Fazia calor naquela noite morna de outubro. Ariadne adormeceu depois do banho.
Sonha que acorda e vai se arrumar para sair. A se ver no espelho preparando-se para lavar o rosto, surpreende-se com os cabelos esbranquiçados.
_Esse tom de cabelo está me deixando com a aparência muito madura. Tenho 52 anos e aparento sessenta.
Liga o rádio enquanto toma o café da manhã. As músicas têm um ritmo diferente de todos os que ela conhece.
_Hoje será um dia difícil, pensa de novo.
Termina de se arrumar e sai. Está escuro, são cinco horas da manhã, as luzes das ruas estão acesas e não encontra nenhum conhecido no trajeto.
As ruas, aos poucos, lotam de veículos diversos. Vem à mente as reuniões que frequenta. A Glória, sua amiga, é generosa em convidá-la para o bate-papo, mas ela não tem nenhuma intimidade com o grupo que se reúne para sair às sextas-feiras. As saídas são aborrecidas e enfadonhas embora signifiquem a vida social obrigatória.
_Estou implicante hoje. Eu não era assim antes dessas reuniões na petiscaria. Se fosse possível, não iria mais. Foi o grupo no qual eu entrei sem pensar se realmente iria gostar. O que será que eu tenho hoje? Será que estou doente? Mas o médico disse que eu estou bem! Mas que eu acho doença correr uma hora antes de jantar com o intuito de ficar em forma, acho. Digam o que disserem, são reuniões aborrecidas. Não é a minha turma, é a turma da Glória.
Toca o despertador. Ariadne acorda cansada de sonhar. Levanta e ao lavar o rosto sente-se aliviada dele estar igual ao da noite anterior.
Liga o rádio e as músicas são as mesmas do dia anterior. Ao preparar o desjejum repara que o calendário do celular não mudou a data e marca o dia de ontem. Ariadne segue a rotina pensando que não havia visto o calendário do celular no dia de ontem.
Ela chega a sua casa e quer tomar um banho. Toca o telefone: sua amiga Glória a convida para participar de um grupo que se reúne às sextas-feiras. Ela agradece e diz que prefere outro tipo de diversão.
Passam-se quatro anos. A rotina da manhã prossegue. Na estação de rádio promovem o cd de um novo talento que está fazendo um pré-lançamento do cd que será lançado no ano que vem. Aquelas músicas que ela ouvira em sonho, hoje estão nas rádios.
Ariadne está certa que o futuro foi modificado e essa certeza traz ao presente a vontade de acreditar que o impossível não existe.
18 comentários:
Estou colhendo cada gota de esperança pra transbordar em versos de felicidade.
(Sirlei L. Passolongo)
Beijos e o meu carinho....M@ria
Parece que já vi esse "filme" Yayá!
Beijos
Adoro sua criatividade Yayá.
No tempo do impossível, me deixou perdida, não sei se estou no passado, no presente, no futuro ou no impossível...será que ele existe?
Fico admirada com pessoas como você,que tem o dom da escrita, que nos leva junto e ao mesmo tempo que nos esclarece algo, nos confunde.
Pra resumir, gostei e muito.
Beijos de uma deliciosa noite.
Yayá, Socorro!! Uma parte do meu retrato!! rsrs... Amigas + Encontros... indesejáveis muitas vezes... uma certa Glória no meu caminho...+ cabelos brancos... + presente buscando o passado e revirando-se para o futuro... o meu tempo é o possível sim!! Calendário em dia! Gostei... dei tratos ão meu real! Abraço, Célia.
Lúcia, eu também. Esse filme seria a volta ao presente:)M@ria, grata. Majoli, obrigada. Um abraço a vocês, Yayá.
Boa noite querida...profundo e real, parece que estamos nos vendo em algumas stuações...bjin
Muito bom este texto.
Um beijo grande
Parece que apanhaste um pouco de cada um de nós nesta pintura de palavras e vida.
Beijitos para ti
Muita sensibilidade a sua diante da vida e ainda podes através da escrita passar para todos nós essa reflexão!
Realmente todos nós temos essa sensação de que a vida passou e não fizemos o que pretendíamos, ou até se somos assim ou "assado",se estamos no nosso desejo realizado de verdade ou se sonhamos e acordamos, vendo se valeu a pena ou não, quanta confusão, enfim...!!!
Lindo, adorei ler e parabéns, beijos em seu coração!
Ivone poemas
henristo.blogspot.com
PS. Obrigada por suas visitas e comentários em meu blog, espero que sejamos amigas, pois em meu espaço considero todos meus amigos queridos!!!
Gostei do conto, confesso ter ficado um pouco confuso, contudo, quem se acostuma com a rotina, sem mesmo pirar um pouquinho no tempo e espaço do cotidiano, não é mesmo?..rs.
Att.,
Luks
Me gusta tu entrada amiga, muy reflexiva, espero tengas un buen finde.Besitos.
Oii, vim lhe deixar um abraço..
Bj, ótima sexta
Keila M.
Gostei muito e me senti no meio da 'trama'
bjs meus
CAt
Querida Yayá...
Em primeiro lugar gostaria de agradecer a visita e o prazer de me seguir. Adorei seu blog bem como a forma como escreve, é leve e tão próxima que parece que vc nos conhece. Beijos e volto com calma...
Fui retratado!
Um texto conformista.
Meu beijooO*
Sempre bom passar aqui e aprender com seus encantos!
Bjs,
Eliziane
www.genuinoblogdaeli.blogspot.com
Olá,Yaiá! Conheci teu blog ao te ver em um blog amigo, confesso que inicialmente chamou minha atenção teu apelido...iaiá é como chamo minha sobrinha, Júlia.
Mas, ao entrar aqui, foi impossível não ficar. Textos mto ricos e poesias belas! Um abraço ;)
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