Universitário / Crônica do Cotidiano
Estava eu saboreando o meu café numa panificadora.
Próximo estava um estudante universitário. Carregava consigo livros e pastas indicando as atividades escolares. Olhava para a rua.
Para ser exata, eu nem havia notado a presença do jovem até que ele disse:
_A corja passou. Eu posso pegar o ônibus.
A frase dele foi espontânea e em voz audível.
Os fregueses olharam para ele.
A balconista disse ao gerente que todos os dias ele toma essa atitude. Pega o ônibus depois que um grupo de jovens desce do ônibus.
O universitário vira-se para o gerente e diz:
_Não adianta. Eles são arruaceiros e quem se mete com eles arranja confusão. Eu quero estudar. Para estudar eu pego o ônibus depois que eles a descem do ônibus.
A balconista reclama com razão sobre o tipo de vida que os jovens levam hoje em dia.
O jovem responde que essa é a realidade. A realidade do mais forte. Conta que quem reclama dessa turma nem pega o ônibus para ir à faculdade.
O pior é que ele se esconde todos os dias na panificadora até que os arruaceiros do bairro dele saiam do ônibus.
_Eles são vingativos. A gente não consegue argumentar com eles. Daqui a alguns anos eu estou formado e a situação estará resolvida. Seremos todos adultos e essa má fase deles passa.
A corja, pelo que avistamos da panificadora, é uma turma que anda sempre unida e sai em grupo.
Eu sei que a turma dobrou a esquina e ele foi para o ponto de ônibus.
Todos nós, que estávamos na panificadora, ficamos estarrecidos com a situação e com o comportamento do jovem que não faz parte da turma.
Ninguém disse nada a ele, mas sabemos que isso não é bom.
De repente, nem sei mais o que escrever.
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