Resolvida
Rosana era uma jovem bem nascida e, embora tivesse vida boa, não perdoava o divórcio dos seus pais. Ambos refizeram as suas vidas com outros cônjuges, mas ela se sentia roubada pelo destino.
Ao invés de compreender as dificuldades familiares, ela se revoltava com a situação e, aos poucos, adquirira uma espécie de ódio por todos aqueles que trouxessem consigo alguns valores de família.
Estava próxima de completar dezoito anos e queria passar as férias com o seu pai e a sua nova esposa, os quais moravam no Piauí.
A mãe negou a compra da viagem e o dinheiro. Disse à filha que, se o pai dela quisesse que ela passasse as férias com ele, ele que pagasse os custos da viagem.
Assim começa a história.
A garota queria dinheiro, não muito, apenas o suficiente para passar um mês no Piauí sem ter que pedir dinheiro para a mãe e o pai, muito menos para os respectivos cônjuges.
No bairro onde morava havia uma viúva que morava sozinha e uma imobiliária procurando imóveis para vender ou alugar.
Planejou transformar a casa da viúva numa casa mal assombrada, feia e mal cuidada, para que a viúva tivesse vontade de vendê-la.
Rosana tinha um semestre antes das próximas férias escolares. A comissão por indicação de imóvel encaixava-se perfeitamente no seu plano de férias.
Para executar esse plano precisava ao menos de um parceiro. Pesquisou entre os amigos e conhecidos alguém que coubesse nos seus planos.
O jovem chamava-se Reginaldo, tinha boa aparência e era educado. A fraqueza dele era pensar que sabia lidar com todos os problemas e com todos os tipos de pessoas, fossem elas boas ou más.
Rosana disse a ele que próximo a onde ela morava havia uma viúva que morava sozinha e que, muitas vezes ela pensou em ajudá-la, mas os estudos a impediam de fazê-lo. Quem sabe se, ele ajudasse, os dois pudessem fazer algo por aquela senhora.
Reginaldo disse que tinha algum tempo de folga durante a semana e, depois que Rosana mostrasse a ela de quem se tratava, quando a visse precisando de alguma coisa, ele a ajudaria.
_Obrigada, moço! Segue o seu caminho em paz.
Enquanto Reginaldo ajudava, Rosana conhecia a vida da senhora.
_Não deixe que ela arrume aquela casa! Duvido que ela saiba pegar as pessoas certas.
_Ela não tem problemas de saúde que a impeçam de fazer escolhas, Reginaldo respondeu.
O jovem não gostou da ideia de impedir a senhora de pintar a casa dela. No entanto, ele não era daquele lugar e concordou, porque, afinal, ele sabia lidar com todo o tipo de gente.
A senhora viúva certo dia, disse a ele se, por acaso, ele não teria nada mais útil a fazer na vida do que ajudá-la:
_Jovem, acho que você precisa procurar gente da sua idade, sair, conversar, cuidar mais da sua vida.
A essa altura, Reginaldo e Rosana tornavam-se cúmplices, pois a jovem contou ao amigo do plano da viagem para o Piauí.
Ele disse à amiga que era melhor que a senhora vendesse a casa, assim Rosana viajaria e ele não teria mais que ajudar a senhora.
Passou o tempo e a casa ficou desbotada. Rosana contatou a imobiliária e o corretor foi até a casa da senhora.
A viúva disse ao corretor que não queria vender a casa, ao contrário, queria deixá-la bonita. Sozinha e sem ter com quem trocar ideias, contou que além de não conseguir gente para pintar a casa, ainda estava se incomodando com um jovem que parecia não ter o que fazer na vida.
O corretor, que perdeu o seu tempo indo até a casa da viúva, cuja casa havia sido indicada por Rosana, agradeceu à senhora e se foi.
Seis meses depois, Rosana foi para o Piauí. Vendeu o carro que ganhou de presente de aniversário, especialmente comprado por sua mãe.
Reginaldo teve a sua vida ocupada com tarefas e compromissos para não pensar em Rosana. Chorava a ausência dela e muito sofria. Nunca mais apareceu na casa da senhora depois que o corretor de imóveis o repreendeu.
A casa da senhora estava pintada. O corretor de imóveis teve a gentileza de enviar um envelope com inúmeros cartões de visitas com nomes de lojas de material de construções com mão de obra especializada em consertos gerais.
Não se sabe que futuro tiveram os jovens depois do episódio. A história tem ponto final nesse parágrafo.
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