Depois das Lives

      Algo há de ficar das inúmeras "lives" assistidas durante a pandemia.

Estamparia

Estamparia

De novo, o desafio

 Que subleva à baldia,

E obriga ao corredio

Tempo, e pouco já havia;

 Sabendo-se sadio

E novo, mais seria

Fantasia de um vazio,

Modificando o dia,

  Mas vindo,  não é arredio,

É o que não se fazia

Do agora, coloriu,

 Traçou uma estamparia.

 

Harmonização

Harmonização

Aprendo na estrada,

Desobrigação

Que é a alegria do nada

De onda e evocação

 Indisciplinada;

Ao errado, à entoação

Muito encalorada,

Natural fração

Do tempo na estrada

Em repetição

Até a concentrada

Harmonização.

 

Pensamento Frio

Pensamento Frio

Vitrine, vitrine,

Me desanime,

Porque vai esfriar

 E há o telecine,

Mas que me ensine

A me esquentar,

E que me afine

Por caminhar.

Psicodélico / Crônica do Improvável

 Psicodélico / Crônica do Improvável

     Passeio na sala dos espelhos.

     As roupas não me servem. Preciso comprar roupas, não bastasse a estranha mania de as comprar aos poucos todos os meses.

     Compro os vestidos da minha mãe refeitos em blusas, cinquenta reais cada uma.

      Snoopy sorri, ha ha ha, mas eu compro uma blusa.

     Entro numa loja de surfe e verifico que está à venda uma blusa semelhante a que tenho no armário, mas o armário não estava na sala dos espelhos. Compro de novo a blusa da mesma cor e tecido que está no meu armário, mas com o drapeado que a minha mãe gostava.

     Vou para outro espelho e vejo algumas brasileiras sendo muito rigorosas em questão de nome próprio, e me emociono ao ver a menina Gaia, italiana, ouvindo que aproveite para ser feliz antes de ir para a escola, pois sem Maria ou Ana no nome, não formará panela. Parece que outros lugares são mais generosos com as crianças.

     No espelho do café, vejo o menino que será de um jeito típico e familiar, história de rir.

     Faltam roupas. Entro numa loja americana e encontro as calças que caem como luva, tão baratas quanto as blusas.

     Preciso das blusas da minha mãe. Agora Snoopy está acompanhado de Lucy. Lucy sorri ha ha ha ao lado de Snoopy ha ha ha.

     Deixo a saudade fluir. Compro mais uma blusa com a malha macia do vestido que minha mãe usava.

     Como pão com marmelada e lembro que o meu pai comia pão com goiabada, porque marmelada era coisa de português, mas só tinha marmelada, e com saudade da goiabada como a marmelada.

     Outro espelho embaralhava a visão mostrando o caipira brasileiro comparado ao original não muito diferente, penso que se o caipira nacional foi fabricado no exterior deveria ter etiqueta de origem internacional, igual, igual.

     Noutro espelho me vejo como seria se não fosse, e essa minha irmã que nunca tive, com roupas semelhantes, depois das blusas que comprei da minha mãe, diz a filha, também parecida comigo, para que me ceda a vez, posto que as senhoras, sejam casadas ou solteiras merecem o lugar preferencial perante os jovens.

     Ela me assusta pela semelhança visual e da barriga adquirida do pão com marmelada.

     Estou nessa sala dos espelhos, quando aparece um motorista de táxi, que trabalhou em Santa Catarina por muitos anos e oferece um passeio de excursão privativa para mostrar os melhores pontos turísticos.

     Eu rio, mas penso ser um passeio Barra Velha a Florianópolis, em Santa Catarina, de táxi,  e acaba a saudade.

     Fico feliz por Snoopy e Lucy continuarem a rir ha ha ha.

     Outros espelhos ficarão para uma próxina oportunidade.

     Grata pella leitura. Bons espelhos para vocês!

    

      

Condição Poética

 Condição Poética

A inspiração,

É um poema no ar,

É a sensação

De em si restar,

Por condição

Desse soprar

À inteiração,

E sublimar

Uma oração

Ao continuar,

Por ser um pão

P'ra alma, e saciar.

Poema Espacial

Poema Espacial

Contar

Compasso

E voar.

Viajar

Num traço

De ecoar

É andar

No espaço.

 

Fim de Tarde

Fim de Tarde

O tempo flutua,

Sempre relativo

Ao sol e à lua,

Mas não cansa ou sua,

Por ser prestativo,

 Segue e continua

Numa eterna rua,

Participativo.

Questão de Crença

Questão de Crença

Nada a dizer

À indiferença,

E sem prever

O amanhecer

E a renascença

Casual ao ser;

Questão de ser,

Questão de crença. 

Envolvimento

Envolvimento

Por não saber,

E sem querer,

O engano ocorre,

Mas sem se abster

De conhecer

Que o tempo corre

A te envolver

Envolto em torre.

 

Hora de Dormir

Hora de Dormir

Feliz hora de dormir, 

Porque há que prosseguir

Ao amanhã, e ao porquê confiar

Num possível caminhar,

Pois o caminho  há de vir

Ao acordar e refletir

Aonde se vai e respeitar

O primeiro espreguiçar

Ao dia, depois de dormir

Um sono a se repetir,

Eis que amanhã é esse acordar,

E a partir de, em si, reinar.

Dificuldade

Dificuldade

Esperar

A paciência

Doutrinar

A guardar

A consciência,

E pausar,

Mas pensar

Com prudência.

 

Gostaria / Reflexão

Gostaria / Reflexão

     Eu gostaria de ir comprar um lanche às oito e meia da noite num dia qualquer de semana, mas seria tão fora de hábito, que todos estranhariam.

     Nem se tivesse um cachorro à tiracolo, seria normal, mas não significa que não seja normal.

     No entanto, se algumas lojas estivessem abertas, com pessoas normais a saírem à noite e comprarem os seus pães da última fornada, seria hábito, e enquanto hábito normal da cidade, certamente que eu sairia e caminharia duas ou três quadras para comprar até uma pizza no balcão de um disque-pizza.

     Seguem-se os hábitos e costumes da região onde se mora, e não se inova porque é desaconselhável inovar.

     Em outros lugares, também é desaconselhável inovar.

     Viver na ambientação, além de adequado, dificilmente traz dificuldades para quem pratica os hábitos e costumes de uma determinada região.

     Do que se gosta, se gosta em qualquer lugar, e do que não se gosta, não se gosta em qualquer lugar, mas além disso, há modos sobre os quais pensamos não gostar, mas gostamos.

     Caminhar após o jantar é algo salutar, quando em ambiente seguro, e é preferível não jantar do que saber-se em ambiente inadequado para uma caminhada após a refeição.

     Outro hábito existente em cidades quente, é o do caminhar para passear à noite, sem precisar, mas pela benevolência de ver outras pessoas, seja nas filas das sorveterias, seja para olhar as vitrines iluminadas.

     Depois da pandemia, que anda dando voltas pela população, é bom conversar com pessoas diversas e distintas, sem a credulidade de ver o mundo como fonte de bondade inesgotável ao ser humano.

     No entanto, uma caminhada de três quadras a pé e sozinho, com a certeza de voltar sem ser importunado ou importunada, é difícil, e a realidade deve ser observada com atenção.

     Muito se gostaria que fosse possível, mas não é, e se não é, não se deve fazer.

     Cada lugar é um lugar, com seus hábitos e costumes, e deve-se aprender a conviver com essas diferenças.

     Necessário é convencer das diferenças de cada região da cidade, das cidades, dos hábitos e costumes diferentes, para que todo e qualquer ideal de bem viver seja possível.

     Grata aos leitores que visitam o blog.  

Tempo Doido

Tempo Doido

Persistir

No que existe,

Mas não triste;

O devir

Vem por vir,

Mas não insiste,

É um alpiste

A sorrir

Ao ir e vir,

E consiste

Em chiste.

A se incluir. 

Acontece

Acontece

Acontece

Que me aquece

Com calor,

Que merece

O que tece

Sem calor;

O frio desce,

Cobertor.

 

Área Cega

Área Cega

Área cega

Ninguém nega

Um não se ver

E não saber,

Porque se agrega,

Ao ser colega

Do outro a crescer

A alma ao saber

Desta área cega

Quem se trafega

A conhecer

De si e se abster. 

Momentos de Felicidade

Momentos de Felicidade

De vez em quando

Um rouxinol

Vem assobiando;

De vez em quando,

Ouve-se um gol

Comemorando;

De vez em quando,

O dia é de sol. 

Caminhos

Caminhos

Ao se ver

Refletido,

Se entender,

Ser por ser

Caminho ido,

E estender

O saber

Conhecido.

Café Impactante / Crônica do Cotidiano

 Café Impactante / Crônica do Cotidiano

     Entrei na cafeteria e logo vi a moça deitada no chão de piso marmorizado. Uma moça de vinte e poucos anos, com cabelos lisos, castanhos, e comrpidos, com roupa jovem.

     O chão era muito limpo e ao lado dela estavam três socorristas em seus uniformes.

     Dirigi-me ao caixa e pedi o café com vontade de perguntar o que tinha acontecido.

     Olhei para trás para ver se não havia sangue no chão, ou algum sinal que mostrasse algum crime, e nesse momento, os socorristas, duas mulheres e um homem, terminavam de colocar os eletrodos e ligavam o desfibrilador cardíaco.

     Não perguntei nada. Tomei o café observando o desfibrilador na moça e os socorristas.

     Não adiantava ficar ali. Levantei-me para sair e pensei em fazer uma oração. Pensei em quão triste era presenciar a morte daquela jovem, mas quando pensei, a moça abriu os olhos e começou a se levantar.

     Os socorristas a seguraram nos braços e costas, pedindo para que ela se sentasse vagarosamente.

     A jovem estava com um olhar de quem acaba de acordar, e olhava tudo a sua volta estranhando as pessoas e o ambiente.

     Com vontade de me emocionar, agradeci a Deus e pedi para que Ele cuidasse dela, mas saí imediatamente do café.

     Nesse momento é que se sente a vida com um  estranhamento indizível.

     Até então não havia presenciado o ressuscitar de alguém, embora soubesse de Cristo, mas ao vivo é impactante.

     Sem mais palavras, agradeço a leitura.  

Avoada

Palavra

Cuidada

É lavra,

É a praça,

Que alada

Destrava

Toda asa,

Avoada.

 

Dia Filosófico

Dia Filosófico

Como seria

Este meu dia,

Que é diferente?

Não saberia,

Mas é este dia

Mesmo coerente;

Filosofia

Do irreverente.

 

Mundo Gira

 Mundo Gira

Voltas

Soltas

Giram

Toucas,

Roupas

Viram.

Ocas

Miram.

Ego

Ego

A sede

À rede

Com água,

Não mede

E impede

A mágoa,

Mas pede

O afago.

 

Feliz Dia das Mães!

 

Feliz Dia das Mães!

     Não leio nada em posição errada, enfim, meio deitada, meio sentada, com óculos e mão segurando o rosto embaixo do queixo, então nem me queixo, mas peço desculpas aos leitores pela ausência forçada.

     Nada como um pão dágua com queijo e fiambre (tenho que me chamar atenção pelo fiambre desnecessário), com café com leite.

     Tudo que o meu bem estar precisa para se sentir bem.

     Como é difícil se conseguir a simplicidade nos dias de hoje!

     Neste período, que foi necessário, reencontrei o pão 'dágua, sem segundos nomes modernos.

     Percebi que a modernidade cobra caro, e fiquei melhor ainda com a ausência da modernidade. Andei, e observei que a simplicidade é boa companhia, e que as padarias são grandes amigas enquanto se espera deixar-se em ordem.

     Nem todas as histórias são bonitas como se desejaria, filosofou alguém noutra mesa com algum conhecido.

     Presenciei um pai abraçando o filho e dizendo que estava bem por ter tido uma conversa necessária com o jovem, e estavam os dois e mais ninguém.

     Consegui rir com um pai carregando a filha pequena com uma coleira própria para crianças, mas a menina olhava para tudo que a interessava sem que o pai visse.

     As mãe e os filhos, filhas, maridos e sogras no Shopping, estavam com saudades das comemorações.

     Cheguei à conclusão que precisava do mal estar para reparar no que importa para mim.

     Sorte ou não, percebi como seria se assim pudesse ser, e vesti uma blusa da mamãe.

     Fiquei bem, divertidamente bem.

     Feliz Dia das Mães!  

Reinvenção

Reinvenção

Para mudar o perfil,

Precisa-se de um refil

Reparador da expressão,

Que preencha a motivação,

Mas não a partir de um ardil,

Num estilo adepto ao frio

Que consiga a aquietação

De um inverno, esta estação

Desmascarada ao vazio

Pálido ao sol arredio

Que precisa a situação

Passada; uma reinvenção. 

Divertimento

Divertimento

Mudado o tempo,

Divertimento

Caminha ao lado,

E acompanha o tempo

Rápido ou lento,

Mas motivado

A ser momento, 

E caprichado.

Quituteira

Quituteira

Quituteira

De manjar,

Saboreia

Volta e meia

A provar,

E meneia

Em candeia

O seu olhar.