Crianças,
mães e balas / Crônica de Supermercado
Aos
sábados os supermercados lotam e os lojistas deixam os drops (ainda se chamam “drops”
aqueles tubinhos com balas quadradinhas dentro? Às vezes eu tenho medo de não
saber mais como é que as crianças e as suas mamães nominam os doces e os demais
entendem. No meu tempo chamava-se drops) na altura das crianças: é só pegar e,
a fila do caixa é um show para quem tem pequerruchos consigo.
Pelo que
percebi esta semana, as mamães chamam de balinhas e as conhecem pela marca,
como se fossem refrigerantes conhecidos mais pelas marcas do que pelos
conteúdos.
As mães,
na hora de atender aos filhos, se viram conforme podem.
Outro
dia, eu estava com o carrinho, respeitando a regra de caixas rápidas e caixas
para carrinhos. Ao meu lado havia um casal com dois carrinhos com compras e o
filho pequeno com eles. O menino, comportado, sem se irritar com a fila, o que
chamou atenção.
O tempo
passava e o garoto olhava as balinhas, olhava e olhava. A mãe e o pai,
admirados com o comportamento do garoto, se entreolharam, orgulhosos do bom
comportamento do garoto.
Em
harmonia, começaram a conversar.
Fila de
carrinho é demorada e, de repente, num ímpeto, o guri, que não tinha mais do
que três anos, após olhar demoradamente para todas as balinhas, rapidamente,
mas muito rapidamente, pegou um drops e estava começando a abri o tubo de
balas, quando a mãe viu e tirou o tubo das mãos dele.
Interessante é observar essa nova geração de mães. Ao invés de dizer não
pegue ou avisar o garoto que não iria comprar, ela olhou para ele e disse:
_Você não
gosta dessas balas! Vamos escolher outras.
O guri
ficou olhando para a mãe como se ela pensasse que ele era bobo. Ela, no
entanto, escolheu outra marca de balinhas e, ela mesma abriu, avisando a moça
da caixa que estava comprando aquelas balas, e, ofereceu essa bala de outra
marca para o guri.
O garoto,
com aquela expressão de que não havia outra escolha, olhou para o drops que ele
havia escolhido, olhou para a mãe e aceitou a bala no mesmo momento em que foi
ofertada.
O pai
sorriu para a mãe e a apoiou ao dar a balinha para o filho. Era uma marca de
balinhas que o casal costumava ter em casa e que sabiam que o garoto iria
gostar. A outra bala fica para quando o garoto puder escolher a bala que quer.
Hoje, com
relação ao assunto balinhas ou drops (dependendo da idade), presenciei outro
fato interessante. Era uma fila de mais ou menos quarenta pessoas, daquelas
filas enrodilhadas de caixas rápidos.
Era um
casal e um guri, novamente. Eles estavam na fila paralela à minha frente.
As
balinhas estavam ao alcance da mão do guri e a mãe não deixou que ele pegasse.
E o guri,
com um comportamento bastante natural, pediu:
_ Compra
mãe?
Ela,
muito séria, respondeu:
_ Eu não
vou comprar balinhas para você. Você não viu que o seu avô está com diabetes?
Se você comer essas balas, quando você crescer, terá diabetes. Não compro.
O menino
ficou quieto na hora, não pediu mais nada, mas o pai dele olhou para a mulher e
disse:
_Diabetes? Quando crescer ele vai ficar doente? Você quer que eu aceite
essa resposta.
Não sei
de mais nada no que tange aos dois, ou melhor, aos três, porque as balinhas
viraram assunto de família e, aí não é da minha conta.
A fila
anda e, chegou até onde estavam as balinhas, então teremos continuação abaixo.
Um jovem
de mais ou menos vinte anos, que estava à minha frente, e que também
presenciara na fila anterior aquela conversa, olhou para o drops e o pôs na
cesta de compras, resmungando que não era mais criança e que levaria as
balinhas sem culpa alguma, pois não tinha diabetes.
Quanto a
mim, lembro que corroem os dentes e que já cheguei a quebrar um dente em
consequência de umas balinhas azedinhas de morango. As balas que eu compro não
são açucaradas e nem puxa-puxa (essas levantam a obturação inteira). Guardo
para mim as minhas balinhas preferidas.
Seja lá
como for, com ou sem açúcar, ainda gosto de balas.
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