Black Friday / Crônica do Cotidiano
Dizem que a sexta-feira de desconto é um estrangeirismo, que os descontos não são tão reais quanto em outros países, etc.
Mas é necessária e eu conto a razão.
Nos idos dos anos 70, havia a semana de desconto. E, por favor, parem de pensar em governo, política e o escambau. A semana de desconto era promovida pelos comerciantes que tentavam modernizar o comércio.
A semana era com data certa e os descontos valiam entre os dias 26 a 31 de dezembro.
Adolescente que era eu recebia o meu presente de natal com algum dinheiro para comprar roupas na semana de desconto. Foi parte da educação.
_Saia sozinha, escolha o que quiser comprar. Não compre discos ou chocolates. O dinheiro é para roupas e calçados.
Por que sozinha, perguntei.
_Para aprender a escolher. O que você comprar, seja do modelo que for você terá que usar.
Duas compras me são inesquecíveis: uma jardineira de brim cor-de-rosa e um par de sandálias de plataforma também de brim. Aquele tempo chamava-se brim azul. Hoje é jeans.
O vestido estilo jardineira de brim cor-de-rosa, eu usei até o tecido esgarçar, gostei demais dessa compra. As sandálias de brim eu usei porque tinha comprado. Nem conto o tamanho da bronca que levei em consequência do LP de rock.
_No ano que vem eu não compro disco.
O dia de Natal era o dia das lembrancinhas, mas a semana que antecedia o Ano Novo era a melhor semana do ano para mim. Era a semana em que eu tinha que escolher o que queria e aprender a não fazer escolhas erradas. Por minha própria conta e risco, mas supervisionada em casa. Disco, no meu caso, não era escolha, porque eu era louca por música. Eles sabiam a filha que tinham. E respeitavam! Até hoje agradeço por não ter estudado piano na adolescência, até mesmo Clementina de Jesus e Cartola fizeram parte dos shows que fui.
Voltemos ao desconto. Esse tempo passou. É o presente o que temos.
Ano passado, depois de ouvir todos os conselhos dos especialistas em Black Friday, fui às lojas. Estrangeirismo ou não, eu gosto disso.
Havia um laptop pela metade do preço. No entanto era o último da loja e estava na vitrine. Comprei.
Tive alguns compromissos e esperei um dia mais sossegado para instalar os meus programas (softwares) preferidos.
Quando liguei o laptop, surpresa! Estava bloqueado ainda.
Liguei para a loja, o vendedor me atendeu. Disse que o gerente iria à tarde e pediu para que eu retornasse a ligação.
Com tantas advertências feitas pela mídia, eu pensei que, talvez, tivesse que retornar à loja e pedir a troca.
Quando retornei a ligação, o vendedor chamou o gerente, que gentilmente me ensinou a desbloquear o laptop e desejou que o mesmo fosse fonte de muitas alegrias na minha vida virtual.
Esse laptop fará aniversário na próxima sexta-feira. Um ano de vida.
Sinto muito por todos aqueles que não acreditam em desconto, eu acredito.
É para agradecer!
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