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O blog da Nina, menina que lia quadrinhos.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

O Nariz de Lúcia

O Nariz de Lúcia

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Lúcia adquiriu uma sinusite crônica devido aos desvios internos do seu nariz. Chegou janeiro e ela se decidiu pela cirurgia plástica que deixaria o seu nariz, além de mais bonito, mais funcional em tempos de frio.

Janeiro é uma época fácil e ela decidiu fazer algumas compras antes de marcar a cirurgia plástica do nariz.

Decidiu deixar o carro sem ar condicionado e a bicicleta em casa. O ônibus sem ar condicionado não valeria a pena também. Foi de táxi.

Entrou no táxi e, no caminho, comentou com o motorista que iria aproveitar o mês de férias para renovar o seu nariz. Estava de bom humor na conversa de trânsito sossegado e ar condicionado ligado.

O motorista, solícito e atencioso, disse a ela se não valeria fazer algum passeio em janeiro e deixar a plástica para depois. Ele contou que aproveitava as férias para viajar com a família, ou, apenas a esposa,

_Eu penso que a vida passa do mesmo jeito para todos, mas alguns sabem aproveitar os bons momentos melhor que os outros. Eu sei.

Lúcia perguntou a ele se ele, por acaso, estaria sugerindo a ela para fazer a plástica quando as férias acabassem.

Ele sorriu e disse:

_A senhora não me leve a mal naquilo que eu digo, mas, somente se a senhora for burra é que perde as férias para fazer a cirurgia plástica.

Ela pensou e perguntou a ele como faria para trabalhar com o nariz coberto com curativos.

Ele sorriu novamente e disse:

_A senhora não sabe que o trabalho ajuda na chateação da recuperação? Aparece um colega com biscoitos, o outro compra cachorros-quentes para todos os colegas, tem sempre algum colega de mau humor, outro que provoca e outro ainda que se divirta quando vê alguém numa situação dessas; muita gente ainda ri da cirurgia plástica de nariz. O tempo passa mais depressa porque há o que fazer e com quem se preocupar.

Lúcia perguntou se ele faria isso caso fosse com ele.

_Eu faço isso comigo. A senhora sabe por que eu ajo assim comigo mesmo? Porque existe uma diferença entre não trabalhar e entrar em férias. Perdoe-me mais uma vez, mas eu vou dizer de mim.A senhora está saindo para compras, mas se comporta como se estivesse cumprindo metas, então a senhora não está em férias de fato. A senhora quer adiantar a plástica para chegar ao seu emprego com melhor aparência e competitiva. A sua chefia ficará contente, mas a senhora se sentirá frustrada por mais bonito e eficiente que o seu nariz esteja. Por quê? Porque a senhora não dedicou nenhum momento para a senhora se divertir.

Aquilo tudo falado com jeito e boa educação mexeu com ela.

A corrida terminou e ela estava em frente ao Shopping Center. Pagou a corrida, desceu do carro e entrou no Shopping.

Saiu pela outra porta. Ao invés de gastar em roupas novas para reiniciar o seu trabalho de maneira elegante, foi até a imobiliária. Alugou uma casa na praia de Itapema, Santa Catarina, por dez dias. Ligou para o marido, que estava em casa, deitado no sofá de bermudas, com a televisão ligada e o avisou da decisão.

Ele se levantou e disse:

_Você gastou as suas sobras econômicas e o mundo não acabou? Eu te ajudo com as malas. Providenciarei a revisão do automóvel para a viagem.

Chegou fevereiro. As férias acabaram.

Lúcia agendou a cirurgia no nariz no horário do almoço.

No dia da cirurgia, o repouso era obrigatório.

Era uma centena de fotos digitais para passar o tempo: Florianópolis, Praia da Joaquina, Lagoa da Conceição, Morro dos Ingleses, Ponte Hercílio Luz, Laguna, Escuna, Meia Praia, Porto Belo, Balneário Camboriú, Brusque, Blumenau, Praia Brava, Itajaí, visita aos navios, compras de malhas, feira de calçados e assim por diante. Eles não conheciam Santa Catarina.

.No dia seguinte foi trabalhar de nariz com esparadrapo, mas feliz.

Chegaram marido e mulher a casa e foram comer alguma coisa. O marido perguntou se ela estava bem.

Ela estava bem, gostaria de agradecer ao motorista que a levou ao Shopping Center naquele dia da decisão de viajar. Ela tinha roupas boas no armário, algumas bem bonitas que estavam esquecidas nos cabides e iria aproveitá-las a partir daquele dia.

O marido estava contente, um bom anjo havia passado por eles.

2 comentários:

aluap disse...

Há um provérbio que diz "a noite é boa conselheira", no caso, o motorista foi bom concelheiro e como disse um bom anjo.
Yayá, é sempre um prazer ler o que escreve, mas para mim tem de ser devagarinho e não com pressas, stresses e coisas tais da vida, que me têm afastado de vir, com calma, aqui. Mas hoje cá estou :-) Um abraço amigo e bem-haja pelas suas visitas comentadas.
Paula.

Mª Carmen disse...

Aveces escuchar a los demás puede ser de vital importancia.Feliz día -Besosss.