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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Um Motivo para Não Rir / Crônica do Cotidiano

Um Motivo para Não Rir / Crônica do Cotidiano

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Uma amiga minha perguntou-me se eu fui à praia de nudismo, muito frequentada por naturistas. Cabe dizer que não se confundem naturistas com ecologistas em termos de filosofia de vida. Nem todo ecologista frequenta o ambiente naturista.

A minha resposta foi não. Aproveitei para dizer que não tenho vontade de conhecer, embora muitos digam das belezas naturais e do bem estar que eles sentem quando estão lá.

Mas, eu sou curiosa. Perguntei a ela como era e o que ela achou do lugar.

Ela disse o que todos dizem: que o lugar é lindo e a sensação é de total liberdade contrastando contra toda a malícia dos vestidos.

Eu reafirmei que não tinha coragem e, para desviar a conversa a respeito do que eu acho e do que eu deixo de achar, perguntei se ela não se sentiu inconveniente depois de ter estado lá.

Ela começou a rir e me contou mais sobre a experiência dela.

_Sou humana e gosto das pessoas. Fiz excelentes amizades com pessoas de bem, gente culta. Eu me entusiasmei e abandonei a praia normal, aquela na qual se usa trajes de banho. Um dia fui convidada para um almoço. Eu fiquei contente por estar naquele ambiente livre de quaisquer amarras e preconceitos. Porém, quando eu cheguei a casa dela, encontrei o meu chefe e a esposa dele, igualmente nus. Juro que eu pensei em morrer! O meu chefe estava descontraído e nem reparou na minha ausência de roupas de escritório. A conversa se desenrolou normalmente.

Ela parou de contar e olhou em direção ao infinito de um jeito cômico.

Concluí que não devia dizer mais nada, mas olhei para ela com jeito de que se quiser, conte do seu constrangimento, pois eu também quero rir.

Ela viu o meu olhar e caiu na risada dizendo:

_Foi horrível, se você quer saber. Eu observei a dona da casa preparando os pratos na cozinha. Ela trouxe o almoço em bandejas bonitas, a comida estava fresca e apetitosa. Eu não tinha coragem de me servir, perdi a fome. O meu chefe, no entanto não se incomodou, serviu a si mesmo e à esposa dele. Quando a dona da casa perguntou se eu queria que ela me servisse, eu disse não. Peguei a salada e enchi o meu prato alegando que estava de dieta.

Aproveitando-me da pausa para beber um copo d´água, perguntei se ela veio embora.

_Não. Passei fome e não me arrependo. A sensação verdadeira é escatológica. Também não fui mais a casa desses meus amigos embora goste deles e saiba que são pessoas de bem. Não valeu a pena. É divertido contar da paisagem, da sensação de liberdade, mas é muito melhor conversar do jeito como estamos vestidas. Eu me sinto à vontade com você, mas, com eles, sinto-me, como direi? Estranha. Não tenho vocação para isso.

Eu lembro que me expressei com uma interjeição:

_Oh!

Hoje, ao procurar o telefone de uma amiga, encontrei, por acaso, o dessa amiga.

Quando nos falamos, ela diz que não se esquece de mim. Eu também não me esqueço dela e nem daquele dia memorável em que estávamos em três moças conversando para passar o tempo ao mormaço da praia.

Da outra, não devo dizer sobre as perguntas que fez. Hilárias.

Os dias de mormaço também são bons.

4 comentários:

Maria disse...

Obrigada Yayá...mais uma bela crónica...adoro passar por aqui!
No meu cantinho estamos em festa de aniversário com sorteio e novidades,convido-te a dar um saltinho até lá!!!
Beijinhos
Maria

Unknown disse...

Por aqui em Bahia, Brasil tem duas dessas praias, dizem que é de boa qualidade o banho e a ecologia, porém eu não sou adepto ao naturalismo, como eles chamam.
Me constrange mesmo. Nus só a sós com a pessoa amada e nada mais.
Abraço

Odair Ribriro disse...

Visitando, voltando ao blog, abração. Sabe, gosto te nadar nu, mas em prais desertas, só. Com outros penso que também me sentiria desconfortável...

abração!

Célia disse...

Também não me sentiria nem um pouquinho confortável!
Abraço.