Só Por Deus
A mulher vinha no ônibus, a sacola com biscoitos e a água ao lado. O guri estava sentado ao lado e as outra duas meninas, uma ainda de colo, acompanhadas com alguma parente, uma menina-moça, na mesma fila do outro lado do corredor do veículo.
As duas conversavam de tempos em tempos. Severina tinha ido buscar o guri, o menino tinha passado as férias escolares na casa de algum parente. Aproveitou a viagem e levou as meninas para conhecerem a praia.
O ônibus aproximava-se da capital e ela pegou o celular para avisar o marido que estava chegando para que ele fosse buscá-los na estação rodoviária.
Passaram-se alguns minutos e ela comenta com a Maria, a menina-moça, da preocupação:
_Mariazinha, ligo, ligo e ninguém atende. Estou preocupada.
_Não se avexe, tia Severina. Liga para o tio Sebastião, que ele deve saber de alguma coisa.
Severina aceitou a sugestão e ligou:
_Alô? Tudo bem com vocês? Eu estou ligando porque eu estou chegando à cidade e ligando para o Joãozinho e ninguém atende lá em casa. Por acaso vocês sabem dele? Eu estou ligando porque ele gosta de vocês e costuma ir aí e não quero causar vexame.
A resposta do outro lado foi confortante, em termos, Joãozinho tinha passado na casa deles e disse que iria até o boteco passar o tempo enquanto esperava a família voltar de viagem.
_Creia em Deus pai! Joãozinho tomou cerveja¹ Eu aqui com três crianças e mais a Mariazinha!
Alguém do outro lado disse que iria até o boteco avisar que ela estava chegando. Disse que a partida de palito distrai e que provavelmente Joãozinho tinha se perdido entre um palito e outro.
Severina retrucou:
_Creia em Deus pai! Cerveja e jogo de palito!
Alguém do outro lado disse que continuariam a conversa depois que Joãozinho fosse buscá-la.
Desligado o telefone, Severina conversa com Maria:
_Mariazinha, crei em Deus pai. Se Joãozinho não vier esteja pronta para pegar dois ônibus com as crianças e a mala.
Mariazinha concordou:
_Creia em Deus pai!
Dali a pouco toca o celular.
_Severina, aqui é o João. Saí do boteco e já estou pegando o carro para buscar vocês. Perdi a hora na conversa.
Severina contou que Joãozinho iria pegá-las.
Mariazinha perguntou se Joãozinho bebia.
Severina disse que não.
_O problema não é esse Mariazinha. Creia em Deus pai. O problema é que eu gastei de um lado e ele gastou por outro lado. Creia em Deus pai.
O menino, ao perceber que o problema era gasto, meteu as mão dentro da sacola e começou a devorar os biscoitos.
_Quer passar mal? Para já com isso, menino.
Pegou a sacola e não deixou ele comer nenhum biscoito a mais.
O menino começo com choro, meio que de manha.
Severina passou um corretivo no menino:
_Homem não chora, menino. Fica quieto como homem deve ficar.
Severina olhou para Mariazinha e avisou:
_Joãozinho vai atrasar. Vamos ter que esperar. Guarde os biscoitos para eles comerem enquanto esperam Joãozinho chegar.
E no final tudo se ajeitou. Só por Deus!
2 comentários:
Olá Yayá! Pura realidade amiga. DEUS sempre dá um jeito. Belo conto.
Obrigado pela visita e amável comentário deixado no nosso humilde espaço.
Abraços,
Furtado.
Gracias Yayá por tu historia, aunque el traductor nos desorienta en la hilación de los sentidos de las palabras.
Creer o no creer en Dios, es cosa de tiempo, al final muchos que se confiesan ateos, son creyentes.
No es malo que los niños lloren,y creo que no hay que decirles que los hombres no lloran, porque hacen que etiqueten a las mujeres como débiles, cuando en realidad son las más fuertes.
Te dejo un beso de ternura.
Sor. Cecilia
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