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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 8 de agosto de 2015

Coisa de Bruxa

Coisa de Bruxa

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Era uma vez uma bruxa que resolveu emprestar a vassoura e o chapéu mágico para qualquer moça da cidade que se dispusesse a usá-los por dez dias. O motivo não o disse a ninguém.

Somente uma jovem da cidade achou-se suficientemente astuta para o feito, chamava-se Vânia.

As jovens do lugar disseram a ela que o feito poderia ser perigoso e até mesmo ir até a casa da bruxa, por si só, um fato temerário. Além do mais, ela não havia utilizado antes o chapéu e a vassoura e poderia se arrepender.

Vânia não tinha medo. Foi até o castelo onde a bruxa morava e perguntou o que precisaria fazer para pegar emprestadas essas utilidades de bruxa.

A bruxa sorriu e disse que ela emprestaria os objetos à moça que estivesse disposta a se caracterizar de bruxa por alguns dias, algo difícil de achar.

Vânia disse que estava disposta a ser bruxa, mas precisava saber se havia algum risco dela se enfeitiçar nesse período.

A bruxa disse que não:

_Não faço bruxarias em empréstimos e também não enfeitiço que pega emprestado os meus pertences nessas ocasiões. Ao contrário, concedo, por mera liberalidade, às jovens corajosas para andar de vassoura pela cidade, o poder de fazer feitiços durante esse tempo e não cobro nada por isso, deixando as bruxarias e feitiço sob os critérios de quem usa os meus chapéu e vassoura mágicos.

Vânia pensou que poderia lidar com a situação e que não faria grandes feitiços durante esse tempo.

Terminada a conversa com o empréstimo feito, Vânia voltou à cidade para rever as suas conhecidas com os aparatos de feiticeira.

Ana passeava com o cachorro e, quando a viu, disse que ela não estava com boa aparência com aqueles acessórios foras de moda.

Vânia transformou o cachorro da Ana em passarinho.

Voou mais um pouco e encontrou-se com Amália, uma jovem vaidosa que gostava de estar elegante em todos os momentos do seu dia. Ela disse à Vânia que não entendia o gosto de andar com uma vassoura velha e um chapéu desbeiçado sem necessidade que os tornassem necessários.

Vânia jogou um feitiço e Amália sentiu uma vontade irresistível de ajudar a sua mãe a arrumar a casa e ela nem tinha necessidade, pois a mãe tinha uma auxiliar para ajudá-la.

Dali a pouco se encontrou com a Emília, a jovem que gostava de ler. Atenta, disse à Vânia que fadas eram boas e bruxas eram más e que ela não gostava de gente ruim, pedindo à conhecida que se desfizesse da vassoura e do chapéu o quanto antes.

Vânia achou que a Emília andava lendo demais e pensando bobagem. Enfeitiçou os livros de tal modo que o tempo de leitura aumentasse tanto que, se a Emília lesse, não teria tempo para mais nada.

Com as bruxarias feitas não demorou muito para que Débora, conhecida de todas as outras a procurasse para dizer a ela que não fizesse mais feitiços.

_Paro com os feitiços quando devolver a vassoura e o chapéu para a bruxa. Por enquanto sou eu quem decide se faço e a quem faço o mal.

Vânia terminou a frase e fez com que Débora somente conseguisse dizer elogios sobre tudo e todos.

Ela divertia-se tanto e eram tantos os atingidos pelos feitiços, que houve quem fosse até o castelo da bruxa para reclamar da situação; aquele empréstimo estava causando muitos danos na cidade.

A bruxa disse que nada poderia fazer, afinal, ela mesma tinha emprestado a vassoura e o chapéu encantado.

Passados os dez dias, chegou o dia da devolução dos apetrechos.

A bruxa riu muito, verificou que a vassoura e o chapéu estavam conforme foram entregues e aceitou-os de volta sem delongas.

Despediram-se as duas satisfeitas, Vânia e a bruxa.

A moça foi para a cidade rever as suas conhecidas.

Ana espalhava alpiste no quintal para ter certeza que o passarinho, que outrora era o seu cachorro, viesse até ali.

Amália limpava a casa para a mãe.

Emília, que antes ficava à sombra do pomar para ler, agora colhia as frutas com o livro largado no chão.

Débora se transformou numa carismática benfeitora da cidade.

Nada estava como antes. Todas as conhecidas de Vânia estavam mudadas.

Vânia esperou algum tempo para verificar se os feitiços perderiam o efeito espontaneamente. Passaram-se dois meses e tudo continuou na mesma situação.

Decidiu-se ir até o castelo da bruxa para saber quando é que o efeito dos feitiços passaria e as suas conhecidas voltariam a ser como eram antes.

A bruxa a atendeu espantada com a questão:

_Eu disse para você que eu emprestaria os meus apetrechos e que os poderes mágicos deles seriam seus e eu não posso desfazer feitiço algum que você tenha feito. Agora você terá que se acostumar com aquilo que você modificou.

Vânia perguntou à bruxa por que é que ela tinha emprestado os poderes dos feitiços para ela. Ela mesma, a bruxa, ficara sem os seus poderes durante o empréstimo e poderia ser alvo dos feitiços dela.

_Engano seu, Vânia. A minha vassoura e o meu chapéu não se voltam contra mim, pois, se assim for, eles não serão mais encantados.

Meio sem jeito, Vânia perguntou se aquele empréstimo seria algum tipo de ensinamento e a bruxa disse que não, o empréstimo fora por e para a diversão de ambas.

Vânia ainda quis saber se ela se transformaria numa bruxa dali em diante e a bruxa disse que sabia do futuro da Vânia, ela também se divertira com as situações e disse que estava na hora de ir embora.

Vânia achou que a bruxa havia mandado embora e já estava saindo quando o castelo desapareceu e a bruxa pegou a vassoura e o chapéu e partiu.

O passatempo de Vânia, agora, é tentar desmanchar os feitiços.

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