Rio de Janeiro

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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sábado, 28 de novembro de 2020

Evanescente

Evanescente     


Hoje caminhei pela praça, queria conversar com uma árvore e me sentir um grão de areia entre tantos os que formam o espaço de esportes.

     Senti o perfume que estava pelo ar, silvestre, respirei com calma, pensei ou não pensei, que me importava o pensamento nessa manhã de sol.

     Apenas deixei fluir a energia que pairava entre eu e o universo, esse desconhecido.

     Era eu quem devolvia à natureza a beleza que ela inspira; às crianças, aos jovens, algo inusitado, um sorriso solto e leve, como se me libertasse de todo o peso, como se fosse eu a terra que não pertenço, e a areia que passeia conforme o vento deseja, sem vontade, sem preguiça, longe das atribulações que o dia a dia provoca.

     Caminhar pela praça, pisar na grama, volver a areia, olhar para os pássaros infinitamente companheiros nesse dia.

     Cheguei em casa como se tivesse caminhado quilômetros, ou alguma espécie de caminho santo.

     Depois do almoço, um sono irrecusável apareceu.

     Acordei quase na hora de tomar mais um café.

     Entendi o dia, a vida e a espiritualidade, o imaterial, o transcendente, mas também da necessidade dessa experiência chamada realidade, porque é ela que nos faz perceber que existe o não palpável, o desejável, essa outra realidade abstrata que, por ser desconhecida, chamamos de divina.

     Qualquer palavra não descreverá as sensações desse dia, que eu não queira, de forma alguma, organizá-lo, sistematizá-lo, enquadrá-lo em alguma realidade conhecida e palpável.

     Um bem-te-vi chegou à janela agora mesmo, e parecendo sorrir, me disse para voltar outras vezes nesse lugar, parece que ele é o dono da praça, e ficou feliz.  

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