Mulher não Pesca / Miniconto
Petúnia, moça-criança, foi com a família pescar.
Quando voltaram do passeio a mulher do pescador chamou mãe e filha:
_A senhora não venha pescar e não deixe a Petúnia vir, quando os homens forem pescar.
A reação da mãe de Petúnia foi instintiva e disse que não havia nada de errado em ir pescar, quando a família sai para pescar.
_Se não está errado, por que é que eu não devo e a Petúnia não pode pescar?
A mulher do pescador sorriu como se visse alguém que nada sabe, e pediu calma e disse que iria contar a história.
"Há muitos anos atrás foi que aconteceu o sucedido. Os jovens, os rapazes e as moças saiam para pescar. Eles pescavam em grupos, seguros de si, onde um cuidava do outro e eram todos de família de pescadores. Ninguém se preocupava porque, se precisassem, não faltaria um nadador para ir ajudar.
Um dia, os jovens resolveram sair separados para pescar. Os rapazes queriam conversar entre eles e as moças queriam conversar entre ela. As moças até levaram toalhas e lanche. Cada grupo foi para uma ponta do mar para não atrapalhar o outro grupo.
Entre linhas e carretéis de varas de pescaria, as moças pescavam, e a água parecia não cansar de lhes dar peixes. Elas zombariam dos rapazes depois, era o que combinavam.
De repente, um anzol puxou a linha e parecia peixe grande. As moças todas se reuniram para puxar o peixe para fora da água.
Com muito esforço foram andando para trás até que caíram no chão. Gritaram contente de que o peixe haveria de estar ali.
Nesse momento avistaram um bonito jovem com a boca aberta e pedindo ajuda.
As moças correram para ajudar o jovem.
Ele tirou o anzol da boca e agradeceu a elas por terem o salvado.
Todas as moças o ajudaram e deram a ele bochecho com água salgada para melhorar a dor do anzol. Depois, mesmo não o conhecendo, permitiram que el secasse ao sol, e depois ainda serviram o lanche que elas tinham levado para que ele se alimentasse.
Perguntado sobre de onde vinha, ele respondeu que era de uma ilha um pouco distante dali, que havia saído para nadar, mas que estava na hora de voltar para a ilha.
A moça que o havia pescado, sentindo-se culpada pela pesca, deu-lhe os peixes que havia pescado e os colocou numa sacola para que ele tivesse comida quando chegasse na ilha onde vivia.
O moço, disse que traria para ela algumas pitangas da sua casa porque queria mostrar, que, ao invés de magoado, estava agradecido a ela.
No dia seguinte, a pescadora foi até o lugar da pescaria e o avistou vindo à nado, e ele ergueu o braço e mostrou a sacola onde ela havia colocado os peixes.
Ele saiu da água e ofereceu as pitangas para ela.
A pescadora, contente, chegou à sua morada e dividiu as pitangas com as moças que foram pescar junto com ela.
As moças perguntaram para a pescadora se por acaso ele voltaria ali.
A pescadora não sabia se ele voltaria ou não, mas ela passearia por aquele lugar mais vezes e, se ele aparecesse, ela contaria.
Passaram-se seis meses e ele não voltou e todas esqueceram do assunto. Quando todos esqueceram do assunto, a pescadora estava naquele lugar e avistou de longe, alguém entrando no mar, vindo da ilha.
A pescadora ficou esperando ali e era o moço do anzol. Ele trazia mais pitangas para ela.
Iam peixes e vinham pitangas. Todos sabiam e ficaram desconfiados do moço, pois não sabiam nada sobre ele.
Até que um dia, ao invés de levar os peixes para a ilha, ele a convidou para nadar até a ilha.
Ela foi avistada rindo e nadando ao lado dele.
No lugar, sobraram os peixes.
A pescadora não voltou.
Os pescadores se reuniram e foram até a ilha procurar pela pescadora.
Encontraram a pescadora e ela parecia feliz.
Disse que a sua família, agora eram aqueles botos que pulavam sobre a água e que não mais voltaria ao lugar de onde viera.
O final da história é que a pescadora viveu desse jeito até chegar ao fim dos seus dias, bastante idosa."
Terminou a história e nunca mais Petúnia e sua mãe foram a uma pescaria.
Nenhum comentário:
Postar um comentário