Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 29 de fevereiro de 2020

Paloma / Conto


Paloma / Conto

     Paloma, moça de bom espírito, vinte e um anos, planejando o futuro, pega uma gripe.
     Quinze dias depois e estaria pronta para a próxima. Enganou-se. Passado um mês e uma espécie de recaída aconteceu.
     Caiu de cama, mas sem febre. A tosse a atormentava, a ponto de sentir enjoos. Naquele tempo não havia a multiplicidade de diagnósticos que existem hoje, assim as coisas ficavam como eram.
     Passaram mais quinze dias, e a fraqueza não diminuía.
     A resposta médica foi de que sem febre não haveria de ser nada de grave.
     Compraram xaropes para a tosse, não passava. Fizeram exames e o pulmão estava limpo.
     Paloma começou a emagrecer.
     Não conseguia se alimentar direito e não estava doente.
     As pessoas em volta começaram a dizer que poderia ser uso de substâncias exógenas. Pediu à família que verificasse se Paloma não estava aprontando algo feio.
     Paloma comia o que conseguia e deitava.
     A família de Paloma reclamou com ela:
     _Se você tiver algum mal de amor recolhido, o seu lado traseiro vai esquentar.
     Paloma ria. Não tinha amor nenhum. Era fraqueza mesmo.
     Quando Paloma chegou aos quarenta e nove quilos, disseram que seria bom verificar a tuberculose. Mas a carteira de vacinas estava em dia e não poderia ser tuberculose.
     Então ela decidiu por tomar sulfadiazina e vitamina B. Aproveitou uma saída com um parente e, enquanto ele tratava de negócios, ela foi a farmácia e se automedicou, mas com o consentimento do parente,  porque não tinha diagnóstico.
     Passada uma semana, engordou meio quilo e mais uma semana mais meio quilo e conseguiu chegar aos cinquenta quilos.
     Começou a se alimentar e a ter fome de biscoito. Um pacote de biscoito por dia.
     _Se o biscoito cura, compremos biscoitos.
     À medida que se sentia melhor, às vezes tomava e às vezes não tomava a sulfadiazina. Não tinha médico porque não tinha doença, diziam que eram fraqueza de espírito, e por conta disso ela ía à igreja todos os domingos, o que era útil para mostrar para os comentadores de plantão que a substância exógena só poderia ser Deus.
     Seis meses depois se sentiu curada. A família se alegrava pelo ganho de peso e pela animação da jovem.
     Agora, com seus setenta anos, após um exame de rotina:
     _Verificamos que a senhora teve cisticercose há muitos anos, pois da doença sobraram cicatrizes antigas.
     Deus escreve certo por linhas tortas, assim como Paloma poderia ter morrido, não morreu. A sulfadiazina é remédio taxado de antibiótico e a venda é com prescrição médica. Os jovens que saem, hoje em dia, estão realmente expostos à todo tipo de substâncias, mas naquele tempo, não.
     Paloma está viva porque naquele tempo os pais conheciam os filhos e não dependiam da opinião alheia para confiarem na educação que davam.
     A relatividade da medicina é esta: não existe tratamento para o que não é doença.
       

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

A História de um Homem e a Sua Discussão Póstuma / Miniconto

A História de um Homem e a Discussão Póstuma

     Clarice disse que queria discutir a vida daquele homem mesmo após passados anos da sua morte.
     Raimunda, com seu jeito simples perguntou se estava tudo bem, porque o sol voltava depois da chuva e o lanche de queijo minas com broa estava delicioso.
     Clarice, mulher bonita e disposta a enfrentar o mundo por aquela discussão.
     _Eu quero conversar sobre a vida daquele homem sim. Eu posso, porque poucos acreditam em santos como eu.
     Raimunda, Testemunha de Jeová, não criou polêmica e disse:
     _Fale Clarice, que eu a ouvirei.
     Clarice ergueu o nariz e disse:
     _Pois bem, falarei. Ter nome de santo não obriga ninguém a ser santo.
     Raimunda disse:
     _Ah, bom. Pode dizer o que quiser. Eu até gosto de ouvir biografia, ou seja história que não seja minha.
     Clarice estava com olhos agudos e continuou:
     _Como é que um homem que tem dinheiro resolve viver em acordo com o nome do santo e esquece que tem dinheiro? Morreu num sofrimento espiritual muito maior do que teria se tivesse gasto o dinheiro que tinha.
     Raimunda arregalou os olhos e disse:
     _O que foi que aconteceu que eu não estou sabendo?
     Clarice amarrou os lábios nos dentes, mas disse:
     _Pois o santo foi cercado por gente que pensava no dinheiro dele enquanto ele mesmo levava uma vida humilde, a qual fora convencido a viver pelo nome do santo que inspirou o nome dele. Chegou ao fim sem realizar nada do que tinha vontade porque era incentivado e aplaudido por levar a vida de santo.
      Raimunda olhava e olhava para Clarice, que estava bastante irritada e disse:
     _Calma, mulher de Deus.
     Clarice se destemperou no mesmo instante:
     _Sim, a minha fé é imensa, mas garanto que se aquele homem tivesse tido um filho com qualquer mulher, e digo qualquer no sentido em que você queira entender, pois bem, digo que se aquele homem tivesse tido um filho teria tido um fim melhor.
     Raimunda disse que não havia entendido.
     _Aquele homem contrariou a Deus quando levou uma vida de santo quando o que Deus queria dele é que levasse uma vida melhor, com mais conforto, com mais sorrisos, com mais carinho. Ele errou e muito, porque a ele não foi concedido ter uma vida de religioso, e sim a conquista de ser apreciado enquanto profissional e conseguir alguns milhões em torno dos quarenta anos de vida. Após conseguir os milhões, ele achou que poderia levar a vida do santo a qual o seu nome inspirava.
     Raimunda achou que Clarice estava falando em excesso, e perguntou:
     _Por que isso, Clarice. Por que esse desespero todo?
     Clarice, visivelmente emocionada, disse:
     _Por que? Porque colocaram o nome dele no meu neto e eu amo o meu neto, ele é lindo, fofo, mas cada vez que eu brinco com o meu neto, eu lembro dele.   
  

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Cantinho

Cantinho


Lá fora o vento
Que muda o tempo
E me ensurdece,


Mas aqui dentro
Há movimento,
Enquanto aquece


 Esse meio-tempo


Que já aparece.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Corona Vírus no Brasil / Comentário

Corona Vírus no Brasil / Comentário

     Calma que o caso é um, por enquanto. No entanto, pode ser que aconteçam mais casos.
     Além do álcool gel, é preciso evitar aglomerações, principalmente as de público flutuante.
     Na época da gripe H1N1, lembro de tomar conhecimento de uma criança infectada. O local ficou fechado por um período de tempo até que não houvesse risco de contaminação.
     Pelo que assisto na televisão, é um vírus gripal, e ainda estamos no verão. Quando chegar o inverno é que a situação pode piorar, porque no inverno é mais fácil pegar um resfriado.
     Nos lugares quentes o problema é o consumo de alimentos gelados como sucos, iogurtes congelados e sorvetes, ou água gelada.
     Sem ser exagerada, e, ao mesmo tempo verificando que tinha um álcool gel do tempo da H1N1, comprei outra bisnaga de álcool gel.
     Naquele tempo da H1N1 era proibido se tocar num piano sem antes esfregar as mãos com álcool.
     Talvez ainda seja uma boa estratégia: lavar as mãos, enxugar com papel toalha e esfregar as mãos com álcool gel.
     Sem ser pessimista, imagino aqueles dias de geada com pontos de ônibus com filas imensas como nas praças da cidade e o transporte coletivo lotado. O corona vírus exerce o contágio pelo ar.
     Em filas de supermercado, não é raro ter contato com mais de vinte pessoas próximas umas das outras.
     Sem ser alarmista, o corona vírus se alastra rapidamente pelos países.
     Sinceramente, continuarei assistindo os cultos online, até porque foi assim que aprendi a gostar dos cultos.
     Daqui a algum tempo talvez seja preciso pensar em como evitar aglomerações.
     Há tempos se sabe que os vírus gripais são mutantes, mas dessa vez a situação é assustadora, com tantas mortes mundo afora.
     Exagero seria não pensar nessas possibilidades.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Poema Domingueiro

Poema Domingueiro


Fevereiro
E friozinho,
Casaquinho
Costumeiro


E ligeiro,
Levezinho;
Sotaquinho
Corriqueiro,


Bairro inteiro
Num cantinho
Bem quietinho,
Domingueiro.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Orquidário

Orquidário


Todo momento
É necessário,
Um dromedário
E um condimento;


Balanceamento
De um orquidário
Originário
De um argumento


Chamado tempo,
Bibliotecário
E humanitário
De um só contento.




domingo, 23 de fevereiro de 2020

Detalhe de Mulher

Detalhe de Mulher


Quem quiser
Sair que saia,
Libertária
Bem-me-quer.


Se aprouver
Se retraia,
Samambaia,
Ser mulher.


Ore a ser:
Se for praia
Se distraia.
Vou me a abster.
.


sábado, 22 de fevereiro de 2020

Pastel de Vento

Pastel de Vento

Parado ao tempo,
Pastel de Vento
Com recheio tanto,
Sabor de encanto


Que é passatempo
Congraçamento
De um por enquanto,
Porquê, portanto


Aturdimento
Do frio cinzento
Sem mais espanto,
Nenhum quebranto.


sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Viável é Ser Humano

Viável é Ser Humano


Essa busca constante
Pela brisa inefável
É igual ao semelhante,
E à todos agradável;


Alma e refrigerante,
Quem não os quer confortável
Sem ser mirabolante,
Ideal e memorável,

E quem não é principiante
Quando o tema é sociável,
De sorriso ao semblante?
É, o ser humano é viável.


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Tamborins

Tamborins


Ruas encaloradas
E cheias de bom humor,
Vontades e mãos dadas,
Mais água por favor,


Meio desacostumadas
E apressadas ao suor
Das têmporas molhadas
Mesmo à sombra do andor.


Ao feriado, viajadas
Nas cores de um frescor
De folia apaziguadas,
Vento e maré a favor.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Tempo e Pesquisa na Música / Pode Ser Entendida Por Vocês

Tempo e Pesquisa na Música / Pode Ser Entendida Por Vocês

     Estava com atividades e queria ter alguns minutos de lazer.
     Liguei o rádio, para tentar me concentrar numa canção.
     A canção, um rock americano, pareceu-me divertida e anotei algumas frases ótimas:
     "Eu não sou um idiote, foi Deus quem colocou esse sorriso permanente em mim."
     "Eu era só, mas agora não ando desacompanhado, Jesus está a meu lado o dia inteiro e se tornou um bom amigo."
      "Deus criou o universo e todas as coisas, mas fez algo bom além disso, me criou."
     Uma canção que parecia recheada de frases "nerds", com um sotaque de quem não pensa no que diz, mas totalmente religiosa.
     A estação era uma estação de rádio para o público jovem, ou para quem gosta de música pop-rock.
     Caminhei sob a garoa e me renovei.
     Sabe-se que algumas emissoras de rádio contém a lista das canções, com compositores e cantores.
     Faltou o tempo para pesquisar o nome da canção e verificar se a emissora funciona online e em que condições mostra a sua programação.
     Há canções que nos sensibilizam, nos animam, e gostamos de saber o nome das canções para procurá-las mais tarde na internet.
     Outras frases pitorescas estavam na canção, tais como:
     "Que Deus maluco me inventaria? Mas Esse foi com a minha cara."
     É melhor parar de contar. Será que eu encontro essa canção? Dificilmente ligo o rádio, preciso saber o nome da estação e pesquisar.
     Gostei de ouvir.
     Até mais, meus prezados leitores. 

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Discussão Sem Fim / Necessário Comentário

Discussão Sem Fim / Necessário Comentário

     Esse dia com algumas pessoas olhando para mim, teve sentido.
     Acho que ninguém é magro em excesso porque quer ou gordo porque quer.
     Penso que o melhor que pode acontecer é que cada um leve a sua vida normalmente.
     São tantas histórias de magros e gordos.
     Certa vez, numa casa lotérica, onde fui para pagar uma conta, um senhor estava em prantos porque a filha chegara aos vinte e cinco quilos simplesmente porque sentia-se gorda. Ela havia sido internada num hospital onde recebia alimentação parenteral.
     Várias conhecidas fizeram cirurgia para emagrecer, quase nenhuma diz sentir-se bem e, outras já engordatam novamente.
     Uma outra questão é que magreza e gordura não é questão de gênero sexual.
     Temos um conhecido que teve que fugir de um assédio sexual porque era magro e foi considerado aprazível por um grupo de homossexuais. Na época, ele tinha por volta de dezoito anos e fez questão de nos contar que não era gay, era magro.
     Com o homem gordo, não é muito diferente. Muita gente pergunta o mesmo.
     A partir desses casos, "eu" e mais ninguém, por favor não coloquem palavras em bocas alheias, cheguei à conclusão que deve-se excluir a sexualidade da gordura e da magreza.
     Já disse para muita gente a meu respeito: que já fui mais gorda e mais magra do que hoje.
     Conto que tenho problema de colesterol e que não como carne vermelha há tempos.
     Volto ao início do texto, onde todos querem levar as suas vidas de forma normal. Ninguém quer ficar contando porção de comida e nem quantidade de sal e açúcar.
     A partir dessa conclusão, cheguei a parâmetros que auxiliam muito, onde nenhuma salada é temperada e o que dá sabor é a cebolinha verde, algumas gotas limão e, algumas gotas de mostarda dietética, a qual foi preparada por técnicos especializados.
     Para queimar o colesterol, o açúcar fica em um docinho após a refeição.
     Nunca contei o número de frutas ao dia, quantas me derem vontade de comer. Outro dia, num blog seguidor, disse que a minha preferida era a manga. O que acontece se a manga for comida inteira, me perguntariam os leitores. A barriga fica ligeiramente dilatada, mas em algumas horas volta ao normal e o peso fica estabilizado, com uma sensação de saciedade ótima.
     Faço bolos sem açúcar e com margarina magra e leite desnatado. Os adoçantes culinários sdeixam os bolos com sabores excelentes.
     Esses bolos são úteis para quem não pode comer açúcar. Desde quando diabético tem que ser magro? A origem italiana fala mais alto na genética familiar.
     Outra questão que deve ser levada em consideração é o conceito de beleza. O que é a beleza, quando para quem ama o feio não existe. Não acredito que a questão de gordura ou magreza seja questão de autoestima, mas acredito que seja uma probabilidade de que se comam os problemas do dia a dia.
     Os problemas, às vezes, não têm solução, e o mecanismo da compensação grita quando se substitui o que não pode ser feito por uma comida.
     Nem deveria estar escrevendo sobre o assunto, mas tem muita gente magoada com as verdades absolutas sobre magros e gordos.
     Toda restrição alimentar é um aborrecimento, mas não como camarão porque sei que três camarões grandes equivalem a um bife de picanha, mas não digo que não gostaria de comer, mas que não posso.
     Falando de mim novamente, digo que eu me adaptei e que como bem.
     Também acho que é difícil lidar com as dificuldades dos outros, então digo que há boas maneiras para levar uma vida normal, à mesa.
     Se houver polêmica, não será minha, mesmo porque não entro em tecnicalidades, mas como ser humano que pode comentar a respeito de si prórpio.
     Grata a quem ler. 
      
        

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Subproduto de um Resumo

Subproduto de um Resumo


Subproduto de consumo
É o celular que gastei,
Que agora não é mais que insumo,
Desgaste do que comprei


Que se transformou em resumo
Inútil do que empilhei
Junto à mania de consumo,
Onde até modernizei


O improvável supra-sumo
Duma época, e o pendurei
Numa pochete, que assumo
Que não cabia o que hoje sei.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Ossos do Ofício

Ossos do Ofício


Ah, esse dever ser,
O ser responsável,
E ter que fazer
E ser criticável,


Mas se convencer
E se fazer viável
Em todo afazer,
O que é memorável


Mesmo sem querer.
Esse ser confiável
 Tem que se valer,
Que desagradável!



sábado, 15 de fevereiro de 2020

Estrela Cadente


Aquela estrela cadente,
Quando caiu deixou contente
Uma criança que sorria
Sem saber porquê pedia

Algo muito diferente:
A esperança a quem não sente,
Porque a sorte lhe sorria,
Porque a vida era um bom dia
Estrela Cadente


Que se dava alegremente,
Desse jeito, simplesmente.
Mas imaginar podia
Que essa luz a alcançaria

No lugar dessa nascente
Onde a luz se fez dormente,
Mesmo que fosse tardia
Para dizer que corria

Naquele céu incandescente.
Numa noite transparente,
E ela se fez de luz guia
Ao futuro que surgia

Sem que fosse condizente,
Trouxe a infância de presente
Sem perceber que chovia,
E o que diria a cotovia

A esse ser todo coerente,
Que a luz se faz num pingente
E que se torna alegria
No lugar onde se via.



quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

O Fato e o Balão

O Fato e o Balão


O que a gente não entende
Pode ter uma razão,
E no entanto surpreende
Pela motivação,


A qual nunca pretende
Ser mais que uma ilação,
Mas que, no entanto, tende
A ser realização.


E esse fato compreende
Porque nele há tensão,
Atenção ao que suspende;
Pensa logo num balão.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

Memórias de Dona Sinhá com Seu Sinhô / Outras Questões

Memórias de Dona Sinhá com Seu Sinhô / Outras Questões


     Um menino pergunta ao pai sobre a Segunda Guerra Mundial:
     _Como foi que começou essa guerra?
     _Eu tinha seis anos de idade à época, pois nós éramos um país de mestiços e todos estavam apavorados. Miscigenados desde a origem do país, o que seria de nós se a raça pura ganhasse a guerra? Temíamos pelo pior.
     Ao responder, uma lágrima escorre no rosto do homem de mais de cinquenta anos. Olhou para o garoto e disse:
     _Viu o que você fez?! Eu não choro desde os trinta anos, quando perdi o meu pai.
     Havia uma senhora ao lado desse homem, e era a Dona sinhá, que interrompeu a conversa:
     _Eu tinha também seis anos de i9dade quando estourou a Segunda Guerra Mundial. Toda a cidade se reuniu e meus pais foram à reunião. Muitas medidas foram tomadas para proteger a cidade, e decidiram que seria preparado um teatro para toda a população, e era dedicado em especial às crianças, que deveriam assistir as peças obrigatoriamente.
     Dona Sinhá continua a explanação:
     _A peça tratava de uma menina que passava a frequentar os locais para levar informações . Ela fazia intrigas, destruía as coisas e se arriscava para obter informações. Nós torcíamos por ela para que escapasse das encrencas em que ela se metia, mas ela era má e eu era uma boa menina e não queria agir como ela, afinal eu não queria e não era educada para enfrentar uma invasão à cidade.
     Naquele momento o Brasil se perguntava quem eram e o que eram os brasileiros. Isso é uma longa história, e por enquanto ficam os fragmentos de duas memórias de duas crianças de seis anos de idade quando estourou a Segunda Guerra Mundial.


     Esse miniconto não é um plágio do conto Memórias de Dona Sinha, é uma intervenção literária de outro ponto de vista, tão válido que até se torna essencial publicá-lo.

     Grata, Toninho.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Brevidade

Brevidade


Importa o que ficou
E o que há por se fazer
Se o que era se acabou,
E há algo a permanecer,


E é o que se ressaltou,
O que há a se enaltecer,
Portanto se guardou
Para sobreviver


Ao tempo que passou.
Porque há que se entender
Que um sabiá sobrevoou
O céu sem o saber.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

Significados

Significados


Como são ousados
Significados
De espelhamento
Ao pensamento,


Sutis e acuados,
Ou recusados,
Mas sentimento
De um novo tempo,


Quando são usados
E repicados
A seu contento
E ensinamento.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

Foco

Foco


Como exigir o que não posso,
Se com o sal eu nada adoço,
O que é um maltrato à sensação
Quando todo o sabor é vão,


Mesmo se for feito o tremoço
Na louça, salmoura do insosso
Sem vontade e satisfação,
Pois não passa de proibição.


E um desperdício de alvoroço
Seria fazer do que não posso
Uma tola desatenção
Ao que pede a realização.   



sábado, 8 de fevereiro de 2020

Coisas de Uma Época

Coisas de Uma Época


Se ninguém ouve
Um pé de couve,
Uma verdade
É raridade,


E que se louve
A quem aprouve
Tal seriedade
Pela vontade


Que a bem lhe coube
Dizer. Houve
E há essa bondade
Por amizade.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Secura

Secura


Lágrima seca,
Mas que arde ao cair
Em mão que é espessa
Por não sentir


Que a chuva é crespa
E tem que fluir
P'ra que amorteça
A dor a advertir


E fortaleça
Todo o existir;
Mas que adormeça
Ao não convir.



quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Sobre o Mal Intencional / Reflexão

Sobre o Mal Intencional / Reflexão

     Desculpem o atraso da postagem, mas tive que fazer algumas pesquisas tendo em vista o bem estar, não somente o meu, mas dos leitores também.
     Ainda ontem comentei que aconselha-se a ninguém praticar o mal por intenção. Observe-se que falo da maldade, não dos crimes porque nada entendo  de direito.
     As pessoas não devem praticar o mal porque o proveito que dele pudesse tirar se transforma em outras sensações que não são boas para elas mesmas.
     Por que algumas pessoas são más, eu me perguntei. Porque sabem de todos os efeitos consequentes desse mal. Esse é o primeiro resultado da pesquisa.
     A primeira conclusão a que cheguei foi que nada custa pesquisar os sintomas para chegar a uma causa, como se fosse um diagnóstico médico.
     Em conseguindo a causa, a pesquisa continua de forma científica.
     Cheguei a uma segunda conclusão que é a de que quem pratica a maldade tem como objetivos, além da maldade por ela mesma, uma condição subsequente psicológica.
     Segundo a pesquisa, as amígdalas fecham, o indivíduo fica concentrado em si mesmo e perde a memória periférica, ou seja, a pessoa tem pleno conhecimento do que está fazendo, mas não se concentra em nada à sua volta.
     Se o que está escrito no parágrafo acima está acontecendo com o leitor, verifique o que se passa em sua vida e se há motivos reais para tal acontecimento.
     As pesquisas indicam uma outra conclusão, que é a de se permitir fazer exames físicos de uma determinada situação, porque somente a partir da realidade constatada é que se pode melhorar. Antes de partir para aconselhamentos, seja na igreja, ou seja com amigos, constatar a própria realidade pode ser de grande ajuda. Porque se melhor consigo próprio é uma vocação humana, mas sem condescendências, ou seja sem a autodepreciação de ignorar o que se passa.
     Por que escrever sobre o mal, o leitor (a) pode perguntar, e eu respondo que muitas pessoas se interessam em mostrar o seu lado mau para se defenderem do mal. Pergunta-se sobre quem não tem esse interesse ou vontade, como reage?
     Não se deve reagir com o mal contra a maldade, mas não se pode permitir aceitar e entronizar a maldade como parte da existência de quem é bom.
     Essa conclusão é bastante interessante, a de que quem sofre o mal, deve pesquisar as reações de outras pessoas que sofreram o mesmo mal e o aconselhamento ou a resposta que elas mesmas deram e os resultados de melhora e superação que conseguiram.
     A racionalização é um modo de defesa válido, mas se for possível raciocinar em cima de um sintoma e uma causa é melhor ainda.
     Um pouco de lógica não faz mal à ninguém e, partindo-se de um conceito onde A leva a B que leva a C, quando o seu computador quebrar, você conseguirá uma alternativa viável.
     Haja raciocínio, haja pesquisa, porque é assim que se pode resolver problemas.
          

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Despertador

Despertador


De certa forma
Essa rotina
É o que me ensina,
Quando me acorda


E se transforma
No que fascina,
Numa buzina
Que se contorna


Sem ser norma;
Numa vitrina
Que raciocina,
Mas não conforta.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Apontamentos

Apontamentos


Apontamentos
Interessantes
São dos momentos
Mais relevantes,


E nada isentos
E nem farsantes
Dos pensamentos
Aos meios constantes

Dos assopramentos
Intercalantes
Dos calçamentos,
Mas cintilantes.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

Poema À Anunciação

Poema À Anunciação


O anjo fiel anuncia à Maria,
Que dará a luz certo dia,
Sem questionar seu regedor
Porque viria o seu Salvador.


A interpretação se faria
Por toda a vida e viveria
Em função desse seu Senhor,
Por respeito, afeto e temor


A este céu que a ela se imporia,
Porque ela se fez moradia
 Sem conhecer o seu Senhor;
Lágrima casta do seu amor.

domingo, 2 de fevereiro de 2020

Paisagem

Paisagem


Há que aparecer
Esse renascer
De se acreditar
Na chuva, ao espelhar


Que a flor vai nascer,
E que o florescer
Será p'ra enfeitar
Um jardim a achar


Que está a espairecer,
Quando está a entreter
A quem caminhar
Por passarinhar.


sábado, 1 de fevereiro de 2020

Poema Autoexplicativo

Poema Autoexplicativo


O espelho daquele tempo
Mostra também os acertos
De dizer não ao contratempo,
Embora venha em excertos;


Desbotado estranhamento
Típico dos introversos,
Mas cheios de contentamento
Porque são sem controversos,


Lírico dissernimento
De sentimentos despertos
Ao velho melhoramento
Que agora são apenas versos.