Sessão de Desapego / Crônica Para o Dia da Mulher
Esse termo não é meu, é de uma conhecida, que por sinal, gosto da simpatia.
Graciele é boa em papo furado, trabalha muito e não deixa para depois, diz o que tem que dizer na hora.
Outro dia ela veio contando que havia feito uma sessão de desapego na casa dela.
Eu fiquei de certa forma, preocupada com ela.
Ela, naquele jeito dela, me explicou de uma forma didática.
_Amiga, sabe aquele sapato, que você viu na vitrine e achou lindo e comprou. Depois, quando chegou a hora de colocar o sapato em uso, ele te cortou o pé. Hoje joguei fora. Eu tenho um par de sapatos que me corta os pés cada vez que os visto e fico com ele? Para quê? Não tem sentido. Mesmo que eu não tenha dinheiro para comprar outros novos, eu tenho sapatos mais confortáveis que aquele. Coloco meia-sola, peço ao sapateiro para tratar o couro do sapato e ando confortavelmente.
Graciele tinha toda a razão.
Conversa daqui, conversa dali e perguntei se ela tinha posto fora muitas coisas.
_Joguei fora tudo o que não posso vestir. Eu tinha uma blusa, estilo camisa feminina, que quando eu vestia parecia que eu não podia respirar. Falando francamente, eu vestia a blusa e me sentia uma galinha de angola dizendo que estava fraca. O que é que é isso, amiga? Botei fora.
A conversa dela estava muito agradável e eu a escutei dali em diante.
_Amiga, a gente não se veste para sofrer! Posso consertar os meus sapatos e customizar algumas roupas fora de moda, mas apertada feito uma salsicha é que eu não saio mais. Nessa vida a gente tem que se desapegar de tudo, principalmente do sofrimento desnecessário. Joguei a blusa antes que houvesse convite para uma festa na qual eu não me divertiria porque estava com uma blusa bonita e justa como se estivesse usando um espartilho. Diga-me se eu tenho razão!
Graciele tinha toda a razão.
_Por que é que nós mulheres temos que vestirmos desconfortavelmente para fazermos boa figura na festa, quando podemos alugar uma roupa incrementada e nos sentirmos bem? Hoje fiz um desapego geral na minha casa.
Perguntei se havia sobrado algum móvel dentro da casa dela, para ser educada e não tocar no assunto das roupas.
_Sobraram, os móveis estão todos lá em casa. Por enquanto. Agora, quanto às roupas, usarei as que me servem bem. Você não sabe o que é tirar o pó de sapatos que não te servem bem! É um estresse. Tomam o espaço que a gente teria para sair e se divertir e, ao invés disso, temos que polir algo que não nos é útil, que sabemos que não vestiremos mais, que deixam as unhas encravadas formando feridas desnecessárias. Eu preciso de roupas que, além de me deixarem bem na foto, me permitam respirar a plenos pulmões, se é que eu ainda os tenho depois de falar desse jeito.
É isso aí Graciele! Força para você!
Feliz Dia da Mulher.
2 comentários:
Oi, querida Yayá!
Ao ler sua cronica, "me vi" de certa forma na sua amiga!
Porém,vou te confessar, tenho muita dificuldade em "desapegar" das minhas tralhas!
Felicidades para você nesse dia, e em em todos os outros!
Beijos!
E esta crónica além de ser bela
traz a simplicidade
que tanta falta nos faz!
Parabéns Mulher!
Maria luísa
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