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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Cama de Casal

Cama de Casal
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Completaram seis anos de casados, os filhos indo à escola. Gente batalhadora e amorosa, ele mestre de obras e ela, doceira ocasional.
Com as crianças na escola, ela pensa em incrementar os seus doces deixando-os além de saborosos, bonitos.
Conhecida no bairro onde mora, logo a freguesia aumenta e o lucro também. O marido e ela dividiam o pagamento das contas, os filhos estudavam em escola pública, sobrou um troco para que ela se cuidasse.
Foi numa quarta-feira pela manhã que ele reparou que ela se maquiava depois do banho.
_Maria, há quantos anos você não fica bonita desse jeito? Não adianta se arrumar porque eu não posso sair com você hoje. Estamos no meio da semana.
Ela respondeu que era para levar os doces nas casas das freguesas, queria se sentir arrumada.
Chegou o sábado e o marido viu que a casa precisava de algumas arrumações.
_Quando eu tirar férias, eu vou chamar uns amigos e reformar o banheiro, a cozinha e a lavanderia.
Ela ouvia enquanto se arrumava e colocava maquiagem.
Ele a viu e perguntou se havia entrega de doces aos sábados.
_Eu não aceito encomendas para os domingos, mas se tiver encomenda para domingo, eu folgo na segunda-feira.
Os doces da Maria causavam a sensação de perda a ele. Ele tinha a sensação que algo nela não era mais igual, parecia que havia casado com outra Maria, muito embora ela continuasse atenciosa como antes.
Mário não entendia que ela cuidava de si.
_Para que tanta vaidade mulher? Eu continuo o mesmo.
A mulher serviu um doce ao marido.
_São bons? Todo mundo gosta.
Os doces eram bons.
Passados dois meses nessa nova rotina de beleza na vida de Maria, ele chega até ela e diz:
_Maria, eu comprarei uma motocicleta essa semana.
Ela não gostou da ideia.
_Desde que nós éramos namorados que você não tem motocicleta. Para que essa compra agora? Você não iria reformar o banheiro, a cozinha e a lavanderia?
Ele disse que deixaria para depois. Agora queria a moto.
Maria querendo fazê-lo desistir da ideia fez alguns doces com o nome dele e dela decorando o bolo.
Naquela semana a folga dela seria na segunda-feira.
Com os filhos arrumados para irem à escola, a moto na garagem e a Maria maquiada, ele criou coragem e disse:
_Maria, eu te amo de verdade. Você está bonita e eu espero que você não esteja de olho em ninguém. Nós temos uma família.
Maria, surpresa, disse que se arrumava também para ele.
_Eu quero que o meu marido tenha uma mulher ajeitada. Você me magoa pensando desse jeito.
Ele olha para ela com profundidade de sentimentos.
_Maria, eu até pago para você fazer ginástica, mas me responda uma pergunta. Essa pergunta não mais pode esperar para ser feita. Preciso sair, mas deixe-me te perguntar algo.
Ela, observando a seriedade com a qual ele dizia cada palavra, pediu a ele que fizesse a pergunta de uma vez.
_Maria, quer namorar comigo? Acho que preciso te conhecer melhor.
Maria atirou-se nos braços dele, aceitando o pedido.
Ele saiu e Maria ficou pensativa. Outro homem? Não teria paciência na vida para duas vezes daquilo. Chegou à conclusão que, se algum dia, ele arrumasse outra, não seria culpa dela. Ela se arrumava para si e para ele. Definitivamente, de homem, para se incomodar, bastava ele.
Mais alguns meses e, os pisos do banheiro, da cozinha e da lavanderia descolaram do chão. Ele a chamava para ajudar na reforma.
Era o namoro acabado dando lugar ao cansaço de marido e mulher roncando na cama de casal.

Um comentário:

Célia disse...

Quanta realidade! Incrível sua capacidade de alinhar todos os acontecimentos que destroem a vida romântica de um casal... principalmente quando um não sabe da leitura do amor...
Bjs. Célia.