Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Arrozais

Arrozais

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A galeria de arte está fechada. Abaixo dela estão os estacionamentos, gratuitos nos dias em que a galeria de arte está fechada.

Ivan sugeriu deixarem o automóvel no estacionamento da galeria de arte para lancharem antes de seguirem para as planícies irrigadas dos arrozais, distante dos confortos da cidade.

O automóvel de Ivan era para sete lugares e todos os lugares estavam ocupados: um casal e mais três amigos solteiros: uma mulher e dois homens.

Ivan entrou no estacionamento subterrâneo e escolheu o segundo andar abaixo da galeria de arte. A iluminação era pouca, apenas a luz que dava acesso aos corredores estava acesa.

Ao descerem do automóvel, tudo o que ouviam eram os barulhos dos próprios calçados. À medida que Ivan indicava o caminho, pois o estacionamento era em forma de caracol e labirintos, perceberam-se os ecos, tanto vindos da voz de Ivan, como vindos das concordâncias dos convidados em segui-lo.

Todos seguiram Ivan até o andar térreo e avistaram a porta de saída, a que dava acesso a todas as lanchonetes daquele bairro.

Ivan marcou o local do reencontro e deixou os convidados à vontade para escolherem as lanchonetes e os lanches conforme o gosto de cada um.

Ninguém ficou no lugar. No andar térreo, além da porta que dava acesso à galeria de arte fechada, havia um café e uma casa de chá.

Chegada a hora do reencontro, aos poucos, os sete se reuniram. Todos foram ao banheiro porque a partir dali reencontrariam banheiros somente à noite.

Ivan indicou o caminho do 2º andar abaixo do térreo. De novo, a luz fraca, os ecos e os saltos do sapato.

Depois que todos estavam acomodados nos seus bancos, alguns com pacotes de balas e água, outros com refrigerantes e chocolates e salgadinhos, Ivan perguntou se nenhum deles havia sentido vontade de dar uma espiada na galeria de arte enquanto fechada ou desbravar os labirintos do estacionamento, dos ecos e sem grande luminosidade.

Nenhum dos sete convidados sentiu a menor vontade de fazer descobertas.

_Eu sou privilegiado em tê-los como companhias. Quantos outros não preferiram se perder em labirintos escuros ou nas vozes dos ecos inócuos e sem sentido? Continuemos o nosso passeio, agora com maior disposição e mais aliviado por não ter estranhos no meu automóvel.

Seguiram o dia aos arrozais e voltaram às suas casas à noite onde encontraram o conforto que cada um possuía. Estavam mais unidos por saberem uns dos outros daquilo que não eram capazes de fazer.

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