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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

sexta-feira, 15 de março de 2019

Esse Mundo de Hoje / Comentário


Esse Mundo de Hoje / Comentário

     Esse mundo de hoje me faz refletir sobre um motivo para a intolerância.
     Ontem ainda levantavam hipóteses sobre a influência dos jogos violentos para computadores e o reflexo desse tipo de entretenimento como possível reflexo numa juventude violenta.
     Hoje uma igreja foi alvo da violência e acusam-se os extremistas.
     Começo a pensar que seja uma doença social, não de intolerância, mas de falta de expressão enquanto vocabulário, seja rebuscado ou medíocre.
     A única imposição global que, pode ou não, ser a causa da violência é a obrigação de ser personagem de si mesmo enquanto mídia.
     Penso que é uma aberração da expressão individual essa violência constante no mundo.
     Outro fato que me chama atenção é a chamada religião "opressiva".
     Ontem, ao sair de uma loja, satisfeita com os produtos encontrados à venda, fiquei estupefata, quando, ao agradecer e desejar bom dia, ouvir a seguinte frase:
     _Se a senhora ficou satisfeita, volte sempre. Aqui está o meu cartão. Infelizmente me chamo Jurema, o que pode ser associado à uma má religião, mas eu lhe dou a minha palavra de que eu não tenho nada a ver com isso.
     Naquele instante, eu parei e disse o meu nome e o significado afro e indígena, e disse a ela para gostar desse nome Jurema, que é bem brasileiro e que provavelmente tem um significado bonito ou forte. Pedi a ela que pesquisasse a origem e o significado do nome dela, até mesmo pela internet.
     De qualquer modo, fiquei contente por ela expressar um sentimento, mesmo que de subestima.
     É um absurdo alguém se considerar abaixo das demais mulheres por se chamar Jurema, e não Karen, Carmen, Maria, ou nomes associados ao modismo da época.
     Uma jovem vendedora que se sentia péssima por se chamar Jurema, o que segundo ela era relacionado a maus hábitos.
     Eu acho esse um bom exemplo da opressão midiática, a qual a pessoa, usualmente não expressa, por ter vergonha ou medo de que alguma maldade possa estar relacionada ao nome dela, no caso Jurema, e que de repente pode ocasionar uma reação superestimado por parte dela.
     Algum dos leitores alguma vez imaginou uma situação dessas?
     O problema é que, em meio à sociedade, não se pode imaginar quem esteja sofrendo muito por algo considerado banal.
     Jurema é um nome considerado normal aqui no Brasil. O dono, ou gerente, da loja ficou observando a vendedora, pensativo.
     De onde surge uma ideia dessas na mente de uma pessoa? É uma suposição que venha da mídia social dela. Nas grandes cidades, a internet é acessível em qualquer ponto da cidade.
     Pelo que ela disse sobre ela mesma, havia terminado os estudos e começado a trabalhar. Bullying não era.
     Algo de solidão era, porque entregar um cartão de vendedora e pedir desculpa pelo nome é algo que não vende.
     Ao final da conversa, ela deu um sorriso. Mais conformado que otimista.
     A internet não oferece mais do que diálogos picotados. São pensamentos escritos às pressas, para responder uma ou outra mensagem e os mal-entendidos se sobrepõem às conversas, tornando-se mais reais que uma rápida conversa frente à frente.
     Será que a mídia social está  criando personagens fracassados de si mesmos, que se transformam em reativos inesperadamente perante o mundo real?
     Por não conhecer outra expressão melhor digo que surge uma solidão mecanicista, onde o ser humano é só por dizer o que convém durante muito tempo seguido, até que se transforme em homem-bicho, porque o instinto de sobrevivência pede, mas sem a percepção do ser humano intrínseco a esse ser, ele não consegue se sentir humano, apenas bicho de si mesmo como antítese da solidão mecanicista imposta pelo ritmo midiático em que é obrigado a viver.
     Procuro ser humana até mesmo naquilo que escrevo numa mídia social, nesse caso traduzido por blog.
     Isso é um comentário, uma ilação, jamais uma conclusão.
        

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