Questão de Ordem
Ana Maria, na saída do trabalho, foi abordada pelo policial:
_Eu sou policial como você observa. Você gostaria de colaborar comigo durante um período?
A moça encarou o policial e disse um sonoro não.
Ele aceitou a resposta e foi embora. Ana Maria continuou a sua vida pacata e normal, mas dentro da nova religião que adotara recentemente. Eram pessoas que se pareciam com ela no modo de ser e de pensar.
Passa o tempo, uma tristeza chega de mansinho e abraça os pensamentos de Ana Maria. Ela não entende o motivo da tristeza, a vida está correndo bem, dinheiro no banco, almoços comunitários e as saídas com os amigos aos sábados.
Um dia, enquanto espera o irmão de dezesseis anos na saída da escola, dentro do carro, não percebe que coloca o braço na janela do motorista e apóia o queixo com a cabeça baixa.
O seu irmão sai da escola e corre em direção ao carro:
_Ana, o que aconteceu? Que jeito é esse?
Ela desperta do estado melancólico em que se encontra e sorri. O irmão, preocupado, avisa a mãe que a Ana Maria anda esquisita. Ambos mandam Ana Maria passear, ir ao parque, comprar uma bolsa nova, enfim ela tinha que sair.
A moça sai obrigada pela família. Está a caminho da loja de bolsas quando, o mesmo policial que há abordou seis meses atrás a encontra mais uma vez, e a aborda novamente:
_Ana Maria, colabore comigo. Você pode morrer se os fatos se sucederem.
Dessa vez, ela pensou e concordou. Essa aventura vinha em boa hora para espantar essa sensação de que, algo estava errado e que volta e meia tomava conta dos seus pensamentos.
_O que eu tenho que fazer?
_Nada! Peço que você faça exercícios e se cuide. Esteja sempre arrumada. Mulher que se cuida é mulher bonita!
Ela não entendeu, mas obedeceu.
Passado um mês, cumprindo as ordens de não relaxar consigo mesma, o policial aparece.
_Arranje um passatempo que te dê prazer. Arranje um curso de teatro, dança, ou, qualquer atividade diferente que você goste.
Ana Maria se divertia com as ordens do policial; primeiro exercícios e penteados, agora diversão? Se ele lhe faltasse com o respeito, ela daria parte dele na corporação.
Em casa, o bem estar da moça era visível. O irmão caçula contou à mãe que a Ana andava de encontros com um policial. Disse que eles saíam e se divertiam juntos.
Ana Maria ouviu o irmão em pilhérias e calou-se.
É chegado o dia dos namorados, 12 de junho de 1.998. Ana e o policial saem para jantar.
Em casa, o pai ouve o filho e a mulher. Ele quer saber quem é o rapaz, esse Ernani.
_A Ana Maria tem vinte e cinco anos, diz a mulher.
No restaurante, o policial consulta Ana e faz o pedido.
Enquanto aguardam que o jantar seja servido, Ana avista um primo distante entrando no restaurante e pensa em apresentá-lo ao policial.
O primo entra com um ar grave. Ana teme pelo que pode ter acontecido na casa dela. Ele para em frente à mesa, olha fixo para o Ernani e diz:
_Boa noite, Ernani. Você sabe quem é a moça que sai com você? Uma ordinária que não respeita a família e que até mudou de religião para se esconder dos parentes. Pena que não adiantou nada! Se ela pensa que será sem vergonha impunemente, ela está enganada. Nós tínhamos o futuro dela planejado na nossa empresa de cobranças e ela arruma um emprego, muda de religião e quer te namorar? Dessa vez ela aprende a lição de não nos desafiar nos nossos propósitos! Hoje a vigarista vai acabar mal e eu sou o justiceiro.
Ernani olha com ternura para Ana Maria. Ela foi salva a tempo e a contento do policial.
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