Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

quarta-feira, 31 de julho de 2013

Surpresa

Surpresa

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Surpresa é o inesperado presente

Surgido de um afeto constante,

Oculto à dimensão o suficiente

Do amor contraditório e incessante.

 

Ninguém a raciocina ou pressente

À festa da emoção que, distante,

Se der, ao provar do arroubo que sente;

Do amigo, em descobrir de si o adiante.

 

Importa desse afeto indolente,

O gozo do sentimento infante

À gélida razão inconsequente,

Dizendo com ardor que é seu amante.

terça-feira, 30 de julho de 2013

Lealdade / Reflexão

Lealdade / Reflexão

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Lealdade é palavra gasta que anima o espírito a continuar a trilhar o caminho do bem. É um sentido não obrigatório, depende da consciência de cada pessoa e da intimidade espiritual, onde esse sentir pode vir a ser o realimentador da boa vontade dentro da humanidade.

A vontade de se sentar frente ao outro e compartilhar sentimentos, falar de amor, de paz e de esperança é alimento.

Outro dia sentei-me para comer feijão com farinha de mandioca num shopping. Paguei pelo feijão com farinha e acompanhei com uma lata de refrigerante.

Na mesa ao meu lado havia uma jovem adulta que me viu com o prato e os talheres.

Ela ria de mim e eu terminei por sorrir para ela.

A lealdade de sentimentos lembrava aquele prato bem servido. Existem tantas iguarias nos Shoppings Centers, mas nenhuma iguaria me daria àquela satisfação.

Sei que o exemplo é simples demais, mas a lealdade é simples, é a vontade de comer feijão com farinha satisfeita sem gasto excessivo.

Estava no centro da cidade e, no entanto, comia o sabor do interior.

Dessa vez não teve café, dessa vez teve sabor de lar.

Depois dessa crônica, concluo que a lealdade é simples e, a franqueza, pode ou não ser rude. Somos nós que rotulamos o feijão, o feijão, enquanto grão é alimento para o estômago; não tem qualidades espirituais.

Esse prato de feijão não era rude, foi manuseado com os talheres e em bom comportamento à refeição. Era engraçado porque é engraçado comer feijão no Shopping. São os conceitos estereotipados que o transformam em engraçado o que, na realidade, não é.

A oportunidade para nos livrarmos desses conceitos são raras. É difícil combinar a fome física com a vontade da alma. A essa harmonia é necessário estar-se centrado psicologicamente e concentrado na atividade trivial.

Acresça-se a isto uma serenidade e a sensação de bem estar oriundas da lealdade de parte a parte, estômago e espírito.

Quando, por ventura, conseguimos exteriorizar esta lealdade e passamos a tratar os outros com tal sinceridade, que desprovida de rudeza, transforma a nossa sociedade numa sociedade compatível com as aspirações de boa convivência, porque no fundo de cada ser humano há o desejo de conviver bem com o próximo, aumentamos a qualidade da vida dessa sociedade.

A moça que olhava o meu prato, o olhava com vontade, mas ela mesma comia um X-qualquer-coisa.

Às vezes podemos fazer o que queremos, mas é preciso que nos permitamos.

Nessa reflexão um tanto quanto humilde, e reconheço essa humildade no texto, eu acredito que para sermos leais aos outros, necessário se faz que sejamos leais com os nossos sentimentos e vontades, quando esses, em si mesmos, não expressam contradições que impeçam a serenidade de coabitar junto ao pensamento.

Hoje estou para reflexões e, deixo-as entre os blogueiros e amigos.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Poema Embalado

Poema Embalado

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Em caixa a voz recolhida,

Balões brancos, vãos pensados,

Que aos sonhos quer ser guarida,

E, sendo abrigo, são dados...

 

Da tinta a ser resumida.

Não lidos ou sussurrados,

Seus feitos se opõem à lida;

Silentes não cantam bardos.

 

Porque a dita quer ouvida,

Ou, a escrita desses fraseados,

E a frase não dita à vida...

Criam mofos deseducados.

sábado, 27 de julho de 2013

Indriso da Compaixão

Indriso da Compaixão
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O sol nesse céu aberto;
A luz que há ao descoberto
Aquece em mansidão.

Degela se é desperto
Do sono do dia incerto,
Mendigo e compaixão.

De longe, vê o concreto;

De perto, o coração.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Invasão Extraterrestre em Pernambuco? Crônica do Cotidiano

Invasão Extraterrestre em Pernambuco? Crônica do Cotidiano

Os portais Terra, do Jornal do Brasil, da Folha de São Paulo e do jornal O Globo publicaram no dia 24/07/2013 a queda de um avião em Pernambuco.

Horas depois republicaram a matéria transformando o fato em suposto.

As autoridades foram até o local da possível queda na Barra de Catuama e nada constataram. Até agora ninguém se queixou de avião perdido ou de pessoas não encontradas.

As chamadas para as autoridades foram realizadas de três regiões diferentes, ou seja, algo caiu do céu.

Eis a razão da existência de um estado constituído com seus poderes em funcionamento: a descoberta do que realmente aconteceu.

Se ninguém se perdeu, alguém nos achou. Talvez os extraterrestres tenham preferido Pernambuco pelo clima agradável e a beleza exuberante do lugar em conjunto com a acolhida simpática dos seus moradores.

Parênteses meus: são muito simpáticos e acolhedores os habitantes da Veneza brasileira.

Não que eu acredite em UFOS, mas esta é uma oportunidade imperdível. Algo cai do céu, a população se aglomera no local para ver e ainda houve algumas pessoas que afirmaram terem visto o navio na costa passar perto da "coisa”, que para eles era um avião e afundar a tal coisa.

Existem outros que “em tese” afirmam que pode ser que os populares das localidades tenham confundido a peça transportada com algum avião caindo.

Eu pergunto a você: Desde quando navios caem do céu. Já fiz passeios de barcos e outras embarcações. Até hoje nenhuma delas decolou ou aterrissou. A menos que o navio em causa possua um porta-aviões, não há como se especular a respeito tratando o fato como ilusão de ótica.

Outra suposição, exclusivamente minha, é que o Google tenha enviado “par avion” (maneira sofisticada de enviar cartas) um Google Glass Gigante para estudar os recifes naturais e os corais numa expedição geológica secreta sem a concordância do governo brasileiro. No Brasil, tudo é possível e não se pode negar essa possibilidade.

Mais uma suposição: os russos enviaram um satélite para investigar a espionagem americana no Brasil com o intuito de reiniciar a extinta guerra fria. Nesse ponto eu protesto: de frio bastam as neves e as geadas no sul do país. Deixem Pernambuco do jeito que é!

Importa o fato de que precisamos saber o que caiu no mar, ele é território nacional e os invasores (supostos invasores, tendo em vista que podem ser marcianos ou lunáticos) necessitarão regularem os seus documentos na alfândega.

Agora, se forem extraterrestres, me avisem para que eu passe um café e os convide a todos para virem à minha casa. Avisem a eles que sou inteligente e hospitaleira e, portanto, eles podem aqui chegar despreocupadamente.

Com a vontade de saber se foi pedaço de satélite, meteoro ou algo semelhante, aguardo respostas convincentes, mesmo que não me convençam como gostariam de me convencer.

Para concluir, uma música patrótica:

 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Retratos Que Falam

Retratos Que Falam

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Silvana não queria viajar com os pais ao interior. A festa dos amigos seria na sexta-feira e ela não deixaria de ir. Comemorariam os vinte e um anos do Juliano.

O pai e a mãe negociaram com a filha e decidiram que viajariam no sábado e, como a moça não conduziria o veículo, poderia estar com eles e cochilar durante a viagem.

Silvana exultou ao ir à festa e viajar com a família em seguida, o final de semana seria festivo e feliz para todos. Comprou vestido e marcou cabeleireira. Gostou da festa.

No sábado foram todos para Jaguapitã, interior do Paraná.

Chegando à cidade, hospedaram-se no hotel da cidade e, depois de se arrumarem para tomar um lanche, a mãe da Silvana ligou para a tia Florinda, que tinha setenta e dois anos e não conhecia a moça. A família dirigiu-se para a casa da tia, que os esperava para conversarem e matarem as saudades.

Enquanto a mãe, o pai e a tia conversavam, Silvana viu o retrato na parede. A moça do retrato estava vestida com o mesmo traje com o qual ela havia ido à festa na noite anterior e o telefone celular continha a prova. O celular e o retrato continham o mesmo rosto e a mesma roupa.

Curiosa, Silvana perguntou de quem era o retrato e como ele havia ido parar na casa da tia.

A tia Florinda respondeu que aquela era a foto da sua bisavó e, por conseguinte, trisavó da Silvana. Havia vindo da Europa ao Brasil por volta de 1.850, mais precisamente da Itália e da cidade de Veneza. Era geniosa e tinha por gosto usar vestidos com estampas de flores.

Silvana, atenta, não mostra o vestido com miúdas flores cor-de-rosa, muito menos o penteado igual. Eram confidências do seu celular.

A mãe da moça sorriu e disse, que, de certa forma, a filha tinha algo da outra. A tia Florinda sorriu satisfeita.

Voltaram da viagem e a vida prosseguiu.

Passados alguns meses, o pai da Silvana disse que gostaria de viajar para o Rio de Janeiro. Ele tinha boa parte da família por lá. Passearia e aproveitaria as férias anuais com a mulher e a filha.

Desta vez a Silvana tinha prova na primeira quarta-feira do mês das férias do seu pai.

O pai não teve dúvidas:

_Espero a sua prova. Vamos juntos para o Rio.

Chegaram ao Rio de Janeiro e foram conhecer os locais turísticos. À noite, eles iriam até a casa do primo Joaquim Tibiriçá.

O Tibiriçá era culto e quis contar à Silvana a história da fundação da cidade e como foi que a família chegou lá.

_O seu trisavô se encantou com uma das francesas e a acompanhou até esta cidade. Ele não adivinharia que a sua trisavó havia descoberto que ele estava de safadeza e veio noutra embarcação com os filhos e filhas. Sem dinheiro para pagar as passagens, eles vieram para auxiliar a tripulação nas funções de camareira, garçom, limpeza e etc. Os filhos mais velhos ajudavam a cuidar dos pequenos, que não precisavam pagar passagens. Chegando aqui, eles foram atrás da moça francesa; alguns dias depois a encontraram e disseram a ela quem eles eram: a família do Tibiriçá. A moça devolveu o Tibiriçá para a família dizendo que viera para o Brasil a fim de fazer fortuna.

O Tibiriçá abriu uma padaria e vendeu os seus pães, mas dele pouco mais se sabe. Depois da esfrega que levara da mulher, comportou-se como convinha.

Silvana ficou com vontade de anotar a história curiosa, mas não tinha lápis e papel. Perguntou ao primo do seu pai se ele poderia enviar uma correspondência para ele contando a história, que para ela era engraçada.

_Para você é engraçada? Você não conheceu a turma.

No dia seguinte, pela manhã, Silvana pega uns trocados para comprar algumas bijuterias cariocas para guardar uma lembrança da viagem.

Saiu enquanto seu pai e sua mãe caminhavam na orla carioca.

Silvana olhou várias vitrines, mas demorou-se a decidir-se pela bijuteria adequada ao bolso que poderia comprar.

Quando encontrou a bijuteria na vitrine, entrou na loja e perguntou quanto custava.

_Vinte reais.

A moça disse que a levaria.

A dona da loja, simpática, sugeriu que ela fizesse cadastro na loja para poder comprar quando quisesse através do telefone e do cartão de crédito.

Silvana gostou da ideia. Compraria lembranças para os aniversários das suas amigas. Custariam pouco e tinha algo diferente, o charme carioca.

Ao dizer o nome Silvana Tibiriçá, a dona da loja mostrou surpresa e disse:

_Você sabe que a minha trisavó, que era francesa, contava do breve romance que teve com alguém com este sobrenome?

A moça disse que não sabia e pediu à dona da loja que a contasse.

_Esta minha antepassada era uma mulher à frente do seu tempo e mantinha relacionamentos descompromissados com alguns senhores. Ela contava que esse Tibiriçá ficou apaixonado por ela ao ponto de embarcar com ela para o Brasil. Foi uma sorte o fato da mulher dele ter aparecido, posto que ele não a deixasse em paz; ela queria abrir um restaurante e ele uma padaria.

Silvana quis saber mais sobre o antepassado Tibiriçá.

_Ele era um homem sério, bastante sisudo e não falava de si mesmo. A minha trisavó não sabia que ele era casado, descobriu o fato durante a viagem.

Silvana voltou com a bijuteria e com cuidados especiais quanto ao primo Joaquim Tibiriçá. O pai e mãe viviam bem e não seria o primo a sugerir arrependimentos à família.

Dali em diante, a moça travou amizade com a guia do hotel que ofereceu pacotes com passeios à Parati, à ilha de Paquetá, à cidade de Petrópolis, etc.

O primo Joaquim Tibiriçá convidou o seu pai para darem umas voltas à noite, irem até o bar na orla e conversarem à vontade.

Silvana interveio dizendo que gostaria de ir junto com eles.

O pai sugeriu que fossem todos ao bar apreciar os saborosos petiscos.

A moça sabia que não seria ela a evitar algum caso amoroso na família, mas a cultura era bastante diferente da paranaense e, uma brincadeira a mais poderia ser demais. Perguntava a si mesma se estaria fadada às coincidências transformadoras de opinião. Ela rira da história do seu antepassado até conhecer a descendente da senhora com a qual o trisavô teve um caso amoroso.

Se ela não tivesse comprado a bijuteria, se não tivesse conversado com a dona da loja, estaria rindo do antepassado Tibiriçá até aquele momento. Desde que conheceu e confirmou os fatos, não conseguia ser a mesma, achava-se com o destino de cuidar daqueles dias de folga.

Voltaram para Curitiba e à rotina.

Veio o tempo da folga para Juliana. Ela pediu para viajar, era feriado e os pais viajaram também.

Silvana apresentava os amigos, quando a mãe disse que conheceu os antepassados dele.

Chegando à Curitiba, a filha perguntou à mãe como eram os antepassados daqueles seus amigos.

_Depende, minha filha. Eu conheci todos eles. Eu não sei com quem eles se identificam. O tempo dirá e eu te responderei.

Silvana não gostou da resposta. Nas outras coincidências, ela foi breve às decisões. A mãe dela era cautelosa quanto a responder definitivamente sobre alguém, obviamente tinha maior experiência de vida.

A moça queria respostas para o que não tinha resposta; parecia que a ela caberiam todas as coincidências existentes. Em todo o caso, agradeceu a resposta da mãe, que disse que também gostaria de saber a quem os seus amigos saíram.

Em todo o caso, a moça foi para o seu quarto pensando em retratos, histórias, conhecimentos anteriores, filosofava sobre o porquê das coincidências vividas e não encontrava explicações razoáveis.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Amor ao Próximo

Amor ao Próximo

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O frio veio forte e, a maioria de nós, está aproveitando a paisagem.

Precisamos, no entanto alertar os amigos, os conhecidos e a todos em geral, que precisamos nos ajudar mutuamente.

Vamos nos cuidar, usar muitas blusas, mesmo que sejam de algodão e de mangas compridas.

Vamos nos alertar para enfrentarmos esse frio de maneira adequada.

Vamos continuar as doações periódicas de roupas que não usamos mais.

Vamos às compras nos brechós com coragem de usar casacos usados e de boa qualidade.

Vamos nos alimentar adequadamente lembrando o leite quente e frutas ao forno com canela.

Vamos incentivar uns aos outros para que vistam três ou mais blusas, mesmo que pareçam mais gordos. É melhor parecer gordo do que passar frio ou ficar doente.

Lembremos igualmente que a temperatura natural da água é próxima de zero e podemos nos hidratar também com chás e podemos acrescer um pouco de água morna ao copo de água.

E que seja assim, espontâneo e de acordo com a necessidade do próximo.

A beleza do frio não justifica a exposição às doenças.

Cuidem-se e cuidem daqueles que puderem.

Amor também se traduz em palavras e atitudes.

Essa ideia surge do termômetro indicando 3°C às dez horas da noite em Curitiba.

Nesse caso do frio do sul, não custa nada mandar se agasalhar.

Boa Noite!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Recosto

Recosto

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Neva a nevasca à gosto,

Vindo e gelando leve,

Tocando o céu composto

E, urge que a noite é breve.

 

Para focar a seve,

Nesse fluir, venha ao aposto,

Éden, jardim em neve,

Branco, ao suave exposto;

 

Cobre à cidade a verve,

Sopra a alegria ao proposto

Frio congelado e, serve

Logo o café ao recosto.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Argh! Crônica de Supermercado

Argh / Crônica de Supermercado

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Eu não gostei da conversa ao lado na fila do supermercado. Faziam orçamento de peças de caminhão por telefone.

Eu olhei com jeito de quem não gostou, afinal, não se deve rodar quando a máquina está com problemas.

A resposta conclusiva entre eles foi:

_Vamos ver se podemos pagar.

Esta seria a hora para dizer que sem conserto, não rodam. Mas estávamos na fila e ele não estava com o caminhão estacionado por ali. Provavelmente o caminhão estava na garagem.

Eu não sei o que a minha fisionomia demonstrou. Sei que o senhor que verificava o orçamento não era o motorista e riu-se do meu jeito.

Melhor do que rir, ele começou a me questionar com gestos. Escondeu o rosto sobre o casaco e espirrou.

_Argh!

Ele me olhou como quem perguntasse se levar na brincadeira o conserto do veículo era repugnante.

Eu olhei para ele e repeti a fisionomia de argh...

Ele espirrou com o rosto escondido dentro do casaco dele de novo para confirmar a resposta.

Confirmei o argh.

Assim fez ele e assim eu confirmei o argh até que ele sorriu dizendo que iria consertar o veículo.

Eu também sorri. Consegui a boa vontade com o orçamento por parte dele.

A esta altura das perguntas em forma de espirros e das respostas em forma de careta, cinco moças haviam se afastado da cena.

Valeu! Útil e divertido.

domingo, 21 de julho de 2013

Poema Sutil

Poema Sutil

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O momento é que pede passagem

E madura o seu fruto que espera,

Acolhido em verde folhagem

Que o protege de tola quimera.

 

O desígnio é o que altera a paisagem,

E através dos sentidos libera

O perfume de vida na aragem,

Através do espírito que pondera.

 

Do arredio dia se fez a paragem,

Ao sabor da maçã que supera

Esse ardil calafrio com coragem,

Sabedora ao sutil que se esmera.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Amizades – Feliz Dia da Amizade!

Amizades

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Amizades são afinidades

Compatíveis e desiguais,

Que ao conjunto criam unidades

De emoções, por si, atemporais.

 

Ao sentir possibilidades

Previsíveis, como essas tais,

Semelhantes entre as vontades;

Transformamo-nos em murais

 

Dividindo preciosidades.

Os amigos se chamam paz,

Reinventada em curiosidades,

Sinergias e apoios fraternais.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Indriso Varredor

Indriso Varredor
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Varre a poeira, minha vassoura,
Nessa dança ginga a piaçava;
Nesse passo que o tempo suou.

Canta o verbo que começou
Longe e, agora a pouco, assoviava;
Deixa o som vir ao que se amou.

Brilha o chão na tarde vindoura,

Junto ao pássaro e à mamangava.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Curiosidades da Moda Curitibana / Crônica do Cotidiano

Curiosidades da Moda Curitibana / Crônica do Cotidiano

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Curitiba segue padrões rígidos de vestimenta para a mulher em geral, sendo que a cada bairro as moças e senhoras têm no seu jeito de vestir a sua identificação com o local.

Para o centro da cidade temos a roupa padrão (de acordo com a estação do inverno) como sendo calça social de alfaiataria feminina (tecido Oxford), blusas de malha ou camisas femininas e, às vezes, um casaqueto acompanhado por sapatos do tipo scarpins. São recepcionistas, bancárias, funcionárias de nível médio bem vestidas com roupas baratas e uma conta para a outra o local das pechinchas. Usam maquiagem básica para o dia composta por pó compacto, rímel, blush e batom. É o uniforme do centro da cidade.

Mas, se vocês, moças e senhoras, ao se dirigirem aos bairros badalados trajando esse tipo de roupa, serão consideradas exibicionistas. As moças dos locais badalados usam calças jeans de grife com blusas e camisas de grife, mas gostam da aparência despojada ao se vestirem. São roupas de marcas conhecidas com aparência simples numa aparência bem cuidada e com maquiagem não perceptível aos olhares dos outros.

Em alguns bairros, a simplicidade na vestimenta, traz ao bairro a impressão de simpatia por parte daquele que a veste. Sem grife, calças jeans, sapatilhas e cabelos lavados e penteados com escova; o que conta é o tratamento dado às madeixas. Um batom leve complementa o traje e é bom para aproveitar o dia, caminhar despreocupadamente e conhecer as pessoas destes bairros.

Existem ainda locais que exigem a vestimenta mais simples e surrada que vocês tiverem em casa. Para irem aos tais locais se torna necessário que vocês busquem cuidadosamente aquelas roupas que vocês haviam separado para doar, escolham aquelas que estão com aparência de surradas e vista. Vocês estarão dentro do momento da turma.

Agora, se vocês levantaram de manhã e se prepararam para um dia cheio de atividades, fechem os ouvidos se tiverem que ir aos diversos bairros da capital, mas escolham a personagem antes de saírem.

Essa crônica é em homenagem aos jovens adultos que disseram que eu parecia uma colega deles e ao fim, todos rimos nesse grupo de oito pessoas ao atravessarmos a rua juntos. Eu, elas e eles, nessa turma boa que se separou em seguida ao chegarmos à próxima quadra porque ninguém conhecia ninguém.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Em Busca de Contação de História

Em Busca de Contação de História / Filosofando...

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A esta altura estou com mais um livro escrito após o Movimento Modernista de 1.922.

Não encontrei nenhum traço de saudade dos tempos anteriores. Criaram-se estilos regionalistas, linguagens diferenciadas, numa bem sucedida estratégia de modificar a cultura em busca do hoje real, com as suas mazelas. Era uma literatura com teor jornalístico, embora romanceada. Os chamados pré-modernistas tais como Monteiro Lobato e Olavo Bilac, escreviam antevendo esse modernismo como movimento literário.

Entre a classe média, também chamada de burguesia, não se falava do passado. Reparo algumas vezes num certo comportamento padronizado dessa burguesia, também chamados de remediados; não abastados.

De norte ao sul do país a roupa era igual para a juventude, nada muito diferente do hoje, onde nominam de geração Coca-Cola (liberais) ou geração Guaraná (conservadores). O comportamento, os passeios, os footings e as sorveterias determinaram o padrão daquela época.

Os livros, ainda que comprados pelos pais desses jovens, tratavam do hoje. Foi, de fato, uma época rica em diversidade ideológica presente no seio dessa juventude. Os autores entravam nas casas de acordo com a corrente de pensamento do universo familiar.

Outro padrão familiar era a ausência de contação de histórias dos mais velhos aos mais novos. As leituras para os mais novos eram baseadas nos clássicos universais aconselhados e lidos com prazer por toda a família.

Parece-me que alguns anos de história baseada na vivência dessa mesma sociedade entre os anos de 1.900 a 1.920 foram desprezados. Todos quiseram ser modernos, mas há essa lacuna a ser preenchida. Esse período de tempo de experiências não contadas certamente faz falta a sabedoria de toda a população.

Eu me pergunto o porquê da aceitação desse silêncio imposto pela modernidade, se bem que esta imposição tenha sido feita via propaganda e todos queriam o novo.

Creiam-me que a palavra saudade era tida como pejorativa nos meios sociais e chegava-se ao ponto de se perguntarem mutuamente de que valeria saber da vida dos mais velhos quando o que importava era o moderno. Os mais velhos comodamente aderiram e se sentiram desobrigados de ter que contar das experiências vividas aos jovens.

Daquela opressão ao sentimento de saudade, sobrou o ensinamento óbvio que o que interessa é o daqui em diante. Essa opressão ao sentimento de saudade tinha como valor que a saudade era um sentimento que levava a tristeza e de que dela nada se aproveitaria a não ser que se quisesse um acréscimo à monotonia do tédio. E mesmo a saudade boa, aquela que se poderia traduzir em alguma gulodice, não era bem vinda.

Às vezes, tem-se a impressão de que se não fosse Elvis Presley, não existiriam namoros e finais felizes, pois o positivismo, as guerras mundiais e o modernismo transformariam aquela juventude numa juventude sem parâmetros afetivos. As famílias torceram o nariz, mas foram modernas e deixaram os filhos e as filhas naquele som originário do chamado swing americano. À medida que se ouvia Chiquinha no rádio, valeu ouvir Elvis alguns anos depois.

Como não se sabe exatamente como foram esses anos entre 1.900 e 1.920, fica-se com a imagem de que era tudo monótono, tudo igual (o que se duvida quando se lê a história dessa época) ; enfim uma época de tábua rasa na cultura ao passado.

Deixe estar, foi um período devidamente retirado da história do conhecimento humano. Por favor, me contestem!

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sutilezas Infantis / Crônica do Cotidiano

Sutilezas Infantis / Crônica do Cotidiano

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Estava numa loja querendo comprar presentes, mas na minha frente havia famílias inteiras que estão passando alguns dias por aqui, Curitiba.

Sem pressa esperei a minha vez. Os primeiros foram atendidos e avó, filho e netos saíram contentes.

Enquanto eles eram atendidos, fiquei eu, uma senhora e a filha brincando no seu tablet. Sem querer, eu e ela acompanhávamos a menina e o seu tablet.

A mãe, percebendo que eu observava o jogo e a jogadora mirim, tentou ajudar a filha a ganhar a partida.

_Filha, por que você não pega a água do riacho e dá água aos animais?

A resposta foi surpreendente e encantadora:

_Não posso. O riacho congelou. O pior é que este é o riacho do Ipiranga e ali todo dia é 7 de Setembro. Não sei quando irá descongelar.

A mãe, participando da criatividade da filha, perguntou:

_Minha filha, e, se por acaso, esta senhora que está ao nosso lado quiser atravessar o riacho, o que é que faremos?

Eu entrei na brincadeira, percebi desde então.

_Ela terá que comprar patins e passar por cima, deslizando sobre ele.

Eu? Eu sempre quis andar de patins? Quem sabe?

A mãe olhava com carinho para os desenhos do tablet. Os animais, tão bem ilustrados. Foi aí que fez a segunda pergunta:

_Filha, por que você não alimenta as ovelhas?

A menina olhou para a mãe como se ela estivesse dizendo algo sem sentido e respondeu:

_Mamãe: eu alimento as ovelhas na mesma hora em que você me alimenta. Não está na hora do jantar ainda. Eu não posso deixar as minhas ovelhas acostumadas com os horários errados de refeição.

A mãe, desta vez querendo jogar, avisava à filha que o apito avisava que assim ela perdia a partida e teria que recomeçar.

A menina não titubeou:

_Mamãe, o que importa perder a partida quando se sabe que o riacho está congelado e que não está na hora de alimentar as ovelhas? O importante é que eu sigo o que é certo.

Eu não tinha ouvido até agora uma explicação melhor para dizer que os meios não justificam a finalidade.

Tínhamos um jogo, tínhamos mãe e filha para ajudarem o tempo da espera passar. O que eu precisava não tinha mais a importância de quando eu entrei na loja.

A vendedora atendeu as duas e elas compraram o que queriam; pareceu-me que a menina tinha derrubado algo e quebrado, sem querer. As duas ficaram contentes e se foram.

A próxima a ser atendida era eu.

_O que a senhora deseja? Perguntou-me a vendedora.

Eu ia dizer o que queria quando mãe e filha voltaram e sentaram-se numa cadeira.

A vendedora perguntou se havia algo errado com a compra.

_Não há nada de errado com a compra. O problema é comigo. Esse jogo me distraiu. Eu tenho que fechar o tablet e guardá-lo na bolsa; se sairmos com ele aberto eu posso me distrair e isso seria um perigo para nós.

O tablet deve ser mais perigoso do que falar com o telefone celular, pensei. Mas os ensinamentos estavam agradáveis, tanto os que vinham da filha como os que vinham da mãe.

Comprei a lembrança quase feliz, quase querendo que ninguém mais sofra e que todos possam aprender as lições da vida dessa maneira suave.

domingo, 14 de julho de 2013

Reunião de Pais e Mestres / Para meditar…

Reunião de Pais e Mestres / Para meditar...

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A secretária anotava todos os assuntos tratados na reunião da escola, era a responsável pela entrega do relatório à diretora na segunda-feira e esta, por sua vez, o entregaria revisado à Secretaria de Educação demonstrando os pontos fortes e os pontos fracos dos setores das disciplinas escolares e sobre a convivência entre a comunidade escolar e o entrosamento docente e dicente com as respectivas famílias envolvidas no processo educacional.

A mãe da Olga, no intervalo do café, queixou-se que a filha estava namorando e voltando para casa tarde da noite.

_O garoto é bom, mas eu me aborreço ao ter que acordá-la para as aulas.

Bastou que ela contasse, para que o pai da Irene se postasse entre todos os presentes e começasse o seu discurso crítico.

_Ela volta tarde para casa porque o pai dela não se preocupa. A senhora é casada ainda?

A mãe da Olga disse que era casada e que o problema do namoro da filha era dela e do marido dela.

_Pois saiba que da minha filha eu cuido melhor. Ela se deita às nove horas da noite e levanta às seis da manhã. Eu conheço cada um dos amigos dela e aviso que a minha filha não volta tarde da noite para casa.

O assunto chamou a atenção dos presentes e, o namoro da Olga e a educação da Irene, interrompeu a reunião enquanto as professoras e professores diminuíam o tom da conversa, que estava se tornando um desvio da temática proposta para a reunião. As duas moças eram boas alunas e os professores não tinham queixas do comportamento de ambas.

A secretária levantou-se para tomar água e reparou no aluno do lado de fora da sala. Foi até ele e perguntou se ele precisava de algum atendimento, que ela providenciaria.

_Não. Quero aprender como funciona a vida adulta. Se a senhora permitir, fico aqui mais uns minutos e logo saio.

O pedido foi razoável e a permissão foi concedida.

Depois de meia hora, o tema proposto recomeçou e a reunião seguiu sem mais problemas.

Na segunda-feira, a turma ficou sabendo que o colega ouviu parte da reunião. Os adolescentes. Foram perguntar sobre o que falaram deles.

_Ninguém falou de vocês. Para dizer a verdade eu pouco entendi da metodologia de ensino.

Os colegas ficaram desconfiados e perguntaram o que ele havia ido fazer lá naquele dia.

O garoto respondeu que namorava a Irene e conforme o pai dela falava mal do pai da Olga, ele planejava o seu namoro, porque estava muito bom o relacionamento entre os dois e ele não permitiria que o pai da Irene estragasse tudo. Pediu segredo aos colegas e como era questão de namoro, todos concordaram em protegê-los.

sábado, 13 de julho de 2013

Canja?

Canja?

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João e Janice desmancharam o namoro.

Passados quinze dias a campainha toca e Janice abre a porta. São o pai e a mãe do João. Sem entender o que se passa, convida-os para entrar.

_Sentem-se, por favor.

A conversa começa com eles perguntando se ela está bem.

_Sim, estou bem. Se ele não gosta de mim, foi bom desmancharmos o namoro. Estávamos brigando demais.

Joana, ao ouvir a moça, sentiu-se à vontade para conversar e disse:

_Estamos preocupados com você. Nós não sabemos o que se passa com o João nos últimos tempos. O comportamento dele se modificou muito. Viemos aqui, com toda a humildade que conseguimos obter para a circunstância.

Janice fica sem jeito e deixa a mãe dele dizer tudo o que tinha a dizer.

_O João, aquele nosso João, que era educado e cortês, anda agora como se fosse um rei. Desconsidera o que eu digo a ele e trata o pai com certo desprezo. Perguntamos sobre você e porque vocês andavam discutindo e não gostamos da resposta. Ele disse que você era propriedade dele e que de agora em diante você não se mandaria mais.

Janice, agora tensa com o rumo da conversa, perguntou o que ela poderia fazer a respeito. Pediu sugestões para eles.

_Nós viemos pedir a você que o trate com dureza. Você não sabe, mas ele não deixou que você saísse na última sexta-feira com os seus amigos. Ele disse ao Paulo, que é da turma de vocês que, se vocês saíssem, ele iria até lá com a sua chefe como namorada dele e a provocaria até que ela te tirasse o emprego. Ele quer você como objeto. Pensamos que ele está alterado ou com algum tipo de estresse.

Janice ficou surpresa e perguntou se ele estava saindo com a chefa dela.

_Ele levou a sua chefa para jantar na nossa casa. Nós ficamos estarrecidos com o comportamento dele oferecendo joias a ela durante o jantar. Ele disse que conquista qualquer uma com a sua galanteria. Ele chamou a sua chefa de qualquer uma depois que a levou para casa. Não largue o seu emprego porque é o que ele quer que você faça.

Corada com a situação diz que agirá como se nada soubesse.

A mãe dele continua a discursar com a aprovação do marido:

_Você não é posse de ninguém, muito menos do meu filho. Ele está diferente e nós não sabemos até onde isso pode chegar. Estamos preocupados. Ele tem a vida independente da nossa e não podemos controlar um adulto. Evita a companhia dele enquanto nós verificamos o que podemos fazer, se é que poderemos fazer. Pelo amor que você tem para com você mesma: seja dura!

Janice concordou. Eles agradeceram a atenção e foram embora, mais humildes do que quando entraram.

Ao se despedirem dela disseram:

_Você não sabe o quanto nos doeu esta visita. Estamos sofrendo, acredite.

Janice quase não dormiu naquela noite.

No dia seguinte, no escritório ela chega e vê a sua superiora com um lindo anel de ouro nas mãos. Ela elogia o anel e pergunta onde ela havia comprado a joia.

_Janice, agora que você perguntou sobre o anel, eu preciso te contar que eu estou namorando o João, aquele que foi o seu namorado.

Janice desejou boa sorte no relacionamento e disse que ela não se importava. Ela disse que estava de olho noutro rapaz e ficava contente que ele estivesse em boa companhia.

O emprego estava garantido, mas ela teria que se cuidar para não se encontrar com ele.

Passados alguns dias ela ligou para a mãe do João e perguntou se ela estava bem. A sua superiora tinha saído com ele naquela noite e ela sabia que não precisava temer ao telefonar.

_Estou bem.

A voz era emocionada. Mais uma vez ela pediu à moça que se cuidasse. Janice desligou o telefone logo em seguida, sem saber ainda com quem contar.

A ajuda veio e Janice se livrou do problema. A sua superiora desmanchou o relacionamento dois meses após aquele dia, disse que ele era um sujeito arrogante.

_E a mãe dele, como está?

A superiora disse que não muito bem porque andava escondendo as lágrimas, mas não contava do que se tratava.

_Não é da nossa conta!

A superiora concordou.

Teria Janice ainda que se preocupar com o João, como diz o ditado: cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Tanta Bobagem / Crônica do Cotidiano

Tanta Bobagem / Crônica do Cotidiano

Tem dias que parecem que foram feitos para se dizer bobagens. Hoje foi um deles.

Comentando sobre a espionagem americana no Brasil ouvi a seguinte resposta:

_Esse fato demonstra que não existe inteligência por aqui, qualquer um chega e descobre o que quer.

Concordei.

Ainda houve a conclusão:

_Acontece que eu e a senhora pensamos. Parece que mais ninguém faz isso. Bom dia.

O dia começou bem.

Na conversa com os amigos músicos, apresentei a célebre composição do Tom Jobim Eu Sei Que Vou Te Amar em Fá, conforme me foi feito o pedido.

Fazia tempo que eu não me divertia tanto!

Vamos ao comentário: _Sempre achei que o maestro precisava dar um retoque nas suas composições. Como é que ele foi amigo do Vinícius de Moraes aqui no Brasil e depois apareceu em dueto com o Frank Sinatra. A ideologia dele era musical.

Respondi: Exatamente, bis in idem.

Eu ia saindo sem dar muitas explicações, quando ligo a rádio educativa no seu programa Torresmo à Milanesa.

Coincidência pura. mas o anúncio do locutor me fez rir feito boba na rua:

_Torresmo à Milanesa com Frank Sinatra e Tom Jobim: The Girl From Ipanema.

Dor de cotovelo pura; pensei eu...

De repente a ligação se faz necessária para tratar de compromissos pessoais.

A pessoa que atendeu ao telefone não conseguia conversar sem rir.

_A partitura é sua?

Sim, mas falta o arranjo que farei em consonância com a partitura original.

_Não interessa. Era uma música que estava esquecida e que agora está atualizada. Esse é o melhor momento para o arranjo e a transposição para Fá. Um abraço para você.

De volta ao computador, nessa transposição que ainda está seca, faltando às devidas distribuições das notas dos acordes, que será diferente das outras edições correntes e isso é importante se dizer,mas quem quiser que experimente, basta tocar para os mais novos ao teclado:

A que ponto se chegou! Vamos à transposição crítica e não ideológica da situação:

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quinta-feira, 11 de julho de 2013

O Homem Que Se Desconstruiu

O Homem Que Se Desconstruiu

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Foi num encontro de amigos num bar onde se vendem petiscos e quem quer toma cerveja e, quem não quer toma suco ou refrigerante. Numa daquelas pausas de conversa para as degustações das iguarias ouviu-se o homem contar da sua separação.

_Quando eu não a quis mais, eu pedi a ela que estudasse. Esperei que ela passasse no vestibular. Passou numa faculdade particular e no curso de direito. Paguei os cinco anos de estudo, mas no último ano conversei com ela e com a minha filha explicando que não mais sentia nada pela Fernanda, mas que veria a Luíza a cada quinze dias.

Os amigos silenciaram para acompanhar a mesa ao lado; pararam com o barulho dos copos e talheres para ouvir o jovem adulto de vinte e oito anos, que continuava a ouvir perguntas e dava respostas ao público do bar.

_Não me caso mais. Não tenho amantes. Deixei a casa para ela. Minha mãe cuida da minha filha para que a Fernanda se sustente.

Os amigos dele perguntaram sobre os projetos de vida dele.

_Meus projetos? Estão feitos. Comprei um apartamento de quarto e sala. Quero subir na vida e nunca mais ter que dizer a palavra nós.

Havia uma garota de shorts, vestindo meias e botas que se levantou para fazer charme e ver a reação dele.

_Não olhe para mim, garota. Não quero saber de mulheres na minha vida.

Outro amigo dele perguntou se ele descobrira algum tipo de vocação religiosa.

_Nenhuma! Deixo essas filosofias para a minha mãe.

Outro amigo, ainda, pediu a ele que contasse o que ele ainda gostaria de ter. Também disse a ele que estava entre amigos.

_Se você pensa que eu acredito em você, está iludido.

Esse homem dizia essas frases estúpidas num tom de voz polido e gentil parecendo não querer causar constrangimentos a ninguém.

Aos ouvintes da mesa ao lado parecia que aquele homem se desvencilhava de uma por uma das suas coisas.

Em toda roda há um tipo brincalhão e este comentou em tom de chiste que, ao menos, ele continuava a usar o paletó marrom, daquela cor que ele usava desde os seus vinte e três anos quando concluiu a sua graduação.

O homem tirou o paletó e deu ao amigo.

_Não preciso dele também.

Esse homem não fumava e bebia com muita parcimônia, pois havia tomado uma única cerveja naquela noite.

A turma daquela mesa se desfez e todos foram embora. Alguns combinaram de se encontrar ali no dia seguinte e convidaram os outros.

A mesa ouvinte era formada por psicólogos. Eles decidiram se reencontrar na noite seguinte para ver o desenrolar daquela situação.

Assim foi feito e na noite seguinte estavam os dois grupos no mesmo bar, comendo petiscos e conversando.

A mesa ao lado voltou a se formar. Aquele homem que usava o paletó marrom foi ao encontro da sua turma. Eles perguntaram se ele havia mudado de humor e se, por acaso houvesse, que fizesse a gentileza de ficar em companhia dos seus amigos de sempre.

_Hoje pedi demissão do meu emprego. Aceitei um convite para trabalhar noutra cidade. Vim aqui para dizer a vocês que não me tenham como amigo. Eu estou certo de que sou um bom marido, bom pai e bom funcionário, mas eu me desvencilho de qualquer pessoa ou problema quando os meus objetivos falam mais alto. Eu tenho este defeito e quero que vocês saibam dele. Até hoje não faltei com o respeito a essa amizade, mas vocês precisam saber que eu não tenho medidas para alcançar os meus objetivos.

Os psicólogos na mesa ao lado comentaram que ele encobria aquilo que de fato o incomodava e estavam prontos para reunir as mesas e tentarem uma abordagem conciliatória entre o homem, os seus problemas e os seus amigos.

O homem percebeu que outras pessoas o escutavam.

_Vim até aqui para me despedir. A bagagem está no carro e vou para o aeroporto. Embarco no penúltimo voo.

Cumprimentou e abraçou aqueles amigos e foi embora. No dia seguinte a Fernanda buscaria o carro para levar a filha até a casa da sogra e ao colégio, sabendo que dali por diante ele ligaria para a mãe dele e para a filha, entre um período que seria de quinze dias a um mês.

Soube-se depois que os amigos dele respeitaram aquela decisão e não mais o procuraram.

A Fernanda seguiu a sua carreira de advogada enquanto a filha e a sogra se tornavam grandes amigas.

Dizem que ele está bem empregado e bem de vida. Dizem também que ele mora sozinho e não se casou novamente. Dizem ainda que ele agradece à mãe dele por ajudar a criar a filha. Falam dele como se fosse um mito, alguém que se deixou desconstruir. O que se sabe é que ele mantém ligações com a mãe dele e com a filha.

Quem são aqueles que dizem dele? A mãe, a Fernanda e a Luíza. Ele não mais entrou em contato com nenhum dos seus relacionamentos anteriores. Aos psicólogos fica a pergunta e a dúvida sobre quem ele era e como se deu essa desconstrução. Até hoje ninguém sabe ao certo dizer.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O Mistério das Queixas de Oswaldo

O Mistério das Queixas de Oswaldo
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O acontecimento corre solto entre os investigadores da polícia civil. Como não houve nada que pudesse constar, o delegado não autoriza a investigação, mas os policiais continuam de olho naquele dia.
A empregada agride verbalmente a patroa e é despedida na mesma hora. A senhora cochila em sua cama. A nora lava a roupa enquanto a sogra cochila.
Terminada a lavagem da roupa, a nora vai ao quarto da sogra para conversar e acordá-la para o lanche. A sogra mal respira. O travesseiro está aberto e desmanchado. A nora chama o socorrista.
Desesperada, conta sobre a discussão que teve com a empregada, que se dizia feliz por trabalhar na casa onde a tia dela havia trabalhado há quarenta anos. Disse que a tia ficou feliz quando aquela senhora saiu do seu emprego há trinta e cinco anos atrás.
A sogra ficou assustada e perguntou quem ela era. A nora descobriu que a identidade era falsa e mandou a moça para a rua no mesmo momento. Contava aos socorristas enquanto a sogra era submetida ao oxigênio e aguardava vaga no hospital.
Ao pegarem a maca párea o transporte com a nora atendendo o entra e sai da casa afastando os móveis para a saída com a sogra, e a porta do quarto onde a sogra se encontra bate violentamente e se fecha. Chegou à conclusão de fora o vento.
Um dos socorristas vistoria a casa e verifica se não há mais ninguém dentro do local e não encontra ninguém. A sogra é levada para o hospital onde a vaga foi conseguida.
Chegando lá, constata-se a demora do internamento. A família em volta dela, a nora acompanha a máquina que mostra o quadro do número dos batimentos cardíacos, com a recomendação de chamar os enfermeiros ao lado caso o número baixasse para abaixo do previsto naquela circunstância. Havia acontecido algo e a vaga foi para o paciente que estava em estado crítico.
Sem vaga, a senhora e a nora ficam no pronto atendimento público enquanto o irmão da sogra verifica o que está acontecendo com a vaga esperada.
Um acidente provocado pelo deslocamento de ar havia causado o deslocamento de uma pedra e atingido um homem.
A nora e a sogra no ambulatório colhendo os exames. Constatou-se uma infecção, mas não se constatou a causa da obstrução respiratória. Os médicos ficaram apavorados e não queriam a polícia no hospital. Eram dois casos de acidentes estranhos naquele hospital. Abrir boletim de ocorrência era difícil para o hospital de alta complexidade. Os médicos prestaram todo o atendimento possível aos pacientes. A nora, bastante religiosa, orava di e noite ao lado da sogra. A família do homem no saguão do hospital. A situação era terrível para ambas as famílias.
O homem acidentado morreu, a polícia estava ciente do acidente. A sogra tomava remédios para a infecção e os exames não constataram a ingestão de algo que a deixasse daquele jeito ou obstrução alimentar nas vias respiratórias. A infecção não era a causa daquilo que se transformaria em parada cardiorrespiratória não fosse o atendimento correto dos socorristas.
E a moça que disse que não gostava da sogra e que havia procurado a vaga para trabalhar ali, naquela casa? O que essa moça teria para contar?
Essa é a queixa do investigador, que por mérito é correto e não investiga fora das competências a ele atribuídas Ele sabe quem é a moça, onde trabalha atualmente, onde reside, mas não pode questioná-la. São as queixas de Oswaldo, são os ossos do ofício.

terça-feira, 9 de julho de 2013

O Livro e a Janela

O Livro e a Janela

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O tempo, contado em ordem cronológica, peneira e separa o que é obsoleto. Usando um exemplo simples, temos a televisão em preto e branco, quem a compraria hoje? Continuando nessa exemplificação simples, temos o liquidificador antigo, que mistura maçã, leite e sorvete sem deixar nenhum pedaço de maçã, deixando o “frappé dos tempos antigos” delicioso. Quem jogaria fora esse liquidificador? Ninguém, nem eu e nem o meu. Diga-se que o liquidificador com filtro não foi uma boa invenção e que a peneira ainda está em uso.

Como dizia o professor de matemática: “compliquemos o assunto” e vamos adiante. Vivemos o momento das peneiras filosóficas, pois existem partes de pensamentos da filosofia que não nos servem mais, são meras ilustrações válidas para que algumas ideações sejam consideradas obsoletas. A leitura é válida até certo ponto, é preciso selecionar o que não serve e deixar de lado, mas é preciso igualmente que se faça isso de acordo com o critério de valores pessoais, então quem quiser ler, que use a sua peneira.

O bom de ler está na possibilidade de conviver com ouras pessoas que também leem e estudam os diversos pensadores e os seus pensamentos dentro da sua área de atuação.

Nesse momento eu deveria estar com um estudo crítico, argumentado e discutindo algum pensador. A realidade chamou-me a atenção. Conversei, questionei e estava a ponto da contra argumentação, quando a realidade passou pela janela ao lado e disse que era fato. Contra o fato não existem argumentos. Existem discussões posteriores sobre o seu por quê.

O livro nas mãos e o fato na janela. Nesse momento, o meu subjetivo critério de valores sofreu a interferência da realidade e, o texto não era o mesmo do minuto passado. As críticas feitas pelo pensador se tornaram válidas, mas as conclusões arcaicas.

Voltemos à cozinha e à sala e aos eletrodomésticos. Nenhum de nós, nas cidades, com luz e água encanada, limpa a sala ou cozinha de maneira igual aos nossos respectivos antepassados. Quem ainda tem um tacho de cobre para fazer goiabada? Imaginem um tacho de cobre na cozinha sobre o fogão e alguém tentando fazer goiabada nessa cozinha de hoje. Seria um absurdo! Faz parte do folclore a história de se lavar o tacho com sal e vinagre, parece que era assim que se fazia, divago.

São obrigações novas e nossas a procura por novas soluções diante de problemas antigos e que fazem parte da história da humanidade. O fato é que algumas das conclusões e soluções dos pensadores ficaram no passado. Usar a peneira do tempo para saber quais as críticas e quais as soluções ainda válidas é que são elas, as dificuldades.

Qual o sentido ao se escrever esse texto tendo em vista que a maioria de nós conhece a peneira do tempo e dos objetos que ficam obsoletos? O sentido está na filosofia do obsoletismo, e no seu reconhecimento em acordo com o tempo da realidade.

Quando se consegue confrontar o pensador com a realidade no exato momento necessário, ao se peneirar o pensamento em acordo com a necessidade, todo o dissabor do conflito é dissipado.

Diz-se mesmo que é uma felicidade evitar problemas tendo o filósofo em mãos, a realidade na janela e ambos dizendo do mesmo assunto. Principalmente quando se é contra experimentalismos diante dos problemas e dificuldades, porque as atualizações são necessárias, mas o ser humano não pode ser considerado cobaia para ensaios filosóficos, ou em qualquer outra área de atuação. A ética é um liquidificador antigo que deixa o frappé com o sabor ideal.

Outra dificuldade se expõe ao escrever esse texto e é a de demonstrar esse pensamento àqueles que, por desconhecimento, precisam de alguém para que possam entender o que está escrito, pois quem não sabe ler, aprende por ouvir dizer, mas a capacidade de compreensão é reduzida de acordo com o que o ouvinte sabe daquilo que o interlocutor quer dizer.

Por outro lado, penso que o pensador vale ser lido pela possibilidade da aplicação prática do seu pensamento político e econômico. Mas precisa de releituras diante da realidade apresentada.

Deixo assim, uma fotografia em preto e branco, ainda válida como fotografia artística, tendo plena consciência de que a câmera digital repleta de megapixels é o sonho de consumo realizável dos dias de hoje.

domingo, 7 de julho de 2013

Condensação

Condensação

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Que poema será depois da metafísica

Que poema virá depois da metafísica?

São andanças que ocorrem; humildes são.

São versos venturosos por vocação.

 

De escolha restritiva e meditativa,

Caminho peregrino em busca assertiva,

Com nexo consequente e realização

Objetiva no ponto de interseção.

 

Mudado, certamente de perspectiva;

Inteiro, na poética ilustrativa;

Convicto da novíssima percepção.

 

De forma decidida nessa intuitiva

Sapiência estipulada, assim prevista,

Conforme essa imprecisa condensação.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Águas Calmas

Águas Calmas

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Não existem segredos

A se revelar;

Faltaram os meios;

Sobrou esse calar.

 

Sorrisos e medos

Num só sossegar,

De tantos desejos,

Ao verbo ondular.

 

Enfeites são Tejos

Ao tempo brincar,

Dizendo aos ensejos

Que corram ao mar.

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Ponto de Fuga

Ponto de Fuga

 

De poemas não acadêmicos,

Constrói-se esse carnaval

Nas frestas, janelas, grêmios;

No gesto e na alma imortal.

 

Os títulos não são endêmicos,

Mas, fuja-se do banal;

Prelúdios, ao ser, são prêmios,

Na fuga ao intelectual.

 

Vertentes não fazem boêmios,

Corroem a qualquer vestal.

Da graça são esses abstêmios;

Que brinde-se ao ser normal.

 

Descanse o tempo aos eufêmicos,

Que trocam horas ao aval,

Tentando que seja menos...

Querendo o tempo seu igual.

 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

A Fada Madrinha

A Fada Madrinha

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Dois homens de negócio passavam pela Avenida Paulista, com pressa, quando um deles virou-se para o outro e disse:

_Tudo o que eu quero na vida é passar o dia em cima de um piano.

O outro se riu da ideia, mas o homem disse que esse fora o seu desejo de infância, mas que nem sequer passou próximo de alguma escola de música. Agora, com certa idade, os negócios eram a música dos seus dias.

Ao ouvir o amigo contar da sua vontade musical, o outro não mais riu da ideia.

A Avenida Paulista é muito frequentada e, aconteceu de naquele dia haver uma fada-madrinha caminhando ao lado deles. Ela conhecia a cidade e aquela era uma Avenida simpática com seus prédios bonitos e modernos. Ao ouvir o pedido, sentiu que os seus poderes eram chamados, poderes precisam ser revelados para se cumprirem como poderes.

A fada voltou ao hotel, pegou a varinha de condão e realizou o pedido do executivo bem vestido e bem postado, mas agitado com a sua correria para não perder nenhum dos negócios.

No dia seguinte, Tomás acordou, tomou o desjejum e chamou o motorista para levá-lo à sua rotina.

O motorista levou até uma escola de música e disse que ficaria à disposição para o que ele precisasse.

Tomás pensou que fosse gozação da parte do seu motorista e o avisou para não mais fazer aquele tipo de gozação porque ele não gostava:

_Leve-me ao centro financeiro da cidade imediatamente!

O motorista disse que não poderia levá-lo ao centro financeiro naquele dia enquanto ele não realizasse o sonho de infância e passasse o dia inteiro ao piano, mas sem se deitar sobre o mesmo.

Com ar de seriedade, ele perguntou ao motorista:

_Quem disse isso ou te deu esta ordem?

O motorista disse que fora ordem da fada-madrinha dele e que ele não desrespeitava as ordens de nenhuma fada-madrinha.

Tomás questionou:

_Desde quando eu recebo ordens de fadas-madrinhas?

O motorista disse que ele recebia ordens de fadas-madrinhas desde que os empresários que o pagavam como seu representante acreditavam em fadas.

_Com o apoio dos seus financistas, hoje o senhor passará as suas oito horas de batente diárias, ou seja, o dia inteiro conhecendo o piano e aprendendo a tocar músicas.

Tomás, ao saber dos contatos da fada-madrinha, entrou na escola para assistir a todas as aulas.

Na primeira aula recebeu o material didático com o carimbo da financeira, aprendeu a desenhar as notas com os seus respectivos valores, as claves de sol e de dó além de aprender a sentar-se corretamente sobre o banco em frente ao instrumento e posicionar as mãos por sobre as teclas.

Na segunda aula, vieram as lições práticas com as lições melódicas específicas para iniciantes.

Na terceira e quarta horas de aula, estudos sob a supervisão de um professor especialmente contratado para resolver as primeiras dificuldades.

Chegou a hora do almoço e ele estava ansioso para saber dos negócios e, assim, almoçou em frente ao estabelecimento escolar para conversar à vontade usando o seu telefone celular. Ligou para o amigo para o qual confidenciara a sua vontade, mas perguntou dos negócios.

_Não se preocupe com os negócios no dia de hoje. Você toca piano e eu cuido da Avenida Paulista.

Tomás perguntou quem era a pessoa que havia levado o assunto musical com tamanha seriedade.

_A fada-madrinha!

Tomás perguntou sobre quem ainda acreditava em fada-madrinha na Avenida Paulista.

O amigo respondeu:

_Todos nós acreditamos em fadas-madrinhas. Ou, pelo menos a maioria de nós. Os sonhos existem para serem realizados porque eles não têm preço ou cotação.

Ele pergunta ao amigo se, por acaso, ele tem algum sonho realizado e que não pudesse ser cotado no mercado de ações.

_Eu tenho. Você conhece o jardim da minha casa no Morumbi e volta e meia você se encanta pelo fato dele florir o ano inteiro. Quem cuida do jardim sou eu. Não temos jardineiro e gasto muitos dos meus finais de semana pensando nele, planejando onde colocar as sementes e nas épocas certas para plantá-las.

Depois dessa resposta, Tomás desligou o telefone e almoçou com tempo de voltar à sala de aula.

A primeira aula vespertina foi para verificar a aprendizagem matinal com as correções das cópias das notas no caderno de anotações musicai, acrescentando-se exercícios teóricos em conjunto com o mestre.

A segunda aula acrescentou repertório e exercícios para serem feitos em casa.

A terceira aula foi específica para a prática a quatro mãos, aluno e professor tocando em conjunto as melodias iniciais.

A quarta e quinta aulas foram novamente para os estudos do aluno sob uma supervisão adequada e a consequente correção dos problemas que se mostravam aparentes à medida do estudo.

A sexta aula: teste para verificação do aprendizado durante o dia.

À noite chega o motorista para buscá-lo.

Tomás pergunta pela fada e ouve que ela se encontra na Avenida Paulista. Ele pede para conversar com ela porque deseja voltar a ser o homem de negócios que era no dia anterior.

Depois de meia hora de espera, ele consegue que a fada o atenda em seu pedido. Eis porque ela é chamada de fada, tem bons sentimentos.

No dia seguinte ele volta aos negócios. Está caminhando na Avenida Paulista ao lado do seu amigo quando se encontram com um empresário.

_Tomás, por favor, me responda: O que o dia de ontem significou para você? Houve alguma transformação pessoal após esse episódio cultural?

Tomás respondeu que, de fato, havia experimentado sentar-se ao piano e arriscar algumas canções singelas e bonitas, mas mais importante do que aprender como se aprende a tocar um instrumento musical, foi o fato de que voltou a acreditar que os sonhos podem se realizar e é uma sensação inexprimível quando eles são bons, cansativos, mas reais.

O empresário contou a ele que a fada-madrinha era sua amiga. Disse que, para todo e qualquer negócio é importante saber de experiência comprovada que os sonhos podem ser reais. Disse a ele que através do sonho possível ele havia se tornado humanamente mais responsável e que este fato conferia a ele uma maior capacidade para desenvolver o seu talento natural e o ajudaria a solucionar os desafios que costumam aparecer naquelas bandas financeiras, porque, se os negócios parecem pertencer dentro de um âmbito inóspito à civilidade, eles possuem a capacidade potencial de transformar em realidade os sonhos de milhares de pessoas que precisam de conforto para conseguir alguma qualidade de vida.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Transparência

Transparência

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Há dias transparentes,

De calos tirados

Aos pés calejados,

Cansados e urgentes.

 

São dias comoventes,

De casos pensados

Em passos bem dados,

Sem pressa e prudentes.

 

E vão diferentes,

Em pés confortados,

Sapatos mudados;

Enfim, pertinentes.