A
Estética de Adorno e O Carnaval
O
Carnaval se mostra, inserido no conceito da estética de Adorno, numa forma segura,
com conteúdo espiritual, dentro do conceito objetivo de libertação através das
fantasias, à maneira desenhada em tecido usada em conteúdo musical tipicamente
brasileiro.
O Brasil
não é o único país a comemorar o Carnaval, mas esse conceito de libertação das
amarras da arte é fundamental aos nossos festejos. Durante o ano inteiro agem grupos
de interesses que vão impondo conceitos, que não são necessariamente os nossos
e, imperceptivelmente vamos aos conceitos estéticos que não traduzem a
expressão nacional na sua forma pura em conformidade com a origem do país: a “Terra
Brasilis”, indígena, em convivência com todos os outros povos do mundo.
A
libertação da estética não significa a liberação dos costumes, mas a libertação
de tudo o que significa a arte tolhida em conceito amplo, permitindo-se somente
a arte dentro de um padrão pré-definido e comercial, o que não deixa de ser um
conceito que permeia a área da política da arte.
O Carnaval permite que todos os períodos
artísticos estejam num mesmo espaço e libertando-se mutuamente dos seus
conceitos prévios estéticos na forma pedagógica de uma escola, de um bloco e de
uma charanga.
A
estética é da fantasia, da música e dos festejos por todos os cantos do país.
Lembramos, através do Carnaval, desde o período da antiguidade até os dias de
hoje, tornamos públicos que os costumes mudam conforme a época e que tudo o que
impede essa demonstração pública de libertação é ofensiva à liberdade estética
para a qual o ser humano é destinado.
Demonstramos, e diga-se, com muito esforço e dedicação de milhares de
pessoas, que aqui é permitida a alegria, a música e a comemoração e, sendo
assim, o mundo inteiro fica sabendo que isso é possível.
Também
não misturamos o conceito de libertação com a ideologia libertária, pois não
pretendemos libertar nenhum outro povo, pretendemos mostrar que a libertação
cultural existe em conteúdo, forma e prática dentro do nosso país.
O
Carnaval, na sua expressão individual, liberta o indivíduo de conceitos que
poderiam não ter sido entronizados, muito a contragosto, outros com as
sutilezas do cotidiano, que nos obrigam a seguirmos conceitos rígidos e, muitas
vezes são esses conceitos rígidos em excesso que nos fazem bitolados e sem
perspectivas de criatividade. O ser humano precisa da criatividade para se
desenvolver e o Carnaval é uma oportunidade para pensar onde está a falha da nossa
criatividade na busca das soluções dos nossos problemas, quando a falha é o enrijecimento
das nossas ideias em relação aos nossos problemas.
Para criar esse texto assisti televisão e
alguns desfiles de escola de samba. As festas na Bahia são melhores para quem
pode cantar e extravasar a sua alegria aprendendo as letras das músicas. Mas
como eu gosto de tocar mais do que cantar, enfim pratico essa libertação do meu
jeito. Espero o feriado terminar.
Boa
Terça-feira de Carnaval para vocês!
2 comentários:
Gostei do que escreveu...Uma bela crônica sobre o carnaval.
Um abraço.
Sempre uma lição com grande reflexão em suas crônicas, Yayá! Obrigada!
Abraço.
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