The Best Teacher Ever (A Melhor Professora de Inglês)
Ela era ainda jovem, tinha no máximo vinte e dois anos. Casada e, ainda sem filhos. O marido iria trabalhar numa empresa fora do Brasil e ela iria com ele.
Praticamente recém-casada, com uma bagagem de vida difícil, era órfã e a família, as irmãs e irmãos a apoiavam nessa vontade de viajar com o marido por um período de dois anos ou mais.
As aulas de conversação eram interessantes, muitas perguntas e respostas.
Alunos não costumavam mentir.
Nenhum dos alunos ou professores costumava mentir.
Um professor havia sido engraxate num país estrangeiro e contava em detalhes o porquê da sua tentativa de imigração ser frustrante, desaconselhava a atitude aos alunos.
Outro professor veio da África e amava o Brasil, porque aqui não se desmaiava de fome, dava para ser pobre no Brasil sem morrer de fome. O fato é antigo, Michael Jackson já morreu e a música We Are The World era contra a fome.
Eram histórias e mais histórias da vida real, não se sabe o motivo, mas dificilmente alguém usava de subterfúgios no relacionamento escolar.
Até mesmo a discussão dos relacionamentos era sentida pelos alunos.
Houve o dia em que a diretora virou-se para as alunas e disse o que era o seu casamento:
_Eu me apaixono várias vezes por ele. Estávamos quase nos separando, mas vejam as flores que ele me mandou para dizer que eu tinha razão. Estamos em nova lua de mel.
Aquela escola era diferente, era baseada em sentimentos.
Mas revê o dia da repreensão. A professora, em sala de aula, repreendeu a aluna em frente aos demais. Foi a melhor repreensão que alguém já fez em sala de aula:
_You must to learn how to speak this sentence: It’s is none of your business.
Tradução - (Você tem que aprender a dizer esta frase: Não é da sua conta.).
Cada um que cuide da sua vida vendo no outro o seu semelhante e o ajudando sempre que possível. As perguntas tornaram-se fora de propósito para o objetivo da escola, que era o ensino básico da língua inglesa, sob o ponto de vista America e com o conteúdo doutrinário dos mórmons.
Era necessário aprender a dizer não às perguntas que visassem à violação da privacidade do indivíduo. Até onde um aluno poderia saber da intimidade do outro? Essa era uma questão de segurança pessoal e foram os seguranças da escola que advertiram a diretoria.
Aquela repreensão veio ensinar que as aulas de conversação eram saudáveis e que os alunos eram bons, mas a equipe de segurança as escola havia detectado pessoas que ficavam próximas das salas de aula para conhecer as diversas situações expostas em sala de aula, chegando mesmo a intervir numa tentativa de assalto em frente ao local depois que uma senhora, também aluna da escola, havia contado da sua viagem e dos passeios realizados no Canadá.
A equipe de segurança da escola fez mais, se expôs e contou aos alunos adultos como os fatos se davam.
A equipe de segurança não era formada por policiais. A política da escola era determinante na decisão da condução da segurança dos professores e dos alunos.
Passados alguns anos, a escola fechou. Os proprietários mudaram de ramo de atividade. O dono era engenheiro eletrotécnico e foi convidado a trabalhar numa grande empresa pelo mérito em lidar com recursos humanos.
Não haveria outra igual.
Um comentário:
Quando o foco é o "humano", dificilmente há lucro, e portanto, a empresa vai à falência mesmo... Já atuei em algumas com essa missão.
Abraço.
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