Contos que a Mamãe Ganso não Conta.
Não duvide de nada e de ninguém, existe alguma verdade em todas as coisas.
Aconteceu por volta de 1.950. Um casal jovem, casados há dois anos.
O marido era conservador e, às vezes entristecia a jovem esposa com o excesso de conservadorismo. Ela contra-argumentava, mas o resultado eram discussões teóricas sobre o modelo ideal de lar.
Enquanto discutiam, alguém bateu à porta da casa deles.
Era uma vizinha, que distava algumas quadras próximas da residência do casal.
_Por favor, é aqui que mora o advogado? Estou desesperada. Quem disse para que eu viesse aqui foi dona Francesca, por favor, me ajude!
A jovem esposa, ao ouvir o nome de Francesca, pediu à vizinha que entrasse. Dona Francesca era a esposa do dono do armazém.
_Por favor, doutor, a história é muito triste. A minha empregada está grávida, no entanto, é virgem.
O advogado olhou para a esposa e pediu a ela que ficasse quieta. A esposa sentou-se ao sofá ao lado do marido e deram-se as mãos para ouvir a história.
_O violentador fez questão de deixá-la na condição virginal. Ela está grávida e os pais dela expulsaram-na de casa. A moça quer dar queixa à polícia, mas tem medo de fazer a perícia no Instituto Médico Legal. Ela precisa de um advogado e a dona Francesca disse que o senhor é um bom homem.
O advogado disse que atenderia a causa gratuitamente, mas gostaria que a sua esposa o acompanhasse em todo o processo.
No dia seguinte a vizinha veio com a moça e, foram os quatro até a delegacia para prestar queixa do violentador.
O delegado pediu a perícia médica.
O advogado pediu ajuda a todos os contatos que tinha dentro da polícia.
Diante da situação, o médico perito concordou que o advogado, a esposa e a vizinha ficassem do outro lado do biombo enquanto periciava a condição virginal da moça.
Depois do exame, sentaram-se os cinco para conversar.
O advogado, a esposa dele e a vizinha esperavam alguma palavra do médico porque ninguém sabia o que dizer à jovem.
O médico sentou-se próximo a jovem e perguntou a ela o que é que ela pretendia fazer dali em diante. A denúncia estava feita e todas as provas colhidas.
A jovem empregada, numa atitude de extrema humildade, disse que queria o violentador na cadeia. Disse que iria até o convento para conversar com os religiosos porque filho nascido nessa condição era para conversar com Deus.
Agora era a rua, o delegado e o médico a cuidarem da jovem.
Passados uns quinze dias, a decisão foi tomada. A moça ingressaria no convento para seguir a vida como religiosa. O neném, quando nascesse iria para o orfanato religioso, para que pudesse ser amamentado e acarinhado pela mãe.
O advogado tinha automóvel e foi com a esposa, a jovem e a vizinha, dona da casa onde a jovem trabalhava. Todas as providências legais foram tomadas junto ao delegado, porque a jovem deveria ficar à disposição da polícia até o julgamento do agressor.
Depois do nascimento do neném e da condenação do agressor não se soube mais da moça, agora irmã de caridade.
O jovem casal, cujo marido era conservador, fato que entristecia a esposa, que terminava por discutir com ele, não mais existia. Todos os conceitos dele e dela mudaram a partir daquele momento.
A esposa do advogado chora ao contar a história da jovem. O advogado segura a lágrima inchando a glote.
2 comentários:
A vida e a ficção estão cheias desses casos, onde o limite de uma e outra parecem se confundir.
Desejo a você, seus amigos e família, um maravilhoso natal e um renovador ano novo; repleto de todo bem possível, transbordante de felicidade, saúde, paz e toda luminosidade do Divino Mestre Jesus.
Um abração cheio de boas vibrações.
Amiga Yayá, amei ler esse conto que retrata muito bom como eram as vidas dos casais daquela época,ficção e realidade se confundem mesmo!
Amiga, desejo-lhe um Feliz Natal junto com sua família!
Abraços!
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