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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 24 de abril de 2020

Reflexões Sobre Uma Formatura / Crônica

Reflexões Sobre Uma Formatura / Crônica


     Recebemos hoje o compartilhamento dos amigos sobre a formatura de um jovem em medicina.
     Hoje, esse jovem passou-se a se chamar doutor.
     Um médico é formado por vocação e por fatores circunvizinhos.
     Curiosamente, nesse momento leio um livro regionalista, do sul do Brasil. É a história de um jovem que descobriu que tinha uma doença grave e que não poderia exercer a medicina, então, ele volta para a terra dele e se torna escritor.
     A foto do livro fica à mostra dos leitores, para quem quiser ler.
     Por outro lado, tive a oportunidade de conhecer a realidade dessa época e os contos me levam a essas lembranças, um médico que acabava por clinicar no Rio Grande do Sul.
     Escrevo para conseguir a desambiguação do texto em relação ao conhecimento.
     O que consta, no entanto, é que ao entrar na faculdade de medicina, ganha-se um cachorro, cachorro guapeca, que será operado e costurado quantas vezes a escola de medicina exigir.
     Um curso de medicina exige que o estudante tenha sido criado em rígidas regras e disciplinas dentro de casa. Também é necessário algum dinheiro para o custeio do curso, pois os livros são caros e os paramentos também.
     O primeiro ano de medicina é recheado de trotes. Não é apenas um trote, o conhecido trote de calouro, mas muitos. Esses trotes têm como finalidade ensinar ao estudante que, ao entrar na faculdade, ele seguirá em equipe para o resto da sua vida, e tem que acreditar na equipe, conhecer muito bem o colega com o qual irá conviver.
     O segundo ano é feito de estudo, com defuntos, caveiras e os mais vis seres da biologia, com a prática no seu companheiro guapeca.
     O terceiro ano é (ou era) tido como o mais importante do curso, pois é nesse ano em que o estudante se obriga a frequentar ambientes médicos. Em resumo, é sangue, costura, doenças, gente discutindo o resultado do tratamento, parentes em desespero pela saúde do ente querido, e colegas que discutem entre si sem cessar para o melhor encaminhamento para um determinado paciente.
     Em meio a esse ambiente infernal e humano, mas necessário para o desenvolvimento do profissional, o estudante é avaliado pelas posturas adotadas, mas em conjunto com a sua aptidão física e mental.
     Quando descobertas no estudante doenças que o possam impedir, como algumas doenças incapacitantes ou degenerativas, o estudante é convidado a escolher se pretende ser médico, mesmo sob um curto período de tempo, ou se prefere viver a juventude que não teve antes de ficar incapacitado para a vida cotidiana.
     Esse é o caso do autor do livro, embora no prólogo não se diga da doença, apenas que o autor descobriu-se portador de doença grave.
     Outra curiosidade é que todos os médicos parecem bonitos, bem-sucedidos e absolutamente impecáveis, mas isso não passa da esterilização obrigatória antes que o próximo paciente entre na sala.
     Quase tido como normal, que o ambiente do médico é igual durante as vinte e quatro horas do dia, mas o fato não impede que tenham personalidade própria e tomada de decisão em acordo com o que pensam ser o melhor.
     Esse é o terceiro livro dessa quarentena obrigatória, mas espera-se que a tal doença do coronavírus diminua a curva.
     O compartilhamento dessa formatura implica em que o jovem tenha passado por todas essas circunstâncias, e sobrevivido a todas elas.
     Essa reflexão nada mais é do que a vontade de que todos continuem se cuidando, para que, talvez, um dia, possam dizer:
     _Meu filho é médico.!
     Vou-me à leitura difícil, cheia de regionalismos, mas muito agradável de ler.  

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