televisão e não ouvi música e estou feliz, essa felicidade que vem da dificuldade que me faz enxergar no outro um amigo.
     Sem distração, indiferença ou malícia.
     
       

quarta-feira, 13 de junho de 2018

Sintonia, Sincronia e Deus


Sintonia, Sincronia e Deus

     Imagine-se uma emissora de rádio. Para sintonizar uma emissora de rádio é preciso localizar os números da estação.
     A escolha de uma estação de rádio depende do seu humor para músicas e notícias e mesmo entre as notícias é possível escolher a emissora ou escolher a hora em que se sabe que determinadas emissoras divulgam as notícias diárias dependendo do tempo disponível para tal lazer.
     Às vezes liga-se o rádio e começa a tocar uma música que agrada e, outras vezes, exatamente o contrário e você muda de estação para procurar algo aceitável naquele dia. A isso se chama de sincronia.
     Deus está nessas escolhas, porque a maioria de nós possui um nível de espiritualidade capaz de buscar o bem e, temos então sintonia, sincronia e Deus.
     A sincronia e esse bem chamado Deus independem da sintonia, ou seja independe de se estar dentro de uma igreja - edifício.
     A sensação de sincronia com Deus pode se dar em qualquer lugar e horário, independente da religiosidade formada pela teologia, mas pelo bem imaterial presente na sua alma num determinado momento e, principalmente, à qualquer momento de forma inesperada.
     A sintonia com o bem e a prática automática do bem não incluem necessariamente a presença de Deus, pois pode ser uma atitude humana obrigatória como esperar o semáforo abrir para atravessar na faixa de pedestres.
     A sintonia e Deus volta e meia criam a sincronicidade dos fatos.
     Com o intuito de exemplificar, prefere-se a metáfora. Como metáfora pode exemplificar como um dia em que a mangueira da máquina de lavar louças se parte e gera um vazamento sobre a pia e a água quente que vaza quebra um xícara de cafezinho que estava para ser lavada dentro da pia num dia de geada e o contraste térmico parte a porcelana, cujos cacos entram no ralo da pia e, de uma vez só você tem que chamar o técnico da máquina de lavar louças e o encanador para desentupir o ralo, perdendo a saída para uma confraternização entre amigos.
     Você não pode sair e, depois fica sabendo que houve um assalto ao lado do local da confraternização, que a polícia veio e teve tiroteio e pegaram os assaltantes e, que sendo assim, a festa foi interrompida e meio à muita confusão.
     Aquele dia você não entende até hoje, mas se você fosse, você não tem a menor ideia de como seria e nem como você reagiria numa situação de estresse.
     Quando acontecem tais coisas, muitas vezes se diz que Deus interferiu.
     Existem sincronias que não têm explicação definida, simplesmente acontecem independentemente da sua vontade.
     Essas são as manifestações do inexplicado.
     A sintonia e a sincronia nem sempre se traduzem em acontecimentos bons. Você acorda cedo e vai até uma igreja e volta com preguiça de caprichar no almoço. Logo a preguiça, um mal conhecido da humanidade. 
     A sincronia e Deus, ou seja essa disposição boa para o dia a dia, geram a sintonia. Essa sensação de sintonia se traduz naqueles dias em que se vê todos os outros como irmãos, como pessoas voltadas ao bem e, nesse dia tudo acontece conforme o planejado de maneira intuitiva, nada cronometrado ou agendado.
     De maneira alguma se pode negar que tais fatos existam.
     Porém, quando tudo acontece ao tempo em sintonia, sincronia e voltado ao bem, não tente explicar, ou se vive tal coincidência ou não se pode crer.
     Tentatei usar metáforas. 
     A xícara de cafezinho quebrou e busca-se uma num supermercado, encontra-se uma amiga que há muito não se via, as ideias se renovam, uma moça que trabalha com degustação as convida para experimentar macarrão feito de pupunha com molho de tomate. Palmito em forma de macarrão? Sim, existe. Depois uma fatia de pão com requeijão acompanhado de um cafezinho. Gasta-se uma hora de supermercado entre conversa agradável e degustações. Por sorte as amigas tinham esse tempo livre para as compras.
     Nesse dia tudo dá certo, embora não fosse planejado.
     Agora suponha todos os fatos em ordem consequente.
     A busca pela rotina se faz necessária.
     Mas houve sintonia, sincronia e Deus.
     Entender é que é para muito tempo. Se é que será possível tal entendimento. No entanto, é possível e é interessante observar isto.
     Embora esse seja um texto inconclusivo, traz esperança a quem pensa que nada é capaz de surpreender, pois a vida é cheia dessas surpresas que dão ânimo ao espírito. Pronto.  
     

terça-feira, 12 de junho de 2018

A Velocidade da Tecnologia / Comentário



A Velocidade da Tecnologia / Comentário

     De novo a tecnologia. Devo dizer que eu não entendo dessas conexões todas a que estamos sujeitos no dia a dia.
     Comparar vantagens e desvantagens entre aparelhos de televisão é, para mim, algo inútil. O que eu quero mesmo é conseguir meia hora para assistir a televisão.
     Devo explicar que deixo os controles da televisão na minha cadeira, ou poltrona, como preferir o leitor.
     Quando eu consigo essa tal de meia hora para assistir televisão, pode acontecer que me sente em cima de um controle remoto. Literalmente, é preciso reiniciar, abrir o menu e recomeçar toda a programação.
     Da primeira vez que isso aconteceu, eu demorei uma hora e meia para entender para que serviam os botões do controle remoto. Da segunda vez, cinquenta minutos, mas agora eu já sei reiniciar a televisão.
     O avanço tecnológico é bom, mas lidar com as funcionalidades de menu, legenda e dublagem  é algo que me incomoda. Existem filmes onde a legenda pode ser interessante mesmo para quem tem algum conhecimento de língua estrangeira, outros filmes merecem ser vistos como auxiliares de aprendizagem e, outros ainda, principalmente os musicais, devem ser assistidos sem legenda ou dublagem, porque há o risco de perder alguma cena interessante em consequência de legendas ou dublagens, cujo conteúdo é de múltiplas informações musicais.
     Para os mais jovens lidar com tantos apetrechos tecnológicos simultaneamente, provavelmente seja mais fácil.
     Por outro lado, alguns jovens não se preocupam com os custos e nem consideram investimentos a televisão e a internet, para eles é algo normal, mas para os jovens a mais tempo, significa assumir um custo com benefícios ou não.
     O caso se remete à uma televisão antiga, fabricada antes da era digital, mas com bom funcionamento.
     Pesquisei o conversor digital e constatei vários modelos, com antena interna ou externa, com preço variáveis. Para adquirir um conversor digital é preciso perguntar a quem tem e saber se estão satisfeitos com o conversor.
     Inventaram a tv pré-paga e recarregável através de antena e operadoras próprias. Uma série de perguntas surgiram no mesmo instante, como por exemplo se a antena é externa ou interna ou se quem adquire tem que pagar para assistir aos canais abertos.
     Vou escrever horas sem fio e não chegarei à nenhuma conclusão antes de me informar sobre o conversor digital e sobre as condições do pré-carregamento com canais fechados a tal da televisão pré-paga.
     Direcionei a internet para outra operadora de televisão paga e internet. Descobri que eles inventaram um modem para internet que possibilita um segunda rede de wi-fi para quem usa internet pela cidade. Basta entrar na rede com login e senha que a sua internet particular pode ser usada pela cidade inteira.
     Preciso me atualizar sobre a questão tecnológica novamente, pois a nenhuma das indagações consegui resposta que fosse suficiente.
     Ao invés de esclarecer o assunto, o que eu consegui foi aumentar o número de perguntas a respeito de televisão e internet.
     Essa questão ficará parada até que eu consiga alguns esclarecimentos.
     Além do mais, se eu escolhesse o conversor digital, seriam necessários cabos para conectar junto à televisão, conforme modelo e ano de fabricação.
     Pensei bem, parei com a pesquisa e fiz o texto do dia. Melhor para mim.
     A velocidade das inovações tecnológicas e o aproveitamento das tecnologias antigas é uma questão interessante como é o caso de uma televisão antiga e as novas possibilidades e o wi-fi que vai passear com o proprietário.
     O difícil é decidir. É preciso refletir e estudar a questão, mas é preciso tempo para isso, e assim a televisão é ligada apenas para se saber se ainda liga.
     Texto para a filosofia.   

segunda-feira, 11 de junho de 2018

Emocional

Emocional


São as emoções
As mudanças,
As andanças,
As porções

De serões
Em lembranças;
Sermos crianças
Em canções

De milhões
Em festanças.
Esperanças
Com balões.


domingo, 10 de junho de 2018

Experiência Musical / Crônica do Cotidiano

Experiência Musical / Crônica do Cotidiano

     Sobrou meia hora e fui às músicas como ouvinte, e em sendo ouvinte prefiro as músicas desconhecidas e clássicas, um bom passatempo.
     Escuto uma e mais uma e encontro um sentimento num blues.
     Esse sentimento combinava com o meu estado de espírito, não perceptível facilmente.
     Comecei a solfejar o blues e achei bonito. Mais alguém dentro de casa interfer:
     _Pode aprender essa música. Eu não sei o que é, mas combina com o dia.
     O dia de hoje, aqui em Curitiba é frio, mas em meio ao frio observaou-se nuvens, sol e chuva. De tudo um pouco.
     _Mais café.
     _Mais café.
     Interessante foi observar como a fome desapareceu na hora do almoço.
     Culpou-se o café pela falta de apetite.
     Vamos sair.
     A notícia de uma cardiopatia.
     _Estava doente?
     _Não mais do que ontem. Outra pessoa.
     Empurra-se o dia para que chegue logo a segunda-feira.
     _Aprenda esse blues.
     Estudarei.
     

sábado, 9 de junho de 2018

A Discussão sobre O Livro que Não Foi Escrito


A Discussão sobre O Livro que Não Foi Escrito

     O livro não escrito começou com uma provocação:
     _Duvido que você consiga ler este livro.
     A sensatez e o raciocínio, entendendo a provocação e pensando que poderia se tratar de uma verdade, sugeriu:
     _Se eu não consigo ler este livro, isso eu não sei, mas sei quem pode ler para mim.
     Ousadia não lhe faltou ao dizer:
     _Você que nada sabe de nada, leia e faça um resumo.
     Um resumo de cento e oitenta páginas foi feito e discutido com aquele que achava que talvez não pudesse ler o livro.
     _Ah, isso por certo que não fica assim. Você escreveu cento e oitenta páginas manuscritas num período de seis meses. Vou fazer um trabalho sobre a sua leitura.
     Contatada a editora e o preço da diagramação, começou-se a digitar o texto resumido.
     A cada capítulo digitado, anotações eram feitas para pesquisas complementares após terminado o texto completo.
     _Depois disso, discutiremos o texto novamente e eu ensinarei alguma coisa à você, que teve essa capacidade de fazer um texto seco e claro.
     Passadas algumas páginas digitadas e relidas, chegou-se à conclusão de que era melhor parar de escrever porque era um livro sem ideologia, mas que poderia vir a adquirir alguma no decorrer do estudo.
     Muito além da ideologia de gênero, mas sim político-ideológico. No entanto a discussão sobre a escola com ideologia e sem ideologia de gênero foi a primeira discussão referente ao texto. Porque, havia dentro dessa discussão sobre a escola, uma ideologia política.
     Assim discutia-se o papel fundamental do pai e da mãe na educação infantil e o papel dos professores com os seus limites profissionais. Discutiu-se igualmente as origens culturais das famílias e a convivência salutar entre essas famílias dentro de um ambiente educacional.
     O livro, no entanto era para adultos. Posicionamentos diante das circunstâncias apresentadas era matéria obrigatória.
     Chegou-se à conclusão de que os escritores, quase que compulsoriamente, deveriam ser articulados, os seja, engajados em grupos de interesse que os defendessem. Por mais que se tenha habilidade com textos, é mais fácil escrever um livro muito vendido do que um livro de conteúdo com pontos de vista pessoais.
     Começou-se um intenso debate sobre o que era ponto de vista pessoal e o que era técnico, possivelmente oriundo das pesquisas adjacentes. 
      Começou-se igualmente uma discussão sobre a sociedade em que se vive, devoradora de contextos que difiram dos seus interesses.
     A sensibilidade por certo que interfere na redação de qualquer texto.
     Como expor a sensibilidade de um texto, pois isso exige outra técnica principalmente quando há por conceito não magoar suscetibilidades desconhecidas.
     Entra em questão a figura do leitor. O leitor pode ser frágil ou forte, competitivo ou compassivo, um livro é para que qualquer pessoa alfabetizada possa ler.  
     As discussões se sucederam entre o que era leigo e o que era técnico.
     Um livro de psicologia veio à tona. Decifrado, conclui-se que o conhecimento sobre psicologia seria precário para a conotação exigida.
     No entanto, ambos saíram sabendo mais do que antes do texto. O que era insuportável para um, o outro era didático e vice-versa.
     Diante dessa discussão, surgiu uma discussão interessante que era a origem dessa insegurança de escrever um livro.
     Voltou-se à discussão inicial. O pai e a mãe não tinham responsabilidade nenhuma nessa insegurança, também não havia nenhum motivo para discussão de gênero nem em casa e muito menos na escola.
     A insegurança era originária da desarticulação. A desarticulação tornaria um estudo defensável em discussão ideológica.
    Muito embora cada ser desempenhe um papel especificado em sociedade, estamos numa época onde é moda a invasão da privacidade individual tanto na sua forma real quanto virtual, o que em contrapartida exige que as autoridades também invadam a privacidade individual em acordo com as suas necessidades para garantir a boa convivência em sociedade; constatação que em si mesma é fator de insegurança para escrever um texto.
     Assim sendo há uma enorme discussão sobre um livro que não foi escrito, mas que é muito interessante por todas as discussões que é capaz de gerar. Se um texto simples é capaz de produzir tamanha indagação, imagine o leitor se for escrito.
     Uma provocação, um livro lido e não se sabe quando essas discussões vão terminar entre um leigo digitador e um leitor perspicaz. 
     

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Fio Terra

Fio Terra


Tristeza é sorte
E o inferno é a guerra,
Deus livre a morte
Que a dor encerra.

Que se comporte
No amor à terra,
Que se reporte
Ao perdão quem erra,

E que conforte
Todo pós-guerra
Num contraforte;
Seja fio terra.

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Momento Estático


Momento Estático

Lucidez é saber do frio,
Da realidade desse tempo,
E calcular sem ser sombrio;
Considerar um contratempo

Como uma pausa de arredio
Que é necessária para o alento
Indispensável ao elogio
Que se pretente a um livramento.

Desconhecido é o calafrio
Que não sofremos em lamento,
Esse imperceptível estio
Em meio a essa chuva que é ao relento.


quarta-feira, 6 de junho de 2018

Jujubas Juvenis

Jujubas Juvenis


Certezas são jujubas,
Anis, abacaxis,
Por que não também uvas
Saboreadas em xis,

Dias de chuvas miúdas,
Sentimento aprendiz
Conforme o dos caçulas,
Conforme são sutis

Os dias frios e as leituras
Feitos poema feliz
Onde as tantas branduras
Tornam-te juvenis. 






terça-feira, 5 de junho de 2018

Comunhão

Comunhão


Se não fosse esta lembrança,
Esta cultura a que alcança,
Tudo o mais seria banal,
Acrescentaria em igual.

Mas se difere, se avança
Em saber dessa esperança
De um espírito imortal
Que rege o humano a tal

Movimento de bonança
Que só espelha à semelhança,
Ao que é divino e ao que é o ideal,
Numa ideia em linha de graal.

domingo, 3 de junho de 2018

Dedicatória

Dedicatória


Deslocado tempo e espaço,
À eles, manda-se um abraço,
Preserva-se uma memória,
Mas segue-se uma outra história,

Porque é outro o tempo e o compasso
Necessário e não é embaraço,
Ao contrário, não é acessória;
De fundamental oratória

D'onde não há queda-de-braço
Nem por rima e nem cansaço,
Compõe-se a dedicatória
Aos comensais em si própria.

sábado, 2 de junho de 2018

Pudim de Pão

Pudim de Pão


Sobra tempo,
Pensamento,
Bem querer.
A chover

Sem vento,
Experimento
É se ler
Sem querer;

Alimento
De um momento
A envolver,
Transcender.




sexta-feira, 1 de junho de 2018

Para Vinícius

Para Vinícius


Não pode ser diferente
Aquilo que é transformado
Em realidade presente,
Nem com ar condicionado.

Torna-se distante e ausente
O que nem mesmo é passado,
Pois o que é não se desmente,
Anda com a gente ao lado.

E, no entanto é diferente
O dia, se bem for pensado.
Vinícius diz de repente,
Não mais assim; é passado.