Conversa Jovem / Crônica de Supermercado
Hora tranquila, não tinha fila. Dois jovens conversavam alegremente.
_Eu acho que a Josélia está ficando faceira comigo. Você acha o que?
O garoto perguntou à garota, que disse que achava que sim.
E a pobre da Josélia, que eu não sei quem é aos poucos teve os seus adjetivos exagerados.
De faceira à assanhada foi um pulo.
Eu ria, mas não era para rir.
Dali a pouco, o jovem perguntou à jovem, dizendo:
_Se eu achar que ela está assanhada comigo, eu até falo com ela.
Ai meus ouvidos.
A Josélia estava numa situação delicada. No entanto, ela não saberá disso, embora todos os caixas saibam e os fregueses também.
Além de jovens, tolos.
Cadê a Josélia? Quem é essa tal de Josélia? Eu sei que ela ficou famosa na fila do supermercado. Pobre Josélia! Que ninguém sabe quem é e que tem um pretendente à sua espera e uma amiga ciumenta querendo namorar o apaixonado dela.
A juventude é essa vontade, essa alegria, nessas exacerbações juvenis.
Não importa, respirei ar fresco, desses que faz a gente acreditar que o mundo tem jeito, apesar da Josélia, que eu fiquei com vontade de conhecer, de ter uma ideia sobre quem seria essa Josélia. A Josélia precisa saber, mas eu não sou de disse-me-disse, então nada posso fazer.
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