Presente que Não Se Dá para A Avó / Crônica do Cotidiano
Pensemos em nós, blogueiros e, em todas as pessoas que frequentam esse nosso mundo virtual.
Estamos atualizados e procuramos saber das novidades que facilitam a vida moderna. Às vezes, porém, nos esquecemos de que nem todos estão na era virtual.
São milhões de pessoas que não sabem como ligar um computador e fazê-lo funcionar. O primeiro pensamento que vem a todos os leitores diz a respeito das pessoas menos favorecidas, aquelas que aprendem sobre computação nas escolas e com provedor discado.
Tudo bem que algum de nós pense assim. Mas, penso que a questão não é por aí.
Hoje vi algo que mudou a minha maneira de pensar a esse respeito.
Tive que comprar um pen drive e entrei numa loja bem aparelhada e cheia dessas utilidades para nós, internautas.
Uma senhora, aparentando ter mais de sessenta anos sentiu-se constrangida ao ter de pagar oitenta e cinco reais pelas fotografias contidas no pen drive dela. O filho, a nora e os netos, por certo, haviam viajado. Enviaram o pequeno objeto armazenador repleto de fotos. Ela foi à loja e mandou revelar as fotos na máquina automática. Ela pagou os oitenta e cinco reais e contou as fotos, mais de uma centena de fotos com crianças e adultos felizes.
Eu imagino a vontade que eles tiveram de dividir as emoções com a mãe e avó das crianças. Provavelmente eles fizeram o que a saudade mandou e, se esqueceram de enviar junto o porta-retratos digital.
Pensei na mesma hora que a inclusão digital passa pelo compartilhamento pessoal e paciente, levando o outro, a saber, como lidar com aquilo que ele não sabe.
A vida atual exige muito em termos de conhecimento, de atualizações pessoais. O tempo gasto é cronometrado para darmos conta de tudo o que tem que ser feito, mas pensemos antes de darmos mimos ao próximo.
Estamos distantes uns dos outros, essa é a nova realidade. Não sei como contornar as dificuldades de diálogo entre tanta gente ocupada. Essa dificuldade também é minha, também estou ocupada o dia inteiro e, a internet distrai e, quando se vê, surge a necessidade de desligar o PC por algumas horas, para entrar em contato com gente. Gente com qualidades e defeitos, mas iguais a nós, sensíveis a nossa humanidade.
Percebi a dificuldade daquela senhora ao pagar a conta inesperada. Ninguém perguntou se ela queria todas as fotos reveladas, falta de diálogo por parte da atendente.
Vi a afetividade de aquela senhora entrar em conflito e pensar no filho e na família dele longe dela. Vi o sentimento da mágoa para com a atendente.
As fotos dos netos dela não ficariam ali. Ela pagou com cartão.
Eu, na fila, logo atrás dela, para pagar o pen drive.
Temos que nos manter atualizados!
4 comentários:
Oi Yayá,
Sua cronica me levou para dentro da cena!
Colocaram a "senhora" numa situação embaraçosa!
Tenha um ótimo fim de semana!
Beijos!
Puxa, acontece cada uma!1 Que situação! beijos,tudo de bom,chica
Olá, Yayá... me vi nessa situação ontem quando ao assistir ao Jornal Regional, ouvi pessoas reclamando dos correios retirando as caixas postais das ruas... Perguntavam: como colocarei minhas cartas familiares? terei que me dirigir ao centro para isso? Assustei-me, pois com o computador, e-mails e celular... há muito não escrevo uma carta e, sequer necessito do correio. Mas, não são todos que estão plugados, conectados, atualizados. Para mim hoje é necessidade básica. Sua crônica é um alerta.
Abraço
É verdade, por vezes os jovens não compreendem que nem todas as pessoas dominam bem as novas tecnologias.
Um abraço forninhense.
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