Caso Policial / 1º de Abril
Essa crônica necessita um preâmbulo, pois alguns anos atrás e, acrescente-se tempo ao caso, não existiam cachorros-quentes em carrinhos de vendedores ambulantes como os encontramos pela cidade nos dias de hoje.
De repente, em frente ao zoológico, chamado de Passeio Público, apareceu um vendedor ambulante que vendia espetinhos de carne. Ele garantia a procedência sanitária do produto e se vestia de modo a mostrar que ele trabalhava com o maior cuidado de higiene.
Próximo ao local havia uma escola e, na saída das aulas era comum que pais e mães de alunos comprassem os espetinhos e saboreassem com pão d’água ou levassem para o almoço das suas casas.
Um funcionário do zoológico implicou severamente com a situação. Dizia que era um absurdo venderem espetos de carne em frente ao zoológico. Contava da impossibilidade da higiene se manter num carrinho de espetos naquele lugar.
Na minha casa era proibido chegar perto do tal vendedor ambulante que, além do mais, criaria uma situação embaraçosa com alguns amigos paternos que trabalhavam no zoológico.
Houve um dia em que começou um boato de que a carne não era bovina e que membros da escola iriam pedir uma inspeção da vigilância sanitária.
Esse era um problema que passava longe de qualquer problema familiar, pois não se compravam espetos e nem se faziam comentários sobre eles com os professores da escola ou com os funcionários do zoológico.
Lembro que almoçávamos e ouvíamos a televisão, durante o horário do jornal. Naquele tempo a televisão não entrava na sala de refeições. Se algo chamasse atenção, ouvia-se, senão, a conversa diária continuava.
Estávamos nos alimentando quando anunciaram a manchete após os comerciais;
“Vendedor ambulante do centro da cidade é acusado de vender espetinhos de carne de gato”.
Acabou a fome. Todos nós corremos para a sala onde estava a televisão.
“A polícia apreendeu o carro do ambulante que vendia espetinhos de carne, pois o mesmo foi acusado de vender carne de gato.”
As acusações eram de tirar o apetite. Acusaram o vendedor ambulante de sair à noite para pegar gatos, matá-los, comercializar o espeto e vender o couro para fabricantes de instrumentos musicais. A coisa foi feia.
A partir daí, começamos a acompanhar o caso do vendedor de espetinhos de carne.
Passada uma semana, o almoço numa sala, a televisão na outra.
“Desvendado o caso do ambulante que vendia espetinhos de carne de gato.”
Corremos para assistir televisão.
Houve até a recomendação da minha mãe para que não olhássemos, poderia ser muito triste para crianças assistirem.
“As acusações sofridas pelo ambulante de venda de espetinhos de carne de gato eram falsas. A carne comercializada era comprada em frigorífico autorizado pela vigilância sanitária. As condições de comercialização, no entanto, deixam a desejar, pois o carrinho não possui congelador apropriado para manter o produto em bom estado de conservação para a consequente comercialização.”
Que alívio para todos nós!
Concordamos todos de que o vendedor ambulante poderia recomeçar o seu trabalho vendendo pipocas.
2 comentários:
De quando em quando surgem vendedores de tudo e mais alguma coisa.
Parece-me que eles devem ser possuidores de uma licença e certificação dos produtos para venda.
Depois aparecem os que falsificam as coisas cegos pelo lucro fácil.
Oi Yayá!
Sabe que por aqui, todo vendedor de espetinho tem fama de "espetinho de gato"! Brincadeira do povo!
Mas vai saber... Eu não compro!
(Brincadeira)
Desejo uma feliz Páscoa a você e sua família!
Bjs!
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