História de Circo
A menina Ana tinha onze anos e gostava de se equilibrar. Andava por sobre linhas nas calçadas e nos lugares onde era permitido; valiam galhos de árvore e cabos de vassouras velhas para as suas brincadeiras.
A mãe ralhava e de nada adiantava. Os vizinhos e os parentes a avisavam que ela poderia se machucar, não tinha treino para o que fazia; era espontânea. Na escola a colocaram para os primórdios da ginástica olímpica, ela gostou, mas a diretoria da escola extinguiu as aulas de equilíbrio pela falta de professores especializados.
Um amigo dela viu as belas demonstrações de equilíbrio pela vizinhança. O nome dele era Setembrino, que contava quinze anos.
Passados alguns dias ele pediu à mãe dele que fizesse um bolo e convidasse Ana e a mãe para comerem o bolo junto com eles.
Elas foram.
Setembrino, na frente da mãe e da amiga da mãe abriu um baralho e pediu para que Ana escolhesse uma carta que ele adivinharia a carta.
Ana escolheu e ele adivinhou a carta.
Depois pediu para que a Ana escolhesse cinco cartas para que ele adivinhasse quais cartas eram aquelas.
Ana escolheu e ele adivinhou.
Pediu para se ausentar por alguns instantes e voltou com um chapéu e pediu para que a Ana olhasse o chapéu.
Ela olhou o chapéu com atenção e o devolveu a ele.
Ele mexeu dentro do chapéu e tirou lenços coloridos de seda.
Ana disse a ele:
_Você está de truques para comigo. O lenço estava nas mangas da sua camiseta.
Setembrino riu a valer e perguntou:
_Ana, quer um coelho?
Ana o olhava de um modo surpreso. O que estaria ele querendo dizer com “um coelho”.
Ante o olhar de espanto da Ana, ele tirou o coelho do chapéu.
A mãe da Ana o observava com curiosidade e a mãe de Setembrino ria-se, divertindo-se com a situação.
A mãe dele piscou para a mãe dela.
Setembrino continuava a fazer Ana surpresa com truques e mais truques.
A mãe da Ana cansou-se de ver a filha sendo feita de expectadora e perguntou onde Setembrino queria chegar.
_Onde eu quero chegar, prezada mãe de minha amiga? Eu quero que ela pare de fazer números de equilibrismo e seja minha parceira nos truques de mágico.
Agora a senhora mãe da Ana ficou pasma e sem saber o que dizer.
A mãe do Setembrino perdeu o riso contido e agora gargalhava como não se tinha visto até aquele dia.
Ele, todo altivo, explicou a situação para a mãe da Ana:
_Eu fiz uns trocados fazendo pequenos serviços para a vizinhança. Busquei criança na escola, alimentei cães e gatos enquanto os donos foram passear, assinei o recebimento da correspondência registrada para alguns mais e, enfim, comprei a minha maleta de mágico.
Diante da explicação, a mãe da Ana o parabenizou pelo esforço.
_Todos os truques são de mentira e ilusão. Penso que a Ana possa ser a minha parceira. Nenhuma moça com idade de dezoito anos deseja ser minha parceira. Elas dizem que sou criança.
A mãe da Ana disse que a filha era uma criança e não poderia ajudá-lo e disse a ele com carinho e respeito:
_Se você e a minha filha correrem o mundo como mágicos, eu e a sua mãe teremos que deixar tudo para trás para cuidarmos de vocês. Não é justo para conosco. Acho que você será um mágico solitário por enquanto.
Ele ainda argumentou que a Ana estaria mais segura fazendo mágicas do que brincando de equilibrista.
A mãe dela disse que a filha não mais brincaria de equilibrista e Ana concordou.
Nunca mais ninguém viu Ana se equilibrando. A maleta de mágico acabou guardada como recordação da infância de Setembrino.
Um comentário:
Crianças e seu mundo fantástico de pura imaginação.Linda história Yayá e com um jeitinho todo especial essas mamães conseguiram mudar as idéias dos dois.
Bom dia,abraços meus!
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