Naquele dia o mundo parou para ouvi-los.
Laura havia passado a noite na sala tomando vinho. Um vinho bem classificado pelos gourmets. Juliano dormia no quarto com o sono entrecortado. Ele não entendia aquela atitude vinda da mulher.
Juliano levanta cedo, lembra que é adulto e tem 29 anos de idade, tem duas filhas para sustentar e é o responsável pela empresa de auditoria que ele e a mulher montaram. A empresa tinha bons clientes e ele não iria faltar para atender um dos caprichos de Laura. O café da manhã não estava pronto e a empregada havia sido dispensada do trabalho. A mulher está em frente à televisão e finge assistir o jornal da manhã a fim de ignorar a presença do marido.
_Laura, o que você está fazendo? Temos que acordar as meninas e levá-las para a escolinha. Temos que correr. Parece que a moça não vem para nos ajudar.
_Leve você!
Juliano percebe que algo está errado com a mulher.
_O que aconteceu?
Ela, insone e com as emoções à flor da pele, diz:
_O que aconteceu? Como? Você não sabe o que aconteceu? Aconteceu você!
_Eu? Você levou muita sorte, eu levanto cedo, sou seu sócio, assumo os negócios que nos sustentam, volto para casa junto com você, te ajudo a colocar as meninas na cama e depois te levo para a cama. O que você quer mais?
Laura o fita com ar de sarcasmo:
_Ocorre que eu fui criada em ótimos colégios, convivo com as melhores famílias. Ah, você não entende que podemos ter um padrão de vida melhor e, você, o meu sócio, não permite!
Juliano argumentou que o padrão de vida que eles tinham era digno dos elogios da sogra e, olha que a dona Susete não era mulher de dar colher de chá para genro nenhum.
_Laura, contenha-se.
_Eu, me conter? Você quer mesmo saber o que eu penso? Estou cansada dessa vida de matrona aos vinte e cinco anos de idade. Eu quero aproveitar a vida. Eu não combino com o tipo de mulher ideal. Você sim, você faz o gênero bom marido!
Juliano perdeu a paciência:
_Laura, fique calada! Eu tenho que abrir a firma e não quero discutir agora.
Laura pega a taça de vinho embaçada da noite amanhecida e o joga na parede perto de onde ele está. Depois, dirige-se a ele com palavras de baixo calão.
Juliano a segura, pega as chaves do carro e sai.
Passados dois meses ele volta, para na porta, mostra a autorização judicial para levar as meninas para passearem na casa da mãe dele. Ela chora e não quer deixar, mas arruma as meninas e as vê entrando no carro do Juliano.
O casamento acabou no litigioso, a empresa também. Ele deixou a empresa para ela criar as meninas e arrumou outro emprego. Ela toma vinho e vive a vida que desejou.
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