História Para Ser Contada Quando Se Está Com Sono / Crônica do Cotidiano
Foram várias vezes a mesma história. Parecia ensinamento. Um amigo chegava para outro amigo, olhava nos olhos e dizia a ele olhos nos olhos:
_Eu sou seu amigo, pode observar. Chego e te desejo o bem e até mesmo tomo umas e outras com você. Mas eu gosto de te lembrar de que a nossa amizade será sempre com reservas, sem confiança e se você quiser, descubra as minhas particularidades sem que eu as diga, porque a minha confiança está reduzida, mas continuamos amigos.
Como ele falava olhos nos olhos e em boa voz, aparecia alguém preocupado com o tom da conversa e indagava sobre o que estava se passando.
Em todas às vezes, a repetição da resposta:
_Por causa dele eu quase entrei numa briga. Eu sou chefe de família, responsável, cumpridor dos meus deveres e na época eu prestava muita atenção em mim mesmo e nas minhas coisas, pois acabava de assumir as novas prestações de um financiamento habitacional. Ele constantemente vinha contar de alguém que, segundo ele, falava de mim pelas costas. Eu invoquei com o homem e fui atrás para saber o que é que estava acontecendo. Quando cheguei à entrada da sala de ginástica, ouvi alguém falar a meu respeito. Fiquei quieto para esperar o momento certo de brigar. Para surpresa minha o homem com quem eu iria brigar me elogiou e disse que estava mal humorado ultimamente por causa das prestações da casa própria, mas que provavelmente o meu mau humor passaria logo. Naquele momento a zanga que eu sentia se transformou em tristeza, pois o meu amigo de infância iria me colocar numa situação horrível. Entrei e saudei os dois com alegria. O homem piscou para o outro como que estava certo no que pensava. Depois, o meu amigo contou-me que não gostava do homem e que queria que eu brigasse por ele.
Esse alguém olhava então para o amigo e perguntava se era isso mesmo, com medo que fosse discussão. O amigo repetia que agiu daquele jeito que o amigo contava e que quis mesmo que o seu amigo brigasse por ele.
Para concluir a situação todos em volta eram advertidos que um dos amigos agiu e agiria da mesma maneira quando achasse que fosse uma situação conveniente. Dizia também que confirmava porque era amigo, ao que o outro retrucava no mesmo momento que era amigo sob-reservas de confiança. Ambos chegavam à conclusão de que a amizade de antes não mais existia e que conversavam ainda porque conseguiam conviver com essa nova situação.
Essa história foi contada tantas vezes até que decorássemos a situação dos dois amigos.
São fatos que acontecem e situações que se repetem de maneira que os novos amigos se tornam mais amigos e mais confiáveis que os amigos de infância.
Muitas pessoas acham que é tolice se fiar em amigos, mas não, a amizade é uma esperança da humanidade.
No entanto, existem pessoas, as quais preferem não ter amigos. Essa é uma questão pessoal de cada um.
Ninguém tem que deixar de ser confiável porque a amiga, ou, o amigo não acredita em confiabilidade ou amizade.
As reservas aparecem como se fossem vinho antigo, cujos defeitos todos conhecem e pode ser usado como vinagre para temperar salada.
São situações que podem acontecer a qualquer um e pode até acabar bem, como no caso desses dois amigos, cujo conhecimento das mazelas um do outro fizeram com que mantivessem alguma convivência.
São superações as quais estamos sujeitos, o relacionamento humano permite uma infinidade de situações cotidianas e temos que tomar posições. Dizer o que se sente, pode parecer fraqueza diante de uns e virtude diante dos outros, o importante é a pessoa se sentir bem perante si mesma. A compreensão da outra parte também é uma questão individual e essa é a parte complicada da questão. Mas é o que acontece nessas situações e ambas as partes merecem respeito.
Se eu não estivesse com sono, não escreveria esse texto. No entanto ele é válido e muito produtivo para se ler antes de dormir e pensar sobre como se agiria em determinadas situações, se a situação fosse com você.
Lembrei-me da história, espero que vocês aproveitem, porque boa parte de nós está cansado de ler nos jornais sobre a violência.
2 comentários:
Oi Yayá!
É tanta violência, que deixamos de fazer muita coisa por medo!
Tenha uma feliz semana!
Beijo carinhoso!
Pensamentos que "mitigados" tiram o sono.
Falo da sua escritra com poucas "gentes", as bastantes para mim.
Eu gosto imenso dos seus dos considerandos que carregam.
Bem hajas, Yaya.
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