Sentimento Maternal / Crônica de Supermercado
A senhora era bonita, o sorriso gentil e a fala firme.
Supermercado também é amor maternal.
Estávamos eu e outra senhora aguardando o atendimento, além dela, a senhora mãe. Coversávamos amenidades e, ela mostrava as roupas de bebê que havia comprado para presentear uma amiga.
_São lindas essas roupas, até sinto vontade de ter mais um filho. Não fosse o cuidado que toda mãe tem, eu engravidaria de novo. Que importa se eu tenho quarenta anos?
Sorrimos para ela.
_O meu marido implica com os cuidados que tenho com o nosso bebê, mas eu sou mãe.
A outra senhora perguntou a idade da criança:
_Ele já tem um ano?
A senhora respondeu com um ar altivo:
_O meu filho tem dezoito anos.
A senhora olhou para mim para ver se eu continuaria a conversa, mas eu aguardei que aquela mãe falasse algo.
_Ele sai com os amigos e, quando volta tem um pedaço de pudim guardado na geladeira. Não deixo que ninguém pegue o pedaço dele. Ele precisa saber que eu me importo com ele. Ele tem dezoito anos, mas é um bebê!
A senhora disse que mãe é igual. Todas as mães são gentis com os filhos e que ela fazia muito bem em paparicar o filho.
As duas olharam para mim. Era a minha vez de dizer algo a favor dos cuidados dela para com o filho.
_Acredito que serão essas lembranças as que ficarão com o seu filho para todo o sempre. Ele terá bons momentos para recordar.
A senhora mãe respondeu orgulhosa de si, mais da maternidade do que da própria beleza:
_Você tem toda a razão. Posso dar a ele o que ele quiser, mas tudo o que eu der se acaba. Não há no mundo bem material que pague um pedaço de pudim na geladeira.
A fila andou e ela se dirigiu ao caixa para pagar as compras.
Eu e a outra senhora ficamos na fila e conversamos por mais alguns instantes.
Era minha conhecida de muitos anos, daquelas que a gente pouco conversa, mas sabe quem é.
_O que você pensou?
Eu disse que, no fundo, ela estava certa. Temos alguma vivência e as lembranças boas marcam, deixam vontade de quero mais.
A senhora lacrimejou, concordando. A fila andou.
Paguei os pães e estava saindo do supermercado com algum tipo de sorriso especial. Percebi o fato quando duas moças discordaram entre si e eu olhei para eles.
A controvérsia acabou:
_Puxa, que sorriso que a senhora tem, sorri com o olhar!
A juventude ganhou mais um sorriso. Vim embora com certa pressa, porque eu tinha diversos afazeres para o dia.
Um comentário:
Boa tarde linda amiga Yayá, gostei de ler essa crônica, embora seja para se fazer pensar, há de verdade essas coisas, a vida imita a arte ou a arte imita a vida?!
Abraços e tenhas um lindo fim de semana!
Postar um comentário