Filosofia para As Festas / Crônica de Supermercado
Estava eu na fila do caixa para pagar os pães, muito mais preocupada com os comentários sobre alimentos saudáveis atrás da minha cesta com tipos variados de pães (eu exagerei nos pães), quando a risada foi geral.
O senhor que estava dez pessoas atrás de mim e estava conversando com um amigo que encontrou enquanto estava no fim da fila, se despediu do amigo desejando a ele Boas Festas e Feliz Ano Novo.
A senhora que estava próxima a ele perguntou se ele não estava adiantado para as festas de final de ano, estamos em outubro e faltam mais de dois meses para a data.
_Não estou adiantado, é a minha filosofia de vida. Se o sujeito for enfadonho, ao ouvir as felicitações, poupa-me de felicitá-lo enquanto eu aproveito a festa. Se for alguém que eu quero bem, mas não faz parte dos meus círculos pessoais, satisfaço a minha intenção de dizer o quanto ele ou ela são importantes para mim. Se acontecer alguma fatalidade e, que eu fique doente, não terei me esquecido de ninguém e todos lembrarão o quanto fui generoso, um Papai Noel de supermercado. Se eu estiver aborrecido ou zangado durante as festas, fico no meu canto e não incomodo ninguém, coisa que geralmente acontece no dia seguinte, quando vejo o que gastei no peru. Além do mais, faço um favor a todos os demais, lembrando que, se todos estiverem bem, eles terão festas pela frente. No mês que vem, compro os cartões e começo a enviar àqueles que não me esquecem, é uma obrigação social lembrando o quanto é bom ter sobrevivido mais um ano; é a boa vontade manuscrita Depois, acontece dezembro, onde as religiões lembram que o consumismo não leva ao crescimento individual, mas é a hora de comprar o saco para os presentes. Onde se viu não trocar presentes? Pelo menos de um amigo secreto eu participarei e receberei livros e CDs que não escutarei porque não são do meu estilo; eu gosto de esportes e uma camisa do time da Portuguesa de Desportos seria bem vinda (publicidade não paga). Depois existem aqueles presentes para trocar com aqueles dos quais não se esperam gentilezas, são os chocolates da reserva que nos salvam das situações delicadas causadas pelas visitas inesperadas.
Ele digeriu o peru inteiro e papou a fila.
A senhora que ensinava à filha como não comer errado entrou no caixa ao lado e eu pedi gentilmente à caixa para falarmos baixinho porque ela tinha me perturbado enquanto observava os meus pães. A moça, sempre gentil, sussurrou o preço dos pães como se estivéssemos sob a mira daquela esfomeada. Se ela não estivesse com fome, por que ficaria de olho na minha cesta de pães?
3 comentários:
Tais antecipações poderão ser desastrosas! Nossa, Yayá assustei-me com sua crônica - já é Natal - para os meios comerciais!! Fim de ano batendo à nossa porta!
Beijo.
Célia.
Olá prezada escritora, e que tudo esteja bem!
É vivendo que vamos vendo e, alguns seguem aprendendo, já outros preferem fingir que sabem, mas, é certo também que cada qual vive como bem deseja, e pode parecer estranho para alguns mas para outros faz muito sentido este modo de ser!
E assim seguimos, vivendo, e você por cá compartilhando sempre intensos escritos, que eu grato deixo cá além de agradecimentos, deixo também meu desejo para que tenha sempre em teu viver a felicidade deveras intensa, um grande abraço e, até mais!
Oi Yayá!
Filosofia inteligente!
Antecipação! Afinal, temos fama de deixar tudo para a última hora, ultimo dia, ultimo mês!
Adorei!
Tenha um ótimo fim de semana!
Beijos!
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