Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Uma Hora

Ela acordou naquela segunda-feira bem disposta. Tomou banho e tomou o suco de laranja com
granola. Quando saía de casa a mãe perguntou:
_Já vai filha?
Ela disse que sim e foi ao ponto de ônibus. O motorista disse bom dia a ela. No veículo haviam
apenas cinco passageiros. Desceu no centro. Dirigiu-se ao escritório. Era a primeira a entrar no local
de trabalho. Os seus colegas chegaram atrasados.
Ela adiantou o serviço para ir ao banco antes do almoço. Chegou e sentou-se esperando a sua vez
de ser atendida. Estava apreensiva com medo de perder o horário de almoço quando a senhora que
estava ao seu lado disse que eram dez horas e cinco minutos. Ela disse que no seu celular já eram
onze horas da manhã.
_O horário de verão acabou ontem à noite. Disse a senhora ao lado.
Naquele momento ela se deu conta de que ela perdeu uma hora para o resto dos seus dias. Ela
tinha uma hora inteira para gastar no que quisesse. Uma hora vazia. Ouviu sugestões, mas não
aceitou nenhuma delas. Ela tinha uma hora para pensar na sua vida e no rumo e sentido que
desejava para si. Perdera uma hora de sono, perdera uma hora para conversar com a sua família e
perdeu o café com leite quentinho na cozinha de casa. Conheceu o motorista do ônibus, viu
paisagens que quase nunca tem a oportunidade de ver com o ônibus lotado, caminhou por ruas com
cheiro de amanhecer, viu pessoas com rosto descansado, crianças e mães brincando nas praças.
Abriu o escritório, trabalhou tranquila com toda a concentração desse mundo. O chefe deu
permissão para ela sair e ir ao banco. Ela voltaria ao escritório após a hora do almoço.
Na fila do banco descobre que o fuso horário mudou. Ganhava uma hora para si e estava sem
saber o que fazer com essa hora perdida e achada ali. Saiu do banco. Não era hora de almoço, não
tinha que trabalhar naquela manhã. Olhava as vitrines das lojas sem interesse. Tudo o que queria era
se encontrar com o relógio e afinar os ponteiros de acordo com o novo ritmo. Hora perdida, hora
ganha, hora para se encontrar consigo mesma. Esperou o tempo do relógio passar sentada em um
café. Encontrou-se em um pão de queijo com chá na cafeteria mais próxima do banco e sentiu-se
bem.

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