A História de um Homem e a Discussão Póstuma
Clarice disse que queria discutir a vida daquele homem mesmo após passados anos da sua morte.
Raimunda, com seu jeito simples perguntou se estava tudo bem, porque o sol voltava depois da chuva e o lanche de queijo minas com broa estava delicioso.
Clarice, mulher bonita e disposta a enfrentar o mundo por aquela discussão.
_Eu quero conversar sobre a vida daquele homem sim. Eu posso, porque poucos acreditam em santos como eu.
Raimunda, Testemunha de Jeová, não criou polêmica e disse:
_Fale Clarice, que eu a ouvirei.
Clarice ergueu o nariz e disse:
_Pois bem, falarei. Ter nome de santo não obriga ninguém a ser santo.
Raimunda disse:
_Ah, bom. Pode dizer o que quiser. Eu até gosto de ouvir biografia, ou seja história que não seja minha.
Clarice estava com olhos agudos e continuou:
_Como é que um homem que tem dinheiro resolve viver em acordo com o nome do santo e esquece que tem dinheiro? Morreu num sofrimento espiritual muito maior do que teria se tivesse gasto o dinheiro que tinha.
Raimunda arregalou os olhos e disse:
_O que foi que aconteceu que eu não estou sabendo?
Clarice amarrou os lábios nos dentes, mas disse:
_Pois o santo foi cercado por gente que pensava no dinheiro dele enquanto ele mesmo levava uma vida humilde, a qual fora convencido a viver pelo nome do santo que inspirou o nome dele. Chegou ao fim sem realizar nada do que tinha vontade porque era incentivado e aplaudido por levar a vida de santo.
Raimunda olhava e olhava para Clarice, que estava bastante irritada e disse:
_Calma, mulher de Deus.
Clarice se destemperou no mesmo instante:
_Sim, a minha fé é imensa, mas garanto que se aquele homem tivesse tido um filho com qualquer mulher, e digo qualquer no sentido em que você queira entender, pois bem, digo que se aquele homem tivesse tido um filho teria tido um fim melhor.
Raimunda disse que não havia entendido.
_Aquele homem contrariou a Deus quando levou uma vida de santo quando o que Deus queria dele é que levasse uma vida melhor, com mais conforto, com mais sorrisos, com mais carinho. Ele errou e muito, porque a ele não foi concedido ter uma vida de religioso, e sim a conquista de ser apreciado enquanto profissional e conseguir alguns milhões em torno dos quarenta anos de vida. Após conseguir os milhões, ele achou que poderia levar a vida do santo a qual o seu nome inspirava.
Raimunda achou que Clarice estava falando em excesso, e perguntou:
_Por que isso, Clarice. Por que esse desespero todo?
Clarice, visivelmente emocionada, disse:
_Por que? Porque colocaram o nome dele no meu neto e eu amo o meu neto, ele é lindo, fofo, mas cada vez que eu brinco com o meu neto, eu lembro dele.
Um comentário:
Achei muito interessante atualmente esta sua postagens. Parabéns!
Vida cap
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