A Vez
Faz algum tempo. Fila de banco. Chegou um senhor de cabelos brancos. O caixa da frente ficou vago.
_A vez é sua, senhor.
Ele olhou para mim com ar de cavalheiro e disse para que eu passasse à frente dele.
_Senhor, eu sinto muito, mas são as regras. O senhor tem prioridade.
Para que foi que eu disse isso?
_Não senhora. Eu não tenho pressa para nada e não tenho mais obrigações a cumprir. Permita que eu me distraia e veja gente. A senhora pode ir ao caixa por primeiro.
Diante da zanga dele, eu fui.
Por sorte, um caixa ficou vago e ele foi ao caixa.
Terminei de pagar o que tinha para pagar e, antes de sair eu dei uma olhada nele.
Ele, com mais de setenta anos, me olhou com o canto dos olhos e resmungou:
_Hum! Ainda sei dar ordens!
Tenho certeza que ele sabe dar ordens e é um cavalheiro. Não disse mais nada.
Voltei feliz para casa.
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