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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O Som da Cidade

O Som da Cidade

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Toda residência tem o seu som característico, o estalo da geladeira, o barulho das janelas com o vento, o ranger da madeira dos móveis.

São barulhos que, por vezes, nos fazem sentir aconchego numa tarde silenciosa e agradável.

Toda cidade é uma composição musical, com ruídos característicos vindos das ruas, dos pontos de ônibus, até mesmo o som da estação do metrô.

Nasce à canção procurada, que é simplesmente a vontade de ouvir o som de uma rua, um bairro, uma cidade.

Mesmo para quem aprimora os ouvidos ouvindo música várias horas ao dia, é difícil identificar essa canção. O ruído de uma rua, um bairro, uma cidade, são canções diversas que trazemos conosco e acumulamos numa estante invisível e indizível dos afetos perpetuados na alma.

Há meses procurava uma canção que me alimentasse ao espírito, que me dissesse a música que a alma reclamava por ouvir novamente.

Provavelmente todos alguma vez na vida mudaram o seletor de estações de um rádio e não gostaram de nenhuma música. Não é que não gostassem dessa ou daquela música, o espírito que habita tem fome do que é invisível. É como um bebê que chora e, a gente não sabe exatamente do que é que ele precisa.

Se fosse a tempos passados, seria impossível satisfazer essa fome do espírito. Hoje é possível encontrar a canção, o ruído, até mesmo as dificuldades e as alegrias ligadas a esse ruído.

Hoje, ao invés de se perguntar o que é que há de errado consigo, a gente corre para o computador e pesquisa.

Não é fácil adivinhar o que vai ao espírito que sente a falta daquilo que desconhece o consciente.

Um afazer que teve seu adiamento involuntário. O tempo vazio a ser preenchido, um estudo e, pronto.

O encontro à canção. Ao ouvi-la, sinto as pessoas encasacadas andando nas ruas, os táxis, a conversa dos teatros, a displicência responsável do lazer ao final do dia. O barulho da rua, a cidade que não dorme e o ar condicionado em todas as casas e apartamentos, o notebook debaixo do braço às onze horas da noite andando sem medo e cumprimentando os passantes, o café com leite da noite com a torta de queijo. A polícia incansável, bem humorada e disposta a garantir o lazer de quem sai à noite para caminhar, mas sempre séria na condução da segurança da cidade.

Fechei os olhos. Deixei que a minha alma dissesse da alegria de ouvir aquela canção.

Todos sentem essa sensação de vez em quando, a sensação de que está faltando algo na despensa e, quando olham, a despensa está completa dos mantimentos ao material de limpeza. Sentem a falta da canção que o espírito quer ouvir, mesmo que seja o ruído de uma rua, um bairro, uma cidade.

Pela primeira vez, senti algum valor espiritual na internet. Encontrei a canção que o a minha alma queria ouvir, num bem estar acima de qualquer descrição.

E não escrevo à toa: pesquise na internet até que o espírito se alimente. A fome espiritual existe e há alimento para todos.

2 comentários:

chica disse...

Que lindo! E nosso espírito pede a canção do coração por vezes. bjs tudo de bom,chica

vendedor de ilusão disse...

Tens razão! A fome espiritual realmente existe e deve ser alimentada...