Espelhos? Crônica do Cotidiano
Domingo, cidade, Shopping.
Eu me apronto para sair depois do lanche, e, no corredor, algo inusitado.
Uma moça me olha profundamente com jeito zangado.
Distraidamente eu me observo e verifico que está tudo em ordem comigo. Olho para ela e está tudo em ordem com ela.
Com um lampejo de raciocínio eu me observei melhor. Olhei para a moça atentamente.
A estampa muito parecida dos vestidos, o cabelo igual, o tipo de maquiagem igual.
Ela caminhando na direção oposta à minha.
Antes de cruzarmos em direções opostas, nos olhamos e nos observamos dos pés a cabeça.
Ela medindo por volta de um metro e oitenta de altura usava sapatilhas e, eu completando a altura com sapatos e saltos.
Ela olhou para o comprimento do meu vestido e eu para o dela. A moça de vinte e poucos anos de idade tem direito ao vestido mais curto. Eu até que estou gostando desse comprimento ligeiramente abaixo dos joelhos, está na moda.
Mas, o estilo de ser pareceu-nos semelhante.
Ela com a cor de quem voltara da praia e eu com a cor de quem precisa ir à praia. Não interessa o detalhe porque eu gosto tanto de sol e pele dourada quanto ela.
Pareceu-me que ela sentiu-se com mais idade a me ver com um vestido de estampa semelhante ao dela. Ela me olhou como se dissesse que aquilo foi estranho.
Para ser exata, eu também achei estranha a coincidência.
Por momentos pareceu-nos que éramos mãe e filha e que eu a estava cuidando.
Quando mais jovem, talvez eu olhasse para uma senhora que usasse algo com a mesma estampa que eu da mesma maneira.
Se a moça se sentiu mais velha, eu me senti retrógrada.
Cruzamos os nossos caminhos e enquanto passamos lado a lado não nos olhamos.
Mas quando eu desci pela escada rolante eu a olhei mais uma vez.
A moça também me olhou. Olhávamos os detalhes na cor verde-água dos vestidos, uma da outra, nos certificávamos que eram diferentes.
Não havia mais ninguém no Shopping com vestidos semelhantes.
Imediatamente olhamos para os nossos caminhos e não mais olhamos para trás.
Que sensação esquisita!
Um comentário:
Gostei da leitura. Já vivi algo quase semelhante. Aplausos pelo texto e desejo-lhe Feliz 2015 ao lado de seus entes queridos.Bj
Postar um comentário