Crônica de Lixo Reciclável
Ele foi pegar a lista dos colegas para o jantar anual de fim de ano.
Chegou em casa pouco depois com a lista.
No verso da lista tinha um poema.
_Que poema é esse? Perguntei.
_Que poema? Aonde é que você está vendo um poema?
Respondi que ele lia o verso da folha, que aliás estava pela metade, e eu lia o poema do inverso daquela folha.
_Hum?
_É verdade! Que poema é esse? Você ganhou um poema?
Ele virou a página ao contrário e viu que havia um poema nela.
_Ah, eu pedi um pedaço de papel para anotar quem estaria na reunião e ela me deu este pedaço de folha, dizendo que era lixo. Até sorriu um sorriso esquisito, como se estivesse se livrando de alguma coisa.
Perguntado sobre quem era a moça que havia dado o papel, ele disse que era uma funcionária nova, que não a conhecia, pois havia alguns anos que não se dirigia àquele lugar.
_Você fica com a lista, e eu fico com o poema, que tal?
Olhou e disse:
_Isto é lixo, não tem valor cultural, tanto que foi me dado como rascunho.
A lista do jantar vai para o lixo, mas o poema fica.
Digitalizo o poema que deveria estar no lixo, que não sei quem escreveu, e nem porque alguém ficou com tanta raiva do poema.
Se alguém souber da autoria, passa aqui no blog, que eu dou os parabéns e até retiro o poema do blog, se for o caso.
Toda reciclagem é necessária, e a espiritual também. O poema tem mais de trinta anos e estava guardado comigo. Liberto o poema, que não é meu, nem seu, e nem sei de quem, como parte de um momento especial, por aqui, para mim, e agora para vocês.
Um comentário:
Um belo poema. Pena que seja de autor desconhecido. Vou pesquisar em alguns livros antigos. Caso descubra, te comunico.
Abrakos,
Furtado
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